Vigaristas escrita por Juh, Amanda, Taís


Capítulo 4
Boate


Notas iniciais do capítulo

Mais um, pessoal!!!
Obrigada pelos comentários!!!
Boa leitura :)



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Quando o táxi me deixou no destinatário do envelope, fiquei em frente aquela casa paradinha, analisando-a por um instante.

Era um bairro de classe média alta, até que bem civilizado. A casa não se parecia com nada, era a coisa mais neutra e rústica que já vi na vida. Fiquei um pouco nervosa, mas por fim acabei tocando a campainha.

Fiquei apodrecendo ali do lado de fora, aquela campainha devia estar quebrada, isso sim. Quando percebi que aquele sol de rachar estava acabando com o protetor do meu rosto, dei as costas para o portão — que parecia-se mais com uma armadura—, ele me puxa bruscamente para dentro da casa com um olhar infernal.

Por mais que tivesse ido atrás dele, acho que no fundo não esperava vê-lo. Ele realmente morava ali... De que planeta sinistro esse cara veio? Ele rapidamente fechou o portão, nos colocando em outro mundo...

Era uma garagem bem sinistra, e mal iluminada; pude ver seu lindo carro bem guardado ali. Olhei em volta e tive a impressão de que se um exército quisesse invadir aquele lugar ficaria só na vontade. Parecia impenetrável.

— Mas que merda está fazendo aqui?— ele perguntou sacudindo e apertando, com mais força que o nescessário, meus braços incrivelmente finos em contraste com suas mãos gingantes. Eu estava com medo daquele cara de dois metros enfurecido, babando de raiva, mas precisava tirar coragem do pâncreas e encará-lo.

— Como se não soubesse, não é mesmo Sasuke? Afinal, este é mesmo o seu nome? Vai me dizer que não me colocou naquela porcaria de avião pra ser enxotada da mansão junto com a mobília!— cuspi as palavras com muito medo de morrer, mas pelo menos minha dignidade estava em alta.

— COMO VEIO PARAR AQUI?— ele tornou a perguntar enfurecido, sacudindo meu esqueleto.

— Tenho super poderes!— dei de ombros.

— FALA! — ele gritou e meu corpo inteiro tremeu.

— Nem ferrando!

— Vou repetir, dessa vez devagar e espero que responda pro seu bem! Como chegou até aqui? Como me encontrou?— ele perguntou seriamente com suas mandíbulas trincadas, aquilo me dava espasmos. Mas não diria nada sobre a carta que encontrei, ele que continuasse a pensar que tenho poderes! É. Argh. Permaneci muda e ele não reagiu nada bem. — Ah é? Não vai me falar nada? Sakura me escute bem... Você está fodida! — disse me levantando como se fosse pena. Me jogou em seus ombros como um saco de batatas, enquanto eu protestava me debatendo como um passarinho tenho convução, mas ele nem ligou, protesto inútil.

Então me lançou como um nada pra dentro de seu automóvel. Abriu o portão automático e arrancou com o carro dali. Meus cabelos já estavam em pé por causa da agilidade com que ele dirigia. Fiquei assustadérrima com a carranca sombria dele, estava nitidamente sem paciência e eu ferradinha da silva, ferradinha Haruno... Err, ferradinha Uchiha! Ou não?

Finalmente ele parou o carro, num lugar deserto embora nitidamente próximo à civilização. Confortante. Aprender a fazer fogo e conversar com bola não era meu grande sonho!

Então me arrancou de dentro de seu carro, e jogou-me como um lixo naquele chão rústico de um concreto enrijecido, em seguida abriu minhas malas que também trouxera. Demorei uma eternidade pra perceber que estava querendo meus documentos, e quando os encontrou, enfiou em seu bolso e entrou em seu carro. Mas hein? E eu?

