“Se não for hoje, um dia será. Algumas coisas por mais impossíveis que pareçam, a gente sabe que foram feitas para um dia dar certo.”

P.O.V’s Mel

Pela primeira vez na vida eu fiquei triste ao descobrir que eu estava certa.

Bom... as meninas estão namorando e com isso nós temos passado cada vez menos tempos juntas. Não que elas me abandonaram, longe disso, sempre que podem estão comigo, mas não é a mesma coisa de sempre.

Não as culpo. Deve ser realmente complicado conciliar amizade com namoro, mas eu tenho que dizer que tenho passado muito tempo sozinha.

Quando somente a Lice e a Dorcas estavam namorando nós não nos sentíamos tão sozinhas, apesar das duas fazerem falta, pois fazíamos companhia uma a outra. Mas agora com a Lilly também namorando isso não esta acontecendo. Eu estou feliz por eles, depois de sete anos, terem finalmente se acertado. Se eles estão felizes eu também estou.

Nos intervalos das aulas, nos finais de semana, e em qualquer momento em que as meninas estão com os namorados eu estou andando pelo castelo, ou no salão comunal da grifinória ou até mesmo no dormitório. Tem sido assim nos últimos dias. O Black sempre que pode esta comigo, acho que ele percebe que me sinto um pouco sozinha. Quando ele esta comigo eu abaixo as barreiras de proteção e agente consegue até ter um conversa civilizada. Mas ele também tem outras coisas pra fazer, Lê-se encontros, então quando ele não esta aí em fico sozinha mesmo.

De vez em quando as meninas dão uma fugidinha do que estiverem fazendo e vem me ver, nós conversamos um pouco como se nada tivesse mudado, o que é uma grande mentira. Nossa amizade não diminuiu nem um pouquinho, mas todas nós sabíamos que nas nossas vidas aconteceram mudanças que não ocorreram em nenhum outro ano.

Aí você se pergunta: “Porque você não esta sempre com eles, mesmo quando estão os casais juntos?”. É simplesmente o fato de que eu não me sinto mais tão a vontade de estar perto deles assim. É estranho. Eu fico desconfortável, acho que estou atrapalhando, acho que muita gente já passou por isso.

Nesse tempo eu descobri um amigo realmente impressionante. O Scott. Sim, ele mesmo. Logo no inicio do namoro das meninas, nós começamos a realmente conversar e descobri que ele é uma pessoa maravilhosa. Ele me pediu desculpas por ter insistido tanto em ficar comigo e nós nos resolvemos e viramos amigos. Ele pode até ser de outra casa, mas esta sempre comigo. Quanto mais próximo ele fica de mim,mas eu sinto o Black se afastando. E eu não entendo o motivo. E simplesmente não quero mais complicações para minha vida complicada então eu simplesmente deixei para lá, apesar de sentir falta do boboca.

O Scott estava me dizendo que esta gostando de outra menina e me perguntou como ele deveria agir com ela. Essa menina era Carla. Preciso dizer que quase caí pra trás?  Bom... ele não teve muito bom gosto e riu muito quando eu comentei isso com ele. Mas prometi que ajudaria.

Nesse momento eu estou sentando nos pufes do salão comunal da Grifinória olhando a lareira. As meninas já tinham falado comigo e disseram que iam ver os meninos, me chamaram mais eu disse que não ia. Estava morrendo de tédio e não estava nem um pouco afim de ficar naquele lugar.

Suspirando me levantei e saí pelo buraco da mulher gorda. Comecei a andar pelo castelo, sem rumo, apenas para não ficar parada.

- Mel. – ouvi a voz do Scott me chamando. Me virei sorrindo.

- Oi Scott.- falei e ele sorriu.

- Sozinha de novo?- perguntou agora andando ao meu lado. Suspirei.

- Sim. As meninas estão com os namorados e eu não estava afim de ir.- falei e ele me olhou de um jeito que dizia “eu sei de tudo.”.

Entramos em um corredor vazio e ele se sentou no chão encostado na parede e bateu no chão ao seu lado para eu me sentar também. Suspirando fiz o que ele pediu. Ele pegou minha mão e ficou brincando com meus dedos. Era uma mania que eu descobri que ele tinha.

- Eu te entendo.- ele falou me fazendo olhar surpresa pra ele.

- Entende o que?- perguntei tentando desviar, pois eu sabia o que ele ia falar. Ele sorriu pra mim.

- Olha...- ele começou.- eu entendo o que você esta sentindo em relação a tudo. Eu sei que você esta se sentindo sozinha quando as meninas não estão com você, mas que tenta não demonstrar porque quer ver apenas a felicidade das meninas. E eu te admiro por isso.

Abri um micro sorrisinho.- Obrigada Scott.- falei o abraçando de lado e colocando minha cabeça no seu ombro.- Você tem sido um amigão esses dias. Obrigada por tudo.- ele apenas sorriu e me abraçou mais apertado.

- O que esta acontecendo aqui?.- ouvi a voz dele. O Black estava olhando para nós dois de um jeito perigoso. Nos levantamos.

- Estava te procurando.- ele falou pra mim de um jeito perigoso. Eu sentia sua raiva. E não entendia o motivo dela.

- Como você me...- comecei a perguntar, mas a resposta eu sabia.- Mapa do maroto.- sussurrei pra mim mesma.

- O que você estava fazendo em um corredor vazio com ele?- perguntou indicando Scott com repulsa. Quem ele pensa que é para falar com meu amigo assim?

- Nós estávamos apenas conversando.- o Scott falou despreocupado, como se não se importasse com a raiva do Black.

