One More Time In Nárnia escrita por Loren


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá! Esta é a minha primeira fic, a única coisa que mudei foi ter acrescentado Cristine para dar um clima de romance na história (; Leiam o aviso que tem no inicio da fic. Espero que gostem.



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Já não era a primeira vez que Lúcia e Edmundo imaginavam quando poderiam livrar-se daquela prisão.

Não era tão horrível, mas estarem naquele lugar, onde não era tratados como da família e não estarem juntos à Susana e Pedro era lastimável. E ooh...Nárnia. Era o que mais lhes fazia falta. Seus extensos campos verdes, as tardes de cavalgadas pelas florestas, rodeados de dríades, faunos, centauros e os animais, mas não animais normais, ooh não, os animais que falavam. As noites ao redor da fogueira, com danças, músicas e banquetes para todos. Todos tão iguais entre si, todos amáveis e gentis. A última vez foi quando ajudaram Caspian X a trazer Nárnia ao regresso, antes que o Rei Miraz destruísse o que restava. E seu líder, Aslam. Como sentiam falta de seu bafo em seus rostos, do brilho do pelo ao sol e de seu senso de direção.

Conversavam sempre aos cochichos, para que ninguém os ouvisse, do contrário apenas diriam “meu Deus, que crianças loucas! Imaginando coisas, precisam de um médico”e iriam dar-lhes um sermão sobre coisas certas demais, palavras certas demais e chatices certas demais. Haviam chegado das compras que faziam para seus tios e Lúcia terminava de ler a carta de Susana e dizia o último parágrafo em voz alta para que Edmundo ouvisse e disse tristemente.

–-“...são tempos difíceis. Mamãe espera que não se importem em passar mais uns meses em Cambridge.” Mais uns meses? Como vamos sobreviver?

Lúcia estava triste, Edmundo sentou ao lado de Lúcia na cama e pegou a carta e comentou ironicamente.

–-Deu sorte, pelo menos tem seu próprio quarto. E eu que divido com aquele chato?

Lúcia suspirou e se levantou e Edmundo se deitou na cama continuando com a carta em mãos.

–-Susana e Pedro que são sortudos. Vivendo aventuras...

–-É, eles são mais velhos e nós os mais novos, não somos tão importantes.

Lúcia olhava-se no espelho. Estava em uma fase onde começava a reparar em si mesma e pensava se outros faziam o mesmo. E sentia-se tão inferior à irmã mais velha, Susana. Como queria ser bela como a irmã...ooh...como queria.

–-Você me acha parecida com a Susana?

Edmundo suspirou e deixou a carta de lado. Estava cansado de ficar preso, longe do resto da família e talvez, chegava-se até irritar com as novas manias de Lúcia. De súbito, ele se levantou e comentou.

–-Lúcia, você já tinha notado esse barco?

Este se referia ao quadro que tinha no quarto de Lúcia. Uma mar desconhecido, com a água nadando conforme a correnteza e um barco ao longe, navegando e descobrindo as águas misteriosas. Lúcia por um instante esqueceu-se do espelho.

–-Já, é bem o estilo de Nárnia, não é?

–-É...só serve para nos lembrar que estamos aqui e não lá.

Complementou Edmundo tristemente. Iam começar uma conversa interessante, quando do nada, ouviram uma voz familiar, mas também irritante, uma voz cheia de sarcasmo e ironia, uma voz que ouviam todos os dias e adorariam evitá-la. Viraram-se para a direção da porta, de onde vinha a voz e viram seu tão “querido”primo Eustáquio, o único filho dos seus tios e graças por ser o único. Se já era difícil aturá-lo, imagina se houvesse mais?

–-Era uma vez órfãos desocupados, que acreditavam em Nárnia e contos de livros empoeirados.

Edmundo já pisava forte no chão em direção à Eustáquio.

–-Agora você apanha...

Se não fosse pela compreensão e calma de Lúcia, não faço a mínima ideia do que aconteceria com Eustáquio.

–-Não!

–-Não sabe bater!

–-A casa é minha, entro onde eu quiser. São só convidados.

Edmundo e Lúcia ignoraram quando Eustáquio entrou e fechou a porta e voltaram sua atenção para o quadro, realmente, o quadro lembrava-os Nárnia. Eustáquio se sentou na cama de Lúcia, cruzou os braços e comentou como se fosse o maior gênio do mundo.

