Teddybear - Heart Is Unpredictable escrita por JMcCarthyC


Capítulo 4
Perdidos




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Quando o dia amanheceu eu me lembrei repentinamente de um pequeno detalhe. As malas.

Jasper me olhou assustado quando eu saí da cama com um salto e comecei a abrir as portas do guarda-roupas loucamente. E sim, ele ainda estava lendo.

-O que foi isso? – ele perguntou por cima do livro, com as sobrancelhas erguidas.

-Esqueci de arrumar as malas. – eu falei rápido, jogando as roupas na cama. – Você já arrumou suas coisas?

-Já.

Como assim?

-Por que você não me lembrou de noite? – eu falei atirando uma calça nele.

Jasper desviou a cabeça e a calça foi parar do outro lado do quarto. – Podia ter largado esse livro aí. – eu terminei fechando a cara.

-Você está brava por causa do livro? – ele perguntou balançando-o no ar com uma das mãos.

-Não por causa do livro, exatamente. – era mais com o Jasper em si, que não tinha desgrudado daquela coisa a noite toda. – Mas eu não quero falar sobre isso. – eu terminei jogando minha última blusa sobre a cama.

“Você pode pegar a mala para mim? – eu continuei, apontando para o armário de cima. – Eu não tenho culpa de ter um metro e meio.”

Jasper riu e se levantou, colocando o livro de lado de novo.

-Só assim pra você largar esse negócio. – eu falei enquanto ele se esticava para alcançar a mala. Jasper se virou para mim com a mala nas mãos e me entregou, sério.

-Alice, se você não disser qual é o problema, eu não posso te ajudar.

É aí que estava a questão. Eu não queria falar qual era o problema. Ou, para ser mais exata, eu não podia falar.

-Tudo bem, Jaz, desculpa. – eu falei colocando a mala na cama e enfiando as roupas ali de qualquer jeito. Jasper segurou meu pulso e me virou para ele.

-Eu sei que tem alguma coisa errada. Só não sei porquê você não quer me contar.

Eu fechei os olhos e expirei com força. Eu realmente não queria ter aquela conversa.

-Esqueça isso, tudo bem? – eu falei encarando-o nos olhos. – Já passou, eu já esqueci.

-Você sabe que pode me contar o que quiser, quando quiser, não sabe? Ele falou levantando meu queixo com o polegar e o indicador. Eu não respondi na hora, apenas assenti com a cabeça. Mas eu tinha certeza de que ele não ia gostar nem um pouco de saber qual era o meu problema naquele momento. Foi quando alguém bateu forte na porta.

-Já estão prontos? – a voz masculina do outro lado perguntou entre as batidas.

Meu estômago deu um looping outra vez.

-Quase, Emmett! Já vamos descer! – Jasper respondeu por mim, pegando sua mala do chão. – Tem certeza de que você está bem? – ele perguntou quando percebeu que eu estava imóvel. Eu pisquei forte e foquei o quarto outra vez na minha retina.

-Já disse que estou. Vamos.

Eu terminei de fechar o zíper da mala e a puxei pela alça, indo em direção à porta. Jasper correu na minha frente e abriu a porta para mim. Quando já estávamos no corredor, ele voltou rápido para o quarto e apareceu com o livro nas mãos. O maldito livro.

Eu o olhei incrédula. Qual era o problema dele?

-Jasper, se você levar essa coisa, eu juro que não me responsabilizo pelos meus atos.

Arrependimento instantâneo. Eu não devia ter falado aquilo.

-O que você quer dizer com isso? – ele perguntou com as sobrancelhas franzidas.

-Nada, pensei alto demais, só isso. Agora vamos antes que o Emmett tenha um ataque.

Aquela foi a primeira vez em que a pronúncia do nome de Emmett soou diferente para mim. Soou com todas as minhas células, trazendo um arrepio pela minha pele. Era como se a simples menção do nome dele fosse suficiente para trazer a mim todas as lembranças malucas e completamente sem sentido do dia anterior.

-Eu estou bem. – reforcei a Jasper mais uma vez e peguei minha mala, levando-a para o andar de baixo.