- E sinceramente eu não vejo como isso possa ser da sua conta.- falei com rispidez. Ele estava começando a me irritar. Ele me ignorou completamente se dirigindo ao Scott.

- Fique longe dela.- ele falou agora cara a cara com meu amigo. O seu tom era perigoso como uma tempestade próxima a explodir. Os dois me ignoravam apenas encarando um ao outro.

- E quem vai me obrigar a isso? Você?- o Scott perguntou. – Eu não vou me afastar dela a menos que ela peça.- concluiu e eu pude ver que o Black tinha perdido completamente a paciência. Antes que eu pudesse fazer alguma coisa ele já tinha dado um soco na cara do Scott. Pude ouvir o som do seu nariz quebrando. Antes que o outro revidasse ou o Black atacasse de novo eu entrei no meio dos dois.

- PAREM AGORA.- falei com o rosto vermelho de raiva. Olhei para o Scott que tinha a mão sobre o nariz que sangrava e olhei para o Black que ainda tinha os punhos fechado e raiva nos olhos. Como ele pode ter feito isso?

- Quem você pensa que é para fazer o que fez?- perguntei com raiva olhando para o Black.

- Não se meta nisso.- seu tom ainda é perigoso.

- Não me meter? Você não tem o direito de encostar um dedo nele.- falei com raiva.

- Defendendo o amiguinho?- perguntou com ironia. Nunca tinha visto ele me tratar daquele jeito. Ele estava cego de raiva e eu não estava muito diferente.

- E se for?- perguntei e seu rosto ficou vermelho de raiva. Pela primeira vez em sete anos estávamos brigando desse jeito. Dessa vez não tinha humor, provocações e muito menos pegadinhas. Estávamos brigando pra valer e sabíamos que no final os dois sairiam machucados.

- Ótimo.- ele falou finalmente e se afastando de mim.- Fique com seu amiguinho. Agora só vou te falar uma coisa. Me esquece e finge que eu não existo. Provavelmente vai ser fácil pra você.- e falando isso deu as costas e saiu pelo corredor desaparecendo de vista. Isso me atingiu como uma facada no peito. Por mais que doesse eu não iria me importar, sua raiva não era nada comparada a minha.

Me virei para Scott que me olhava atentamente como se soubesse o que eu sentia.

- Desculpe.- pedi indo olhar o estrago que o Black tinha feito. Ele apenas sorriu como se não tivesse problema.- Deixa eu concertar isso.- falei puxando a varinha.- Episkey.- falei apontando para o nariz e com um som meio estranho ele voltou para o lugar.- Targeo.- falei e o sangue do seu rosto desapareceu.

- Obrigada.- ele falou sorrindo minimamente. Eu apenas suspirei guardando a varinha.

- Acho melhor eu ir. Desculpe pelo o que aconteceu.- pedi olhando pra ele. Ele tinha sido minha única companhia quando as meninas não estão por perto e se ele se afastasse de mim eu não sei o que faria.

- Não tem problema. – ele falou sorrindo e me abraçou dando um beijo na minha bochecha. Aí eu senti que não tinha perdido meu amigo.

- Tchau.- falei sorrindo.

- Tchau.- respondeu.

Fui andando pelos corredores de volta ao salão comunal. Pensava que apesar de todas as palhaçadas do Black eu gostava da sua companhia e que agora iria evita-lo assim como ele me evitaria. A frase que ele falou voltou a minha mente : “Me esquece e finge que eu não existo. Provavelmente vai ser fácil pra você.”. Ele não sabe o quanto esta errado.

- Coragem- falei a senha para a mulher gorda e o retrato se abriu. Assim que entrei no salão comunal o vi sentando junto com minhas amigas e os amigos deles. Todos conversavam e riam, mas eu o percebia meio afastado. Comecei andar a caminho do dormitório, não queria falar com ninguém agora. Mas eu não tenho tanta sorte.

- Mel.- ouvi a voz da Lilly me chamar. Me virei lentamente com o rosto sem nenhuma expressão. Encontrei todos, menos ele obvio, sorrindo pra mim e acenando para eu ir lá. Suspirando e dando um pequeno sorriso fui em direção a eles.

- Sim? – perguntei ainda em pé. Meus amigos me olhavam atentamente e eu vi o Black me encarando com raiva. Retribui seu olhar com tanta raiva quanto. Meus amigos olharam de mim para ele.

- Esta tudo bem? – O James perguntou.

- Porque não pergunta para seu amiguinho?- falei com desdém e olhado com raiva para o Black que me olhou do mesmo modo. Meus amigos ficaram em silencio. Provavelmente nunca tinham visto agente desse jeito.

- Não deveria estar com aquele garoto?- perguntou rebatendo no mesmo tom.

- Cresça. E se eu tivesse não é da sua conta.- falei entre dentes.

- Com certeza. Não é da minha conta. Afinal eu simplesmente não quero ter mais nada a ver com sua vida. – falou e isso me atingiu como uma facada. Olhei para ele com desdém do mesmo modo que ele olhava para mim. Eu sabia que ele estava tão machucado quanto eu. Meus amigos olhavam de um para o outro, boquiabertos. Sem saber o que fazer ou falar.

- Ótimo. Também não quero ter mais nada a ver com sua vida. Você simplesmente morreu pra mim Sirius Black. – falei com raiva e ele não demonstrou nada com minha frase. Dei as costas e sai andando.

- Mel.- ouvi a Lilly me chamar, apenas a ignorei e subi para o meu dormitório. Minha vida se complicava cada vez mais.