–-O que há de tão fascinante nessa pintura? É horrorosa!

Edmundo retrucou sarcasticamente com uma pitada de irritação na voz.

–-Não dá pra ver do outro lado da porta.

Lúcia os interrompeu .

–-Edmundo, parece que a água está se mexendo.

–-Quanta bobagem viu? É isso que dá ficar lendo esses romances imaginários e contos de fadas.

Edmundo, novamente contra Eustáquio.

–-Era uma vez Eustáquio, o chato. Só lia livros inúteis, de fato.

Lúcia riu discretamente. Eustáquio, ofendido, atacou novamente.

–-Gente que lê contos de fadas viram sempre um fardo horroroso pra gente culta como eu.- Edmundo se virou, esqueceu o quadro, irritado até a última veia de cérebro com Eustáquio, que continuou a falar- Que lê livros com informações reais.

Desconfio que a veia de Edmundo estourou naquele momento, assim como a paciência que mantinha durante longos meses.

–-Fardo horroroso? Eu não vi você mexer uma palha desde que nós chegamos.

Eustáquio se levantou assustado, Edmundo era mais velho que ele e mais alto. Lúcia ainda estava hipnotizada pelo quadro, ela realmente estava convicta de que o quadro se mexia. Eustáquio tentou fugir do quarto, mas Edmundo foi mais rápido e fechou a porta e continuou.

–-Eu devia contar para seu pai que foi você que roubou os doces da tia Alberta.

–-Mentira.

–-Ah, será?

Edmundo retrucou ironicamente.

–-Edmundo, a pintura.

Lúcia sentia um vento em seu rosto, pingos d’água salgada e tinha a impressão de que o barco se mexia de acordo com as ondas. Achou que estivesse delirando, obviamente. Mas quando ela viu, ali no cantinho do quadro, uma fina linha d’água escorria e soube que não estava sonhando ou ficando louca. Edmundo ainda estava absorto com Eustáquio, descontando com as palavras tudo o que estava preso em sua garganta.

–-Eu achei eles debaixo da sua cama, e sabe o que eu fiz? Eu lambi um por um.

–-Ui, eu fui infectado por você!

Um jorro de água saltou do quadro, atingiu Lúcia e alguns pingos em Eustáquio, que se virou no exato instante e Edmundo o acompanhou. Lúcia sorriu alegre e Edmundo estava surpreso e ao mesmo tempo esperançoso.

–-Lúcia...será que...

–-Só pode ser um truque. Pára se não vou contar para mamãe.

De nada adiantou o aviso de Eustáquio, Lúcia e Edmundo o ignoravam completamente desta vez. A água já vinha em grande quantidade e nenhum se moveu, ao contrário de Eustáquio que estava assustado e desesperado.

–-Mamãe! Mamãe! Eu vou pisar nesse quadro mofado.

Passou por Edmundo e Lúcia e pegou o quadro, os irmãos tentaram detê-lo. Esperaram tempo demais por algum sinal de Nárnia, e não permitiriam que só por causa da birra de seu primo, iriam perder essa chance. Entre “não” e “para”, a água caia mais e mais, já chegando a encharcar o chão do quarto inteiro. O quadro parecia estar pesado, Eustáquio o soltou, estava ensopado, assim como os outros. A água já chegava a altura dos pés da janela, Eustáquio afundou, Edmundo depois e logo em seguida Lúcia. Não sentiam mais o chão, apesar de estar ali. O quarto já chegava no topo do armário, a mesa e cadernos flutuavam sobre a água, os móveis começaram a sair dos seus lugares e dançarem uma dança lenta e vagorosa.

Edmundo, Lúcia e Eustáquio nadavam para cima, arranjando alguma forma de respirar. Ao se darem conta, as paredes não existiam mais, a porta e janela se extinguiram e os móveis? Sumiram! Do nada! Eles só viam uma luz no alto, lá em cima, e tentavam chegar até ela, e nadavam, nadavam, e quando chegaram, era somente o sol e a água ao seu redor.

^.^

Lúcia gritou.

–-Edmundo! Edmundo!