Quando desci, todos já estavam na sala com suas malas prontas. Ao ouvir o barulho das escadas, Emmett virou o corpo e deu de cara comigo. Ele estava apoiado nos últimos degraus, a mão no final do corrimão. Seu corpo grande e pálido mal contrastava com as roupas brancas que ele usava e, para minha total destruição, ele sorriu. Alice, todo mundo está olhando para você. O Edward está olhando para você. Pelo menos finja que não está acontecendo nada.

Edward virou o rosto para mim instantaneamente. Pelo visto, conversas mentais com a minha própria consciência estavam proibidas enquanto ele estivesse por perto para me censurar.

Deixei para me preocupar com Edward depois e sorri de volta para Emmett. Se ele soubesse que eu havia passado a noite toda pensando nele... ele provavelmente te internaria em uma clínica psiquiátrica.

-Sua mala também é amarela! – ele falou apontando para a sua própria mala sobre o sofá. Fato, nossas malas eram as únicas com cores gritantes ali. – Por quê?

Que pergunta aleatória. Talvez porque nós dois gostássemos da mesma cor?

-Provavelmente pelo mesmo motivo pelo qual a sua também é, Emmett.

-Você também assiste Muppet Babies? – ele perguntou com as sobrancelhas franzidas. Eu levei a palma da mão à testa. Ele não tinha perguntado aquilo.

-Emmett, chega. – Rosalie falou e o afastou de mim. – Assim você me envergonha.

A sala se encheu de risadas e Emmett fechou a cara. Ele ficava tão bonitinho invocado. Sem conversas mentais.

-Bom, aprece que estão todos aqui. – Carlisle começou. – Como deve dar para perceber, não cabemos todos em um carro só até o aeroporto. Então vamos ter de nos separar.

Emmett lançou um olhar de censura a mim e a Emmett mais uma vez. Eu nem tinha pensado nada.

-Eu acho – Carlisle continuou. – que se separarmos por casais fica mais fácil. E o Edward pode ir comigo e Esme.

Eu já estava me sentindo aliviada por não ficar involuntariamente perto demais de Emmett, quando Rosalie interrompeu.

-Eu posso escolher não ir com o Emmett?

Eu petrifiquei. Rosalie e Jasper pareciam empenhados mesmo em colaborar com a minha maluquice.

-Por quê? – Edward antecipou a pergunta, desconfiado.

-Porque ele é um ogro no volante. Não vou deixar que ele dirija o meu carro. – ela respondeu cruzando os braços.

-Por que você não dirige então?

-Porque eu não confio na Rose dirigindo. – Emmett respondeu primeiro.

Aquilo não era um bom sinal. Não era um bom sinal.

-Jaz, posso ir com você? – Rosalie perguntou. Ela não devia ter feito aquilo. Mesmo.

Jasper olhou para mim como se pedisse permissão e eu assenti mecanicamente.

-Tudo bem. – ele respondeu à Rosalie. Emmett fechou a cara e cruzou os braços.

-Não quero ir sozinho. – ele resmungou.

-Eu vou com você, Emmett. – Edward se prontificou antes que eu pensasse em dizer qualquer coisa.

-Não. Você vai com o Carlisle e a Esme. – ele retrucou. – Ninguém mandou ser encalhado.

Edward lançou um olhar fulminante a Emmett e se afastou, bravo. Emmett havia pisado em seu calo, mas alguém precisava dar um ‘se toca’ nele. Emmett voltou seus olhos para mim.

-Quer ir comigo, Alice? – ele perguntou sorrindo com as covinhas. Eu sabia que dizer sim seria assinar minha sentença de morte, quer ela fosse executada por Jasper, Rosalie, ou eu mesma. Mas como eu ia dizer não? Ele estava lá, parado, sorrindo e olhando para mim com aquele ar de adolescente que só ele sabia fazer. Era como se ele conseguisse bloquear qualquer outra ação do meu cérebro.

-Quero. – eu finalmente respondi e ele abriu um sorriso ainda maior. Ele ficava tão lindo quando fazia aquilo... Alice, o Edward. Mas eu nem me importava mais com Edward. Ele podia pensar o que quisesse a partir de agora.

