One More Time In Nárnia escrita por Loren


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

haaai



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/289761/chapter/23

 E misturou-se com a paisagem escura enquanto a menina criava esperanças de ter um novo amigo.

Flashback Off

^.^

    Cristine olhava para qualquer ponto por aí, mas menos os olhos dele. Estava cansada demais para tentar descobrir o que se passava por trás deles. Edmundo reparava nos fios de cabelo da menina que voavam de acordo com as rajadas de vento, os lábios dela se espremiam um com o outro com o aparente nervosismo dela e suas mãos brincavam uma com a outra.

--E depois?- ele perguntou levantando uma perna enquanto se encostava mais na pedra.

     Ela suspirou.

--Depois eu...roubei um arco e flechas em uma fazenda abandonada. Caçávamos animais para comer, mas não se preocupe!- ela se adiantou- Não eram animais falantes. Jamais teria coragem! Achávamos uma presa e a perseguíamos por alguns dias, se ela falava, desistíamos, se não, a matávamos. Depois encontramos algumas vilas e decidimos não ir mais para Cair Paravel e tentar uma vida por ali.

--Mas...você não queria ir para Cair Paravel? Digo...você...

--Tinha um sonho. Só um sonho. E sei lá...não estava preparada, eu acho. De qualquer forma, tentei arranjar emprego e consegui. Em um mercadinho como balconista, ficamos lá por cinco dias.

--Por quê?

--Preconceito.- disse ela olhando enfim os olhos do pequeno rei.

Ele segurou o ar. Dark. Ele se sentiu mal, pois teve uma reação quase parecida quando viu o lobo pela primeira vez. O que pensou quando o havia visto, um lobo da Feiticeira Branca. O que queria ter feito, extermina-lo. Não quis aguentar o olhar dela e o desviou para o chão. Ela continuou com os olhos sobre o menino.

--Depois saímos daquela vila e procuramos outra e o resultado foi o mesmo. Mas decidimos ficar na segunda vila, escondidos na floresta. Caçávamos como a primeira vez. Mas as caças também eram propriedades de alguns fazendeiros e nos expulsaram. Ficamos assim por não sei quantas mais vilas e aumentamos nossa estadia em algumas. De semanas, foram para meses. Acho que eu estava adiantando a chegada em Cair Paravel.

--Tinham decidido voltar?- ele indagou levantando o rosto.

--Sim.- ela deu de ombros.- Parecia a única solução novamente. Depois, acabamos chegando em Cair Paravel. Não consegui trabalho novamente. Ficamos na floresta. Conhecemos outras famílias pobres. Então eu não roubava somente para mim e Dark desde então, para estas também. Até que, como já sabe, me encontrei com Ripchip um dia. E aí, aqui estou. Lúcia já deve ter explicado como.

--Sim. E pelo visto...a sua amizade com Dark aumentou durante o resto do tempo.

Ela sorriu involuntariamente.

--Sim. Isso é algo que gosto de pensar.

Edmundo não disse mais nada, a não ser sorrir junto com Cristine. Era completamente visível se conversasse com ela para ver o quanto o misterioso lobo era importante. E obviamente era. Ele esteve ao lado dela quando ela mais precisou. Após semanas se conhecendo aos poucos, fora ele que a ouvira chorar na madrugada, fora ele que a acordara durante os pesadelos, fora ele que escutara seus desabafos e sonhos e segredos, fora ele que presenciara novamente o aniversário da pequena quando seu pai e avô foram levados para longe, fora ele que soubera o primeiro beijo da menina, fora ele que revivera junto com ela a morte de sua mãe e seu avô, fora ele que admirou a coragem da menina de deixar os irmãos com a tia, fora ele que a viu se sacrificando por ele, fora ele que serviu de chão quando ela estava suspensa no ar, fora ele que ouviu a menina quando ninguém mais o fez. Ela jamais poderia esquecê-lo e nem o desejava. Prometeu a si mesma que iria protegê-lo como ele fez. Era seu melhor amigo. Não gostava nem da ideia de vê-lo indo embora....não gostava de relembrar....Abanou a cabeça espantando momentos importunos e que ás vezes a assombravam. Movimento que não passou despercebido para Edmundo.