— Eeeeeeeeiiii, pare o carro agora, Sasuke. Não pode me deixar aqui!— gritei apavorada com a ideia. Mas ele se quer respondeu e continuou movendo seu carro. Comecei a correr atrás dele enquanto suplicava com jeitinho... — PARE ESSA MERDA JÁ, SEU BOSTA! VOLTE AQUI! VOLTE JÁ AQUI, SEU MISERÁVEL! Sasukeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee — gritei tentando fazê-lo parar. Mas ele arrancou com o carro dali, me deixando naquele lugar desconhecido, absolutamente só.

Juntei minhas coisas, pela primeira vez tomando a consciência de que eu era por mim. Estava só na vida. Sem teto, nada de família, nenhuma amiga rica, nem mesmo um marido plagiado pra contar história.

Prometi a mim mesma que se encontrasse novamente com esse filho da mãe me vingaria três vezes, primeiro por ser pobre ou pelo menos por não ser milionário, segundo por esta humilhação da qual nunca vou me esquecer e terceiro por ter nascido!

Eu estava perdida, cansada e tendo que raciocinar sobre minha perspectiva de vida. Algumas decisões precisavam ser tomadas e doía meu coração só de pensar nisto. Mas claramente não poderia prosseguir com àquelas malas, então escolhi uma deixando as demais para trás...

Foi difícil meus caros... Ou melhor, foi caro meus queridos, todas aquelas roupas luxuosas não brotavam da terra. Acho que derramei uma lágrima, e sai correndo antes que voltasse pra pegar tudinho de volta.

Depois de muito andar, encontrei ruas um pouco mais movimentadas, o bairro me parecia também ser de classe média alta, embora não houvesse muitas casas, somente comércios.

Gostaria de pedir alguma informação pras pessoas que passavam por mim, ou pra alguém dentro dos estabelecimentos, mas todos me olhavam com má vontade. Nitidamente o forte daquele povo não era comunicação. Pairava um clima sinistro naquela quebrada, procurei andar de cabeça baixa enquanto pude.

Estava cansada e sem rumo! A tarde já estava dando lugar à noite e eu já estava ficando com medo. Aquelas ruas pela qual passara eram bastante silenciosas, tanto que me assustei quando escutei algumas vozes femininas... Eram duas moças a discutir moderadamente sobre algo que não conseguia compreender, quando perceberam minha presença se entre olharam, e uma delas veio até mim.

—Posso ajudá-la?— Ela me perguntou com um sorriso bastante amigável.


— E- eu... Só gostaria de saber onde estou!— disse pesadamente, me permitindo transparecer o cansaço. Havia andando o dia inteiro, minha aparência certamente estava horrenda.


— Pra onde está indo?— ela me perguntou ainda sustentando sua expressão dócil.


— Não faço ideia!— admiti. Por algum motivo ela me parecia confiável.— Não sei pra onde estou indo...— disse por fim. No mesmo instante a loira atrás dela se aproximou com interesse, me dando uma boa olhada dos pés à cabeça.


— Como veio parar aqui?— a loira me perguntou fitando minha mala cara e linda. Fiquei com ciúmes, e triste ao mesmo tempo ao lembrar-se das outras que tive de deixar. Silenciei, não queria revelar minha vida a elas. Não sabia até que ponto poderia confiar.

— Certo querida. Não precisa responder se não quiser. — a moça legal falou comigo novamente. — A propósito... Sou Hinata! — Hinata disse me oferecendo sua mão, eu a segurei. — E esta é Ino. — Ino acenou com a cabeça.


— Sou Sakura.— após ter respondido, me arrependi de não ter inventado um nome.


— Sakura, não me leve a mal, nós queremos te ajudar. Mas preciso que me responda se tem alguém esperando por você neste exato momento em algum lugar? — Hinata perguntou. Pensei um instante em como responderia, e optei pela verdade. Fiz um sinal de não com a cabeça.


— Céus! Você realmente não sabe onde está, não é? Ou este seria o último lugar em que viria parar, seja lá quem foi que te trouxe a queria atrás das grades. — Ino disse e me assustei imediatamente com a palavra “grades”, recuando um passo.


