One More Time In Nárnia escrita por Loren


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

haaai guerreiras! eu achei que não conseguiria postar hoje, ledo engano. kkk. sem mais enrolações, mais um cap. para vocês e um ótimo feriado para todas o/ ^^



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Da cesta, saiu uma pequena mãozinha. Lúcia disse para todos.

–-Olha.

Aos poucos, veio outra mãozinha, depois a cabeça e depois o corpo inteiro. Era aquela menininha daquele marinheiro, o marinheiro apareceu e disse surpreso.

–-Gael?- a menininha se levantou- como veio parar aqui?

Todos estavam quietos e atentos. O marinheiro chegou perto da menininha e a abraçou. Drinian se aproximou e cruzou os braços.

–-Parece que temos uma nova tripulante.

O marinheiro sorriu aliviado, pensou que iriam punir a garota ou ele. Cristine se aproximou e estendeu a laranja para a menininha, que a pegou com cautela. Cristine sorriu e se retirou depois. Drinian saiu e Lúcia se aproximou.

–-Bem vinda à bordo.

–-Majestade- a menininha fez uma reverência.

–-Me chame de Lúcia.- Lúcia passou o braço ao redor dos ombros da menininha- Vem cá.

E saíram.

–-Mexam-se homens- gritou Drinian- Mãos à obra.

Enquanto isso Eustáquio recolhia o facão, ia devolvê-lo para a cozinha quando ouviu.

–-Boa luta. Ainda faço de você um espadachim- disse Ripchip.

Eustáquio sorriu, nunca ouvira um elogio, mas não um elogio tão verdadeiro. Como ele sabia que era verdadeiro? Ora caro leitor, quando alguém realmente gosta ou aprecia o que o outro faz, sabe quando o elogio é sincero. Somente sabe. Meio que sorriu e assentiu, mas voltou à terra e com sua simpatia de sempre, retrucou.

–-Pois é, claro. Se eu tivesse lutado com alguém do meu tamanho, o resultado teria sido diferente- e saiu de cena rapidamente.

Ripchip riu.

–-Sem dúvida.

–-Acha que ele tem chance?- perguntou Cristine.

–-Todos merecem uma chance.- Cristine olhou para Ripchip- Aprendi isso com você.

–-Obrigada, mas já está na hora de voltar ao trabalho.

Ripchip riu e saiu. Cristine se virou e bateu contra alguém.

–-Eii!- ela gritou.

Mas quando viu os olhos castanhos, ficou calada. Como em menos de 12 horas ela ficava agora envergonhada com eles, sendo que alguns dias atrás, adorava provocá-los?

–-Perdão meu pequeno rei, mas acho que o senhor deveria olhar para onde anda.

Disse ela, não deixando de lado sua teimosia com Edmundo, mas cá entre nós, essa raiva já estava sumindo aos poucos.

–-Já falou com Lúcia?- perguntou Edmundo, ignorando o sarcasmo da menina.

–-Sobre?- perguntou Cristine com as mãos na cintura.

–-Seus ferimentos.

–-Já estão melhores, com licença, devo voltar ao trabalho.

Edmundo deteu ela pelos braços e a encarou. “Bela boca”, ele pensou. A boca de Cristine era recheada da mais macia carne rosada e mesmo com a cicatriz roxa, era ainda assim tentadora para quem a analisasse com cuidado. Sentiu vontade de prová-la, de tocá-la e de tê-la. Mas por que olhava para a boca dela? Droga, ela reparou e abaixou a cabeça, ficando corada. Soltou-se dos braços de Edmundo e saiu. Edmundo suspirou e foi falar com Lúcia.

–-Lúcia?

–-Oi Edmundo, o que houve?

–-Posso falar com você?

–-Claro! Com licença Gael.

E deixou a menininha continuando a costurar, como estavam fazendo antes. Lúcia e Edmundo se afastaram dali.

–-Pode falar com Cristine?

–-Você não falou como eu pedi?

–-Falei e tentei de novo, mas ela é muito teimosa, não vai adiantar de nada. Não nos demos bem no inicio e não vai ser agora que isso vai acontecer.

–-Tudo bem, mas falar sobre o que?

–-Ela está ferida. Aquele cretino a feriu com chicotadas, está trabalhando duro desde que acordamos. E isso não é nada bom.

