One More Time In Nárnia escrita por Loren


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

haaai '-'



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Quando Cristine encostou os lábios, Edmundo sentiu um gosto doce e uma maciez inimaginável mesmo com os lábios da garota molhados. Ele queria mais. Os lábios ainda estavam encostados, Edmundo ia juntá-los mais. Ia. Mas Cristine recuou. Foi quando ele percebeu que Dark tinha se mexido e tinha chutado Cristine.

–-Ai!- ela disse.

–-Você está bem?

–-Sim...

Agora se olhavam, Cristine estava ficando com o rosto vermelho. Ela sentia o sangue inteiro circular em seu rosto. Que constrangedor!, ela pensou. Edmundo também ficou sem jeito, encostou-se mais ereto na cadeira. Não sabia o que dizer, muito menos o que falar. Sem opção alguma, levantou-se e pegou uma capa em cima da mesa. Ele a vestiu e disse, sem parecer sua voz ficar trêmula ou baixa demais. Não olhou para Cristine.

–-Vou lá para fora.

–-Não- Cristine se levantou- Eu que devo ir, já fiquei aqui tempo demais.

Cristine já andava em direção á porta, mas Edmundo a pegou pelo pulso.

–-Poderia parar de ser tão teimosa?

Agora se encaravam, ela olhava seus olhos e ele sua boca. Um minuto se passou, Edmundo suspirou e fez Cristine tremer com seu hálito, mesmo sem querer. Ele soltou o pulso dela.

–-Já está na minha hora de ajudar. Você trabalhou já duas semanas, devo ir eu agora.

Ele já andava para a porta quando ela disse.

–-Acho que me enganei com você.

–-Sobre?

Ela sorriu ironicamente, desviou o olhar do chão e sorriu amigavelmente.

–-Mereces o título que tem, ó Rei Edmundo, o Justo.

Edmundo sorriu de canto, fez uma reverência de brincadeira e saiu. Cristine mordeu os lábios e sentou-se na cama suspirando com as mãos no rosto e os cotovelos nos joelhos.

–-Era o melhor que tinha para dizer a ele?

Cristine levantou o rosto e encarou os olhos negros de Dark, tão profundos, tão escuros, era como se não pudesse encontrar o fim e intimidavam qualquer um que os mirasse atentamente. Mal podia ver suas pupilas. Não é a toa que seu nome era Dark. Cristine franziu as sobrancelhas.

–-Você estava acordado?

Dark sentou-se, torceu o pescoço e comentou como se não tivesse ouvido a pergunta de Cristine.

–-Ooh..foi uma batida feia. Espero que não tenha quebrado nada.

Antes que Dark pulasse da cama, Cristine o impediu.

–-Espere um pouco, você estava acordado?

–-Desde quando?

–-Desde...- Cristine ficou em silêncio e sentia as bochechas coradas novamente.

Dark abafou o riso abaixando a cabeça e depois falou.

–-Está se referindo ao momento seu e de sua majestade, Rei Edmundo?

–-Eu não acredito Dark! Por que não falou nada?

–-Não queria estragar o momento de vocês dois.

–-Se não queria, por que me chutou?

–-Ora francamente, não sou obrigado a assistir coisas desse tipo.

–-Sabe que não tem sentido tudo o que falou.

–-Sei e não me incomodo. Aliás, você parecia um pequeno camarãozinho de tão envergonhada que estava.

Cristine ficou pálida. Ooh céus, que ótimo. Dark, seu melhor amigo tinha visto tudo. Como ela não tinha reparado?

–-Não se preocupe, você teve sorte de achar um amigo e não uma amiga. Não irei perguntar-lhe como foi ou se ele beija bem. Argh.

Dark colocou a língua para fora e fez uma careta que fez Cristine rir.

–-Mas quero saber se agora, a senhorita vai enfim confessar que não o odeia e sim sente um sentimento diferente?

–-Dark, eu nunca disse que o odeio.

–-E todas aquelas horas que aguentei seu desabafo reclamando sobre ele, não significa nada?

–-Está bem- Cristine levantou os braços, como se estivesse rendida- Eu confesso, por certo tempo eu o desprezei, não o odiei. É diferente. Não gostei da grosseria dele, pensei que fosse mais educado para um rei e para ser sincera, na última ilha também não gostei! Mas agora está tudo bem! E não sinto nada diferente.

–-Agradecido por boa parte da sua confissão, mas ainda acho que a última parte você poderia mudá-la.

–-Não, não poderia porque não há nada para mudar!

–-E todas as vezes que você murmura o nome dele durante o sono, ás vezes que você ficava olhando para ele durante sua leitura e no tempo livre rabiscando o rosto dele em seu caderno não há de significar nada?

–-Como você sabe dos desenhos?

–-Durmo no mesmo quarto que você Cristine e devia escolher outro lugar invés debaixo das cobertas para escondê-lo. Diga-me, o que você realmente sente pela sua majestade?

