Admitir: ¹aceitar ou reconhecer por bom; verdadeiro ou legítimo.

Poderia admitir de bom grado algumas coisas verídicas sobre Sasuke Uchiha...

 Por exemplo, tem um abdômen perfeito com aquelas entradas marcadas que não é bom olhar por muito tempo ou se tem muitos pesadelos. Digo por que realmente sei, hum.

Braços fortes, pernas fortes, bumbum firme, costas largas, rosto másculo, cheiro másculo ao quadrado, rosto perfeito, sorriso colgate e cabelos que lhe servem de charme. Junte tudo isso e acrescentem a palavra: molhado.

Sim queridos, toda aquela carne branquinha, musculosa e úmida materializada na minha frente, logo na minha!

Já disse que ele é grande?

 MUITO grande?!

Coitadinha de mim.

Minha vontade era de fechar os olhos para não ver e sair correndo...

 Mas eu estava em choque, sabe?

Não estava conseguindo fazer com que minhas vontades chegassem ao cérebro e nem que meus olhos se desviassem dele. Droga, Droga!

O pior de tudo é que enquanto ele brincava comigo, com todo aquele jogo de sedução que fizera ao me dar aquele selinho... Delicioso. Ham. Eu me sentia feliz em vê-lo, estava com saudades dele!

Sabe... Era maravilhoso passar a ficar mais perto de Naruto. Ele era agradável e me fazia rir muito. O simples fato dele sorrir lançando aquele olhar azulado fazia com que tudo se iluminasse...

 Mas quando ficava perto do Sasuke, sentia-me segura, como se fosse sua metade fashion da maçã. Até mesmo seu mau-humor e caretas me fizeram falta.

Por isso, antes que eu pirasse de vez, agarrando aquelas costas largas e sentindo aquela barriga trabalhada, o larguei.

 Precisava dormir e esquecer a visão que tive no banheiro, mas quem disse que foi possível? Tive vários pesadelos com o Uchiha me agarrando... contra a minha vontade, claro.

Assim que acordei, pegando meu celular no qual havia uma mensagem intimidadora de "Bom dia. Acabei de comprar um carro novo, e a pessoa que arrebentou o meu antigo, vai pagar sua dívida na Sweet Poison, ainda hoje. Passarei para pegar este certo alguém às oito. Tenha um bom dia. Naruto"

Pois é, meus caros, não tenho uma folga. Lá vou eu me ferrar de novo. Mas se é para pagar logo esse raio de dívida que tenho com o loiro sapeca, o farei de uma vez.

Liguei para Ino e Hinata, pedindo permissão para fazer o show da noite. As duas deram pulinhos de alegria, mesmo que para que isso acontecesse, elas teriam de contrariar uma megera ruiva que iria se apresentar. Ela com certeza ficaria uma fera. Azar!

Passei o dia me depilando, arrumando os cabelos e fazendo as unhas. Sasuke passou o dia fora, e quando dei por mim, já era noite e Naruto veio me buscar.

Assim que cheguei à boate, Ino e Hinata me arrastaram para um camarim e terminaram a produção para a noite.

Mesmo com a minha cara de pau, devo admitir que senti um friozinho na barriga de estar ali naquele palco, com todos aqueles marmanjos babando, e em especial um certo olhar azulado em mim, com um sorriso bem sacana nos lábios.

Mas o que abalou as minhas estruturas foi o olhar negro e furioso que se instalou em mim. Minhas pernas ficaram bambas mas não fraquejei, Sasuke merecia uma provocação gratuita.

Então comecei a dançar e cantar a música da Britney.

Céus, ele estava me olhando!

Isso fazia toda a diferença. Era como se eu nem me lembrasse o porquê de estar ali, como se o meu alvo fosse apenas o Sasuke.

 Quando terminou a música, pude vê-lo saindo para seguir Karin. Saí esbaforida daquele palco, passando pelas pessoas sem me importar se estava pisando em seus pés ou esbarrando nelas.

 Meu coração de repente estava saltando no peito. Precisava ir atrás dele, mas uma mão forte impediu meu trajeto... Era Naruto.