–-São muito graves?

–-Horríveis.

–-Tudo bem. Vou falar com ela e pedir para ela me deixar usar meu elixir.

–-Obrigada.

–-Mas Ed!

–-Hum?

–-Continue falando com ela.

–-Não. Ela é teimosa demais e não aguento mais ser rotulado como o “pequeno rei” por ela! Garota insuportável.

–-Insuportável, mas você não para de olhar para ela.

–-O quê?

–-Edmundo, desde manhã você não para de olhar para ela e quando alguém fala com você, você se faz de desentendido. Queria poder eu ler seus pensamentos, será que Cristine perturba sua mente, pequeno rei?- Lúcia riu.

Edmundo estava ficando vermelho. Por parte, de raiva e a outra parte, de vergonha. Mas era mais fácil dizer que estava ficando irritado, afinal, era verdade o que sentia.

Ele olhava para ela. Admirava algum tempo atrás a astúcia e coragem da menina, ainda mais quando ela o enfrentou no camarote. Mas se impressionou com a força que a menina fazia para trabalhar, mesmo com as costas queimando ali.

Ele reparava no esforço dela e nos suspiros pesados que ela provocava, estava já pálida e parecia que ia cair à qualquer momento, mas todos os marinheiros estavam ocupados demais para perceber isso. E mesmo tão cansada e exausta, ela era linda. De um jeito simples e gracioso, mas linda. Lúcia estalou os dedos na frente de Edmundo.

–-Edmundo? Edmundo! Viu? O que foi que eu disse?

–-Ora Lúcia, não enche.

–-Pelo jeito, alguém aqui está sentindo emoções desconhecidas não?

Lúcia riu e saiu. Edmundo ficou só com os pensamentos, que emoções desconhecidas Lúcia falava? Não fazia a menor ideia do que era, nunca havia sentido isso antes, mas não podia negar que em parte, era muito bom.

^.^

Dias se passaram. Já entardecia. Caspian estava com Drinian e Edmundo. Estavam à frente de uma ilha desconhecida. Caspian olhava as praias com a luneta.

–-Parece desabitada. Mas se os fidalgos seguiram o nevoeiro para leste, devem ter parado aqui.

–-Pode ser uma armadilha.-disse Drinian.

–-Ou pode conter respostas.-contrariou Edmundo- Caspian?

Caspian fechou a luneta, entregou para Drinian.

–-Vamos passar a noite na praia. Percorremos a ilha pela manhã.

–-Sim majestade- concordou Drinian.

Caspian e Edmundo desceram para o convés. Caspian foi falar com os marinheiros, talvez para dar ordens. Edmundo viu a menininha correndo por ali, como era mesmo o nome? Ah sim!

–-Gael!- gritou Edmundo.

A menininha ficou paralisada e andou com o passo lento até Edmundo.

–-Sim majestade?

–-Sabe-me dizer onde está Lúcia?

–-Estava com aquela outra menina, Cristine. Foram para o quarto dela.

–-E onde fica esse quarto?

–-Ao lado do rei Caspian.

–-Obrigado.

E saiu. Achou uma porta à esquerda do quarto de Caspian, como não havia notado antes? Esquecendo-se das formalidades, abriu a porta sem licença.

–-Lúcia? Gael me disse que...

Foi tudo rápido. O que Edmundo viu: Lúcia sentada na cama e em sua frente Cristine, com o cabelo preso em um coque novamente, virada de costas para a porta, sem camisa alguma, mostrando todos os arranhões que o chicote provocou e ainda durava após alguns dias.

Vergões, arranhões, sangue seco e feridas ocupando toda a pele que talvez um dia fora macia e clara, e naquele momento, estava vermelha, como se tivessem sido minutos atrás todo aquele estrago fosse feito. Dark não estava ali. Lúcia virou-se rapidamente com um susto engasgado na garganta, e ficou mais ainda quando viu que era Edmundo.

Lúcia levantou-se para empurrar Edmundo para fora, Cristine estranhou porque não sentia mais as mãos de Lúcia em suas costas, virou somente a cabeça para o lado e só viu o olhar de Edmundo preocupado, sendo tapado pela porta que Lúcia fechou em seguida.

–-Ufa...desculpe, acho que meu irmão perdeu os modos.

