Teddybear - Heart Is Unpredictable escrita por JMcCarthyC


Capítulo 3
Alucinação




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Quando Carlisle e os outros chegaram, eu ainda estava no quarto avaliando o dia que tinha passado, sem chegar a nenhuma conclusão muito efetiva. Eu estava deitada na cama de casal de bruços, com os braços debaixo do travesseiro, olhando para o criado-mudo sem me dar conta daquilo, exatamente. Jasper abriu a porta e entrou no quarto.

-Está tudo bem, Alice? – Ele perguntou preocupado, com as sobrancelhas franzidas, vindo na minha direção.

          Eu me virei para ele e sorri.

          -Uhum, está sim.

          Jasper pareceu aliviado e se sentou na ponta da cama.

          -Que bom. – ele falou passando a mão em minha perna.

          -Você já sabe para onde nós vamos? – eu perguntei recolhendo a perna e me sentando ao seu lado.

          -Aham. Carlisle disse que vamos para a Itália. – ele falou com um sorriso enorme no rosto.

          -Sério? – eu bati palmas – Que lindo! Eu sempre quis conhecer a Itália! – eu me levantei com um pulo e corri para a porta – Preciso dar um abraço no Carlisle!

          Jasper riu e eu desci as escadas pulando os degraus. Carlisle estava na sala conversando com Esme quando eu cheguei desajeitadamente e o abracei forte por trás.

          -O que foi, Alice? – ele perguntou surpreso, colocando as mãos nos meus braços.

          -Itália! – eu falei apertando-o contra mim. Ele riu.

          -Ah, então o Jasper te contou?

          Eu assenti positivamente com a cabeça. Carlisle começou a puxar meus braços do pescoço dele, me afastando.

          -Tudo bem, Alice, você já pode me soltar agora.

          Eu finalmente o soltei e ele ajeitou a roupa que eu havia amarrotado.

          -Quando nós vamos? – eu perguntei animada.

          -Amanhã de manhã. Temos que chegar à noite na Itália.

          Eu o abracei forte mais uma vez.

          -Obrigada! – eu falei lhe dando um beijo no rosto e o soltando em seguida.

          -O Carlisle te deu um carro novo, é, Alice? – Emmett perguntou descendo as escadas. Eu o fitei com os olhos estreitos.

          -Não, Emmett. – eu respondi indignada.

          -Hum... porque você não costuma ser carinhosa assim em condições normais de temperatura e pressão. – ele falou coçando o queixo.

          Eu arregalei os olhos.

          -Que mentira! – eu falei cruzando os braços e caminhando na direção dele. – Como é que você sabe? – eu desafiei.

          -Eu vejo, Alice. – ele respondeu com um sorrisinho no rosto. Que absurdo! E o cafuné na cabeça dele mais cedo, não conta?

          Eu cheguei mais perto de Emmett, enrosquei meus dedos em sua camisa branca e o puxei para baixo, encostando meus lábios em sua orelha. Ele paralisou, assustado.

          -Pergunte ao Jasper, então... – eu sussurrei baixinho em seu ouvido.

          Quando liberei a camisa de Emmett e ele se endireitou, boquiaberto, eu desviei meu olhar para as escadas e Edward estava lá, parado no meio dos degraus. Ele nos olhava em choque, estático. Por que ele sempre aparecia em situações de dupla interpretação?

          Edward demorou os olhos em nós por alguns segundos e depois virou o rosto para Esme e Carlisle, mais relaxado. Eu me afastei de Emmett para evitar piorar a situação que já estava embaraçosa o suficiente, e ele continuava a me olhar com o queixo caído. Eu dei um tapa em seu ombro.

          -Pára, Emmett! – eu falei entre os dentes. Ele piscou forte.

          -Não faça aquilo de novo. – ele falou meio desorientado, apontando para mim – Sério.

