One More Time In Nárnia escrita por Loren


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

haaai.



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Lúcia caiu e bateu contra a borda do barco ficando estirada no chão. Marinheiros levantavam-se rapidamente. Edmundo ajudou Lúcia a levantar com um pouco de brutalidade por conta do nervosismo.

--Vejam!- gritou Caspian observando da borda a água inquieta.

Até que algo levantou-se e desceu novamente, não mostrando o rosto, mas deixando exposto a pele verde e escamosa e com formas estranhas pulsantes como se fosse sair por debaixo da pele por alguns longos segundos.

--Tarde demais! Tarde demais!- gritou o Lorde apavorado.

Ter alguém gritando e atrapalhando o momento que você precisaria de somente paz e silêncio para pensar, não é nada agradável. A menininha assistiu aquilo sem expressão, andou alguns passos para trás para fugir do que quer que fosse aquilo. A pele desceu totalmente e sumiu de vista. Os marinheiros ainda tentavam ver algo por trás da água, mas era muito escura e suja para tal coisa. Lúcia virou-se procurando por alguma coisa e encontrou a menininha encolhida do outro lado do barco tentando se proteger, inutilmente.

--Gael!- gritou Lúcia, vendo a água respingar e levantar-se com um movimento brusco.

A menininha gritou. A névoa parecia bastante densa. A serpente erguia-se altamente, e me atrevo a dizer, majestosamente sobre o pequeno barco. A mesma pele escamosa e com formas estranhas pulsantes como se fosse sair por debaixo da pele e verde com o rosto coberto de mal e fome. Interprete como quiser. Pois naquele momento, ninguém realmente pensava em encontrar um bom objetivo para descrever a serpente marinha. Edmundo molhou os lábios com os olhos tremendo visivelmente assustado. Ah..pense no seu maior medo. Qualquer um. Pare e pense. Ótimo. Agora, imagine-o em sua frente. Como você reagiria certo? Tenho certeza que não seria com sorrisos e abraços, o mínimo, seria gritos e um leve frio percorrer por sua espinha. Sim. É horripilante. Lúcia tinha medo, mas do mesmo modo, atreveu-se a correr com o coração acelerado para buscar a menininha enquanto os marinheiros preparavam as armas para lutar.

--Vem cá!- ela disse puxando a menininha pela mão e depois passando seu braço por trás das costas da pequena para protegê-la de alguma forma, o que parecia inútil naquele momento.

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--Não me decepcione! Sem medo! Sem retirada!- gritou Ripchip a plenos pulmões para seu amigo abaixo de sua cabeça.

O dragão voava com velocidade, olhos arregalados e um pouco ou talvez muito, nervoso com o que viria a seguir. Voou de encontro ao estranho rosto do animal marinho. Um pouco difícil de descrever, mas tentaremos. Os olhos, visto de longe, negros com algum brilho inexplicável pulsando ali, a boca estranhamente rosada, escancarada e com seis pequeninos ossos cobertos por uma pele lisa e sensível e garras no final desta se sobressaindo na parte debaixo e duas pequenas anteninhas ao lado da enorme cabeça. Emitiu um estranho som agudo e alto enquanto se aproximava mais do barco. Edmundo postou-se na frente de Lúcia com a espada em punho. A boca ia chegando mais perto, mais perto, mais perto, até que recuou um pouco com o dilacerante e forte fogo colidindo-se com sua boca sensível. O brilho do fogo não permitia a visão clara do que acontecia. Mas logo perceberam a serpente batendo com a cabeça no barco tentando tirar um dragão com as garras enfiadas em sua pele escamosa. O ratinho desceu do dragão e tirou a espada da bainha, levantou-a e a fincou com força em alguma parte lisa enquanto gritou.

--Por Nárnia!

A pequena lâmina tivera seu efeito. O animal marinho mexeu a cabeça novamente de um lado para o outro fazendo com que o ratinho, sem segurança alguma, fosse lançado com força para longe. Mas por sorte, ou esperteza, Ripchip segurou-se em uma corda que ligava até a vela.

--Eustáquio, aguente firme!- gritou Ripchip.

O dragão fora lançado para longe, passando por cima do barco, assustando os marinheiros que se abaixaram por instinto. Mas felizmente, o dragão passou sem causar muitos estragos e caindo com força em uma pedra ao longe. Arfava pesadamente e preparava-se para levantar voo quando foi interrompido.