Edmundo apareceu e depois Eustáquio, antes mesmo que Lúcia dissesse algo, uma sombra tapou sua visão e ela ficou deslumbrada e assustada. O barco, era um grande barco, o dragão estava com a boca escancarada, indo para cima dos três. Lúcia se virou e gritou.

–-Nada, nada Eustáquio, nada!

E eles nadavam contra o barco que ia contra eles mais rápido, rápido e rápido. Até que ouviram alguns “splashs”, ooh céus...estavam indo até eles. Lúcia já ficava cansada e estava atrás, quando sentiu alguém pegá-la pela cintura e alguém dizer com a voz firme e segura.

–-Calma! Eu te peguei!

Lúcia reconheceu, virou-se e assombrou-se com Caspian. Estava tão diferente da última vez, possuía barba e estava tão..diferente, mas isso não abalou a alegria de Lúcia.

–-Caspian!

Caspian comentou surpreso e algre.

–-Lúcia..!

–-Edmundo, é o Caspian.

Edmundo parou de nadar e olhou para o homem que tentava ir atrás dele para ajudá-lo, este comentou tentando trazer confiança e segurança.

–-Fiquem calmos, estão à salvos.

–-Estamos em Nárnia?

–-Sim! Estão em Nárnia.

Ooh céus, o sorriso de Edmundo era assombroso, parecia que ia rasgar a sua pele, mas não duvidem da felicidade de Lúcia. Era até difícil dizer qual estava mais animado e satisfeito, infelizmente, nada posso dizer o mesmo de Eustáquio, que ao contrário dos outros, nadava sem parar para o lado contrário do barco, e gritava desesperado.

–-Eu não quero ir! Eu quero voltar pra Inglaterra! Eu vou voltar pra Inglaterra!

Pobre do homem que tentava segurar Eustáquio. Lúcia já estava ao lado do barco, quando baixaram uma tábua suspendida por cordas em cada canto desta, onde Caspian e Lúcia subiram em cima.

–-Segura.

E então, puxaram as cordas e a tábua veio junto, trazendo os dois que estavam encharcados como peixinhos fora d’água. E o barco estava com uma bela tripulação de Nárnia. Havia homens, mas estava recheado também de faunos e um minotauro se encontrava ao longe.

Pediram toalhas para eles, quem as trouxe foi uma menina, parecia ser a única do sexo feminino ali. Não possuía traços narnianos, ao contrário de alguns poucos homens que tinham. Tinha a pele branca, nenhum pelo extremamente grande no corpo, alta, tinha olhos castanhos esverdeados e cabelos castanhos presos em um coque reforçado. A menina tinha a postura séria e não os olhos nos olhos. Lúcia sorriu amigavelmente.

–-Qual seu nome? Você não me parece ser narniana, nunca te vi antes.

A menina suspirou, não lhes nego que houve alguns olhares questionadores para a menina, como se quisessem jogar-lhes pedras, nada poderei contar-lhes agora, aguardem. De qualquer forma, a menina olhou para Lúcia e esta, ficou assustada, nunca havia visto olhos tão tristes como aqueles.

–-Meu nome é Cristine.

Antes que Lúcia perguntasse mais alguma coisa, porque ela realmente queria, Cristine se virou e todos ao redor deram passagem para ela. Edmundo havia acabado de subir e havia visto atitude da menina, tal qual ele não gostou, em sua parte, achou grosseira.Podemos afirmar que de certa forma, fora sim.

Lúcia estava confusa, havia dito algo errado? Ou seu espanto pelos olhos da menina foi tão visível assim? Caspian nada disse, somente suspirou e pegou uma toalha que cobriu Lúcia e pegou a outra para si. Sorrindo novamente, ele perguntou.

–-Como foi que vocês vieram parar aqui?

Lúcia sorriu e lembrou que estava em Nárnia.

–-Eu não faço ideia.

–-Caspian!

Caspian se virou e sorriu, lembrando-se de seu outro amigo, foi até Edmundo e colocou sua toalha sobre ele, os dois sorrindo, totalmente animados com tal surpresa.

–-Edmundo!

–-É um prazer ver você.

–-O prazer é meu.

Lúcia perguntou confusa.

–-Você não chamou a gente?

–-Não, não dessa vez.

–-Bom, mas seja qual for o caso, é um prazer estar aqui.