          Eu tinha me esquecido de que Emmett costumava imaginar as coisas exageradamente. Provavelmente falar aquilo no ouvido dele não havia sido uma idéia muito inteligente, mas, estranhamente, eu tinha gostado. Foco, Alice! Emmett ainda me olhava perturbado, então eu sacudi a cabeça e me sentei no outro sofá da sala.

          -Ahn... eu queria saber se alguém quer ir caçar comigo. Sabe, só pra garantir antes da viagem... – Emmett falou coçando a cabeça.

          Eu ponderei por um segundo. Talvez caçar não fosse uma idéia tão ruim. Eu iria me distrair, pelo menos. Inocentemente – inocentemente, eu disse – eu me prontifiquei.

          -Eu vou com você, Emm. – Emmett sorriu satisfeito com as covinhas por alguém ter aceitado o convite dele, e Edward, que ainda estava na escada, olhou para mim horrorizado.

          “Quê?” eu pensei olhando para ele.

          -Eu vou também. – Edward falou sem desviar os olhos de mim. Qual era a dele? Bancar o espião ou coisa assim? Como se nós fossemos fazer alguma coisa enquanto estivéssemos caçando sozinhos no meio de uma floresta escura sem ninguém para nos observar. Além do mais, eu tinha o Jasper; e Emmett tinha a Rose. A única conclusão que eu podia chegar era que o Edward estava ficando paranóico.

          -Mais alguém? – Emmett perguntou sem se abater, olhando para os outros na sala. Todos balançaram a cabeça negativamente. – Vamos então? – ele terminou olhando para mim e depois para Edward.

          Nós assentimos e Emmett se virou para a porta, depois a abriu e ficou segurando-a aberta, fazendo sinal para que eu passasse.

          -Damas primeiro. – ele falou piscando para mim. Eu o olhei incrédula, e ele continuou acenando para que eu andasse, então resolvi não questionar e atravessei a porta. – Você também conta, Edward.

          Eu mordi o lábio para reprimir a risada quando Emmett disse aquilo. Edward estreitou os olhos e enfiou a mão na cabeça de Emmett, forçando-a para baixo.

          -Sem graça. – ele falou rindo e saiu atrás de mim. Emmett fechou a porta atrás de nós e então começamos a caminhar pela neve.

          Edward se enfiou entre eu e Emmett e não disse uma palavra. Eu daria qualquer coisa para saber o que ele estava pensando. O céu àquela hora estava arroxeado, e as primeiras estrelas começavam a aparecer. Emmett enfiou as mãos no bolso da calça jeans rasgada e ficou olhando para cima. Pensando bem, eu também daria qualquer coisa para saber o que ele estava pensando.

          -Algum problema, Alice? – Edward perguntou para mim. Eu nem tinha percebido que estava olhando para Emmett antes dele chamar minha atenção.

          -Não, não. – eu respondi olhando para Edward imediatamente. Depois meus olhos se voltaram involuntariamente para o rosto de Emmett. – Está tudo bem...

          Emmett virou o rosto para mim e mostrou a língua.

Como eu era idiota.

Afastei os pensamentos sobre Emmett da minha mente antes que Edward pudesse vê-los e ter um choque anafilático por causa disso. Quando dei por mim, já estávamos entrando na floresta. Foi então que Emmett deu a brilhante idéia.

-Eu acho que nós devíamos nos separar. – ele falou coçando a cabeça. Edward olhou para mim no mesmo instante.

“Nem vem, não tenho nada a ver com isso.”, eu pensei em defesa.

-Por quê? – ele perguntou para Emmett, cruzando os braços.

-Porque eu acho que em três é muito mais fácil assustar os bichos. Separados nós fazemos menos barulho.

Edward parou por um segundo, mas não havia argumentos. A idéia de Emmett era bem plausível. Ele olhou para mim, depois para Emmett e de novo para mim.

-Tudo bem, então.  – ele falou por fim. – Nos encontramos aqui daqui duas horas.

