Estava tão brava com Sasuke por ter nos metido nesse lugar, que saí pisando mole naquele chão que mais parecia um chiqueiro de tanto barro. Não era de se admirar que a roda do carro ficasse emperrada ali... Argh!

— Ei, onde pensa que está indo? — perguntou vindo logo atrás de mim.

— Não vou ficar atolada aqui, Sasuke! — avisei irritada.

— Não sei se percebeu, mas você não está conseguindo sair do lugar. Seu salto afundou na lama! — disse zombeteiro. No mesmo instante, tentei levantar meu pé, mas estava realmente emperrado no barro. Argh!

Abaixei-me desfazendo as correias de minha sandália para libertar meu pé. Senti os braços de Sasuke em mim, mas lhe dei um tabefe para deixar de ser besta e se afastar.

— Não toque em mim, Sasuke Uchiha! Não preciso da sua aju... — antes que eu pudesse completar a frase, meu pé deslizou no barro e eu escorreguei, caindo de bunda no chão. Argh!!!

Para completar, a chuva engrossou ainda mais e Sasuke não parava de rir da minha cara. Aquilo me enfureceu...

Sem pensar, esmurrei o chão, o que só serviu para fazer com que meu pulso mergulhasse na lama.

E se a gargalhada de Sasuke já estava ruim, se tornou ainda pior... Argh.

— Por que não para de rir e me ajuda? Hm? — perguntei possessa de raiva.

— Ué... Não foi você mesma quem pediu pra que não a tocasse? — rebateu irônico e eu fiz uma careta pra ele, me recusando a responder.

Então, por um golpe de misericórdia naquele coração de pedra dele, estendeu-me a mão.

Assim que ele me ergueu novamente, levei a mão que havia mergulhado no barro até seu peitoral e esfreguei com vontade em sua camisa branca. Rá, toma essa!

Essa foi por rir de mim.

Já me preparava pra sua ira, mas ela não veio. Sasuke me puxou pela cintura aproximando seu rosto do meu.

Estávamos a centímetros um do outro, podia sentir sua respiração e ver seu olhar atraente nos meus... Sua mão ergueu-se até meu rosto, afastando uma mecha molhada que estava grudada ali, e acariciou minha bochecha com o polegar.

A inspeção continuou.

Suas mãos apertaram um pouco mais minha cintura e depois desceram provocantes até meu bumbum que foi gentilmente esmagado por suas garras gigantes.

Eu não queria me render a ele, mas toda aquela sedução me fez avançar para o beijo, porém Sasuke afastou seu rosto para trás antes que pudesse pôr meus lábios nos seus. E quando suas mãos largaram minha bunda, foram direto para o meu rosto.

O miserável só queria sujar a mão de barro na minha bunda para melecar meu rosto! Argh...

— Seu desgraçado, o que está fazendo? — reclamei ao afastar meus cabelos pra que não fossem também atingidos.

— Nunca ouviu falar que barro faz bem para pele, querida? — disse com seu maldito sorrisinho de canto.

— Ora seu... — Me preparei para esmurrá-lo, mas ele segurou meus braços, olhando-me com uma advertência debochada.

— Se não quiser que eu te ponha inteirinha para rolar neste barro, seja boazinha e poupe suas energias para que possamos nos abrigar, certo?

— O carro está afundado na lama, esqueceu?

— Não estamos muito longe da casa, vamos andando. Agora se preferir ficar apodrecendo debaixo dessa chuva, a escolha é tua.

— Posso esperar pelos meninos da equipe. Isso, irei esperá-los! — disse ao cruzar meus braços, decidida.

— Naruto me ligou dizendo que tiveram de se espalhar. Haviam mais policiais do que supomos, por isso tiveram de irem para uma fuga alternativa. — explicou e eu fiquei incrédula.

— Vocês tinham uma fuga alternativa?

— Sempre temos, Sakura. Acha mesmo que viríamos despreparados para uma missão? — perguntou retoricamente e deu a volta no carro, abrindo o porta malas, tirando dali uma mochila preta e colocou-a nas costas. Depois veio até mim, entrelaçando sua mão com a minha e arrastou-me consigo.

— Ai, espera, Sasuke! — pedi e ele voltou o olhar para mim sem entender.

— O que foi?

— Um dos meus saltos ficou na lama, estou mancando não está vendo? — perguntei ao apontar para o meu outro pé.

Sasuke bufou, erguendo-me em seus braços e me colocou sentada no capô do carro, em seguida segurou meu tornozelo e antes de fazer qualquer outra coisa, arrastou um olhar ardente pela extensão de minha perna, demorando-se na coxa.

Fechei as pernas imediatamente, só então percebendo meu estado deplorável. Completamente encharcada, meu vestido molhado, levantado e grudando na pele.

Ele não podia estar me achando sexy agora, podia?

Oh, mas que raios!

Abaixei meu vestido e tossi, embora não tivesse sido um gesto fingido serviu para chamar atenção. Sasuke tirou meu sapato e fazendo uma careta de nojo meus lindos e delicados pezinhos pisaram naquele barro. Argh!!!