— Acalme-se querida, por favor... Ino!— Hinata tentou me aquietar e repreendeu a Ino por ter dito aquilo. — Sakura, veja bem, deve ter notado que as pessoas não ficam perambulando por aqui, certo? — Hinata disse e eu tive de concordar.— Isto acontece, porque embora seja um bairro muito bem colocado socialmente, também é bem escondido, digamos... Estrategicamente.


— Não compreendo... Com que finalidade? — perguntei.


— Aqui é um lugar onde os "bem de vida" vêem para brincar de negócios ilícitos. É um bairro que existe somente para esconder suas sujeiras. E se você não faz parte de nada que move este sistema... Logo é despachada daqui, geralmente pra cadeia! — Ino explicou calmamente e me assustei tentando entender aquela realidade tão distante da minha.

— V-vocês são... São... O que vocês são? — perguntei confusa. Tentando entender como aquelas duas podiam fazer parte disso. Elas não me pareciam pessoas más, mas também não eram muito normais. A julgar por suas vestes um tanto sensuais, e suas maquiagens de cores fortes e bem aplicadas, logo minha ficha começou a cair.

— Gostaria de ver? Pode vir conosco se quiser... — Ino propôs.


—Ino!— Hinata lhe advertiu na mesma hora. — Talvez não seja a melhor opção pra Sakura. — ela completa olhando minhas roupas que, modéstia a parte, são lindas e de grife. Mas... O que elas queriam, comigo hein?


— Precisamos de alguém como ela, Hinata, não pode ver? Seria perfeita, nós podemos treiná-la... E depois... — Ino dizia com empolgação, mas Hinata interviu.

— Ino, a ruiva já está fazendo sua seleção. Nós combinamos que seria a vez dela decidir!

— Dane-se ela, Sakura é perfeita, nós duas a escolhemos e ela não terá como contestar... — Ino disse tentando convencê-la e eu ali como um ser inanimado sem entender bulhufas. Hinata respirou pesadamente.

— Ok, Sakura escolhe... Querida, quer nos acompanhar?— ela propôs. Ino me fitava ansiosa por uma resposta positiva.

— Pra onde exatamente?— perguntei querendo saber em que encrenca estava me metendo.


"Sweet Poison", é onde trabalhamos e vivemos. — Ino respondeu.


— É melhor ver com seus próprios olhos... Lembre-se a escolha de ficar ou não é sua!— Hinata disse. E fiquei um pouco temerosa do que seria esse tal lugar... "Sweet Poison”...

Quando as duas me consuziram ao local, que graças ao santo dos saltos alto não era longe, descobri que tratava-se de uma boate. O local até que não era capenga, menos mal.

Tinha um letreiro grande e iluminado com o nome, Sweet Poison, que se destacava dos outros estabelecimentos, era muito bem colocado.

Seguindo-as, adentrei o local e pasmem vocês... Era um luxo! O lugar não estava funcionando, a maioria das luzes estavam apagadas, mas era grande, tinha muitas mesas, o bar à esquerda do ambiente era extremamente vistoso, o cenário num geral era elegante, notava-se o glamour que poderia ser quando o estabelecimento estivesse aberto.

Mas o que realmente chamava atenção ali dentro, era o enorme palco com aqueles ferros de poli dance, e todos os detalhamentos que eram bastante sugestivos... Sem dúvidas era o foco principal.

Uma ruiva aparentemente raivosa, que seus cabelos amarrados em um rabo de cavalo e uma micro saia; estava de costas para nós, analisando várias meninas que prestavam muita atenção ao que ela dizia. Assim que nos percebeu, virou-se, olhando-me dos pés a cabeça com uma carinha de quem comeu estrogonofe de jiló, eu hein... Gostei não.

— Nem pensem em me dizer o que vieram me dizer!— A ruiva advertiu Hinata e Ino, ao me encarar.


— Acalme-se, pode dar continuidade a sua seleção, não vamos interferir... Só estamos colocando um acréscimo, isto é claro, se Sakura quiser... — Hinata disse com seu tom pacificador.


