One More Time In Nárnia escrita por Loren


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

haaai guerreiras! demorei, certo? eu peço desculpas e espero que vocês não tenham me deixado D: mas aqui está mais um cap. e espero que gostem, aproveitem!



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Flashback

Cristine já caminhava há dias, somente com alimentação à base de frutas e água. Por mera sorte havia encontrado água corrente no segundo dia. Caminhava lentamente quando ouviu um barulho familiar. Céus! Quando ouviu, reuniu todas as forças que ainda lhe restava e apoiando-se no tronco das árvores, conseguiu chegar a um pequeno rio. Debruçou-se e encheu a boca de água, sua garganta parecia ter ficado macia, depois de quase uma semana seca. Nunca havia provado água tão boa. Ou eu tinha muita sede ou a água era realmente abençoada, ela pensava. Lembrava-se também que havia tomado a água com tanta pressa, que acabou poder descuido, molhado o peito de seu vestido. Quando sentiu a água límpida e gelada tocar em sua pele quente e suja, levantou-se e tirou toda a roupa que pesava em seu corpo e atirou-se ali, molhou seus cabelos e todo seu corpo. Nunca havia se sentido tão viva. Após ter se esfregado bem com algumas folhas e molhado inteiramente seus cabelos, saiu e secou-se sobre o calor do sol. Após ter se passado alguns minutos, mesmo com os cabelos encharcados, vestiu-se e juntou folhas para forrar uma cama aos pés de uma árvore perto do rio. Quando acordou, comeu mais uma vez maçãs e começou a caminhar contra a água. Decidiu dobrar uma esquerda quando o rio dobrou uma direita. A caminhada pesava em seus pés e ela parava de três horas em três horas para descansar, pois a espada em sua cintura lhe tomava muito mais do devido esforço físico. Continuou a andar por mais algumas horas quando ouviu vozes. Cristine escondeu-se atrás de uma árvore. Não conseguia entender o que falavam, mas pelos tons eram três vozes. Decidiu ver mais de perto. Tirou a espada da bainha e rasgou o vestido até os joelhos. Iria precisar de espaço e agilidade. Uma lágrima beirou em seu olho, ameaçando cair ao ver o estado vestido. Sujo e rasgado. Mas ela foi rápida e limpou com as costas da mão direita. Era o vestido preferido da mamãe, ela pensou. Guardou a espada e subiu a mesma árvore. Não foi muito no alto, os galhos eram próximos um do outro e grossos o bastante para aguentar a menina. Com dificuldade, pulou para um galho a outro. Sempre teve medo de altura e isso fazia com que perdesse o equilíbrio ás vezes. Mas felizmente conseguiu pular de galho em galho, até avistar os donos das vozes. Uma bruxa horrorosa, que tinha uma capa por cima da cabeça, onde ali não havia cabelos. Somente a fina e gosmenta pele sobre seu cérebro e ficava de segundo em segundo esfregando as mãos. Um anão com a face coberta por maldade. Uma barba longa e negra e segurava uma espada muito maior que ele. Um lobisomem, que não falava absolutamente nada. Somente se ouvia seu rosnar. Maltrapilho e magro, apesar de ser bastante forte coberto por pelos negros, onde somente seus olhos claros brilhavam. E um lobo. Um lobo com as costas tingidas de um cinza, descendo até a metade de suas patas, enquanto o resto destas, eram tingidas de uma leve cor bege assim como seu rosto. Um lobo com os olhos rodeados de cinza e olhos mais densos e assustadores que ela já vira. Agachou-se quietinha para ouvir a conversa.

–-Vamos! Já lhe disse, nos ajude a reerguer a Feiticeira e serás devidamente recompensado.

Disse o anão. A bruxa sorriu com seu estranho nariz levantando-se, o que parecia ser que ela estava resfriada. O lobo os mirou por um instante antes de sair correndo por trás, mas o lobisomem fora mais rápido e conseguiu o alcançar, batendo embaixo de seu queixo com as garras. O lobo fora para trás com o queixo sangrando. Cristine mordeu a língua para não gritar. Ele tentava se levantar com dificuldade, arfava muito.

–-E então?- perguntou o lobisomem irritado.

O lobo levantou-se e ergueu a cabeça e falando com a voz firme.