— Foi bastante sensual... Mas não estava dançando pra mim. Estava dançando para o Sasuke! — Naruto disse num tom acusatório.

— Pare com isso, Naruto. Sasuke acabou de sair com a Karin. Preciso ir atrás dele... — informei, tentando me livrar de sua mão sem sucesso.

— Karin o chamou aqui de propósito. — concluiu.

— Ah, aquela vaca... — praguejei, sentindo meu rosto arder.

Tentei me soltar, mas Naruto me apertou ainda mais.

— Ele foi atrás dela, você está indo atrás dele, e quem está atrás de você? — perguntou com uma sobrancelha arqueada.

— Naruto... Me desculpe, mas eu preciso ir atrás do Sasuke. — disse tentando sair, e Naruto novamente me impediu.

— Não, Sakura! — pediu num tom implorativo.

— Eu gosto dele, Naruto!

 Admiti surpreendendo não só a ele, mas também a mim mesma. Senti sua mão folgar de meu braço e corri em direção à saída.

Parei diante porta da boate, observando Karin conversar com o Sasuke. Eu queria ir até lá e quebrar a cara dela, mas ao mesmo tempo não conseguia, era como se minhas pernas tivessem emperrado, e eu simplesmente não pudesse suportar esperar pelo que estava por vir.

 Sasuke entregou um pacote a ela. Legal, o que tinha na merda do pacote? Um Mc lanche feliz? Um kit de lápis da Faber Castell? Um hamster? Um cubo transformes? Uma bomba para explodir a cara daquela maldita? Não sei. Para completar a miserável não abriu, apenas grudou no pescoço do Sasuke dando nele um abraço que foi prontamente retribuído.

Fechei os olhos sentindo os se encherem.

Mas que merda, Sakura, sua fracote!

Pare de chorar agora, eu ordeno!

Ok, estou um pouco sem autoridade sobre minhas funções emocionais. Mas não custava tentar, né?! Argh.

Virei desolada procurando fugir da sensação amarga de vê-la abraçando-o e sendo correspondida. Eu não gostaria de ficar para ver o resto.

 Assim que girei o corpo, dei de cara com Naruto que me abraçou colocando sobre meus ombros sua jaqueta, em seguida levou para o lado oposto, onde estava seu carro.

Eu não queria encará-lo, sentia-me humilhada. Não só pela recente confissão, mas também por ver que Sasuke gostava mesmo da vaca.

 Recusei-me a ficar lamentando, já basta de choradeira. Naruto também não quis me cutucar, melhor para saúde dele.

 Assim que entramos em sua casa, escutamos alguns estrondos na cozinha. Olhei para o Naruto que apenas deu um sorriso torto, murmurando algo preciso com "peste".

Sem hesitar fui até lá e me deparei com Konohamaru ajoelhado numa cadeira diante da mesa, com a mão dentro de uma bacia que emanava algo parecido com farinha de trigo.

— Tia, Sakura! — Konohamaru gritou fitando-me com aquele rosto branco. Parecia ter enfiado a cara dentro da bacia, eu hein.

— Olá, Konohamaru! — aproximei-me do garoto que se pendurou em meu pescoço. — Ok, querido, vá com calma que a Tia Sakura é fraquinha viu. — avisei já que ele não parecia saber.

— O tio Sasuke é fortão! Ele veio com você? — perguntou com aqueles olhinhos brilhantes e ansiosos.

— Ele é um bundão. Um idiotão. Burrão, malucão, chatão, horrorívelzão, raputengão... Não querido, ele não veio. — sorri.

— Está tudo bem, tia Sakura? — Konohamaru perguntou assustado.

 E desde quando me tornei tia deste fedelho? Estou ficando mole mesmo, viu..

— Sim, querido. Melhor impossível!

— Já chega por hoje, Konohamaru. Vai tomar banho enquanto faço algo para comermos. Isso não é hora de estar acordado! — repreendeu Naruto.

 Fiquei olhando a cena do garoto o obedecendo. As coisas realmente estavam tomando um rumo que eu não esperava!

