One More Time In Nárnia escrita por Loren


Capítulo 40
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

+Bônus



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--Como se nada daquilo tivesse acontecido, ou como se não quisesse lembrar que tinha acontecido.- ele disse com as mãos no bolso no cais.

--Começo a pensar que seu pior defeito não é ambição e sim orgulho.- a menina ao seu lado disse enquanto jogava o cabelo para um lado.

Ele deu de ombros enquanto olhava para o mar. Após a última conversa, não pode terminar de falar com Lúcia. Eustáquio e seus tios tinham voltado para casa e a irmã não conseguiu ter mais uma conversa como aquela, onde ele parecia estar dizendo todos seus sentimentos. As outras conversas eram curtas e sem muitas declarações. Eram recitadas como uma noticia de jornal. A guerra havia acabado. Três anos se passaram. Edmundo tinha quinze anos e Lúcia doze anos.*   Lúcia cutucou Edmundo no ombro. Ele a olhou no mesmo instante.

--Temos que nos despedir de Eustáquio e nossos tios antes de embarcar.

O menino suspirou e virou-se para se despedir do primo, que nos últimos anos, havia melhorado bastante, apesar de ainda adorar insetos. Edmundo não podia negar que estava aliviado de ir embora. Detestava a aranha que dentro do pote em cima do criado mudo ao lado de sua cama. Deu abraço rápido em cada um e ignorava o que diziam. Lúcia estava tendo as instruções com os tios enquanto Edmundo voltava-se para o cais, mas sentiu alguém o deter com a mão no ombro. Virou-se e não se surpreendeu.

--Olá Eustáquio.

--Como está?

--Como eu deveria estar?

--Não volte a ser aquele chato mal humorado que sei que você era.

--Como..

--Lúcia me contou a primeira vez de vocês em Nárnia. Naquele dia, você tinha saído pra praia.

--Como...

--Lúcia de novo.- ele disse sorrindo e Edmundo revirou os olhos.- Relaxa, eu também estava preocupado.

--O que quer Eustáquio?- sabia que não era hábito do primo vir dar conselhos as pessoas. Deixava isso para sua prima.

--Hum...bom, acho que você não deve parar, sabe? Tem que conhecer outras pessoas, além de ir só estudar.-o menino mais velho bufou.- Somente tente, Aslam disse que esse era o último desejo dela.- e dito isso, fora despedir-se de sua prima.

^.^

--‘Tá vendo ela?

--Lá tá ó!- disse o moreno apontando para uma menina sentada em uma pedra com os olhos em um ninho de uma árvore.

O pequeno loiro e o moreno se aproximaram da menina que, mesmo sabendo da presença de alguém, não se moveu. Apenas continuou olhando para os três ovos que se mexiam. O loiro cutucou a menina na bochecha, fazendo-a sorrir de lado.

--Por que você fica tanto tempo aqui?- ela virou-se para ele sem ressentimentos, apenas um sorriso um pouco triste.

--Não é tanto tempo Henrique. Sabe que praticamente, passo todas as manhãs das semanas com vocês.

E era verdade. Contou sobre o que houve para a mãe em Nárnia. A mãe simplesmente sorriu orgulhosa da amizade que a menina fez com o lobo, chorou assustada por tudo o que a filha passou e riu pelas faces coradas quando a menina contava sobre o pequeno rei.

--Vou adorar conhecê-lo!

--Mas mãe, a senhora não entendeu? Ele não é um narniano, ele...

--Quem é corado rei ou rainha de Nárnia, sempre será rei ou rainha de Nárnia.- ela apenas disse levantando-se para lavar as xícaras.