Edmundo comentou, mas fora interrompido por um grito familiar, viraram-se para onde estava a tábua, e no chão estava tendo uma bela de uma briga, Eustáquio estava debatendo-se com algo sobre ele que se mexia nervosamente. Até que Eustáquio empurrou o que quer que seja aquilo.

–-Tira isso de mim! Tira esse bicho de perto de mim!

Ooh, mas que adorável surpresa! Ripchip! O valente ratinho ajeitou sua espada e colocou os pelinhos no lugar.

–-Ripchip!

O rato se virou e surpreendeu-se com Lúcia e Edmundo.

–-Oh, majestades.

E fez uma reverência digna para rei ou rainha. Edmundo falou esquecendo das formalidades.

–-Oi Ripchip, é um prazer!

Ripchip ajeito a pena que carregava na orelha esquerda.

–-O prazer é meu senhor, mas primeiro, o que fazer com esse intruso histérico?

Disse ele mostrando irritação, referindo-se a Eustáquio, que cuspia muito água no convés e levantou a cabeça e apontou o dedo desesperado para Ripchip.

–-Esse rato gigantesco quase arranha a minha cara toda!

–-Eu só tentei tirar a água dos seus pulmões, rapazinho- disse Rip, ironicamente.

Eustáquio levantou-se rápido e apoiou-se na beirada do barco, se fosse desastrado, teria caído novamente do barco, mas estava tão impressionado que gritou assustado.

–-Ele falou! Vocês ouviram? Alguém mais ouviu?! Ele falou!

Um marinheiro piadista, eu creio, comentou.

–-Ele fala sempre.

E Caspian entrou na brincadeira.

–-Fazer ele se calar é que são elas.

O rato ofendido, mas não perdendo a honra, comentou respeitosamente para o rei.

–-Quando não tiver mais nada a dizer majestade, eu prometo ao senhor que não direi nada.

Caspian sorriu de lado, sabia das promessas e da fidelidade do rato e nunca duvidou dele. Mas Eustáquio continuava a gritar.

–-Eu não sei que brincadeira é essa, mas eu quero acordar, agora!

Enquanto Eustáquio gritava, Ripchip deu uma ideia que parecia bastante agradável.

–-Por que não o jogamos de volta ao mar?

Lúcia sorriu com a brincadeira e olhou Edmundo, que estava sério, e cá entre nós, pensava seriamente em cogitar a ideia. Lúcia reparou no olhar do irmão quando pediu por favor com os olhos, surpreendida, ela deu uma cotovelada no irmão, repreendendo-o.

–-Edmundo!

Eustáquio parecia que estava prestes à chorar, andou no meio da tripulação e chegou perto de alguns marinheiros, que riam do ser que parecia uma criança que perdeu o doce.

–-Eu exijo saber agora mesmo onde é que eu estou.

O minotauro chegou perto, um pouco irritado e falou com sua voz grave.

–-Está no Peregrino da Alvorada, o melhor navio da marinha de Nárnia.

Eustáquio perdeu a cor, a fala, a voz, os movimentos e o sangue. Caiu para trás e não acordou mais, todos riam e o minotauro virou-se para Caspian.

–-Eu disse alguma coisa errada?

–-Cuida dele, por favor.

O minotauro assentiu.

–-Majestade...

Virou-se para o ser pequenino caído, suspirou pesadamente e pensando porque o menino desmaiara, afinal, falara tudo direitinho. Enquanto isso, Caspian subiu as escadas do convés, virou-se para a tripulação e falou em alto e bom tom para todos ali presentes ouvirem.

–-Homens, vejam nossos náufragos. Edmundo, o Justo e Lúcia, a Destemida. Grandes Rei e Rainha de Nárnia.

Todos se ajoelharam, com todo o respeito que tinham para aqueles que já governaram tão bem a sua terra e livraram todos do temível inverno, que séculos atrás, assustava à tantos narnianos e que hoje, somente viam o belo sol trazer seu calor para eles.

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Notas finais do capítulo

Obrigada por quem leu até o final, foram guerreiras u.u kk Ainda não mostrei muito Cristine, mas no próximo capítulo ela vai aparecer mais (; Obrigada pela atenção para esta pobre novata escritora kkk