--Eustáquio!- ele raramente ouvia aquela voz, ao menos, nunca se dirigia a ele.

Procurou rapidamente com os olhos pelo barco até parar na cabeça do dragão do Peregrino e ver Cristine em cima deste com o cabelo preso em um coque e  acenando com os braços para chamar sua atenção. O dragão franziu uma sobrancelha como se fizesse uma pergunta, o que ele realmente estava fazendo. Ela fez gestos com as mãos, para que ele passasse por ali e ela iria para frente. O dragão raciocinou rápido e não quis contesta-la do perigo. Não havia tempo. Ajeitou as asas e pressionou as patas contra a pedra. Alguns fitavam a serpente que tinha os olhos presos no barco, mas as antenas direcionadas ao dragão. Como se esperasse o próximo passo do animal voador. Outros olhavam para o dragão, pedindo internamente que ele voasse logo. E poucos fitavam Cristine curiosos. O que ela vai fazer? Ah não, não!, Edmundo pensou. Ele não conseguiu dizer nada. Sua voz falhara. O dragão voou e passou por baixo da cabeça do dragão do Peregrino e sentiu um peso em suas costas que o fizera grunhir.

--Desculpe.- sussurrou Cristine deitada e procurando com as mãos algum lugar para firmar-se.

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Lúcia apertou o braço esquerdo de Edmundo quando vira Cristine pular nas costas do dragão e deitar-se no mesmo instante que pousara os pés tentando desajeitadamente segurar em algo. Apertou ainda mais quando a serpente virou-se subitamente e levara o dragão com sua boca para debaixo das águas escuras. Edmundo virou-se e viu o rosto pálido de Lúcia contrastando com seus lábios finos tremendo ligeiramente e os olhos arregalados movendo-se sem rumo. Edmundo olhou ao redor procurando, procurando, até que seus olhos pararam em....um barril. Compreenda-o caro leitor, supomos que não é um barril normal, que estivesse mexendo-se de um lado para o outro levemente, como se fosse somente o vento o balançando. Mas não havia vento naquele momento. Creio que seus olhos iriam ficar curiosos sobre aquele barril. Edmundo correu sem pensar e o derrubou no chão com força, fazendo –o se quebrar em uma parte. Pela parte de dentro, outra parte do barril fora quebrada. Uma pata peluda cinzenta e branca saira dali e depois mais uma, até que as quatro já tocavam o piso do convés.

--Dark?- perguntou Edmundo.- O que..

--Onde ela está? Onde? Ela já fez? Já pulou?- o lobo olhava ao redor nervosamente sem parar ou dar-se conta de Edmundo ali.

Edmundo estranhou, afinal, o lobo era descrito por ser calmo e paciente. E sempre fora, exceto em ocasiões de extrema apreensão e nervosismo, com toda razão. Ora, imagine. Sim, faça isso. Imagine um amigo. Sim, sim, sim. Um grande amigo ou amiga, não importa o sexo, mas que tenha a mesma intensidade de valor em sua vida. Agora, imagine esse amigo ou amiga, indo embora. Para longe talvez. Muito longe. E você não poder fazer nada! Dói, certo? O lobo enfim pareceu dar-se conta da presença do rei e virou-se com o focinho cheirando nervosamente.

--Onde ela está?

--Você sabia?- Edmundo perguntou em um fio de voz.

O lobo assentiu com a cabeça ficando impaciente por não ter sido respondido.

--Onde ela está?- ele repetiu a pergunta.

--Por que não a deteu?- Edmundo o acusou.

--Por que eu não a deti? Por quê?! Acha mesmo que não o tentei? Ou eu mesmo entrei no barril para morrer asfixiado?!- o lobo falou alto mostrando os dentes.

--Ela lhe botou ali dentro?

O lobo revirou os olhos, se é que era possível ver seus olhos revirados preenchidos com aquela escuridão.

--Normal da parte dela quando tenta me deter de detê-la.- disse ele abanando a cabeça negativamente- Agora...responda-me, onde ela está?- ele frisou com força a pergunta.

Foram interrompidos por pingos de água que saltaram em suas faces chamando sua atenção para o que estava fora do barco. A pergunta do lobo fora respondida.