--Está bem?- ele perguntou preocupado.

Ela percebeu que ele havia notado, sentiu-se corada.

--Sim. Tudo bem.

Ela olhou para baixo sentindo um aperto na mão direita. Espantou-se com a mão do pequeno rei sobre a sua. Molhou os lábios com a ponta da língua e não quis olhar para cima. Que troca de assunto, não?, ela pensou tentando entender como ficou quente a atmosfera de repente. Sentiu algo queimar por baixo do seu rosto. Tocou com a outra mão e percebeu que era somente seu sangue.

--Está com febre?-ele disse com a voz mais...perto.

Ela levantou o rosto e viu duas bolas castanhas com pupilas profundas. Perdeu o ar vendo que talvez vossa majestade estava a centímetros dela mesma. Postou-se mais ereta fazendo com que seu roso ficasse um pouco mais alto que o do outro, sentiu o coração novamente a galopes e seu corpo tremer. Céus! Mas que porcaria é esta?!, ela pensou raivosa de si mesma por estar fazendo papel patético. Ele apertou os lábios para não sorrir. Bom ver que ela fica assim, ele pensou orgulhoso de si mesmo mas cada vez mais ansioso pelos lábios da garota. Passou sua mão pela mão dela que se apoiava no chão, passou os dedos pela pele fazendo esta arrepiar-se por completo. Chegou até o ombro e o apertou fracamente e aos poucos puxando-a para si. Ele fechou os olhos. Ela os manteve abertos. Ele esperava que ela terminasse. Ela não o fez. Somente soltou-se e levantou-se delicadamente. Ele percebeu e abriu os olhos vendo ela com os olhos para baixo passando as mãos pelo curto vestido tentando limpar o que não estava sujo. Cá entre nós, só estava fazendo aquilo por puro nervosismo. Ele suspirou derrotado.

--Viu minhas roupas?- ela perguntou sem olha-lo.

Ela sabia que ele as tinhas escondido. Ao menos, desconfiava. Confirmou suas suspeitas quando viu se levantar e ir atrás de uma pedra e trazer as roupas. Sua cara não era das melhores. Ora francamente, como se sentiria se alguém tivesse tirado suas roupas deixando quase completamente nu? De fato, não é nada agradável. Muito menos para Cristine que tinha, ás vezes, um temperamento um tanto...incompreensível. Pegou as roupas de má vontade e começou a vestir-se, começando pela calça. Colocou uma perna e a outra e depois puxou a vestimenta, colocou o vestido para dentro e Edmundo olhava a cena descaradamente.

--Perdão vossa majestade, mas poderia ser um pouco mais cavalheiro?- disse ela chamando a atenção do pequeno rei.

--Hã?- disse ele desatento.

Ela bufou revirando os olhos e colocando as mãos na cintura.

--Já não se contentou em esconder minhas roupas? Por que ainda está aqui?

--Ah...eu...me desculpe. Não foi...foi um descuido.- ele corrigiu.

--Agora pode ter sido, mas ter escondido minhas roupas não fora. Que deselegante!- disse ela jogando os braços para o alto.

Virou-se e fechou a calça. Depois pegou a camisa que estava no chão e após passar os braços pelas mangas, começou a abotoar os pequeninos botões. Edmundo sentia o rosto corado e quente. Em parte fora sua culpa. Ora, sejamos francos, não seria em parte, seria 100% sua culpa. Após Cristine ter posto as botas também, ela começou andar em direção ao acampamento. Edmundo a alcançou e a fez virar segurando-a pelo braço.

--Espere!