-Quem fez de você o líder? – Emmett perguntou com as sobrancelhas franzidas.

-Eu mesmo. Sou a única pessoa sensata aqui. – Edward terminou lançando um olhar de reprovação para mim, o que me fez pensar que talvez eu não tivesse escondido meus pensamentos com rapidez suficiente.

Emmett bufou e nós nos separamos, cada um indo para uma direção diferente. Comecei a caminhar de vagar pelo chão coberto de neve, pulando os galhos que estavam caídos no caminho. Aquela situação toda era muito estranha. E o pior é que não deveria ser, porque não fazia o menor sentido.

Eu estava começando a ficar irritada comigo mesma.

Tentei parar de pensar naquilo e comecei a correr os olhos por entre os troncos, procurando por algum animal. Fui me esgueirando entre as árvores, sem pressa e sem interesse. Decidi repentinamente que não queria mais caçar, e eu nem sabia o porquê. Eu ficaria andando até que o horário estabelecido por Edward chegasse.

Péssima idéia.

Conforme eu me arrastava pela neve, Emmett começou a flutuar em meus pensamentos – sem a minha permissão. Eu me lembrei dele deitado no meu colo, as mãos grandes e geladas mexendo nos meus dedos enquanto eu fazia cafuné em seus cabelos negros e macios... O perfume que emanava da pele dele, as covinhas na bochecha quando ele sorria...

Foi então que eu percebi que estava com cara de idiota e parei com aquilo. O que eu tinha na cabeça? Emmett era meu irmão – pelo menos, em termos legais – ponto. E o Jasper? Isso, Jasper. Eu tinha que pensar nele. Era ele quem eu amava, era com ele que eu devia ficar. E porque eu estava pensando naquilo, afinal? Jasper e Emmett não deveriam nem estar sendo alvo de discussão no meu cérebro, em primeiro lugar.

Bufei comigo mesma e respirei fundo. Eu precisava me recompor, e era uma ordem. Não percebi quanto tempo havia se passado desde que eu havia me separado dos meninos, mas o céu já estava escuro quando eu olhei para cima de novo.

-Alice...? – eu ouvi a voz infantil chamar ao longe e meu estômago deu um looping. O que ele estava fazendo ali?

-Emmett? – eu respondi me virando para a direção de onde a voz tinha vindo. Ele apertou os olhos, tentando me reconhecer. – O que você está fazendo aqui?

Emmett não disse nada, ele apenas veio caminhando rápido na minha direção. Eu fiquei parada, sem saber o que fazer, sem entender o que ele estava fazendo. Emmett tinha uma expressão sedenta no rosto, os olhos ardentes. Ele não tomou conhecimento de mim quando passou, me pegou em seus braços fortes com um só movimento e me jogou contra uma árvore, colando seu corpo no meu. Eu o olhei confusa e ele pressionou seus lábios ávidos e duros contra os meus. No segundo seguinte, eu estava com as mãos enroscadas em seus cabelos, minha saliva se misturando vorazmente com a dele enquanto nossas línguas se tocavam em uma coreografia inesperada.

-Alice?

Eu pisquei os olhos, voltando a mim. Emmett estava alguns metros a minha frente, os olhos apertados, andando de vagar.

-Você está bem? – ele perguntou chegando mais perto.

Eu ainda estava em estado de choque, paralisada e abismada com meu próprio cérebro. O que estava acontecendo comigo?

-Estou... – eu respondi desnorteada. – Fique aí! – eu gritei quando ele ameaçou se aproximar mais.

-Que que eu fiz? – ele perguntou parado no lugar. Eu levei as mãos à cabeça, na frente dos olhos. Eu precisava organizar meus pensamentos, tudo aquilo devia ter uma explicação lógica e racional.

-Nada. – eu respondi passando as mãos pelo cabelo e respirando fundo. O que você está fazendo aqui? Não pra você estar do outro lado?

-Acho que eu me perdi. – ele falou meio sem jeito. – Meu senso de direção não é dos melhores.