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A serpente dançava drasticamente pela água com a cabeça de um lado para o outro, tentando livrar-se do que para ela, era um minúsculo e insignificante inseto. Os marinheiros assistiam tudo sem ação e sem palavras. A serpente conseguiu novamente livrar-se do dragão e joga-lo com força em uma pedra alta ao seu lado. O dragão não fez muitos movimentos, sentido-se esgotado e desgastado com tudo que passara. Seria natural para a primeira batalha de um dragão novato. A serpente emitiu outro som agudo, suas antenas balançaram-se e abrindo mais a boca para enfim deliciar-se com o que parecia ser seu jantar. Em um movimento rápido, o dragão levantou a cabeça e cuspira o ardente fogo no rosto da serpente que já havia avançado para cima dele. O fogo percorreu com facilidade pelo rosto do animal marinho enquanto este gritava de dor.  Todos olhavam do barco esperançosos que este fosse o último respiro do animal, mas ele recolhera-se para seu abrigo apagando o fogo com a água. O dragão tentava levantar-se com dificuldade enquanto a água escorria de seu corpo cansado. Abaixou a cabeça para tentar recompor a rápida respiração. O lorde empurrou um marinheiro que assistia tudo assombrado da borda.

--Xô criatura!- e jogou sua espada.

Muitos não e a espada! foram ouvidos. Esta cravou-se com facilidade no ombro direito do animal voador dando-lhe mais uma pitada de dor crucial.

--Eustáquio!- gritou Lúcia preocupada.

O dragão levantou voo com um pouco de dificuldade, por conta da dor e das asas ensopadas.

--Não, não! Volta aqui!- pediu Lúcia desesperada.

Mas o dragão já voava para longe por uma abertura de luz que havia no escuro. O lorde subiu as escadas bufando descontroladamente.

--Estamos perdidos, perdidos! Deêm meia volta no barco!- ele disse empurrando o marinheiro que estava no timão e tomando o comando.

--Prendam esse homem!- chamou a atenção do marinheiro que estava no chão.

O lorde virou com total brutalidade que fez com que o barco se mexesse fortemente de um lado para o outro e mais uma vez, marinheiros foram ao chão, outros seguraram-se nas cordas e alguns nas bordas do barco. Drinian chegou perto do Lorde e com facilidade, dera um soco em seu rosto e este, muito fraco para pensar ou fazer qualquer coisa, caira desmaiado. O capitão tomou o comando novamente e gritando ordens.

--Tripulação! Todos à seus postos!

Os marinheiros se dispersaram. Alguns subiram nas cordas, outros arrumavam seus arcos e outros mais permaneceram no convés e na borda do barco com as armas preparadas. Lúcia olhou tudo aquilo com uma ponta de dor e estrangulamento no peito. De que adiantaria tudo aquilo? Lutar? Precisavam achar a saída também! Mas não conseguia ver mais nenhuma abertura de luz naquele escuro. Se achassem a saída, estariam a salvos. Esse, era o real único jeito de sobreviverem. Mas como achar a luz? Lúcia olhou para o horizonte escuro sentindo a derrota chegando. Aslam, por favor, nos ajude, ela pensou desesperada. Então...o impossível, possível! Ela ouvira outro som agudo, mas não era a serpente. Oh não. Era uma ave. Uma ave que entrara no escuro por algum buraquinho imperceptivelmente pequeno e batia as asas para a salvação, talvez. Ela virou-se abruptamente e fitou seu irmão que parecia entender nada da ave.

--Edmundo, temos que seguir a ave!

--O quê?

--Ela vai nos levar para fora do escuro! Para a luz, para fora da Ilha Negra! É o único jeito!

--Mas Lúcia, como pode ter certeza?

--Eu pedi para Aslam nos ajudar! Confie!- ela suplicou.

Ele apertou os lábios e assentiu um pouco hesitante ainda. Mas desde a última vez que desconfiara de Lúcia, nada dera certo e desde a última vez que nada dera certo, nunca mais desconfiou de Lúcia. Só ficava um pouco nervoso, mas era normal para quem enfrentara já tropas extensas e cheias de monstros da Feiticeira Branca, mais tropas de telmarinos e por fim serpentes marinhas, não? Virou-se e procurou por Drinian para mandar seguir a ave. Lúcia olhou mais uma vez para a direção da ave esperançosa. Obrigada, ela pensou.

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Notas finais do capítulo

caramba '-' cap. 30. nossa....jamais pensei que chegaria até aqui. obrigada guerreiras >< não ficou muuuito bom. ): espero que tenha agradado um pouco. até o próx. cap.! o/