Depois disso, passava todas as manhãs brincando com os irmãos e de tarde os levava para a escola. Enquanto ficavam lá, ela ajudava a mãe ou descansava no quarto simples que tinha para si. Depois buscava os meninos e novamente passavam juntos até a hora do jantar. Ás vezes quando não tinha sono, ficava na janela observando as estrelas e imaginando quando Ramandu iria para aquela Nárnia ou passava pela árvore do corvo até a praia sentindo o conforto da areia nos pés. Aos Domingos, ela pegava o dia para si. Não que ela não pensasse na família, pelo contrário, ela se esforçava cada minuto para recuperar o tempo perdido e o fazia muito bem. Mas nunca se cansava de voltar a sua última viagem. A viagem do Peregrino da Alvorada. Sentia saudades de seu amigo sombrio, de sua amiga jovem mas que tinha uma inteligência de ouro e do menino que conseguira amar em poucos meses. Arrependia-se por ter sido tão orgulhosa, mas em compensação, orgulhava-se do último ato. Não ouviu o que ele disse em resposta após ela ter dito que o amava. Apenas fechou os olhos e dormiu.

--Não entendo porque você passa tanto tempo vendo esse corvo!

--Henrique, ela só vem aqui aos Domingos.- respondeu Daniel, defendendo a irmã.

Ele também não compreendia o por quê daquilo, mas que tinha um significado para a irmã. A menina suspirou triste.

--O corvo morreu Henrique.

--Como?- o loiro perguntou curioso.

--Ela foi defender os filhos de um outro pássaro maior. Não pude ajudar, estava sem meu arco.

--Quantos ovos tem lá em cima?- perguntou o moreno.

--Três.

--E já vão chocar?

--Ainda não sei.

--Daniel! Henrique! Quantas vezes já disse para deixarem sua irmã em paz quando ela quer?- uma voz estridente soou entre as árvores.

--É a mamãe. Vamos Henrique. Vai ficar bem Cris?

--Vou. Obrigada Dani.

O moreno assentiu e subiu puxando o loiro pela mão que chorava por conta de não querer ir de modo algum para casa tomar banho. A menina riu internamente. Continuou fitando os ovos, esperando eles abrirem e suas asas aparecerem novamente. Ela sentiu o coração apertar quando viu a mãe corvo cair depois de ter espantado a águia. Depois disso, colocou o ninho em um lugar mais escondido. Mas quando passava por ali, sempre tinha o arco em suas costas.

^.^

--Acho que as coisas teriam sido diferentes se eu não tivesse...falado aquilo.- ele disse arrependido quando relembrou ter julgado mal a menina.

--Falar que ela não havia estudado para ajudar os irmãos? Ed, você realmente fez muito mal!- disse Lúcia se segurando na cama quando o barco fez um movimento brusco.

Os dois dividiam o mesmo quarto, mas sempre com suas privacidades. Edmundo raramente falava sobre Cristine no navio e quando falava, Lúcia lhe dava total atenção. Afinal, aquilo era muito raro de acontecer e a irmã não o forçava a falar.

--Eu estava nervoso!- ele disse deitando brutamente na cama.

--Pode ser, mas você tem que começar a se controlar então. Mas pra ser sincera, você não é assim comigo e nem com a Susana. Só com o Pedro algumas vezes. Mas brigas de irmãos são normais.

--Lúcia, estamos falando de Cristine.- ele disse óbvio e a irmã riu.

^.^

--Dark, vamos logo! É seu aniversário! Anime-se!- disse a menina enquanto chocoalhava a cabeça do lobo.

Já se havia passado dois anos. Dark havia chegado no meio do segundo. Ela o encontrou quando cavalgava na floresta. Ela reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar. 

--Dark?- ela perguntou quando viu alguém por trás de um arbusto e viu grandes olhos negros.

--Cristine?- respondeu a voz que ela tanto conhecia um pouco surpreso.

No mesmo instante, ela pulou do cavalo e o abraçou sem hesitação. Chegou a molhar seu pescoço peludo com tantas lágrimas que deixou escapar. E o lobo... ah, aquele fora um dos muitos raros sorrisos dele. Havia ido sim para o País de Aslam e ficou lá por cinco anos. Parece que foi morto por um urso enquanto brigavam quem era o dono do território.

--Francamente, você não tem sorte quando o assunto é ursos.- disse a menina enquanto ria do relato do lobo.