-Bom, então se já está tudo certo, é melhor irmos ou vamos perder o vôo. – Carlisle falou pegando sua mala.

Eu me abaixei para pegar a minha, mas uma mão grande a pegou primeiro. Quando eu levantei, Emmett me olhava, com seu nariz a poucos centímetros do meu rosto.

-Pode deixar que eu levo. – ele falou baixinho e eu senti seu hálito frio bater em minhas bochechas. Ele deu uma piscadinha com um olho só e se endireitou devagar com a minha mala em suas mãos. Eu estava começando a ter maus – ou bons, depende do ponto de vista – pressentimentos sobre aquela viagem até o aeroporto. Eu segui Emmett até o gramado coberto de neve que ficava em frente a casa, e cada um foi para seu respectivo carro.

-Ali, - Emmett chamou – você se importa se usarmos o seu carro?

-Só se você pagar a gasolina depois. – eu falei com um sorrisinho no canto da boca.

-E se eu pagar de outro jeito? – ele falou em um tom malicioso na voz que eu desejei com todas as minhas forças – e mais um pouco também – que ele não tivesse usado.

-Cadê o respeito? – eu falei brincando, mais para tentar disfarçar minha tremedeira interna.

-O quê? – ele indagou com a carinha inocente. – Pode ser qualquer coisa, oras.

É, realmente. Principalmente se tratando da mente esquisita do Emmett. Mas ele não devia ficar brincando com aquilo se não quisesse conseqüências drásticas da minha parte depois.

-Tudo bem, vamos. – eu falei por fim, indo na direção do meu carro.

-Posso dirigir? – ele perguntou sorrindo enquanto caminhávamos até o carro. – Te compenso de algum jeito depois.

De novo brincando com fogo. Mas a idéia da compensação não era de toda ruim.

-Eu vou cobrar. – eu falei entregando as chaves para ele.

-Você não vai se arrepender. – ele falou sorrindo e bateu o indicador de leve no meu nariz.

Emmett jogou as malas no banco de trás e depois ocupou o lugar do motorista. Eu respirei o ar frio uma última vez e entrei no carro ao lado dele.

-Relaxa, Ali. – ele falou girando a chave na ignição. – Prometo que eu não vou bater o carro.

Não era por isso que eu estava nervosa. Aposto que se ele destruísse o carro com uma colher eu não ia nem perceber.

Os carros de Carlisle e Rosalie saíram na frente e Emmett os seguiu arrancando forte.

-Acho que eu vou fazer um caminho alternativo. – Emmett falou sem tirar os olhos do parabrisas. Por que os homens têm essas manias?

-Não vai não.

-Vou sim. Vai ser mais rápido, Alice.

-Quem disse que eu quero chegar mais rápido?

-Eu quero. – Emmett e seu espírito competitivo superdesenvolvido.

-Você vai se perder.

Ele olhou para mim.

-Isso é uma previsão ou só um palpite, mesmo?

-Nenhum dos dois. É um fato, Emmett. Você se perdeu na floresta em que caça há três anos. Imagina em uma malha rodoviária inteira. Nós vamos acabar parando em Quebec.

-Quer apostar? – ele falou com um sorrisinho no rosto.

-Não precisa apostar. Eu sei que você vai. Mas se você insiste...

-Tarde demais, já estou em um caminho alternativo. – ele falou virando o volante com tudo para a direita, me fazendo ser jogada contra ele. – Vai pra lá, Alice. – ele resmungou me empurrando de volta com o braço.

-Se você virasse com um pouco mais de delicadeza, eu não cairia em você.

Emmett fez uma careta e trocou a marcha, depois pisou fundo no acelerador. Tudo que eu conseguia ver era branco por todos os lados e a pista passando furiosamente à minha frente. Meu cérebro se recusava a acreditar que eu estava com Emmett indo para um lugar totalmente aleatório. O cheiro dele impregnava todo o carro, eu não tinha como escapar. Na verdade, eu não queria escapar.