— Se Sakura quiser? Afinal quem é Sakura? Onde fica minha opinião?— a ruiva pergunta evidentemente irritada.


— Fica exatamente onde está! Nas suas candidatas bem atrás de você... Sakura foi uma escolha nossa!— Ino rebate.


— Hahaha... Hinata, usa a porcaria do teu bom senso pra admitir que essa patricinha que surgiu sei lá de onde, não serve pra trabalhar por aqui!— a ruiva disse ironizando minha capacidade de fazer sei lá o que for ali naquele lugar.


— Cale essa sua boca, Karin! Admita você, que essas varetas ridículas que você escolheu é que não tem a menor chance de trabalhar por aqui! — Ino se adiantou em responder e Karin fechou a expressão como se admitisse que o argumento era verídico, ainda que contra sua vontade.


— Sakura, venha comigo, por favor... — Hinata pegou minha mão me conduzindo pela porta que levava-nos a uma escada. Ao subirmos, chegamos num extenso corredor onde havia outras portas, entramos na última. Ino vinha logo atrás de nós.

Era uma sala mediana, uma espécie de escritório. Hinata sentou-se diante da mesa e com um sinal sugeriu que fizéssemos o mesmo.

— Pode perguntar. — Hinata disse calmamente. Ufa, pensei que minha vez nunca iria chegar.


— De quem é este lugar? Quem é aquela ruiva sinistra? Por que ela me odeia sem eu nem ter aberto a boca? Todas aquelas meninas são candidatas a quê? O que querem que eu faça? Vocês são prostitutas? — perguntei sem rodeios, precisava saber onde é que estava me metendo. Ino deu uma gargalhada.

— Gosto dessa garota! — ela disse espontaneamente.


— Bom, vamos por partes. Primeiramente gostaria de mencionar, antes de tudo, que o que será conversado por aqui, independente de sua resposta, deve permanecer por aqui! Este assunto é extremamente perigoso se comentado seja lá a quem for... Tenho sua palavra?— Hinata pergunta.


— Sim.


— Ótimo. Este lugar é uma propriedade privada, um estabelecimento que destinamos a uma casa de boate, da qual é regida por mim, Ino e a ruiva que acabou de ver, a Karin. Ela não é a criatura mais simpática do mundo como pôde perceber, mas dá seu sangue pra que este lugar seja o sucesso que é. — Hinata explicou.

— E ela te detestou porque não te escolheu. Porque você visivelmente tem pedigree e porque é mais bonita que ela. — Ino disse e Hinata riu em confirmação.

— Queremos que você trabalhe conosco.


— E não... Não somos prostitutas! Não mesmo! — Ino disse negando minha pergunta. Sorri em desculpas e alívio. Elas não estavam querendo que eu me prostituísse... Ufa de novo.

— Somos dançarinas, Sakura. Nós colocamos aquele palco pra ferver... E oferecemos o melhor entretenimento que os ricaços jamais poderiam sonhar em ter. Sem dúvidas promovemos o melhor show. — Hinata disse orgulhosa.

— E quando ela diz que jamais poderiam sonhar em ter, é a mais pura verdade!


—Não entendi?— questionei, tinha algo aí.

— Sakura, já te expliquei que este bairro é um grande sistema ilícito disfarçado, no qual os "grandes" negociam, certo?— Hinata pergunta e eu afirmei com a cabeça — Nós, ao contrário do restante, não vendemos nada, a não ser entretenimento, contudo... — Ino a interrompeu novamente.

— Contudo... Temos que ter uma maneira de lucrar com isso também! Nós o servimos e os divertimos durante a noite toda proporcionando danças, aperitivos, um ambiente agradável, garotas bonitas e... Bebidas! Sim... As bebidas são a fonte do nosso lucrativo negócio!— Ino disse entusiasmo e olhos brilhavam.

— Vocês os embebedam?