Naruto preparou uma comida na qual eu mal toquei. Konohamaru devorou tudo e ainda comemos chocolate de sobremesa. Era engraçado ver o garoto lambendo os dedos como se fosse o último doce do universo.

 Por fim, fomos para a sala, Naruto ficou mudando o canal da TV sem parar em nenhum, enquanto a cabeça do garoto pesava em minha perna. Quando percebi, ele já havia caído no sono.

 Juntei minhas últimas partículas de força para levá-lo até o quarto, Naruto estava tão entretido em mudar os canais que sequer notou que eu precisava de ajuda. Tudo eu, viu...

Entrei no quarto cuja porta estava entreaberta e ajeitei o garoto no colchão. Ele não se parecia com Sasuke, mas seus traços coincidiam com os dele, como os cabelos negros, a pele branquinha e até mesmo os olhos que estavam fechados num somo profundo. Argh. A última coisa que queria era me lembrar do que ele poderia estava fazendo agora.

Idiota, idiota, idiota!

Poderia ficar ali fitando o garoto dormir enquanto praguejava Sasuke mentalmente, mas a campainha lá embaixo tocou, fazendo-me sair do quarto para curiar.

Fui até a escada, parando no primeiro degrau ao escutar uma voz feminina.

Era Karin!

Mas... Como?

Fiquei ali paradinha vendo a ruiva encarar Naruto.

— Foi exatamente como previu... Ele está se livrando de mim. Eu vou embora, Naruto... — Karin resmungou.

— Que bom que está se permitindo uma vida melhor, fico feliz. Sasuke só tem um objetivo na vida e definitivamente não é ser feliz... — Naruto disse, fitando-a.

— Chega de falar nele... Vim aqui me despedir de você. Vim lhe dar o que sempre quis... — a ruiva disse desatando seu sobretudo e pude ver muito bem que aquela sirigaita estava somente de lingerie por baixo.

 Naruto aproximou dela, atando novamente as alças de sua roupa, vestindo-a.

— Me desculpe. Não estou mais interessado... — falou. Rá! Toma essa vadia!

Diante do gesto dele a vaca começou a rir malvadamente.

— Tem que parar de se apaixonar pelas mulheres que são apaixonadas pelo Sasuke, Narutinho... — debochou.

— Sasuke e eu é que temos de parar de nos apaixonar pela mesma mulher... E não estou me referindo a você. — disse deixando a vaca com a expressão mais fracassada do mundo.

 No mesmo instante ela olhou para cima me descobrindo na escada. Levantei-me, descendo os degraus, para encará-la.

— Posso conversar a sós com ela? — Karin pediu a Naruto que me olhou para saber se eu queria. Acenei positivamente com a cabeça e ele saiu pela porta.

Fiquei olhando-o sair até que a porta batesse e voltei a encarar a ruiva.

— Eu não gosto de você. — anunciou seca.

— Pule para novidade. — disse irônica.

— Mas, por alguma porcaria de motivo, ele gosta — continuou. — O que me conforta... É o fato de que eu o conheço, e ele nunca vai ter nada com você, porque prefere seus próprios planos. Não tem espaço no coração dele nem para mim e nem para você! Somente vingança. — Karin disse dando uma risada sem ânimo e prosseguiu. — Por muito tempo, depois que já havia fugido com Sasuke, eu pensei em voltar para matar o meu pai... Queria me vingar! Queria vê-lo pagar pelo que me fez... Eu tenho dificuldade de amar a mim mesma até hoje! Sabe o que é isso? Sabe o que é ser rejeitada a vida toda pela pessoa que mais ama? — limpou uma lágrima que escorria pela face pálida. — Mas o destino providenciou o castigo dele. Meu pai sofreu muito com um câncer descoberto tarde demais, antes de morrer...

De repente bateu em mim a mesma melancolia... Tínhamos algo em comum. Essa fora a mesma causa da morte de minha mãe.

Engoli o nó na garganta me mantendo forte.