-Você está bem? – ele perguntou virando o rosto para mim. – Se você quiser, eu posso diminuir um pouco a velocidade.

-Não, Emm. – eu falei voltando a mim. – É outra coisa.

-O que é, então? Eu fiz alguma coisa?

-Claro que não. – eu falei sorrindo para ele. – É coisa minha.

-Quer contar?

Sim, eu queria. Por algum motivo, eu precisava colocar aquilo tudo para fora e ouvi-lo dizer que eu estava maluca, que nós éramos apenas irmãos. Eu queria que ele dissesse que eu estava confundindo as coisas. Que ele falasse que amava Rosalie e que eu devia pensar em Jasper. Eu queria que ele brigasse comigo e me obrigasse a esquecer tudo.

-Acho que não, Emm. – eu falei esfregando as mãos nas pernas. – Pelo menos não agora.

-O Jasper fez alguma coisa?

-Você vai parar de tentar adivinhar ou não? – eu falei rindo.

-Desculpa. – ele riu sem graça. – Mas se a senhora cabeça-dura mudar de idéia, eu não vou sair daqui.

-Eu sei.

Quando olhei pela janela, não havia sinal de civilização. Era só neve por todos os lados. Comecei a ficar preocupada.

-Emmett, você tem certeza de que sabe pra onde está indo?

-Claro, eu tenho tudo sob controle.

Eu o encarei. Eu sabia que ele estava mentindo.

-Ok, não. Mas deve ser por aqui. – ele respondeu.

-Você quer dizer que estamos perdidos? – eu perguntei cruzando os braços.

-Não! – ele falou rindo. – Nós vamos achar o aeroporto, prometo.

-E perder o vôo é só um detalhe?

Emmett olhou para o relógio.

-Ahn... acho que nós já perdemos o vôo.

-O quê? – eu gritei olhando para ele. – O Edward vai ter um chilique!

-Por quê?

Porque ele ia ficar imaginando coisas. E depois disso, Rosalie e Jasper iam começar a desconfiar de alguma coisa também.

-Porque nós sumimos do nada. Eles vão ficar preocupados. – eu menti tentando me acalmar antes que Emmett percebesse minha exaltação.

-Vão nada. Na pior das hipóteses, nós chegamos amanhã. Qualquer coisa a gente fala que você indicou o caminho errado. – ele falou piscando para mim.

-Ah, claro. – eu ironizei.

Foi então que aconteceu.

Minha visão ficou escura outra vez, as imagens se distorceram e se embaçaram. Quando as formas voltaram a fazer sentido, eu vi Emmett com os olhos ardendo em ódio, encarando um outro homem, sujo e malvestido. Um rosto estranhamente familiar. Eles andavam em círculos, rosnando. Parecia que eles iam se atacar a qualquer momento. Atrás do homem sujo, havia uma mulher de longos cabelos ruivos e encaracolados. Ela não fazia nada, apenas observava-os de braços cruzados com um sorriso no rosto. Então Emmett me sacudiu.

-Alice? – ele falava me balançando pelos ombros. Demorei um pouco para absorver a informação e conseguir juntar os dois Emmetts assustados na minha frente em um só.

-Oi, Emm... – eu falei ainda zonza.

-Oi, Emm? – ele repetiu. – você quer que eu tenha um troço?

-Por que nós paramos? – eu falei ignorando a pergunta dele.

-Alice, olha pra mim. – ele falou segurando minha mandíbula com sua mão e virando meu rosto para o dele. – O que foi que você viu?

-Nada. – eu falei engolindo seco. Ele estava perto demais.

-Não minta, por favor. – sua voz tinha urgência. – Parecia que você estava vendo um fantasma.

Eu apontei para a mão dele que ainda segurava meu rosto. Era impossível conseguir falar alguma coisa com ele apertando minha mandíbula daquele jeito.

-Ah, é, desculpa. – ele falou liberando meu queixo e eu retomei a distância segura.

-Não foi nada, Emm. Mesmo. – eu falei sem olhar para ele.

-Você jura?