-Ainda bem que você sabe disso.

Eu me sentia um pouco melhor. Aquilo tudo devia ser apenas obra de um subconsciente muito perturbado. Emmett riu sem graça e chegou mais perto.

-Você já caçou alguma coisa? – eu perguntei para me distrair.

-Aham. Achei um cervo. Ou o que quer que fosse aquilo. – ele acrescentou. – E você?

-Também. – menti. Eu não ia contar que tinha passado o tempo todo pensando e tendo alucinações com ele. – Você acha que já deu o horário de irmos encontrar o Edward?

-Provavelmente. – ele falou coçando a cabeça. – Só que eu não sei se eu consigo voltar lá.

Eu cruzei os braços e ri, balançando a cabeça.

-Você é uma vergonha, Emmett.

Ele mostrou a língua e sorriu, andando na minha direção.

-Então mostre o caminho, mapa ambulante. – ele falou passando os braços pelos meus ombros e se encostando em mim. Ele era tão grande que minha cabeça mal chegava em seus ombros.

Começamos a caminhar sem pressa pela neve. Eu passei meu braço por sua cintura e ele me puxou para mais perto dele – o que não tinha a menor graça. Não trocamos nenhuma palavra, o que provavelmente foi muito pior, uma vez que eu não mantinha meu cérebro ocupado na coordenação das minhas cordas vocais. Guiei Emmett pelas árvores, tentando me concentrar apenas no caminho que eu tinha de seguir. A estratégia pareceu funcionar, – em termos – já que chegamos relativamente rápido onde deveríamos nos encontrar com Edward.

E ele estava lá.

De braços cruzados.

Atônito.

Me fuzilando com os olhos.

Eu soltei meus braços da cintura de Emmett com a maior velocidade que consegui e me afastei dele, forçando-o a liberar meus ombros. Aquilo já estava ficando embaraçoso demais.

-Vocês estão atrasados. – Edward falou desconfiado.

-O Emmett se perdeu. – eu me defendi rápido. – Tive que trazer ele até aqui.

-Desculpa, Ed. – Emmett falou se distanciando de mim, para meu alívio.

-Tudo bem... – Edward falou pensativo. – Podemos voltar?

Nós assentimos com a cabeça e ele se virou, começando a andar. Emmett e eu nos entreolhamos confusos, então demos de ombros e decidimos seguir Edward.

Andamos silenciosos por todo caminho de volta. De vez em quando eu olhava para Emmett. Ele parecia estar em um universo paralelo, os olhos perdidos, longe. Eu me perguntava em que ele estava pensando. Não era típico dele ficar muito tempo sem falar alguma coisa.

Em uma das vezes que olhei para ele, Emmett virou o rosto para mim com as sobrancelhas erguidas, a lua refletindo sua pele pálida e seus olhos dourados. Ele sorriu e as covinhas se formaram em seu rosto, me fazendo sorrir de volta e desviar os olhos para o chão. Por que eu estava sem graça? Não, isso é viagem da sua cabeça. Comporte-se como uma mulher adulta.

Eu me forcei a não olhar mais para Emmett pelo resto da caminhada e Edward pareceu ficar satisfeito com aquilo. Quando chegamos em casa, não havia ninguém no andar de baixo. Até as luzes estavam apagadas. Entramos quietos, sem fazer barulho.-Eu vou para o meu quarto. – Edward anunciou. – E vocês deviam fazer o mesmo. Cada um para o seu quarto.

Emmett me olhou confuso e eu tentei retribuir a expressão. Como se eu não soubesse o que Edward queria dizer com aquilo. Ele lançou um último olhar de censura a mim e subiu as escadas.

-Nada. – eu respondi mecanicamente, me arrependendo no segundo seguinte.

-Quer ver tevê? – ele perguntou apontando para o aparelho na sala. Uma parte de mim queria dizer não e correr para encontrar Jasper, acabar com aquela maluquice de uma vez por todas. A outra parte, no entanto, preferia ver televisão encostadinha no corpo grandalhão de Emmett pela noite inteira.