Durante todo o caminho praticamente tive de correr para acompanhar o ritmo dele, que me puxava como o perfeito brutamonte que era.

Quando senti que todas vitaminas de meu corpo se foram, e já não poderia mais dar um mísero passo em frente, Sasuke me pegou no colo, apontando com o queixo a casinha chinfrim adiante de nós.

— Está brincando não é? — perguntei incrédula.

— Já disse que se quiser ficar na chuva, não me importarei! — respondeu ríspido, seguindo comigo em seu braço rumo àquele cafofo velho.

Assim que entramos, Sasuke me colocou no chão. O lugar estava escuro, ainda assim pude dar uma boa olhada em volta me segurando pra não vomitar...

Tinha teia de aranha nos cantos das paredes!

— Nem o Bin Laden se esconderia nisso aqui...

— Cala essa matraca e para de reclamar! — disse Sasuke ao futricar os armários de madeira podre, retirando dali um lampião. Parecia piada! Mas quando Sasuke abriu sua mochila para encontrar um isqueiro e por fogo naquilo foi que percebi... Não tinha luz elétrica mesmo!

Como se fosse um pesadelo terrível, a chuva engrossou ainda mais e começaram a soar os trovões. Comecei a tremer de medo e frio, abraçando-me enquanto observava Sasuke procurar por algo com aquele lampião.

Mais uma trovejada e fechei meus olhos com força. Só podia ser um pesadelo. Sim, você vai acordar querida, tenha fé.

— Ei... — sussurrou Sasuke, fazendo-me abrir os olhos. Ele estava com as mãos em meus braços.— Seus dentes estão batendo, precisa se aquecer... — observou, conduzindo-me a uma lareira que só então percebi que ele havia acendido.

 Encolhi-me em frente as chamas, me perguntando se Sasuke era tipo um escoteiro, náufrago que consegue fazer fogo com pauzinhos, caso nos perdêssemos numa ilha deserta. De uma coisa tinha certeza: com ele estaria a salvo, vivinha da silva.

E isso era uma merda de uma ironia!

Estava segura junto a ele, mas o colocava em perigo se levasse a diante nosso relacionamento.

Eu não podia ignorar a praga que aquela bruxa rogou... Tenho visto Sasuke correr perigo de vida toda vez que nos aproximamos.

E eu não passaria por outra morte dele, não mesmo!

Pensei até em me abrir com ele, Sasuke nos tiraria dessa maldição, ele sempre tem um plano, mas como toda mocinha de filme de terror que conta para o marido que está sendo infernizada por espíritos, ele não acreditaria. Argh...

Sacudi a cabeça tentando afastar estes tormentos dos pensamentos pelo menos um pouco, mas acabei por enfiar outros pensamentos no meu cabeção, e justo os que eu queria ignorar a todo custo.

Sasuke estava sem camisa, tirando sua calça...

Óh vida cruel!

Desviei o olhar, sentindo-me muito, mas muito nervosa.

— Tira a roupa. — disse e sua ordem demorou uma hora para chegar ao meu entendimento. QUÊ? Ele quer que eu tire a roupa? Não mesmo! — O que foi, idiota? Levanta de uma vez e faça o que eu mandei ou vai acabar pegando um resfriado! — ralhou me fazendo notar o quão encharcado estava meu vestido... Ele tinha razão.

Hesitei por um instante, me colocando de pé aos poucos e olhei para ele.

Céus, ele estava majestoso, o fogo reluzindo sua pele o deixando tão sensual... Me agarrei ao pingo de sanidade que me restara e desisti me virando. Não iria tirar a roupa na frente dele, não mesmo!

— O que há, Sakura? Acha que não sei o que há por debaixo desse vestido? Devo te lembrar que já faz mais de cinco meses que venho desfrutando desse corpo? Hã? — enfrentou-me com sarcasmo na voz, então me virei abruptamente para ele, enfiando o dedo em seu peitoral gostoso, digo, é gostoso mesmo! Argh, que se dane!

— Não ouse falar comigo neste tom de deboche, Sauske Uchiha! Saiba que estava louca quando deixei que me tocasse e não pretendo permitir que isso se repita, nunca mais! — Isso mesmo! Toma essa! Nunca mais!

— Tão pouco eu quero por minhas mãos em você! — rebateu entre dentes, fazendo-me engolir em seco.

— Você... Vo-você... Está ... Terminando comigo? — perguntei.

— E não é isso o que você quer? Admita Sakura, está desesperada pelo divórcio. Eu sabia que uma hora ou outra se cansaria da vida de casada, só não pensei que fosse já. Se tudo o que te importa é o dinheiro, vou completar a merda dessa missão, providenciar a separação e meter a merda do dinheiro na tua mão, fique despreocupada.