-Juro. – eu respondi com um sorriso. Ele levou a mão à minha cabeça e afagou meus cabelos, puxando meu rosto para mais perto dele.

-Bom mesmo. Ou quem vai ter um troço sou eu. – ele falou sorrindo com as covinhas. Eu o encarei fundo nos olhos e nós ficamos vidrados um no olhar do outro. Ele desceu a mão dos meus cabelos para minha bochecha e ficou movendo o polegar para cima e para baixo nos maçãs do meu rosto, o sorriso em seus lábios dando lugar a uma expressão mais séria enquanto seu rosto se aproximava do meu. Distância insuficiente, distância insuficiente! Eu afastei meu rosto em reflexo, sem pensar se eu realmente queria fazer aquilo. Emmett sorriu de novo e colocou as mãos no volante.

-De volta à estrada? – ele perguntou girando a chave na ignição mais uma vez.

-De volta à estrada. – eu respondi com a voz fraca, ainda perturbada com o que havia acabado de acontecer.

Adotei o silêncio pelas duas horas seguintes, já que qualquer coisa que eu dissesse poderia ser potencialmente comprometedora. Emmett virava seu rosto para mim de vez em quando para ver se eu realmente estava bem, e quando ele achava que não, passava sua mão grande e gelada nas minhas pernas. Porque claro, aquilo com certeza ia me ajudar.

-Emm, sabia que você fica bonito quando está concentrado?

Pergunta mental: Por que eu havia dito aquilo? Ele virou o rosto para mim com as sobrancelhas erguidas, surpreso.

-Só quando eu estou concentrado? – ele perguntou mudando sua expressão para uma mais maliciosa.

-Só. – eu respondi para provocá-lo, sorrindo torto.

-Duvido. – ele falou com desdém, voltando o rosto para a estrada. Eu comecei a rir. – E você sabia que eu adoro quando você ri?

Eu parei no mesmo instante.

-Não era pra você parar. – ele falou sorrindo para mim.

-Foi uma reação inconsciente.

Emmett começou a rir e as covinhas se formaram em suas bochechas.

-E eu adoro suas covinhas. – eu falei apontando para minhas próprias bochechas.

-Todo mundo adora.

-Convencido... – eu falei balançando a cabeça. Emmett mostrou a língua para mim e voltou a se concentrar na estrada. – Para onde nós estamos indo?

-Não sei, não tem placa em lugar nenhum. – ele falou apertando os olhos.

-Ou seja, estamos perdidos. – eu concluí.

-Não!

-Quando você vai admitir que não sabe o caminho, Emmett?

Ele me olhou com a cara fechada, mas não falou nada. Ao invés disso, mudou a marcha com força e pisou fundo no acelerador. Homens e seus cromossomos Y.

-Você se importa se a gente parar um pouco em algum lugar?

-Por quê, aconteceu alguma coisa? – ele perguntou com as sobrancelhas franzidas.

-Não, Emmett. Eu só cansei de ficar sentada eternamente aqui no carro.

-Ah, tá. Podemos sim. – ele falou sorrindo. – Olha. – ele apontou para um outdoor do lado da estrada. – Tem um posto a trinta quilômetros daqui.

-Isso é muito? – eu perguntei estreitando os olhos.

-Depende da sua urgência. – ele falou com o sorriso de canto de boca.

-Bem urgente.

Emmett passou para a marcha seguinte e o motor roncou alto. Chegamos ao posto em dez minutos.

-Você é maluco. – eu falei quando ele estacionou o carro.

-Você que disse que era urgente. – ele retrucou, abrindo a porta do carro e saindo. Eu destravei a minha e Emmett a abriu pelo lado de fora para mim.

-Resolveu ser gentil? – eu o provoquei, saindo do carro.

-Eu sou um gentleman. – ele falou sem se afastar, me fazendo passar perigosamente perto dele, com um sorriso malicioso. – As pessoas é que não percebem.

-Você é que não dá chance pra que elas percebam.

Emmett fechou a porta do carro quando eu me afastei, e se encostou no capô com os braços cruzados. Eu me encostei ao lado dele e olhei para cima, para seu rosto.