-Tudo bem. – Ridículo, Alice.

Emmett abriu um sorriso e ligou a tevê, sem acender as luzes. Ele então se sentou no canto do sofá e olhou para mim.

-Você vai ficar aí de pé? – ele colocou a mão na almofada logo ao seu lado. – Vem cá.

Por que eu não conseguia sair correndo? Por que Jasper não gritava meu nome lá de cima? Por que Edward não aparecia e me censurava de novo?

Incerta, eu comecei a caminhar na direção de Emmett, e ele apenas me olhou, me encorajando. Não faça isso. Tarde demais, eu já havia feito. Sentei ao lado de Emmett e concentrei toda minha atenção na tevê.

-Pode deitar. – ele falou olhando para mim. Eu virei meu rosto para ele.

-Como é?

-Deitar, ué. Pra retribuir por hoje mais cedo.

Eu fiquei estática. Não, Alice. Era tão bonitinho ele falando daquele jeito. Contenha-se! O olhar dele era tão doce. Você vai se arrepender.

-Só porque eu estou muito cansada, Emmett. – Ridículo, de novo.

Ele sorriu satisfeito e levantou o braço para que eu pudesse deitar em seu colo.

-E aquela parte do “você não é carinhosa assim em condições normais de temperatura e pressão”? – eu perguntei já com a cabeça em suas pernas, olhando para cima. Ele riu.

-Acho que eu mudei de idéia. – ele falou passando as mãos nos meus cabelos, fazendo minha pele se arrepiar. Apesar de ser grande, forte e desajeitado, seu toque era gentil e carinhoso. O que, claro, tornava tudo muito pior.

-Bom mesmo. – eu falei sorrindo. – Ou eu saio daqui agora.

Emmett mostrou a língua para mim e voltou os olhos para a tevê. Eu fiz o mesmo.

-Ali... – ele chamou olhando para baixo, sem parar de correr os dedos pelos meus cabelos. Eu ergui o rosto e o encarei. – Você sabe por que o Edward está estranho desse jeito?

Sim, eu sabia. Mas eu não podia contar ao Emmett que era exatamente por causa dele.

-Não.

-Acho que ele devia arranjar uma namorada. – Emmett falou voltando seu olhar para a tevê, como se estivesse refletindo. – Isso o manteria ocupado.

Eu dei risada e balancei a cabeça.

-Emmett, isso mantém você ocupado.

-Nem sempre, tá? – ele retrucou. – Ou eu não estaria aqui com você agora.

Senti um frio percorrer toda a extensão do meu corpo. Não era seguro ele falar aquele tipo de coisa.

-Deixa a Rosalie saber disso. – eu falei para tentar lembrá-lo da existência dela.

-Ela só vai saber se você contar.

Ele sabia que eu não ia fazer aquilo. Que golpe baixo! Voltei minha atenção para a tevê, derrotada. Eu não ia falar mais nada. Emmett não desgrudou os dedos dos meus cabelos nem por um segundo. Vez ou outra, distraído, ele passava seus dedos gelados pelo meu rosto, e eu tentava com todas as minhas forças abstrair a situação. Ficamos daquele jeito por algum tempo, até que ele olhou para mim novamente.

-Ali, acho que eu vou subir. – ele falou parando de correr as mãos pelos meus cabelos. – Antes que a Rose resolva vir me buscar pelo pescoço.

Eu ri tristonha.

-Tudo bem. – respondi sem olhar para ele.

Emmett abaixou a cabeça e pressionou seus lábios contra minha testa, fechando os olhos. Eu fechei os meus em reflexo também e desejei que ele realmente não tivesse feito aquilo. Eu levantei a cabeça e me sentei no sofá, dando espaço para que ele ficasse de pé.