–-Não! Aslam é meu senhor, não a Feiticeira. Prefiro lutar em deste e morrer, do que viver como um escravo da monstra pelo resto da vida!

–-Que assim seja então!- ameaçou o anão, levantando a espada.

Cristine estava descendo os galhos alguns segundos atrás. Não estava ganhando nada ouvindo a conversa de traidores. Mas quando ouviu o nome de Aslam na boca do lobo...ooh. Estavam do mesmo lado. Ela hesitou por alguns instantes. Poderia ir embora e esquecer tudo o que havia visto. Ou poderia ajudá-lo e ter alguém ao seu lado. Pensava seriamente sobre isso quando sentiu uma respiração abafada em seu ouvido esquerdo. Virou-se cautelosamente e somente viu um focinho. Um focinho muito grande. Não viu os olhos. Só viu o nariz rosadinho e sentiu os pelinhos em sua cara. Sentiu uma pressão em sua barriga. Antes mesmo que pudesse descobrir o que era, Cristine já estava caindo da árvore ao chão. Tombou com força ao chão, mas levantou-se rapidamente, tirando a espada da bainha.

–-Ora, ora, ora. Se não é uma menininha perdida pela floresta. O que houve? Está levando doces para a vovozinha? Nosso querido lobo mau vai acompanha-la.- disse o anão desviando a atenção do lobo e fazendo com que o lobisomem fosse atrás da menina.

–-Não!- gritou a menina antes que o animal desse mais um passo.- Não se aproxime de mim! Em nome do grande leão, eu advirto, fique longe!

O anão riu com a bruxa, alto o bastante para que os pássaros das árvores próximas lançassem voo e se distanciassem.

–-Viu? Ela fala em "nome do grande leão". Baboseira. Bela porcaria. Já pode se ver que não está do lado dos fortes. Lobisomem! Acabe com ela!

O lobisomem sorriu perversamente. Começou a rosnar enquanto dava alguns passos em direção à menina. Esta, tinha a espada em punho, direcionada ao coração do animal. Ele pulou. Sim, ela lembra que ele pulou. Mas nunca a alcançou. O lobo atirou-se de encontro ao lobisomem no mesmo instante do pulo. Tinha conseguido livrar-se das mãos do anão e desviado da bruxa. Quando o lobisomem estava ao chão, tentando livrar-se do peso que estava em cima de si, o lobo apertou as patas contra as costas do lobisomem, tentando deter este de levantar-se.

–-Você, que disse o nome do grande leão! É fiel a ele?

–-Acha mesmo que isto é uma boa hora para falar sobre isso?- disse Cristine preparando-se contra o anão e a bruxa que andavam em sua direção.

–-É fiel a ele?!- repetiu o lobo.

A menina olhou determinada aos olhos do lobo. Pareciam ter sido horas ali, mas foram apenas minutos. Se mirasse os olhos daquele lobo, seria fácil perdesse. Não sentiu medo ao ver os olhos dele desta vez. Somente sentiu um leve arrepio na nuca.

–-Sim. Sou fiel à Aslam. Sou fiel ao grande leão.- ela virou-se para os outros dois- Sou fiel ao verdadeiro rei e soberano de Nárnia! Filho do Imperador Além Mar e senhor dos Grandes Bosques!

Cristine não sabia de onde tinha tirado isso, mas fora como uma força que brotara em si e ela não podia guarda-la. Andava tendo dúvidas sobre Aslam depois da morte de seu avô e sua mãe. Não sabia mais se acreditava ou não. Se existia ou não. Se era somente um mito ou história para criança. Pensava sempre que Aslam a estava castigando. Ou que ele nunca fora digno de nada. Repreendia-se por pensar daquele jeito, mas era o único consolo que ela tinha. Chorava sempre com esses pensamentos antes de dormir. Mas ali, naquela hora, depois de ter dito tudo aquilo para convencer o lobo, acabou convencendo a si mesma também. Era como se uma paz tivesse invadido todos os seus músculos. Ela suspirou como se fosse o último. Talvez até seja, pensou ela vendo o anão aproximando-se.

–-Pena pensar assim querida. Não se preocupe- disse ele levantando a espada.- Você ainda dará uma ótima escrava.