— Aqui não é um boteco, Sakura... Nós os drogamos!— ela disse. E eu esbugalhei os olhos em surpresa.


— Calma, não é o tipo de droga que está pensando. É algo medicinal, não são viciosos, apenas provocam um leve retardamento nas percepções. O suficiente para que isso não vire um prostíbulo, afinal somos muito desejadas... Recebemos muitas propostas altas por aqui. — Hinata explica.

— E é neste momento, que aproveitamos para lucrar! Quando os nossos homens de negócios estão tão confusos que não percebem o nosso grande talento em bater carteiras... — Ino disse com uma naturalidade incrível. Essas garotas estão começando a falar minha língua! $-$.

— Quanto? — perguntei imediatamente.


— Muito — Hinata respondeu.


— Quando?


— Quando o quê? — Ino questionou.


— Quando começo? — perguntei e as duas sorriram pra mim, sorri de volta.

Em uma daquelas portas estava meu mais novo quarto.

Não era lá essas coisas, mas pelo menos tinha um lugar para dormir. Coloquei minha mala num canto, tirei a peça mais simples que possuía e fui tomar um banho, estava podre e caindo aos pedaços, não sei como quiseram me "contratar".

Caí naquele projeto de cama e dormi o quanto pude, porque elas interromperam meu sono logo cedo, batendo em minha porta feito duas malucas... Atendi de má vontade e elas logo me arrastaram para o dia mais trabalhoso de minha existência.

A começar pela apresentação do lugar, naquelas trocentas portas havia nossos quartos. Alguns dos cômodos serviam de armazenamento de mercadorias, o escritório que já conhecia, banheiros e os nossos camarins.

Descendo as escadas tinha uma cozinha bastante espaçosa, e o corredor onde havia a porta que dava na boate.

Enquanto eu tomava meu café da manhã, Hinata lia pacientemente um relatório da preparação que antecedem o Show. Era minha primeira aula do dia.

Tínhamos uma equipe que apareciam somente em dia de apresentação que eram responsáveis pela limpeza do local, abastecimento do bar, manutenção de som e luzes, além das pessoas que prestavam os serviços durante o evento, basicamente o barman, DJ, as garçonetes e os seguranças.

Abríamos a boate somente e exclusivamente aos sábados. Tínhamos o restante dos dias para preparar com perfeição à próxima noite.

Segunda aula do dia era com a Karin, que de muita má vontade suportava minha presença enquanto dava aula de dança as pobres coitadas que mal podiam acompanhar seus precisos e complexos movimentos.

Começou com alguns alongamentos e exercícios de flexibilidade. Logo, começou a ensinar os passos de uma música dançante, voltando cada parte toda vez que alguém sequer respirasse no tempo errado da música.

Quando terminou sua aula, disse com um enorme sorriso que elas eram péssimas e que deveriam treinar o triplo do que haviam se esforçado a fazer hoje. Depois lançou um olhar de "você não vai conseguir", em direção a cadeira de canto na qual eu estava sentada e se retirou.

A terceira aula do dia ficou por conta da Ino.

Ensinou-me com astúcia e malícia, como executar o serviço final— bater carteiras.

Falava eloqüentemente sobre os pontos estratégicos dos quais eu deveria me focar.

Deveria observar se o meu alvo não segurar o copo da bebida com a mão direita é porque é canhoto, logo ele guarda à carteira do lado esquerdo do terno e vice-versa.

Deveria ser esperta ao criar qualquer movimento de impacto contra a pessoa. Qualquer eventual derramamento de bebida, ou um esbarrão; algo que pudesse explorar para distraí-lo, e em seguida dar o bote. O gran finale acontece quando o cliente percebe que foi um "anjo" que o interrompeu; desta maneira fica tão encantado com minha beleza que sequer imagina que acabou de ser roubado.

No dia seguinte, começaram-se as aulas práticas. Faltavam dois dias para o sábado, e elas queriam me testar o quanto antes. Fiquei com medinho, mas já passou. Mais uma aula?