--Sim vossa majestade?- disse ela entre dentes visivelmente irritada.

Queria somente dormir. Esquecer. Dormir nem que fosse no mais duro chão que existisse, mas só queria dormir e descansar. Fora uma madrugada intensa.

--Não irá agradecer?

Cristine soltou o braço.

--Agradecer? Agradecer?! Eu já lhe agradeci majestade e isso eu faço somente uma vez! O que quer que eu agradeça agora? Por ter me deixado sem roupas por algumas horas e ter se aproveitado de mim?!- as palavras saíram de sua boca sem controle.

A última parte era mentira. Os dois sabiam. Mas ela estava sentindo um palpitar forte em seu coração e perdeu o controle! A melhor forma, em sua teoria, seria tentar afastar o pequeno rei e isso seria o provocando. Concordemos que fora ridícula essa atitude. Edmundo sentiu-se totalmente ofendido e ferido orgulhosamente, sua face tomou uma expressão mais séria e brava.

--Aproveitar? Como pode pensar isso de mim?!

--Com a cabeça de preferência. - disse ela virando-se para continuar o caminho.

Edmundo continuou em seu encalço e os dois discutindo descendo com cuidado para não resbalarem nas pedras escorregadias que ali havia.

--Nunca vi menina tão teimosa e rabugenta como você!

--Ora vossa majestade, eu sou uma reles marinheira sem importância. Não se preocupe comigo. Deveria preocupar-se consigo mesmo.

--Eu?! Eu?!

--Sim.- ela parou e virou-se- Pois nunca vi majestade tão injusta, estúpida e grossa como o senhor.

--Injusto?! Semanas atrás, durante uma tempestade, dentro de uma cabine, a senhorita me disse que eu merecia o título que eu possuo.

Ela deu de ombros.

--Ora, pois veja, me enganei! Deveria ter estudado mais, o senhor não acha? – disse ela ironicamente.

Ela voltou a descer, mas ele estava farto e não iria deixar por menos. Não desta vez.

--Com certeza deveria ter estudado! Ao menos não estaria aqui, poderia estar dando um futuro aos seus irmãos já que seus pais não fizeram!

Ela parou. Apertou os lábios enquanto sentia seus dentes baterem uns contras os outros. Ela cerrou os punhos com os nós ficando brancos. Edmundo já mordia seu lábio inferior e percebeu a burrada que fizera. Molhou os lábios e viu Cristine virar-se com brutalidade e vindo em sua direção.

--Cristine...eu não...- fora interrompido.

Estava de costas agora para ela, com a mão esquerda sobre a bochecha direita. Esta ardia com o tapa que levara da menina. Ora nem parecia ter sido um tapa demenina, realmente fora um tapa forte.Muitoforte.Virou-se e viu a menina com os olhos encharcados e reservados de água para escorrer a qualquer momento. Mas ela não iria permitir que fosse ali. Não emsuafrente. Tinha o olhar duro e cheio da magoa. Ele nunca havia se sentido tão culpado como aquele momento.Acho que as coisas teriam sido diferentes se eu não tivesse....falado aquilo,ele desabafou uma vez com Lúcia. Quando ele retirou sua mão dali, ela pode ver a marca de cinco dedos perfeitamente vermelhos na pele branca do menino. Ela sorriu com o feito.

--Só não lhe dei um soco, senhor..-disse ela tentando manter as boas aparências.-...porque seria deselegante demais para uma...damacomo eu.- ela fez reverência- Má noite pequeno rei.