-Bem melhor. Eu precisava esticar as pernas.

-Sabe, acho que as pessoas estão olhando pra gente. – Emmett falou olhando desconfiado para as pessoas na loja de conveniências.

-Talvez porque você está só de camiseta e a temperatura deve estar abaixo dos dez graus Celsius?

-Hum... verdade. Acho que eu tive uma idéia. – Ele olhou para mim e me puxou para seu peito gelado. Eu petrifiquei. Ele passou os braços pelas minhas costas e me colou contra seu corpo, depois apoiou o queixo sobre a minha cabeça. – Pelo menos assim a gente finge que está se esquentando.

Uma parte de mim queria sair de lá. Queria entrar no carro, deitar no banco e ficar lá em posição fetal. Mas eu não podia. A vontade de ficar era arrasadoramente maior, quase incontrolável. Eu passei meus braços pela cintura dele e o abracei, encostando meu rosto em seu peito. Ele começou a aninhar meus cabelos e eu fechei os olhos. Alice, agora você passou dos limites. Mas eu nem me importava. Eu ia ignorar minha consciência a partir daquele momento.

 

I've been awake for a while now

You've got me feeling like a child now

‘cause every time I see your bubbly face

I get the tingles in a silly place

 

-Emm, posso te fazer uma pergunta? – eu falei sem abrir os olhos. Ele não falou nada, apenas sussurrou um “uhum” sem abrir a boca, ainda apoiado em minha cabeça. – Sou só eu, ou você também tem achado esses últimos dias meio estranhos?

 

It starts in my toes,

makes me crinkle my nose

Wherever it goes I always know

That you make me smile,

please stay for a while now

Just take your time

Wherever you go…

 

-Estranho como?

-Estranho… sei lá, eu e você...

 

The rain is falling on my window pane

but we are hiding in a safer place

under the covers staying safe and warm

you give me feelings that I adore

 

Emmett desencostou o queixo da minha cabeça e me afastou dele o suficiente para me olhar nos olhos, sem tirar as mãos de mim.

-Por quê? – ele perguntou franzindo as sobrancelhas.

Jesus, como ele era lerdo! Será que eu ia ter de falar tudo explicitamente? Eu levantei a cabeça para olhá-lo nos olhos.

 

What am I gonna say

When you make me feel this way?

I just... hmmm…

 

-Pelo visto sou só eu... – eu falei tristonha.

Emmett passou as costas da mão pelo meu rosto e sorriu.

-Ou não...

 

 

It starts in my soul

And I lose all control

When you kiss my nose

The feeling shows

Cause you make me smile

Baby, just take your time

Holding me tight…

 

Ele foi aproximando os lábios perigosamente, fazendo meu corpo se arrepiar por inteiro. Sua mão acariciava gentilmente meu rosto enquanto nossos corpos estavam colados, ele apoiado contra o carro. Tirei uma das minhas mãos de sua cintura e a subi pelas suas costas, depois por seu peito, até pará-la em sua nuca. Eu fechei os olhos, procurando ávida por seus lábios. Então eu ouvi uma voz.

-Que belo casal... – a voz rouca falou atrás de mim, ficando mais alta. Eu abri os olhos instantaneamente e senti o peito de Emmett vibrar quando ele rosnou.

Quando me virei, o homem sujo de cabelos louros estava rindo desdenhosamente, abraçado com a mulher ruiva agarrada em sua cintura. Emmett fechou os braços em volta de mim e cerrou o cenho, encarando o homem com raiva.

-Então nos encontramos de novo... Alice, não é? – o homem continuou, chegando mais perto.

          -James... – eu falei com a voz fraca, apertando ainda mais os braços de Emmett contra mim.

 

******

 

NOTAS: Oies!!!

É, eu sei, inesperado... hehehe
Mas essa é exatamente a idéia da coisa... XP

Espero que estejam gostandinho! ^^

Por favor, comentem!!!

Só uma prévia, o próximo capítulo se chama "Pra Sempre" ^^

Beijos gelados e sonhem com o meu muso Emm *-*

Té o próximo capítulo ;)

 

JMcCartyC


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