Os dois estavam mais do que felizes, mas cada um demonstrando de seu modo. Cristine sorria todos os dias e não se separava do lobo em momento algum. Dark era mais colado ainda na menina, que não a deixava ir sozinha nem durante a noite a praia. Ele fora bem recebido na casa, apesar de Henrique ter tido um pouco de medo dos olhos. Mas ao longo do tempo, se deram bem, não tanto quanto Daniel, que era mais calmo do que o irmão. Todos da casa já sabiam como ele era, não teve muita coisa a que se adaptar, a não ser fazer parte de uma família. Somente a titia Fátima detestava a ideia, mas quando havia barulhos estranhos a noite, era ele o primeiro que ela chamava.

--Cristine, eu não quero...

--Cale-se Dark! Vamos comemorar seu aniversário e ponto final.

Além da família, convidaram o rei Caspian X, Drinian e Ripchip. Fora uma festa boa. Risos, sorrisos, histórias e três corvos voando por ali.

^.^

-- Era a coisa mais deliciosa e mais perigosa que já senti e vi.- disse o irmão mais novo de frente para o irmão e irmãs sobre a Feiticeira tentado tentá-lo.

--Você teve bastante auto-controle Ed. Estou orgulhoso.- disse Pedro com alguns tapinhas no ombro do  moreno.

Edmundo apenas sorriu de leve, mas não fora uma boa sensação aquela. Quase havia posto tudo a perder e se tivesse sido mais rápido, talvez ela não tivesse tido uma morte tão ruim. Alguém na sala bufou e ele virou-se para Susana que tinha uma taça de espumante na mão direita enquanto com a outra tinha uma carta.

--O que foi Susana?- perguntou Pedro.

--Vocês. Estou impressionada que ainda conseguem se lembrar desses sonhos.

--Sonhos? Que sonhos Su? Foi real! Você esteve lá!- disse Lúcia.

Lúcia e Edmundo já estavam há dois anos nos E.U.A. Susana parecia alheia a qualquer conversa que os irmãos tinham sobre Nárnia. Para ela, tudo aquilo não passara de apenas um reles sonho sem importância. Susana levantou-se e colocou o livro na mesa e continuou bebericando com a ponta dos lábios a bebida.

--Você está muito esquisita Susana. E isso já faz dois anos.- disse Edmundo como se a estivesse culpando. Susana não pareceu perceber.

--Quem está esquisito são vocês! Como ainda não conseguem aceitar que aquilo fora nada? Francamente. Um sonho. Apenas um sonho que coincidou com todos aqui.

Edmundo sentiu o rosto esquentar e levantou-se da poltrona com os punhos fechados.

--Nada? Como pode dizer nada?! Fora lá que você conheceu o homem que...

--Sonhos ás vezes conseguem parecer bastantes realistas.- ela disse naturalmente.

--Não parece realista, é realista! Como pode parecer real, se eu ainda consigo sentir aquilo por Cristine?

--Porque você não se esforça para esquece-la. E pelo amor de Deus Ed, uma marinheira? Que não se cuida? Conheço meninas que adorariam te conhecer e tenha certeza, que são melhores do que essa menina.

Edmundo já tinha a voz elevada e a face fervendo.

--Melhores? Melhores?! Eu não me importo se são melhores! Como pode ser tão fútil Susana? Eu a amava! Entende isso? Eu a amava!- ele admitiu pela primeira vez convicto de suas palavras.

Lúcia arregalou os olhos. Por mais que fosse visível o amor do irmão pela menina, ele não conseguia admitir.

--Se você conseguiu amar essa menina, pode amar outra.- Susana disse enquano pegava uma bolsa e se dirigia para porta.

Assim que a fechou, Lúcia levantou-se e passou por Ed com um aperto na mão e correu atrás da irmã. O moreno bufou e sentou-se na poltrona.

--Amar outra? Como ela pode falar desse modo?! Cristine era única!

Pedro deu de ombros.

--Sabe como é Susana.

--Ela mudou demais.

--Parece que ela agora se interessa por status, roupas, maquiagens e homens de boa classe. Hum...Ed?