 — Então recolhi os pedaços do meu coração e entreguei nas mãos do Sasuke... e ele não quis. Embora eu já tenha tido por muitas vezes seu corpo, nunca tive seu coração, e isso só me machucou... Me sentia usada, mas ao mesmo tempo feliz, pela simples migalha que ele me dava. Joguei isso na cara dele e me arrependi, porque desde então ele nunca mais me procurou para se satisfazer... Mas sei muito bem que ele atribuiu esta função a você!

— Ele nunca... Nós... Ele nunca me tocou. — contei e ela me encarou com um misto de surpresa e espanto.

Enxugando as lágrimas. tornou a falar.

— Ele me deu muito dinheiro, e eu estou indo embora hoje mesmo. Tentar refazer minha vida... Só que antes quero lhe dar um aviso... Cuide bem dele, ou eu volto só para arrancar estes cabelos ridículos! — disse direcionando-se a porta, mas antes me encarou novamente. — Até nunca mais, patricinha!

Fiquei paralisada por um bom tempo naquela sala, absorvendo tudo o que essa baranga havia me dito, na verdade até Naruto voltar ficando na minha frente, segurando meu queixo para me tirar do transe.

— Está tudo bem? — perguntou preocupado.

— S-sim... — respondi com dificuldade. Não estava nada bem!

— Vou arrumar a cama para você descansar, eu durmo no sofá da sala hoje... — avisou, virando-se para as escadas, mas o impedi.

— Não. Obrigada, Naruto... Eu quero ir para casa, agora...— disse e ele uniu as sobrancelhas.

— Sakura, o que eu disse pra Karin... Bom, qualquer homem ficaria maluco com você! Não quis dizer que te amava e nem nada, continuamos apenas amigos, só não posso fingir que se você quisesse, eu teria um compromisso com você! — Naruto disse deixando-me confusa, vermelha e desesperada para ir embora. — Olha, eu amo você como amigo... Tenho carinho, cuidado, respeito. Não quero que pense que estou tentando competir com ele, quero dizer que se você precisar de mais que um ombro amigo, eu gostaria de ser essa pessoa. — me encarou e eu me aproximei para beijar a sua bochecha.

— Obrigada.Você merece alguém muito melhor que eu... Não quero te dar migalhas! — disse lembrando do que Karin havia dito.

Naruto assentiu e me abraçou, em seguida me levou para casa.

É tenso quando você está passando em um lugar assustador, mas parece que está numa esteira lenta, sem sair do lugar, pronta para ir na direção oposta da luz.

Sim, quando entrei em casa, quis passar despercebida pelo Sasuke que estava sentado no sofá fitando o nada e com um copo de uísque na mão. Eu quis, mas não rolou. Droga.

— Por que não me fez o grande favor de ter passado a noite fora também? — falou ainda de costas para mim.

— Ah sim, claro. Para você se divertir com sua amante pelas minhas costas? — disse e ele riu.

— Não inverta o fato de eu ter pegado você se exibindo para Naruto naquela boate, Sakura.

— Me diga o que você foi fazer lá, Sasuke? Me ver apenas dançando que não foi! Eu vi muito bem você e a Karin bem juntinhos! — é, eu não ia sair perdendo naquela discussão.

— Então me diga exatamente o que viu entre Karin e eu! — falou levantando-se para me encarar. — Não seja ridícula, Sakura. Não tente fantasiar o que não viu, para simplesmente tirar seu corpo fora da real situação. Situação da qual você cometeu adultério, não eu!

— O quê? Acha que o traí com Naruto?

— Confirmarei isto amanhã quando o mesmo vier esfregar na minha cara que ficou com você. Ele vai adorar fazer isso, e eu vou adorar mais ainda acabar com vocês dois... Ou acha mesmo que o que te falei no telefone era blefe? — ameaçou entre dentes pregando seus olhos negros e furiosos nos meus.

— Mas agora é você quem está fantasiando, Sasuke! Apenas subi naquele palco para pagar minha dívida com ele! Jamais quebraria nosso acordo! — me defendi e ele riu sarcástico, colocando o copo de uísque na mesinha.

— Tem certeza? Porque acho que o único que está cumprindo aquela merda de acordo sou eu! — reclamou e de repente meus olhos estavam cheios de água, preste a transbordar... Tudo fez sentido.