Ele bateu com a espada. Ela foi rápida. As duas se chocaram provocando um estrondo metálico. Apesar de pequeno, o anão tinha uma habilidade invejável. Passou a espada por baixo e ela pulou por cima. Ela levantou a espada para bater em sua cabeça, mas ele conseguiu defender-se. Ele a empurrou para trás. Ele bateu por cima, ela defendeu, ele bateu no ombro direito dela, ela defendeu, ele bateu no ombro esquerdo, ela defendeu. Ele passou a espada pela coxa esquerda dela. Não a atingiu, mas fez um corte que transcorria a coxa inteira. Ela mordeu os lábios, tentando deter o grito incessante em sua garganta. O lobo observava tudo atentamente. Tão atentamente, que se esqueceu do perigo abaixo de suas patas. O lobisomem aproveitou a distração e levantou-se fazendo com que o lobo fosse para trás. O lobisomem ia para a menina, mas o lobo pulou em suas costas, fincou as unhas e se pendurou ali, enquanto mordia seu pescoço. O lobisomem gritou e batia com as enormes garras nas costas do outro lobo. O lobisomem segurou os ombros do lobo e de costas, bateu contra uma árvore. Quanto mais batia, mais a mordida ficava intensa. A menina desviou quando o anão ia enfiar a espada em sua barriga, fazendo com que ficasse presa no tronco de uma árvore. Ela tinha os cabelos presos no suor que escorria de sua testa. Ela aproveitou e deu um soco na cara do anão. Este caiu para trás, enquanto ela beijava seu punho.

–-Ai, acho que estou destreinada. - disse ela consigo mesma.

Ele se levantou com um pouco de dificuldade e ela lhe deu um chute na barriga. Ele caiu para trás ofegante. Ela virou-se para a bruxa. Antes que fizesse qualquer movimento, a bruxa gritou.

–-Vamos embora! Não ganharemos nada mortos! Rápido, lobisomem, pegue Nikabrik!

E ela saiu correndo. O lobisomem pegou o lobo pelo pescoço e o puxou, mesmo sabendo que uma parte de sua pele fora arrancada junto com os dentes do outro. Assim, o jogou para uma pedra próxima com força bruta. Andou com dificuldade e chegou perto do anão, passou seu pequenino corpo pelo ombro e olhou para a menina com um olhar assassino, para que a menina não tentasse fazer nada. Esta, queria, mas os músculos latejando a impediram. Agradeceu imensamente vendo-os se afastar. Quando estavam a cinco metros de distância, ela deixou-se cair no chão e soltou todo o ar. Sentada, viu o lobo levantar-se na pedra e arquear os ombros, as orelhas atentas, o rabo paralisado, ouviu o rosnado do peito dele e viu a gengiva levantada mostrando os dentes pintados com uma tinta cor sangue. Não teve tempo para olhar seus olhos. Ele os fechou e tombou a cabeça para trás. Uivou. Um uivo longo e grave. Os pelos da menina se arrepiaram. Ele abaixou a cabeça, lambeu a boca com a língua para limpar o liquido seco e virou-se. Cristine apertou os lábios, sua respiração acelerou-se e sua mão apertou no cabo da espada. Os olhos. Pareciam mais negros. Mais profundos. Mais perigosos. Ele arfava. Tinha a boca fechada. Relaxou os ombros. Virou-se e desceu da pedra. Entrou na floresta sem dizer nada. Cristine ficou sozinha. Deitou-se após alguns segundos na grama macia.

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Abriu os olhos. Viu o céu escuro e algumas estrelas. Sentou-se rapidamente. Havia fechado os olhos para descansar, mas isso alguns minutos atrás. Ela grunhiu um palavrão e levantou-se. Devo ter descansado mais do devido, pensou ela. Um barulho. Ela virou-se. Não conseguia ver nada no meio das árvores. Parecia que ás vezes via um vulto. E quanto mais tentava focar seus olhos no vulto, outros pareciam aparecer. Nunca foque seus olhos em uma única coisa, ela pode estar a quilômetros de distância enquanto você tem medo de uma sombra qualquer, ela relembrava as falas de seu avô. Mas estava assustada do mesmo jeito. Todas as noites na floresta, ela acordava durante a madrugada por escutar passos. Passos pesados, mas cautelosos. Ela ficava acordada durante um par de horas, até que ela fechava os olhos e só os abria quando o sol a fazia levantar-se. Ela pegou a espada e a guardou na bainha da cintura. Suspirou. O que faço agora?, ela pensou, totalmente perdida. Ela havia pensado que por um instante, poderia juntar-se ao lobo. Poderia ter alguém ao seu lado. Mas quando o viu sair, percebeu que nada valera a pena. Continuava sozinha.