Cristine suspirou.

–-Ah Dark, nem eu mesma sei. Só sinto borboletas falantes em meu estomâgo, parece que castores estão mordendo minhas pernas e minha mente não funciona.

–-Eu poderia dizer que você está...apaixonada.

–-Não! Eu não estou! Chega Dark! Por favor, está bem? É ridículo pensar isso!

–-Se é ridículo, por que está com os olhos molhados, pequena?

Cristine tinha os olhos prontos para chorar. Ela já sabia algumas semanas, sabia no fundo o que sentia por Edmundo. Não era ódio, nem amargura, muito menos amor. Era uma paixão. Ou uma mera atração. Mas ela tinha medo disto. A paixão é perigosa, se tu não a matas no primeiro instante, ela se transforma em algo mais forte. Mas aquela paixão pelo pequeno rei, era tão torturante e tão boa ao mesmo tempo.

Nada dera certo em alguma vez e nunca daria em outra. Sempre fora pessimista nisso, era só um jeito de se defender. Era uma paixão passageira, tinha achado o pequeno rei lindo à primeira vista, aqueles olhos perfuravam o seu interior, penetravam nela, eram olhos tão simples, mas tão incomuns de um jeito distorcido para ela.

Quando foi pega por Drinian pela lanterna, teve que ser grossa com ele, como foi com os outros. Não tinha medo algum de enfrentar alguma majestade, mas sempre teve respeito para com todas, mas naquele momento foi por descuido, estava descontrolada, com raiva. E depois que ele pareceu ser grosso, nada como uma majestade, ela não teve mais nenhum respeito. Mas queria distância do mesmo jeito, porque poderia qualquer momento desabar com os olhos dele. Mas adorava sua irmã e quando teve uma conversa com ela, esperanças cresceram nela, mas lembrou-se que eles não ficariam ali para sempre. Iriam embora algum dia. E ela não estava preparada para perder mais alguém.

E naquele momento, quando ela tocou os lábios dele, oh céus! Era quase como um sonho! Um belo sonho! Mas jamais daria certo e não iria admitir para ninguém o que sentia! Se ela mesma tentava se convencer de que não sentia nada, não iria dizer isso para outro alguém. A paixão iria embora, teria que ir embora, era passageira, repetia para si mesma. Ela se levantou e limpou os olhos com as costas das mãos e foi para a porta.

–-Já que está melhor, pode ficar sozinho. Mas nada de ir trabalhar, não agora.

Saiu antes que Dark dissesse algo. Colocou o capuz para ninguém ver que ela estava chorando, mas a chuva iria ajudá-la nisso.

^.^

Enquanto isso, Lúcia estava no camarote de Caspian, dormia ali junto com a menininha Gael. Esta, já adormecia profundamente, mas Lúcia se mantinha acordada, impossibilitada de dormir, mesmo se quisesse. Ela pensava no que houve na ilha. Ela estava tão linda, estava tão deslumbrante, estava como Susana. Em certo momento, quando não conseguiu mais esperar, Lúcia espiou Gael e tirou a folha debaixo das cobertas repetindo as mesmas palavras que ali estavam escritas.

“Transforme tudo direito,

Me torne um ser perfeito.

Cílios, lábios, sem defeito,

Faça-me ela, tão mais bela,

Do que eu tão singela.”

Lúcia repetiu estas palavras em voz alta, enquanto uma névoa verde, tão pequenina andava por ali. Ao terminar de recitar, Lúcia olhou para si, esperando algum resultado. Mas não houve nada de diferente. Então, Lúcia sentou-se na cama, a tempestade já havia sumido, mas ela pouco se importou com isso. Fitava o espelho.

Ela levantou-se e ficou ali, parada. Algo estava mudando, ela podia sentir isso. Ao ver no espelho, sua camisola ia deformando-se, a saia subiu um pouco, o tecido firmou a cintura e as mangas ficaram mais curtas. Ele ia escurecendo para um azul como o céu, mas manteve pequenas bolhinhas brancas ali. Foi então que Lúcia viu no espelho seu rosto.

Os cabelos cresceram e escureceram mais, sua pele parecia ter ficado mais clara e delicada, as sardas agora eram mais clarinhas e seus olhos ficaram de um azul deslumbrante. Seus lábios pareciam ter ficado mais cheios e ganhado mais cor. Ela tocou seu rosto com cautela e sorriu. Estava linda, estava como ela.

Ela ouviu um barulho, muito familiar a algo como...música. Esta, vinha atrás do espelho. Ela empurrou e o espelho abriu-se como uma porta, revelando um lugar muito bonito. Nunca havia visto tal lugar na Inglaterra. Seria os famosos E.U.A? Garçons andando com as bandejas cheias de bebidas, servindo senhores importantes na sociedade, mulheres com vestidos elegantes e jovens rapazes muito atraentes que olhavam para Lúcia...ou Susana. Um homem anunciou.