— Então é isso? Você não vê a hora de acabar com este acordo e se ver livre de mim de vez, para enfim, voltar a sua vida de mulherengo e pegar a ruiva?

— Não coloque palavras na minha boca! — defendeu-se e eu desviei meu olhar do seu. Não queria que ele me visse chorar, mas estava difícil. Saco. — Sakura, às vezes eu acho que você se esqueceu que vamos nos divorciar. Está sempre fazendo compras desnecessárias, como se fosse ficar aqui para sempre, e se metendo nos meus assuntos, na minha equipe...

— Eu sempre soube desde o início que nós iríamos nos divorciar, não me esqueci disso!

— Ah, não? Então pretende levar a banheira, e todos aqueles utensílios que comprou para esta casa com você? Admita que fez tudo isso porque achou que iria ficar, que finalmente arrumou um burro de carga para se encostar!

— Quero o divórcio o quanto antes, Sasuke. Quero finalmente me ver livre de você... — o interrompi limpando minhas lágrimas, passando por ele a fim de chegar às escadas e acabar com esta discussão, mas ele me parou, agarrando-me pelo braço.

— E você terá. Nossa última missão é amanhã, e o nosso divórcio está mais perto do que você imagina... Mas lembre-se do nosso acordo, Sakura. Não estou brincando. — disse entre dentes me soltando.

— Eu não o traí com Naruto — senti a necessidade de dizer, mesmo ele não merecendo.

— E eu não te traí com a Karin... Mandei-a ir embora. — contou e eu tive uma parada cardíaca.

 Sasuke estava mesmo me dando satisfações? Não consigo entendê-lo!

Subi as escadas irritada.

Aquele papo de divórcio era uma coisa nova para mim. Eu sei, eu sei, desde o início meu plano era me ver livre de Sasuke o mais rápido impossível.  Acontece que meu coração não gostou nada desta informação.

De repente bateu um vazio desconhecido dentro do peito. Não sei se era porque finalmente iria se concretizar a saída de Sasuke da minha vida, ou a minha na vida dele.

Toda essa realidade atual que vivo já pertencia a ele antes, eu era a intrusa aqui! Serei eu a ir embora, a abandonar a casa, minha hidro, meu cartão de crédito, meu sofázinho duro e proporcional ao meu corpo, meu super diamante na aliança, a bat caverna... O Sasuke, a segurança que ele transmite.

 As missões que por mais que eu reclamasse eram divertidas, mostravam-me que eu era capaz, e me davam o maior prazer de cumpri-las, pois logo em seguida sempre vinha o reconhecimento de Sasuke. Tá, eu vou sentir falta dele, mas vai passar... Assim espero.

Ajeitei meu sofá, deitando-me em seguida. Demorei a pegar no sono, lembrando-me dos meninos, do Konohamaru, de Ino e Hinata...

 Será que manterei contato com eles quando eu for?

Automaticamente lembrei de Temari, que desde que minha vida teve essa reviravolta, nunca mais nos falamos. Todas as vezes que ela me ligada eu não atendia, tinha vergonha de dizer que estava nessa vida criminosa. Será que vai ser assim com Naruto e o resto de meus amigos? Com Sasuke também? Oh, God, meu futuro estava nublado!

Acordei com a única constatação em meio a esse perrengue que estou passando: meus olhos estavam inchados!

Maldito seja o choro!

Lavei o rosto dando uma encaixotada na minha cara linda de derrotada. Desci as escadas pegando a correspondência que havia em cima da mesinha ao lado do telefone.

Ué, não eram contas, era um convite...

— Prepare seu melhor vestido que hoje iremos numa festa da alta sociedade... Em missão. — Sasuke me informou aparecendo atrás de mim e tomando o convite de minhas mãos.

— E você me diz isso só agora, homem? Eu não estou em condições de me arrumar! São muitos ajustes para pouco tempo! Oh, céus, eu não tenho vestido! — choraminguei desesperada.

— E todas aquelas roupas que se apoderaram de todo o meu closet? —perguntou indignado e eu me lembrei que estava com raiva dele.