--Sim?- ele perguntou olhando para a taça que a irmã deixou.

--Você amava essa menina?- o moreno o olhou e refletiu por um momento.

--Acho que sim.

--Por que acha?

--Foi tão pouco tempo...

--Mas se foi intenso como pareceu ser, foi real. Quem diria que você iria arrasar corações, não?- o loiro disse colocando as mãos na cabeça e deitando-se no sofá.

O moreno revirou os olhos rindo. Ficaram um minuto em silêncio.

--Mas sabe Pedro...

--Hum?

-- Era um belo sorriso naquela boca.- ele disse sorrindo abobalhadamente apaixonado, como disse seu irmão mais tarde.

^.^

1948

--Pedro! Edmundo! Abram essa porta!- gritou Lúcia do outro lado enquanto batia com força na porta.

--O que foi Lúcia?- perguntou Pedro enquanto abria a porta e deixava a menina passar apressadamente.

--Carta do Eustáquio!- ela disse sorrindo.

Pedro fez uma careta. Só se lembrava do primo como um chato irritante que colecionava insetos, mas só perdia para o mal humor de Edmundo. O mesmo saiu debaixo da cama o que assustou Lúcia.

--O que você está fazendo aí menino?

--Procurando meu sapato.- ele disse mostrando um pé de sapato e se levantando.

Lúcia revirou os olhos e abriu a carta e lendo em voz alta em seguida.

Caros primos,

Serei rápido e breve, pois Jill está me importunando. Ah sim, Jill é uma colega minha que me acompanhou a segunda vez em Nárnia.

Sim. Eu voltei para lá. Caspian morreu e nós salvamos seu filho de uma Feiticeira cujo o nome era Dama do Vestido Verde. A propósito, também conhecemos um Paulama que se chamava Brejeiro. Mas continuando, não sou de acreditar em pressentimentos, mas tive um muito ruim e relacionava-se a Nárnia.

Encontrei aquele senhor que Lúcia comentou uma vez. Professor Kirke. Ele disse que teve um sonho com Aslam falando que precisávamos nos reunir o mais rápido possível. Sei que parece louco, mas quando se já foi transformado em dragão, nada mais pode ser tão assustador.

Conversei com meus pais e eles concordam em vocês ficarem em alguns dias por aqui, e Professor Kirke disse que qualquer coisa pode dar um jeito.

Aguardo ansiosamente a resposta de vocês,

Eustáquio Clarêncio Mísero.

Edmundo colocava seus sapatos. Pedro estava sentado em sua cama. Lúcia foi a primeira a se pronunciar.

--Eu quero ir! Eu tenho que ir! Algo ruim e Nárnia não é nada bom. Mas papai e mamãe não permitirão que eu vá sozinha.

--Já conversou com Susana?- Pedro perguntou com a sobrancelha arqueada.

Lúcia corou e assentiu.

--Acho que não adianta mais tentar Lúcia. Não perca seu tempo com Susana.

--Achei que se dissesse que Nárnia estava em apuros, ela...acordasse.

Ouviram um baque na cama e viram Edmundo abrindo a mala e pegando as roupas do guarda roupa. Enquanto ele ajeitava as camisas, levantou os olhos e com um sorriso maroto perguntou.

--O que estão esperando para arrumar suas coisas?

^.^

--Daniel! Henrique!

Prontamente, os dois apareceram na porta do quarto da menina que estava vermelha e com os dentes cerrados.

--Quem foi que pegou minha espada?

Antes que qualquer um respondesse, a mãe apareceu na porta.

--Ah querida, você está linda!