Dito isso ela virou-se e desceu correndo, pouco se importando com os riscos que tinha em se machucar. Ele ficou parado, ofegando por talvez alguns minutos, ou foram horas? Após perceber novamente a burrada que havia feito, ele bateu com força em sua testa xingando a si mesmo. Não quis ir atrás dela. Sabia que resultaria em nada. Ela chegou ao acampamento e todos dormiam profundamente. Olhou para o céu e ainda havia algumas estrelas brilhantes. Ela murmurou baixinho,ó estrela azul, apareça o mais rápido possível!Dito isso, deitou ao lado de Dark de costas para ele. Apertou os lábios e permitiu que algumas lágrimas escorressem, mas perdeu o controle e o que saíra fora um dilúvio. Mordeu o pano que estava no chão para evitar soluços muito altos. Após sentir que já havia jorrado toda a água de seu corpo para fora, adormecera com os olhos inchados.

^.^

O céu já clareava. O vento diminuira. As ondas acalmaram-se. As estrelas iam dormir. Mas uma continuava ali, irradiando brilho, tentando despertar dorminhocos na praia. Até que a menininha abriu os olhos. Só um pouquinho. E viu uma luz azul. Quis voltar a dormir. É só uma luz azul boba, ela pensou. Mas sentou-se em um salto ao perceber o que pensara. Azul. A estrela azul! Estava muito longe, mas era fácil encantar-se por ela mesmo naquela distância. Após confirmar ao ver que era ela, um sorriso formou-se em seus lábios e ela precisava mostrar isso aos outros. Ainda sem tirar os olhos da estrela, empurrou Lúcia pelas costas murmurando.

--Lúcia, Lúcia, acorda!

Lúcia sentou-se rapidamente, preocupada pelo movimento brusco da menininha. Mas sentiu-se mais assustada e surpresa ao ver o que era.

--Olha!- a menininha apontou.

--A estrela azul!- disse Lúcia alto e aliviada.

Estava feliz e mais esperançosa. Afinal, a estrela azul era a maior esperança que tinham. E quando ela apareceu...depois de tanto tempo sumida, nada como acreditar que ainda há uma solução. Quando estamos em algum sério problema e nos sentimos perdidos, perdemos as esperanças e a vontade de tentar. Mas quando aparece uma chance, por menor que seja, não há melhor sensação do que a de sonhar com um final feliz.

--Pessoal!- disse Lúcia em voz alta levantando-se.

O dragão grunhiu baixinho e Ripchip abriu os olhinhos rapidamente.

--Ahm...o que foi? O que houve?- perguntou ele desorientado.

--Pessoal acorda!- repetiu Lúcia vendo que somente o ratinho havia acordado.-É a estrela azul!

Dito isso, todos abriram os olhos procurando a estrela. Caspian escorou-se nos cotovelos, Edmundo virou-se em direção ao pontinho brilhante, Dark postou-se nas quatro patas e Cristine ficou de joelhos. Todos ficaram quietos por um momento admirando aquele estranho ser ao longe, sobrevoando as águas e brilhando incessantemente. Ripchip quebrou o silêncio.

--Amigo,vamos, acorde.-disse ele batendo de leve no rosto do dragão com os olhos ainda presos na estrela.

O dragão abriu os olhos ainda grunhindo, mas calou-se ao ver o que todos miravam atentamente. Não demorou muito e levantaram-se recolhendo o que tinham trazido do barco. Fizeram tudo em silêncio. Após recolherem tudo, voltaram ao barco pelos botes. Decidiram que o dragão teria que ir voando para acompanhá-los. Lúcia estava na sacada do barco, vendo a ilha se distanciar aos poucos, quando percebeu um certo movimento nas águas. Sorriu ao perceber que era uma sereia. Viu a cabeça dela emergir e esta acenou para a majestade. Lúcia sorriu mas seu sorriso sumiu aos poucos vendo que a sereia não lhe estava acenando, mas era como se estivesse... desesperada. Como se quisesse impedir que Lúcia...continuasse. Lúcia franziu as sobrancelhas e não pode dizer mais nada. A sereia já havia retornado para casa.

^.^


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

haaai again. espero que tenham gostado e desculpem-me qualquer erro e pelo cap. se ficou curto D: continuem acompanhando pq a fic ainda não chegou ao final u.u