Hinata veio com mais um de seus relatórios, ao que parece a parte burocrática lhe cabe.

Naquela listinha aparentemente ingênua, continham os nomes dos locais e fornecedores daquele bairro sinistro.

Me foi designado a função de ir até alguns daqueles endereços.

Com a lista em mãos, respirei fundo e sai da gaiola. Teria de aprender a andar por aquele bairro na marra. Enquanto procurava pelos lugares, ficava atenta a qualquer placa pelas ruas que pudessem me orientar onde estava.

Mas aque me parecia ninguém fazia muita questão de identificar nada por ali, nada de nomes, nem números, estava às cegas. Quando mais uma vez já estava perdida em uma das muitas ruas sem nome, pra colaborar, levei um super susto quando coloquei a mão em meus bolsos pra pegar novamente a lista e tentar me localizar... Entrei em pânico, porque não estava mais comigo, eu tinha certeza absoluta que enfiara no bolso...

— Está procurando isto, moça do cabelo rosa? — uma voz de criança disse bem atrás de mim. Me virei para olhá-lo. Era um menino, branquinho de cabelos e olhos pretos, com um sorriso ingênuo nos lábios segurando minha lista numa de suas mãos.

— Oh... Sim! Que bom que encontrou isso garoto, devo ter deixado cair... Sou tão distraída! — disse aliviada por aquele menino ter encontrado. Estendi a mão para pegar o papel, mas ele pareceu relutante em me entregar.

— Acho que devo receber pelo serviço prestado! — o garoto disse com uma de suas mãos abertas. Segurei-a e balancei. O que ele queria? — Ei, pare com isso, se quiser esse papel de volta que me pague!— exigiu carrancudo. Só o que me faltava, não?

Revirei os olhos, embora tivesse algumas migalhas que consegui com as jóias de mamãe, não as tinha comigo no momento. Tirei um brinco da orelha e coloquei em sua mão, ele o mordeu e ficou satisfeito.

— Este brinco vale mais que todo dinheiro que já conseguiu juntar garoto, agora me dê! — exigi a lista. Mas o garoto antes de me entregar deu uma analisada no papel, parecia ter alguma dificuldade em compreender o que estava escrito,mas por fim estendeu e me entregou. Me dei por satisfeita e continuei a andar... Até ele me interromper, Tsc!

— Ei, moça... Eu sei onde ficam estes lugares no papel!— o garoto disse despreocupadamente. Me virei de imediato para dar-lhe atenção.

— Sabe? Por favor, garoto... Preciso conhecê-los, mas em um desses preciso ir com urgência, pode me dizer onde fica? — perguntei e ele estendeu a mão em minha direção. Mas hein? Ele ta pensando o que? Sou uma falida!

De má vontade tirei o outro brinco e pus em sua mão. Ele sorriu vencedor. Segurando minha mão e arrastando-me com ele.

— Sou Konohamaru... — apresentou-se extasiado, parecia estar vivendo uma grande adrenalina.

Ora, só o que me faltava mesmo, nas horas vagas divertir crianças!


— Sou Sakura... — disse automaticamente. — Sabe onde fica esta farmácia de manipulação, Konohamaru?— perguntei, afinal lá eu precisava fazer uma encomenda, os demais lugares só precisava conhecer mesmo.

— Claro que sim... Conheço tudo e todos por aqui. Se continuar me pagando bem, posso continuar sendo bonzinho! Posso ser seu guia! — Konohamaru disse expandindo um sorriso enorme pelo rosto. Comecei a ter dúvidas se isso era mesmo uma criança ou um anão!

Quando finalmente chegamos a tal farmácia de manipulação, havia ali um garoto sem muita vida no rosto como atendente, Konohamaru não entrou, mas me orientou a falar com aquele garoto porque ele me responderia o que precisasse.

Não entendi muito bem o que ele quis dizer com isso, mas realmente quando tentei fazer a encomenda diretamente com o dono do estabelecimento, o garoto me disse que ele não estava e que mesmo que estivesse não falaria comigo. Estranho.