–-E ainda, para piorar, ganhei um machucado. Perfeito!- disse ela estressada para si mesma vendo o estrago feito na perna.

Decidiu voltar para o caminho do rio. Começou a andar normalmente, o que ao contrário do seu coração, mandava correr o mais rápido que pudesse. Barulhos da floresta a assustavam quando sozinha. Quem iria garantir que o lobisomem, a bruxa e o anão não haviam ido embora? Suspirou. Após algumas horas, ouviu o barulho de água e sentiu relaxar os ombros. Cristine apoiou-se em uma árvore e sorriu involuntariamente vendo o rio correr ligeiramente abaixo do luar. Andou aos tropeços até a beirada e ajoelhou-se ali, limpou as mãos e o rosto. Soltou os cabelos. Tirou a espada da bainha e a limpou. Após isso, sentou-se com as pernas cruzadas. Sentiu os olhos pesarem. Ouviu pedras movendo-se, levantou a cabeça lentamente, pois ainda estava sob o efeito do sono. O viu do outro lado do rio. Abaixou a cabeça e começou a beber a água com a língua rapidamente. Após mais alguns minutos, ele levantou a cabeça, sentou-se e ali ficou. Cristine não fez movimento algum. Pensava com lentidão. Queria ir até lá e perguntar-lhe algo, falar-lhe algo, mas sentiu seu corpo tombando junto com seus olhos.

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Viu a menina cair. Ele não se atreveu se mover. Esperava que fosse uma armadilha. Quem garante que ela não está mentindo?, ele pensou. Mas ela continuou deitada. Ele começou a andar lentamente e sentiu uma certa agitação em si. Quando ficou de frente para ela, seu cabelo atrapalhava seu rosto. Não conseguia ver se estava respirando. Ótimo! Será que ele morreu por somente me ver?, ele ironizou-se. Ele atravessou o rio, sentindo as patas tocarem as pedras no fundo e a água passar por seus pelos até sua carne. Quando chegou, tinha todas as pernas encharcadas, tocou o rosto dela com o focinho. Viu seu cabelo mover-se com o ritmo da respiração. Suspirou. Poderia ir embora e continuar seu rumo, deixando a por aí. Ou poderia ficar ali. Mas de que adiantará se eu ficar aqui?, ele pensou. Abanou a cabeça. Sentou-se. Ouvia o rio correr, alguns passarinhos cantando para seus filhotes e alguns bichinhos falando com seus filhos não saírem de noite. Estava fugindo daquele grupo havia dias. Quando se viu encurralado, percebeu que seria seu último suspiro e visão da luz, mas jamais se renderia ao governo da Feiticeira. E quando viu a menina aparecer de repente e lutar ao seu lado, sentiu-se...bem. Uma sensação que há muito não sentia. Queria que aquela sensação pudesse durar mais. Lutou contra o lobisomem com fúria e ódio. Perdia o controle quando estes sentimentos tomavam seu corpo. Quando partiram, deu um ultimato para eles. O uivo. Comum entre os lobos. Não poderia deixar suas raízes por mais que tentassem. Quando virou-se, viu o susto estampado no rosto da menina. Os ombros dele cederam. Jamais alguém poderia aceitar ele sendo quem era. Não teria nem como esconder. Era fácil reconhecer um lobo da Feiticeira. Sentiu um pingo no nariz. Olhou para cima e cheirou o ar. Úmido. Chuva. Teria que achar um lugar para passar a noite, mas não iria deixar aquela menina que ajudou salvar sua vida ali. Pegou pela gola do vestido a menina, e a puxou para debaixo de uma árvore. Não era muito confortável, mas estaria protegida da chuva que viria a seguir. Ás vezes, pergunto-me se realmente descendo dos lobos da Feiticeira, ele pensou.

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Notas finais do capítulo

haai (again). gostaram? '-' ok. prometo que no próx. vou melhorar! ^^ espero que continuem acompanhando! D: beijos e abraços apertados da Loren.