Cristine tinha um vestido vermelho até os joelhos, os cabelos presos em um coque charmoso e usava botas de couro. A mãe olhou com reprovação mas deu de ombros. Entrou no quarto e puxou a menina para o corredor, mas não sem antes a menina avisar aos meninos que iriam conversar depois. Quando estavam fora, todos deram os parabéns para a menina que fazia seus dezessete anos. Enquanto todos se preparavam para a festa, ela disse que tinha que voltar para o quarto pois se esquecera dos brincos que a mãe lhe havia dado. Corrente a seguia. Desde que ganhara sua cachorra no décimo sexto aniversário a levava para todos os cantos e por esse mesmo motivo, Dark sentia ciúmes. Mas logo, Corrente e Dark estavam muito amigos. Amigos até demais. Cristine a chamou daquela forma por conta da corrente que ela tinha. E sempre que via aquela corrente lembrava-se dos olhos dele. Assim que chegou no quarto e pôs os brincos, Corrente chamou sua atenção.

--O que foi garota?- perguntou Cris.

--A senhorita recebeu uma flor. Recebeu uma flor.- ela dizia enquanto pulava com a língua para fora.

A menina levantou-se e viu uma flor no estilo rosa mas com a coloração azul na janela. A pegou com cuidado por conta dos espinhos. Mas sorriu com aquela cor. Azul e preto eram suas cores favoritas. Sentia-se observada e quando levantou os olhos encontrou os escuros do corvo do outro lado da rua em um galho. Semanas que ela não via nenhum dos três, o que a fazia sentir um pouco de falta. Esteve ao lado deles sempre que podia. Os segurava quando eles tentavam voar e quase caiam. Protegia de outros pássaros que estavam a espreita. Duvidava que eles tinham partido. Ele abaixou a cabeça, como se estivesse acenando para ela e levantou voo para além de Cair Paravel.

^.^

--Foi o único momento que eu não quis estar em Nárnia. Sentia falta da família inteira.

Disse Lúcia relembrando de quando viu a menininha Gael e seu pai abraçados a mãe/mulher que havia sido levada, mas voltara no final. Pedro passou um braço pelos ombros da menina.

--Também sinto falta de Nárnia.

Lúcia suspirou. Subiram ao navio e acenaram para os pais.

--Onde está Susana?- perguntou Lúcia.

--Ela disse que tinha um chá com outras senhoras e senhoritas para ir.- Pedro respondeu , sem aparentar nada na voz.

Edmundo revirou os olhos e bufou irritado. Enquanto o navio navegava lentamente, os três ficaram observando a cidade se afastar aos poucos apoiados na borda.

--Vocês não me contaram o que houve com..o corpo de Cristine.

Edmundo sentiu a garganta se fechar e um chute no estomâgo, impossibilitado de falar. Lúcia suspirou e falou pelo irmão que já se afastava para o outro lado do barco.

--Nos a enterramos.

--Como? Na Ilha de Ramandu ou Caspian a levou para Nárnia para fazê-lo?

--Hum...perto da Ilha de Ramandu.

--Perto?- ele perguntou com uma sobrancelha arqueada.

--Bom...era notável que ela amava ao mar. Ela pertencia aquilo. A ideia foi do Ed.- ela balançou a cabeça em direção ao irmão que observava pássaros voando distraído.- O Mal havia ido embora, os sere marinhos que moravam lá e se escondiam nas profundezas, saíram para a superficie. Chegaram até assustar os narnianos que estavam na praia. Ficaram por lá admirados com o sol, parecia que não o viam há anos. Depois que Ed foi conversar com Cris, ele voltou meio abalado e estava chorando. Ele desceu para a praia e pediu um favor para os seres marinhos.

--Que favor?

Ele a olhou com tristeza nos olhos.

--Que a enterrassem no fundo das águas.

^.^

Flashback On

As últimas palavras dela voaram até seus ouvidos. Queria puxa-la para uma dança e responder alguma coisa. Confessar que adorava os cabelos dela soltos? Que adorava vê-la irritada e corada? Que adorava o sorriso dela? Que adorava seus olhos indecifráveis? Que queria ser um par para ela? Que realmente ficaria em Nárnia se possível? Mas como se aquela pedra em sua garganta não permitia? Ouviu ela suspirar e engoliu em seco. Passou alguns minutos e olhou para seu rosto. Estava intacto, os olhos fechados e a respiração... morta. Ela estava morta.