Então fiz o pedido de uma vez e solicitei que fizessem a entrega na boate. Hinata me dissera o nome da substância à qual precisaríamos para dissolver nas bebidas. Evidentemente aquela farmácia era uma fachada, para vendas de drogas ilícitas. Mas eu agi normalmente, me fazendo de santa desentendida.

Konohamaru continuou a me acompanhar na volta, explicando cada estabelecimento em que passávamos. Claro que ele não sabia a respeito das falcatruas por trás ou talvez não soubesse com exatidão.

Aquele garoto era extremamente esperto, e possuía uma inteligência incrível. Quando finalmente chegamos até a boate, ele se despediu observando-me entrar sem nada dizer. Quando me virei novamente para perguntar algo sobre ele — coisa que não tinha feito durante nossa caminhada —, mas ele já havia desaparecido.

Quando cheguei na boate, Karin estava impaciente reclamando sobre minha demora. Estava atrasada para a aula que teria com ela.

Entreguei um comprovante da encomenda à Hinata, ela sorriu por ter conseguido e mandou que eu fosse me trocar para o treinamento com Karin, foi o que fiz.

Quando voltei, Karin colocou uma música dançante enquanto sentava-se ao lado de Hinata e Ino que ficavam a me avaliar. Eu sabia dançar Valsa, Tango e Ballet... Mas este ritmo com batidas muito envolventes não!

Dei de ombros, não era nenhum bicho de sete cabeças.

Encarnei a sensualidade e comecei a me mexer, permitindo meu corpo habituar-se a música... Não me lembrava nenhum mísero passo que a Karin ensinava no dia anterior. Azar!

Comecei a improvisar e de verdade, já estava começando a me divertir, quando terminou a música Hinata e Ino ficaram de pé me aplaudindo com entusiasmo. Karin permanecia sentada com cara de bunda.

— Bravo... — Hinata dizia.


— Garota... Com essa carinha de anjo e essa dança sensual, vamos faturar muito! Sem dúvidas você será a surpresinha da nossa grande noite! — Ino disse eufórica.


— Nem ferrando que ela vai ser a atração da grande noite!— Karin se pronunciou.


— Vencida nos votos! — Hinata disse e Karin saiu pisando duro, batendo a porta atrás de si.


— Grande noite?


— Sim Sakura, aproveite para aprender tudo neste sábado, porque no próximo, daremos uma noitada inesquecível aqui no Sweet Poison... E você será a atração principal!— Hinata disse assim bem calma. Mas eu? Não tava pronta nãaaaaaaao...

— Fica fria Sakura, tu vai tirar de letra... — Ino tentou me acalmar, minha cara devia transparecer o espanto. Era muita novidade pra mim! De repente Hinata fez uma expressou preocupação, então pude perceber que lá vinha bomba...

— Sakura... Tem algumas coisas que precisamos saber! Sei que não quer abrir sua vida, mas nós confiamos muito em você, agora é sua vez, certo? — Hinata perguntou e eu assenti com a cabeça.


— Certo. — concordei respirando pesadamente.


— Como veio parar aqui? Evidentemente você é uma garota rica!— Hinata conclui.


— Era. Vim de uma família muito rica, milionária. Mas meus pais já faleceram, e não me deixaram nada além de patrimônios falidos. Por este motivo tentei me reerguer me casando... Só que não deu certo, ele era tão pobre quanto eu. Acabei parando aqui por que o mau caráter me jogou como lixo. Fim. — disse de má vontade, concluindo minha linda história. Tsc!

— Certo. Quero que saiba que todas nós viemos parar aqui por que não tivemos escolhas assim como você. Porque nossas vidas estavam destruídas. Mas tem que ter consciência, de que é um lugar muito sério.

— Entendo perfeitamente. Podem contar comigo meninas, não vão se arrepender!—disse e elas assentiram.


— Agora me diga mocinha... Por que diabos não têm documentos?— Ino perguntou.