–-Reis...

–-Nem todos são assim.

Cristine deu de ombros. Lúcia voltou a cuidar dos ferimentos de Cristine. Edmundo estava com o rosto quente. Ainda não tinha ido embora, ficaria ali, até Lúcia terminar. Encostou o ombro na porta, para esperar, mas acabou ouvindo a conversa.

–-Majestade, não é necessário fazer isso.

–-Por favor, pare de me chamar de majestade. Já disse que pode me chamar de Lúcia e como assim, não é necessário? Não consigo ainda acreditar que você ficou nesse estado os últimos dias! Tem algum problema na cabeça?

Cristine riu amargamente.

–-Primeiro- disse Lúcia- Vou tentar limpar esse sangue seco, não sei se vou conseguir usar todo o meu elixir de cura...

–-Você vai usar seu elixir?- disse Cristine espantada.

–-Sim, por quê?

–-Majes...Lúcia! Não posso aceitar! Isso é algo quase divino! Não gaste comigo, pode precisá-lo mais tarde!

–-Cristine! Pare, vou usá-lo e acabou.

–-Por favor, não o use comigo.

–-Está bem, vamos fazer assim, eu o uso nos ferimentos mais graves e os outros eu mesma dou um jeito. Que lhe parece?

Cristine suspirou.

–-Tenho outra opção?

–-Não.- Lúcia riu.

Ficaram em silêncio. Lúcia colocou o pano cheio de sangue dentro de um balde com água, o limpou e o usou novamente. Estava bem melhor agora, limpo e podia ver claramente o estrago. Havia algumas feridas abertas, mostrando a carne vermelha por baixo da pele clara de Cristine, Lúcia engoliu em seco. Não era uma visão muito acolhedora, mas ela continuou ali. Para puxar assunto e tentar esquecer, falou com Cristine.

–-Se sente melhor?

–-Sim, obrigada.

–-Depois que eu terminar aqui, a senhorita ficará de repouso.

–-Não.

–-Cristine, é para seu bem.

–-Aguentei muito bem as últimas horas, minutos e segundos com tudo isso, você usará daqui a pouco o elixir nas mais graves, vou me sentir muito melhor. Posso continuar.

–-Edmundo tem razão, você é mesmo muito teimosa.

Cristine riu com vontade. Ficaram em silêncio. Lúcia estava gostando mais de Cristine e não conseguia pensar em duvidar dela, havia depositado a confiança no primeiro momento e não estava se arrependendo, mas queria que Cristine passasse mais tempo com ela.

A menina só ficava trabalhando no navio e o tempo livre, ficava olhando para o mar ou lendo em cima da cabeça do dragão. Lúcia nunca a quis interrompê-la nesse momento, sentia que ela precisava ficar sozinha, mas havia mandado Edmundo sim falar com ela. Apesar das brigas e farpas que os dois tinham no dia a dia, Lúcia achava que eles poderiam se entender, e queria isso.

E assim, falou para Edmundo que estava ocupada e pediu para ele conversar com Cristine, havia notado que Edmundo tinha se preocupado com ela. Mas sabia que o orgulho não faria ele ir falar com ela, mas se ela pedisse, tinha certeza que ele não recusaria. Cristine interrompeu os pensamentos de Lúcia.

–-Em que pensas?

–-Nada.- Lúcia sorriu.- Bom, já limpei a maioria e coloquei alguns curativos em algumas feridas pequenas. Vou costurar agora as mais grandinhas, as piores vou deixar para o elixir.

Lúcia costurou, Cristine não gritou, mas gemeu baixinho. Queria quase chorar, mas limpou o rosto com as costas das mãos. Lúcia arriscou.

–-Você tem...namorado Cristine?

–-Perdão?

–-Pretendente.

Edmundo engoliu em seco, por quê ele não sabia, mas nós sabemos caro leitor. Apesar da birra, Edmundo sentia sim algo pela menina que desconhecia, e não pensou em momento algum se ela teria namorado ou pretendente. Não queria ouvir, seria invasão de privacidade, ele pensou, mas estava louco para saber.

^.^


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Notas finais do capítulo

É isso. Espero que tenham gostado, agradeço imensamente à todas que estão acompanhando e pelos coments! Até o próx. cap.! o/