--Cris? Cristine? Por favor... diga alguma coisa. Só mais alguma coisa...- ele disse enquanto se sentava e pegava seus ombros.

Ela não fez nenhum movimento.  Ele sentiu algo molhado escorrer em suas bochechas, algo quente e que logo chegou em seus lábios e sentiu um gosto salgado. Chorava. Eel começou a sacudi-la sem nenhuma delicadeza, esperando que ela acordasse lhe desse um tapa e o xingasse. Quando percebeu que nada adiantaria, a abraçou junto ao seu peito e sentiu seu corpo mole, sem nenhuma resistência. Levantou seu rosto pelo queixo e juntou seus lábios uma última vez. Estavam duros, secos e sem gosto, mas poder sentir que ela era sua mais uma vez, foi uma sensação que acalmou suas lágrimas. Assim que se afastou, a deitou novamente e saiu do quarto enquanto limpava o rosto. Quando subiu até o convés, parou perto de Lúcia e Eustáquio, que o olhavam com uma expresão um tanto curiosa e preocupada.

--Onde está Ramandu?

Eustáquio deu de ombros.

--Deve estar na Ilha. Por quê?- respondeu Lúcia.

Edmundo virou-se e desceu a rampa o mais rápido que pode. Passou por alguns marinheiros que o olharam com grande interrogação e nem pensou em saber onde estava Caspian para pedir que não partisse ainda. O que ele precisava fazer, era necessário.

^.^

--A senhorita por aqui?- perguntou Lúcia surpresa, vendo a filha de Ramandu delicada e charmosa no convés, mesmo com um simples vestido subir após minutos e minutos após o irmão ter sumido.

--Meu pai me mandou aqui para arrumar sua amiga. Poderia me dizer onde ela está?

Lúcia assentiu, mesmo confusa com o assunto de “arrumar” Cristine, mas a levou até o quarto da marinheira. Deixou a filha de Ramandu a vontade, não havia porque temê-la. Subiu de volta ao convés e dirigiu-se para o primo.

--E Edmundo?

--Acho que ainda está na Ilha.

Lúcia desceu para a praia e encontrou o moreno junto com o velho conversando com alguns seres marinhos. Aproximou-se quando os seres voltavam para o fundo da água. O velho fez uma reverência para Lúcia e se retirou.

--O que está aprontando?- ela perguntou com olhar acusador.

--Algo por ela. Ela gostava do mar, certo?

--Ela amava o mar.

--Sendo assim, ela iria adorar.

^.^

Flashback Off

--Depois Ramandu voltou com a metade de um tronco e um buraco no meio deste com algumas amolfadas dentro. Ed voltou para pegar Cris, a filha de Ramandu trocou as roupas dela por um vestido azul e arrumou seus cabelos. Deixou ela descalça. Ed a pegou no colo e a deitou nesse mesmo tronco e o empurrou para as águas. Os seres marinhos passaram algo em seu corpo. Parecia água, mas acho que era para ela não sair do tronco. Depois, levaram o tronco para debaixo da água e deixaram lá. Tenho certeza que ficou bem.

--Os seres marinhos nunca foram agressivos. Na verdade, sempre foram inofensivos. Apenas revidavam se você atacasse seus reinos.

--Verdade.- ela concordou com Pedro.

--Nunca pensei ver algo assim do Ed. Realmente, me surpreendeu.

--Fico triste em pensar que ele ainda não conseguiu superar.

--Ele tentou conversar com as amigas da Susana?

--Não! Claro que não! Mas tentou sair com algumas meninas da escola dele. Mas acho que não deu certo.

--Talvez nenhuma conseguiu ter o mesmo sorriso dela.- o loiro disse virando-se e vendo o irmão distraído vendo os pásssaros.

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Notas finais do capítulo

*no livro VPA, Edmundo tinha doze anos e Lúcia tinha oito. Eu não tenho certeza, mas pelas contas que fiz aqui, é isso mesmo. Estou sem o livro, se estiver errado, peço que me desculpem.
espero que tenham gostado. comentem! >< desculpe pela demora. ainda falta um cap. não me abandonem! kk