— Porque o miserável que me deixou aqui os pegou antes de dar o fora.

— Realmente ele queria ferrar com você! Como disse, pessoas que não fazem parte do sistema acabam sendo presas. Existem policiais envolvidos com isso, e se te levassem pra cadeia, através de sua identificação dariam um jeito de te devolver de volta pro lugar de onde veio. Agora sem documentos, você fica mofando na cadeia até o fim dos seus dias! — Hinata disse. Fiquei boquiaberta com a maldade do infeliz do Sasuke... Ele queria acabar comigo de vez! Maldito.

— É verdade... E olha que de policial a Hinata entende... Ela tem uma quedinha por homens de fardas!— Ino começa a caçoar de Hinata, que também riu.

— Não posso negar, mas Ino tem queda por homens tímidos!— Hinata devolve a gargalhada. — E você Sakura?

— Ah... Eu? Tenho uma quedinha por homens milionários! — Dei de ombros e as duas riram.

Continuei a praticar, e quando finalmente chegou o sábado pude observá-las executando os furtos. E então, chegou minha vez...

Foi até mais fácil do que pensava. Por minha dura experiência de vida, sabia exatamente identificar quem eram os mais cheios da grana.

Depois que aplicávamos com todo charme e astúcia, uma pequena quantidade da substancia em suas bebidas, nos apoderarmos de suas carteiras era fichinha.

Fiquei muito empolgada com a noite, eu realmente gostava daquilo e levava mesmo jeito pra coisa. Solicitava algumas bebidas já que conhecia as mais caras e de boa qualidade e fiquei aliviada em saber que àquela noite não iria me apresentar...

A dança ficou por conta de Karin que realmente sabia o que estava fazendo.

Os homens iam a loucura com ela, enquanto nós agíamos. A noite foi um grande sucesso, e quando Hinata contabilizou todo dinheiro arrecadado, só faltei chorar de emoção. Aquele negócio realmente era rentável.

Mais uma semana de preparamentos se passou, só que desta vez Ino, Hinata e Karin se aplicaram ainda mais.

Elas de alguma forma sabiam que muitos homens estariam ali naquela noite para fecharem grandes negócios. Sem dúvidas tinham contatos e informantes que as deixavam a par. Mas enfim, foram muito mais rigorosas com cada detalhe e a mim coube a parte da apresentação.

Eu estava no camarim, vestida em um figurino extremamente sensual, com muito brilho e detalhes rosa, meus cabelos estavam soltos e extremamente lisos, pediam sobre minha cintura, destacando sua cor... Como sempre, estava linda!

Um pouco nervosa também, mas tratei de entrar na porta que dava para o palco.

Faltavam poucos instantes para me apresentar. Ino e Hinata estavam ao meu lado.

— Você está incrível, Sakura! Perfeita! Eles terão o melhor show de suas vidas!— Hinata disse empolgada.


— Com essa carinha inocente e toda essa sensualidade, faturaremos muuuuuuito... — Ino dizia entusiasmada.

Karin coordenaria a dança, mas simplesmente desapareceu então Hinata foi até o palco para anunciar minha apresentação, dei uma espiada pelo feixe da cortina. E aquilo tinha triplicado no número de homens milionários em relação à noite passada.

Respirei fundo e entrei sem titubear, assim que Hinata anunciou à "Pantera- cor- de-rosa"... Tsc!

Todas as luzes se apagaram, então me direcionei ao palco, de costas pra platéia, quando a luz voltou novamente iluminando somente a mim, eu já estava rebolando sensualmente, arrancando aplausos e gritos eufóricos da platéia masculina.

Fiquei instigando suas curiosidades pela parte em que me viro, revelando minha beleza.

Eles pediam por isso, gostariam de conhecer a face da dona daqueles cabelos cor-de-rosa incomuns até então, mas quando finalmente chegou esta parte... Sinto uma mão ferozmente me arrancar daquele palco, tirando-me rapidamente de cena...


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Notas finais do capítulo

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3 Beijos!