One More Time In Nárnia escrita por Loren


Capítulo 39
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

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--E se dessa vez ele quiser me...devorar?

O velho a sua frente ri do desespero da menina. Alto e magro para um senhor de muita idade. Na verdade, Cristine sempre desconfiou que ele era um imortal. Pois nunca aparentava estar cansado. Tinha um grande bigode branco sobre seus lábios gordos e ressecados, tinha alguns fios ralos na cabeça e olhos azuis claríssimos que pareciam ser quase transparentes. O velho deu alguns tapinhas carinhosos no cavalo marrom a sua direita.

--Não se preocupe querida. Estou aqui há um bom tempo e ele nunca nos fez mal algum.- disse ele com sua voz mansa e com uma pitada divertida.

Ela sorriu mais calma. Deu alguns tapinhas no focinho do cavalo branco.

--Você não vem vovô?- ela perguntou com o rosto virado para o velho.

Ele negou com a cabeça.

--Esta conversa é com você e Aslam querida. Eu não tenho nada mais a dizer para ele. Minha conversa com ele foi há muitos anos atrás.

Ela assentiu com a cabeça e virou-se para descer por uma outra trilha que tinha atrás da casa que levava para a praia. Sentiu-se mais em casa ainda quando ouviu pássaros assobiando, o calor da brisa mais perto e o cheiro da água salgada entrando por suas narinas. Quando sentiu o chão afundar um pouco sob seus pés, tirou as botas e continou o caminho descalça e levando as botas sobre seu ombro direito. Caminhou pela praia em direção ao castelo de Cair Paravel, mas não pretendia subir até lá. Seu avô havia dito que ele estava na praia. Ter reencontrado seu avô fora tão bom quanto reencontrar o resto da família. Mais algumas lágrimas e sorrisos.

--Que tal uma corrida de cavalos?- ele sugeriu após ela ter desfeito o abraço.

Ela cruzou os braços.

--Sabe muito bem que sou péssima em andar a cavalos.

--Ah perdoe-me! Esqueci que você é uma marinheira!- ele disse com um sorriso de quem não iria desistir de fazê-la subir no cavalo.

Não havia dúvidas que Verônica havia puxado o bom humor do pai. Os dois eram só sorrisos e risos, mas não tenha dúvida caro leitor, que quando era para a mãe ser firme, aah...ela era. Não que o pai também não fosse, pelo contrário, ele era o tempo inteiro. Mas de um jeito mais leviano, com conversas, muitas vezes com ordens e a voz tensa, diferente da esposa, que quando se irritava demais e já havia pedido para os filhos fazerem algo que não fizeram, ela simplesmente tomava uma coloração avermelhada no rosto e seus gritos chegavam até o bar dos senhores. Mas era uma boa mulher. Uma boa mãe. E o avô a mesma coisa. Mas um pouco mais relaxado do que a filha.

--Por que o senhor não faz como eu, pai? O senhor sempre foi assim!- Verônica reclamava.

--Querida, você é minha filha, eles são meus netos e seus filhos. Quem deve ensinar educação e respeito a eles são vocês, eles me devem isso e eu só devo tardes com muitas cavalgadas e exercícios. Ah sim, e tardes especiais com chocolates na padaria!- e saia porta a fora sendo seguido por dois pirralhos e uma pirralha.

^.^

A água entrou calma por entre seus dedos recheados de pequenos grãos de areia. Ela suspirou e fechou os olhos anestesiada com as cócegas que tinha. Por mais que gostasse de animais e se dava bem com eles, na medida do possível, não pertencia a terra. Pertencia a água. Riu por dentro com esse pensamento. Que clichê esse negócio de pertencer algum lugar, ela pensou. Mas não podia negar. Ela amava o mar. Amava seus dias de calmaria e seus outros de fúria. Além de que, inexplicavelmente, sentia que o mar mudava junto com seu humor. Impressionava-se fácil com as surpresas que havia por debaixo do lençol de água. Desejava conhecer tudo que havia por debaixo daquele lençol, o fim do mar, chegar até o seu chão, apesar de saber que nunca o faria. Sorriu vendo o por do sol pintando as nuvens de laranja e rosa, os pássaros cantando novamente voltando para seus ninhos e o refelxo do sol na água na linha do horizonte. Virou-se para continuar andando, msd seus olhos pararam junto com seus pés. Um corvo. Um corvo no alto de uma árvore. Estava longe, bem longe da praia. Mas podia ver as lindas penas movendo-se em cima dos galhos e brilhando por conta dos últimos raios de sol. Ele deitou-se em seu ninho e pareceu dormir. Céus! São os cabelos dele!, ela pensou logo sentindo um aperto na garganta. Confessou a si mesma que não havia pensado nele até aquele momento. Mas vendo aquele corvo... era como se estivesse vendo seus cabelos movendo-se com o vento de novo.