–-Senhores, a senhorita Pevensie.

Todos aplaudiram. Susana abaixou a cabeça envergonhada, mas muito feliz pelos aplausos de todos. Todos os jovens rapazes ali lhe davam atenção com os olhos, acompanhados de elogios. Continuou andando quando Edmundo apareceu oferecendo-lhe o braço.

–-Edmundo?

–-Está muito bonita irmã.

Susana agradeceu o elogio com um sorriso.

–-Como sempre- disse Pedro chegando logo depois.

–-Pedro!- disse Susana contente ao ver o irmão. Pareciam séculos que não o via.

Os três pararam quando um homem apareceu com uma câmera.

–-Com licença senhorita, posso tirar um foto?

–-A mamãe vai adorar!- comentou Pedro- Todos os filhos dela numa mesma foto.

–-Sorria!- o homem disse.

–-Espera...aonde é que eu estou?- Edmundo e Pedro estranharam o comportamento da irmã- Cadê a Lúcia?

–-Lúcia? Quem é Lúcia?- questionou Edmundo.

Edmundo e Pedro voltaram-se para a câmera, sorrindo para o flash. Mas Susana não colaborava, tentava soltar-se do braço de Pedro o tempo inteiro e não deu a mínima para a foto.

–-Susana, o que que foi?- perguntou Pedro.

–-Por favor senhorita, um belo sorriso.-pediu o homem amigavelmente.

–-Edmundo, eu não sei de nada disso, eu já quero voltar.

–-Voltar pra onde?- perguntou Edmudo confuso com o pedido da irmã.

–-Pra Nárnia.-disse Susana como se fosse óbvio.

–-Mas o que que é Nárnia?- Edmundo continuou sorrindo para a câmera assim como Pedro.

–-Que história é essa?- perguntou Susana desesperada.

Os irmãos olharam para ela preocupados. Susana soltou os braços dos dois.

–-Para com isso!- ela pediu para que o homem parasse com as fotos.

Mas ele continuou. E continuou. Susana tapou os olhos, estava assustada. Queria sair dali. De repente, tudo ficou em silêncio e ela tirou as mãos do rosto. Estava no camarote de Caspian, novamente. O espelho estava à sua frente. Não era mais Susana...era Lúcia. Era o tempo inteiro Lúcia, mas Susana por fora. Lúcia estava confusa, tinha os lábios tremendo, quando Aslam apareceu andando por trás, até ficar ao lado dela.

–-Lúcia.- disse ele com sua firmeza na voz.

–-Aslam..- Lúcia virou-se, mas não encontrou Aslam, mas ele continuava no espelho.

–-O que você foi fazer filha?- perguntou ele com a voz carregada de tristeza e decepção, o que deixou Lúcia mais desesperada ainda.

–-Eu não sei. Foi horrível..- disse ela, sincera.

Aslam assentiu, confiava na palavra de Lúcia. Mas lamentou tristemente.

–-Mas foi escolha sua Lúcia.

–-Aslam, eu não desejei tudo aquilo.

Aslam tinha uma expressão confusa.

–-Eu só queria ser bonita como a Susana. Só isso.

Aslam por um momento fechou os olhos e os apertou, como se conte se a tristeza em lágrimas.

–-Você desejou sumir, portanto tudo o mais sumiu.- Lúcia tinha os olhos baixos, estava começando a ficar envergonhada- Seus irmãos e irmã não teriam vindo a Nárnia sem você Lúcia, você descobriu primeiro. Se lembra?

–-Me arrependo tanto...

Me arrisco a dizer que Aslam tinha deixado escapar um sorrisinho, feliz em ver que Lúcia tinha reconhecido seu erro. Aslam disse então para confortar Lúcia.

–-Você duvida de seu valor. Não fuja de quem você é.

Dito isso, Aslam retirou-se. Um estrondo foi ouvido, fazendo com que Lúcia senta-se rapidamente na cama e gritasse pedindo socorro.

–-Aslam!

A tempestade ainda acontecia, Gael ainda dormia profundamente mesmo com o grito de Lúcia, o maldito papel estava no colo de Lúcia. Fora tudo um sonho? Ou tudo fora real? Lúcia olhou para o papel, fosse real ou não, não iria aguentar mais aquilo novamente. Amassou o papel com força, levantou-se e o jogou no fogo da lareira. Da fumaça, um leão apareceu rugindo. Lúcia caiu para trás, sentada, com o tamanho susto enquanto o fogo lambia todo aquele maldito papel. Lúcia ouviu outro barulho, a porta foi aberta com tamanha força.

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Notas finais do capítulo

haaai guerreiras (again)
'-' eu sei que não ficou muito bom, mas agradeço pelos coments e a atenção de todas (; até o próx. cap. o/