— Como pode dizer isso? Se quando pensei que estava pobre escolhi você ao invés de Itachi que julgava estar podre de rico? Acha que só me importo com o dinheiro, seu filho da mãe desgraçado? Pois é você quem não se importa com outra coisa, ou pelo menos não comigo, já que teve tanta facilidade em me fazer pensar que me traía com Saraí sem se importar que dava no mesmo que colocar a droga do meu coração dentro de um liquidificador e ligar no modo "Vitamina". — desabafei sentindo lágrimas inundarem meus olhos. Merda, não chore agora, não chore!

Virei o rosto para esconder minha maldita fragilidade, mas Sasuke impediu-me de esconder dele, segurando meu rosto com as duas mãos.

— Você é uma maldita patricinha de merda maluca, sabia? — perguntou encarando-me. Ele realmente pretendia que eu respondesse isso? Tsc...— Eu não sei porque você está pirando. Droga, eu não faço ideia do que tá acontecendo! Você fica toda desesperada quando falo em divorcio, mas parece que alguém vai morrer se eu te tocar! É muita incoerência para mim, entende? Já tenho muitos problemas, Sakura... Não preciso adicionar as tuas frescuras no rabo à minhas lista. Não quero fazer isso e não vou fazer isso. Então decide o que quer e rápido. — ordenou, jogando um camisetão para eu vestir e deu as costas.

Logo após nossa mini discussão, como haviam combinado, os meninos juntaram-se a nós para seguirmos com o plano. Entregaríamos o diamante roubado ao Oruochimaru, para depois, finalmente tirarem o peso do meu corpinho belo. Aquele que vem desgraçando a minha vida, é feio e nadica de nada fashion... A maldita pulseira que não combina absolutamente com nada!

Enquanto Sasuke e companhia conversavam com Ourochimaru, eu fiquei totalmente concentrada no carinha encarregado de tirar aquele treco brega do meu pobre pulso — Digo pobre, porque ele poderia estar ricamente enfeitado com uma pulseira de diamantes que tenho.

Fiquei tão vidrada em seus movimentos que a qualquer momento poderiam muito bem machucar a perfeição, que durante os cinco segundos em que ele usou para destravar, não percebi que Sasuke já me arrastava para irmos embora.

Embora...

Iríamos novamente, finalmente, felizmente, embora da América!

Meu coração já se enchia de uma enorme alegria só de pensar que Sasuke ficaria fora de perigo e que eu havia driblado a maldição! Voltaríamos à Europa, eu ficaria com o Sasuke e a velha macumbeira? Chupando dedo no inferno! Toma essa!

Enquanto Sasuke fechava a conta do hotel do qual eu fiquei hospedada, me encarreguei de fazer minhas malas. Konohamaru havia voltado para sua mala (brincadeira), o mala do Itachi havia dado o fora da casa do Kakashi sem ao menos pegar o endereço do cemitério onde sua mãe estava enterrada, e já havíamos nos despedido e agradecido ao velho galã Kakashi pela hospedagem temporária.

Peguei minha filhinha Akamaru no colo, e de mãos entrelaçadas na de Sasuke, entrei no carro para partimos para o aeroporto, onde um jatinho nos esperava. Iríamos todos aterrissar em Londres, para enfim cada um seguir seu destino.

O meu ao lado de Sasuke, obviamente, já que estava nos meus planos fazer as pazes com ele o mais rápido possível.

Nossa vida novamente voltaria a ser bela e rica!

Voltaria... Isto é, se às autoras desta fic fossem meninas boazinhas! Mas como não são e eu estou destinada a me ferrar. Novamente, colocaram uma vírgula no meu ponto final.

Argh!

Vejam bem... Eu estaria voando para o meu “felizes para sempre” se não fosse por um bando de homens que nos esperavam nada amistosos no aeroporto, com armas apontadas para nós e Ourochimaru no meio. Furioso.

Olhei para Sasuke esperando por uma resposta, mas ele estava tão surpreso quanto eu.

Quem sabe uma carta na manga?

Nem pensar!

Ainda era madrugada, o Sol sequer era cogitado para fazer companhia à minha beleza...

Estávamos a um passo de entrarmos no jatinho. Argh!

— Lembram-se quando eu disse que não conseguiriam fugir de mim? — perguntou Ourochimaru rindo com sarcasmo. — É tolice tentar, principalmente depois de tentarem me passar a perna. Esperava mais de vocês, rapazes!

— Nós cumprimos o acordo, fizemos a nossa parte. O que mais você quer além de um tiro na testa, hein? — gritou Sasuke.

— Vão fingir que não entenderam? Vejam bem... — disse e riu para os seus homens. — Devolvam a maldita da minha pedra!

— Do que está falando, seu velho desgraçado? Nós nos ferramos naquele assalto por causa do seu maldito diamante. Quase fomos em cana! E o entregamos intacto em suas mãos! — esbravejou Naruto querendo avançar no velho, mas foi contido pelos meninos.

— Esta pedra aqui? — mostrou Ourochimaru, jogando-a para Sasuke que pegou no ar. — É falsa!