--Seja bem vinda, Filha de Eva.- a voz tensa e pausada disse com naturalidade.

Ela virou-se e viu o leão a sua frente. Não muito perto, não muito longe. Estava limpo agora, o que fazia ele parecer mais grandioso. Sua juba brilhava muito mais e se movia de acordo com o vento. Seu focinho estava sem sangue. Era rosado e com os pelinhos se movendo quando movia a boca. Era um gesto que se podia até chamar de... fofo, se sua face já não demonstrasse que lhe deviam respeito. Ela abaixou a cabeça.

--Olhe para mim criança.- ela o fez.-Não há por quê desviar o olhar de mim.

--Perdoe-me. Eu...não sei bem o que fazer.

Ele pareceu sorrir.

--Venha cá.- ele ordenou, mas com a voz mansa.

Ela andou alguns passos e ficou frente a frente do leão com os olhos presos em seu focinho.

--Criança, não quero que me temas.

--Mas...você é um leão.

--Sim. E você tem a escolha de me temer ou confiar em mim.

O olhar dele parecia ansioso com a resposta. E por mais que tivesse que temer, ela sentiu uma sensação cômoda ali. Esticou a mão hesitante e sentiu os pelos da juba tocarem na ponta de seus dedos, depois sentiu sua mão afundar-se em um mar de pelos e logo sentiu tocar algo macio. Deixou um sorriso trêmulo escapar vendo que estava tocando na juba de Aslam. O leão fechou os olhos e deixou ser acariciado sorrindo. Parecia um gatinho carente. Os pelos eram macios e quentes. Acolhedores. Sentiu mais uma vez em casa e sentiu que não poderia estar mais em perigo. Estava em perfeita segurança.

--Hum...senhor?- ela o chamou.

--Hum?- ele murmurou abrindo os olhos.

--Aonde eu estou?

Ele sorriu mais um pouco e virou-se para o mar. Ela ainfa ficou o olhando.

--Você está em Nárnia.

--Mas não é a...Nárnia que eu conheço! Meus pais estão...vivos.

--Aqui eles estão vivos. Lá estão mortos. Assim como você.

--Eu não compreendo...- ela murmurou. -Que lugar é este? Por favor Aslam, estou muito confusa.

--Aqui é onde todos os fieis a Nárnia- ele virou-se para ela.- e a mim vem quando acaba sua vida em Nárnia.

--Mas este lugar...é a Nárnia.

Ele negou com a cabeça.

--Aqui, é a Nárnia que jamais acabará. A Nárnia eterna. A verdadeira Nárnia.

--E... aquela Nárnia, ela pode acabar um dia?

Ele assentiu com a cabeça sem dizer nada. Ela coçou sua nuca.

--Acho que...já está mais claro.- ela riu baixinho sem humor.-Hum...senhor?

Ele olhou para ela. Ela engoliu em seco.

--E...Edmundo e Lúcia? Eles não voltar, certo?

Ele sorriu compreensivo com o desespero nos olhos da menina.

--Um dia.-ele disse e virou-se em direção ao castelo de Cair Paravel, andando com calma e deixando pegadas profundas na areia.

^.^

Ela assistiu o leão ir por alguns minutos enquanto tentava organizar os pensamentos. Era majestoso somente no andar. Olhou parao mar e suspirou expressando tudo o que sentia. Confusão. Ansiedade. Nervosismo. Saudades. Quando voltou a olhar para ele, já havia ido embora. Virou-se para ir para casa também. Andou com os pensamentos correndo mas parou quando um barulho a assustou. Olhou para cima.