 Farei este esforço pelo mundo fashion, pessoal.

 Darei um gelo nele depois, pois o caso agora era muito grave.

— Aquilo ali? São só roupinhas para o dia-a-dia! — disse me abanando para não desmaiar.

Como ele não me avisa de um evento tão importante?

— Aé? — Sasuke disse, aparando-me do meu quase desmaio... Oi?

Correção: arrastando-me pelo braço escada acima.

 Ai, ai, esse homem não tem jeito!

 Levou-me para o closet, abrindo uma das portas que por lá desceram uma cachoeira de roupas.

 — Se não tem roupas, o que são tudo isso, hein? — falou apontando para os trapos que caíram dali, e eu tive mais uma constatação: Não tenho roupas!

— Céus, agora é oficial, eu não tenho nada para usar! E não tenho tempo para comprar nada porque tenho que arrumar meu cabelo, unhas e... Céus, eu não tenho sapato e nem joias também! Me segura que eu estou tendo um AVC e a culpa é sua que me avisou em cima da hora! — choraminguei, perdendo minhas forças.

Já estava até me imaginando no lugar da “Carrie, a estranha”! Mas a carapuça não me serviu porque ela foi linda no baile, e eu não vou. Nãaaaaaao!

— Chega de drama, Sakura! Se não quiser ir, é só dizer. Não fique inventando desculpas mentirosas! — Sasuke disse revoltado. Mas é óbvio que eu quero ir. Era a minha última missão!

— Não, não... Eu quero ir! Eu vou! Eu assassino o mundo fashion em nome da última missão, mesmo sabendo que amanhã serei capa de todas as revisas e ganharei o prêmio de mais mal vestida do século. Eu faço isso em nome do sucesso da missão! — anunciei e ele revirou os olhos, enfiando-se no banheiro.

Sendo assim, peguei o meu vestidinho ‘menos pior’ e fui me sentar na cama para pensar um pouco no que fazer com ele, já que eu vou pagar mico de qualquer jeito.

 Olhei para o criado mudo encontrando o celular de Sasuke e...

Droga, o que ele está fazendo em minhas mãos, hein? Hahaha, mágica?

Teletransporte?

 Já que está aqui, vou espionar, né?

 Hmm... Touch screen.

 É tão complicado esses celulares da nova geração...

Eu queria ver as fotos, mas acabei olhando o registro de chamadas, que chato né? Pois é!

 Eu queria voltar à tela principal, mas acabei rolando para baixo e...

Olha só, ligações da Karin!

Eu queria sair daquela parte, mas sem querer, acabei apagando as ligações não atendidas. Ops!

 Então desci mais a tela, a fim de sair daquilo.

 É chato ficar fuçando a vida dos outros, sabe? Falta de não ter o que fazer, e eu estou cheia de coisas para fazer...

E olha só, meu número!

 O que eu estava fazendo ali?

Vou ter que conferir, não é? Vai que tem uma impostora querendo roubar meu lugar.

Cliquei em cima da minha ligação, era uma mensagem de voz. Cliquei para ouvi-la...

— A Mamãe falou tudo errado, e... E... Eu não entendo, sabe. Ela disse que ele seria rico e legal comigo, e por isso meu coração ia ficar feliz em vê-lo. Mas daí... Acontece isso, só que com você. Logo com você, Uchiha! E ainda tem aquela sua bat caverna dos infernos e o idiota do Bruce Wayne que decidiu virar você. O Naruto que virou você, a multidão que virou você... Droga, tenho que pedir para o Lee um colírio do bom, eu só enxergo você, droga. Fora essa vontade de te dizer que... — assustei-me ao ouvir a porta do banheiro bater.

 Virei às pressas, assustada encarando Sasuke que me encarava também. Droga!

Tentei parar aquela mensagem do cão, mas tudo que o celular fez foi bloquear a tela... Droga, droga!

Clicava na tela a fim de parar aquilo, mas o celular pipocou na minha mão indo para no chão...

— ... Eu gosto muito de você, a ponto de estar te amando mais que meus sapatos novos. — Merda!

 Pisei no celular a fim de encerrar a maldita gravação.