-Você vai ficar aí? – ele perguntou quando já estava de pé, indo na direção das escadas.

-Um pouco. – eu respondi encolhendo os ombros.

-Então até mais tarde.  – ele falou subindo os primeiros degraus.

Eu fiquei olhando Emmett subir as escadas com seus passos pesados, até que ele finamente desapareceu. Deitei no sofá com os dedos entrelaçados atrás da nuca e respirei fundo. Aquilo estava passando dos limites. Estava virando loucura. Me coloquei de pé com um salto e desliguei a tevê. Eu tinha que subir e encontrar Jasper, tirar Emmett da minha cabeça.

Subi os degraus de vagar e caminhei até meu quarto. Quando abri a porta, Jasper estava sentado na cama, lendo um livro. Com o barulho da porta, ele desviou os olhos da página e olhou para mim.

-Por que você demorou tanto? – ele perguntou fechando o livro e o colocando sobre o criado mudo ao seu lado. Mentir estava fora de cogitação. Pelo menos mentir inteiramente.

-Eu estava vendo tevê com o Emmett. – Não era uma mentira inteira. Eu só não precisava citar os detalhes.

Ele ergueu as sobrancelhas e assentiu com a cabeça.

-Tinha alguma coisa boa passando?

Como eu ia saber? Quem disse que eu conseguia efetivamente prestar atenção em alguma coisa enquanto eu estava com a cabeça no colo dele?

-Na verdade não. – eu respondi tentando mentir da maneira mais convincente possível. – Por isso nós ficamos lá só um pouco. – eu terminei fechando a porta e me sentando ao lado dele na cama. Jasper passou o braço pelos meus ombros e me puxou para perto.

-Eu estava com saudades. – ele falou esfregando a mão em meu braço. Ótimo, era o que eu precisava para começar a me sentir culpada. Hora de consertar as coisas, Alice.

-Eu também. – eu falei sem me permitir pensar na veracidade daquilo. Jasper colocou o polegar em meu queixo e me deu um beijo rápido, depois pegou o livro de volta e recomeçou a ler.

Eu fiquei parada, boquiaberta. Eu estava disposta a consertar as coisas e esquecer aquele dia maluco com Emmett, mas Jasper não estava colaborando. Depois que eu fizesse alguma coisa ele não ia poder reclamar.

-O que foi? – ele indagou quando percebeu que eu o olhava estarrecida. Eu sacudi a cabeça.

-Nada. – falei piscando forte.

Ele sorriu e voltou a ler.

-Você se importa se eu ligar o rádio? – eu perguntei apontando para o aparelho na mesinha ao meu lado. Jasper balançou a cabeça negativamente e eu girei o botão do rádio, ligando-o.

O som que saía dos alto-falantes era mais cheio de chiados do que música, mas eu não me importava. Eu só não queria ficar imersa naquele silêncio perturbador com Jasper ali. Deixei a música invadir meus ouvidos e me deitei na cama. Fiquei imaginando o que Emmett estaria fazendo àquela hora. Alice, pare. Jasper está ao seu lado. Grande coisa o Jasper estar ao meu lado. Ele estava ocupado lendo.

Sendo assim, dei permissão legal a mim mesma para pensar em Emmett. Eu senti vontade de estar com ele. Senti falta dos dedos dele nos meus cabelos, do jeitinho que ele falava.

Fechei os olhos e respirei fundo mais uma vez. Jasper podia estar ao meu lado, mas, naquele momento, era Emmett que estava dentro de mim.

 

 

*****

 

 

NOTAS: Eis o segundo capítulo da minha loucura repentina XD

 

O 3 está a caminho o/. Espero que estejam gostando da Alice e do Emm!! – eu vou convencê-los de que eles ficam lindos juntos *.* hehe

 

Ah, e não me matem por causa disso. XD

 

Beijos gelados =*

Té o próximo capítulo, “Perdidos”

 

Por favor, comentem!! ^^

 

JMcCartyC

 


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