--Ah...você.- ela disse sem emoção vendo o corvo no ninho.- Você tem a cor dos cabelos dele.- ela disse mais para si do que para o corvo.

Continuou andando agora com os pensamentos em cabelos negros como as asas do corvo, o calor de um abraço e olhos como correntes.

^.^

Entrou pela porta dos fundos e na ponta dos pés, foi para a cozinha e roubou mais um pedaço do bolo. Comia com vontade e tinha as bochechas cheias.

--Se usasse um prato seria mais higiênico e bonito.

Ela virou-se imediatamente enquanto lambia um dedo.

--Oi mãe.- ela disse com o dedo na boca ainda.

A mãe revirou os olhos rindo. Cristine engoliu tudo de uma vez só e sorriu sem graça. A mãe pegou um pano e limpou o canto da boca da filha que estava suja de farelos. Foi apenas alguns segundos que relembraram anos e anos de brigas pela filha comer com as mãos.

--Não mudou muita coisa não é Cristine?

--Certos hábitos nunca mudam.- ela disse dando de ombros.

A mãe olhou para os pés descalços e sujos de areia da menina.

--Pode se perceber.

A menina riu e se sentou na cadeira com as mãos sobre a mesa.

--Onde estão os meninos?- perguntou a menina enquanto a mãe preparava a água quente no fogão de lenha.

--Saíram junto com o vô e levaram o pai. Disseram que iam tentar fazer ele ficar menos preguiçoso.

--Isso é um pouco difícil de acontecer, não acha?

--Ah querida, eu tenho certeza! Ainda bem que ele gosta de trabalhar nos campos.

A menina riu. A mulher colocou dois pires, duas xícaras e logo colocou um pouco de chá em cada um. Logo colocou a água quente da chaleira. Enquanto ela se sentava, a menina mexia no chá com a colher.

--Está quieta. Tudo bem querida?- disse a mãe colocando uma mão sobre a da filha.

--Estou sim. Só confusa...

--Não se preocupe. Também não entendo muito do que Aslam falou.- disse a mãe sorrindo.

--Na verdade, é sobre os meninos.- a mãe fez uma cara confusa.- Pelo o que entendi, todos que estão aqui morreram. Como...

--Ah, isso foi um acidente.- ela disse como se tivesse visto tudo.

--O que houve?

--Sua tia havia levado os meninos para um passeio em um barco dois anos depois que você os levou para lá. O barco afundou.

Ficaram em silêncio. A menina apertou a mão da mãe e sorriu.

--Espero que não esteja se culpando. Foi um acidente. Olhe pelo lado bom, todos estão juntos agora. Talvez era para ter acontecido.

A mãe apertou os lábios e assentiu com a cabeça, apesar de pensar que podia ter estado lá e ter feito alguma coisa.

--É...mas não é de mim que temos que falar! Minha vida fora totalmente patética aqui aguentando seu pai e sua tia. Seu avô e seus irmãos que animam meus dias.

A menina riu. Continua a mesma. Risonha e feliz e orgulhosa demais para demonstrar o que sente, ela pensou. Percebeu no mesmo instante que mesmo não sendo filha de sangue daquela mulher, era como se fosse.

--Diga-me! Como foi depois sua vida lá?

--Bom, não teve final feliz. Afinal, estou aqui.- ela disse dando de ombros.

--Não me venha com ironias mocinha! Alguma aventura você deve ter tido! E conhecido alguém...- ela disse arqueando uma sobrancelha.

A menina corou e a mulher riu, já se sentindo ansiosa para saber da história.

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Notas finais do capítulo

haai. guerreiras, me desculpem! esse cap. ficou uma droga. é que hoje não é dos meus melhores dias : / a fic ainda NÃO acabou. no próx. cap. vou fazer melhor :D espero que compreendam. a propósito! se virem eu falando algum comentário ofensivo por aí, não sou eu! acho que meu pc pegou vírus, vou arrumar e depois aviso pra vocês (;
ass.: Loren. sim, aqui sou eu. kkk.
beijos e abraços apertados da Loren.