Eu estava cansada, esgotada, derrota, estressada e assustada. Fora ameaçada, xingada, torturada e mais um montão de coisas terríveis que terminam com "ada"...

Quando acabou a aula diabólica e vingativa do carrasco do Sasuke, saí daquela salinha da tortura de sua bat caverna indo direto para o quarto.

A ideia era hibernar. Meu cansaço era tanto que eu sabia que se deitasse entraria em coma. Mas não quis dar o braço a torcer, todos os meninos iam à festa da piscina de Naruto, inclusive Sasuke, e eu que não iria ficar para trás.

Tomei um banho deixando que as energias negativas, o cansaço e toda aquela podridão descerem pelo ralo.

Saí de lá renovada e fui me trocar. Coloquei um vestidinho branco que servia de canga por cima do meu biquíni também branco. Calcei meus saltos, e fiz uma maquiagem básica. Deixei meus cabelos soltos, e pronto, estava perfeita para sair.

Peguei minha bolsa e fui me encontrar com Sasuke, que me esperava impaciente na sala. Tsc!

Fomos em seu Lamborghini, e não trocamos nenhuma palavra durante trajeto, a não ser, na hora que eu liguei o som e comecei a cantarolar Britney Spears baixinho. Ele reclamou e desligou o rádio na mesma hora, mandando-me calar a boca, e dizendo que minha voz era insuportável. Chato!

Assim que adentramos na sala de Naruto, vimos os meninos conversando descontraidamente. Sasuke segurou minha mão conduzindo-nos até eles.

Chegamos no fim de algum assunto, Sasuke ficou atrás de mim com as mãos em volta de minha cintura. Encostei minha cabeça que batia em seu peito, fazendo-me sentir baixa assim tão perto dele. Tsc...

— Olha só pra esses dois juntos! Não são bonitinhos? Até que enfim chegaram, hein! — disse Naruto com seu sorriso sapeca. — Conte  como foi que decidiram se casar para nós. — provocou.

Sasuke mantinha a mesma expressão, como se não ligasse. Já eu estava virada no cão, afinal à noite na boate não foi esquecida coisíssima nenhuma. Rum...

— Que ideia, Naruto! — Sai o repreendeu e eu dei aleluia mentalmente por ter alguém com bom senso ali. — Queremos saber desde o começo, como é que foi que se conheceram? — ele perguntou, e se eu soubesse dar uma voadora, neste exato momento o teria feito. Argh.

Quando ia abrir minha boca para responder, Sasuke se manifestou...

— Na verdade... É uma história bem curta. Eu estava num clube, aplicando alguns golpes, quando Sakura com sua incrível capacidade digna de um zaroio, esbarrou em mim e caiu feito uma jaca podre no chão. Por pena e dó, fui socorrê-la. Foi amor à primeira vista, né Sakura? — Sasuke disse enquanto meu sangue borbulhava nas veias, mas por fora, apenas sorri com elegância. Argh...

— Sasuke, seu bobinho. Conte direito... Na verdade eu esbarrei no Sasuke, porque estava de olho num negão gostoso que estava passando e que não desgrudava os olhos de mim, no momento da paquera, eis que Sasuke surge como um poste na minha frente. Aí sim... Não foi amor à primeira vista ainda. Eu o achei estrainho, sabe... Não fazia meu tipo nem de longe, mas como ele não parava de se desculpar pela minha queda, fiquei com dó e aceitei o perdão que ele implorou de joelhos... Sim, de joelhos gente acredita? — disse sorrindo e fingindo emoção.

— Na verdade, querida, eu me ajoelhei pra olhar a calcinha de sua amiga que veio te socorrer. Ela usava uma saia tão curta que não resisti e pedi perdão a ela, por ter feito se levantar de sua cadeira só pra vir te socorrer. — contou Sasuke.

— Temari? Oh, não querido. Ela entendeu minha queda como um passo de dança, de tão gracioso que foi. Ela só se aproximou porque pensou que você iria me sequestrar, sabe... Você me olhava como um psicopata, e ela te confundiu com estes Seriais killers. Tadinha, mal sabia que queria me defender do amor da minha vida. — disse sorrindo para Sasuke que me mataria assim que chegássemos em casa. Certeza.

— Poxa... Incrível mesmo! Mas e daí vocês trocaram telefones? — Naruto perguntou, colocando mais lenha na fogueira. Mas como eu estava cheia de ódio do Sasuke, entraria no joguinho dele e iria até o fim.

— Sasuke suplicou por meu número. Mas fiquei com medo dele e neguei imediatamente, sem falar que no dia seguinte... Ah, no dia seguinte, enquanto eu fazia minha corrida matinal, percebi que Sasuke estava me seguindo e realmente fiquei preocupada quando o vi na porta de minha casa, só me esperando sair, pra me abordar, como este pessoal que te para na rua pra vender alguma coisa Paraguai, sabe? Pois é... — contava quando Sasuke me interrompeu.

— Na verdade eu só estava passando na rua e nem sabia que Sakura morava ali, mas tive que inventar que estava lhe seguindo, só pra conquistá-la. Desculpe-me te revelar isto só agora, querida! — Sasuke disse nitidamente atuando e prosseguiu. — A maluquinha da Sakura tomava tanto anticoncepcional para controle de espinhas, somado ao até então recente problema com alcoolismo que tinha, que ficou parecendo a Amy Winehouse no meio da rua, totalmente desorientada. Eu tentei avisá-la de que não era seguro tentar atravessar a rua bêbada àquela hora da manhã, mas a coitada insistiu. O que provocou um terrível acidente com os ciclistas que passavam pela rua. Eu tive vergonha de mostrar que a conhecia, mas contava com que a forte pancada que ela levou na cabeça, a fizesse perder a memória e não anunciasse que me conhecia, não ia pegar bem... Sabe o que dizem né: me diga com quem andas e te direi quem és! — Sasuke continuava inventando, mas o interrompi antes que saísse mais merda dali.

— Helooooooooo! É: me diga com quem andas e te direi quanto ganhas! — corrigi o ditado que o coitado disse errado. — Mas então, na verdade verdadeira, eu escolhi me jogar na frente dos ciclistas! Sim, querido... Não contava com essa né? Desculpe-me a revelação só agora, mas o que ocorreu de fato foi que vi a possibilidade de morte e a agarrei com unhas e dentes. Tudo pra não ser torturada ou sequestrada por um Serial Killer. — disse sorrindo.

— A verdade é que o que eu mais temia aconteceu. Sakura ficou doida das ideias quando bateu a cabeça, lembra-te querida? — antes que eu abrisse a boca pra negar ele continuou. — Quando fui resgatá-la naquela moita, Sakura estava cheia de galhos e flores silvestres no cabelo e começou a me agarrar feito doida. Estava completamente descontrolada e me beijava enlouquecidamente. Ainda por cima dizia incontáveis vezes que me amava. Desculpe revelar isso querida, acho que não havia te contado essa parte do teu surto. — disse Sasuke com uma frustração fingida. Argh...

— Lembro-me perfeitamente, querido. Eu temia do fundo do coração partir cedo demais, e a saída que encontrei foi distraí-lo com meu super beijo.

— Que por sinal era horrível. Pensei em sair correndo, mas dai vi que seu joelho sangrava e fui atrás de curativos.

— E quando terminou de colocar o esparadrapo, romântico como sempre, beijou meu machucado pra sarar mais rápido e aí sim... Você ganhou meu coração, Sasuke. — completei roçando a ponta de meu nariz na do dele. Ele me fuzilou com os olhos por isso.

— Sakura me deu o número de seu celular, me chamou pra jantar. Começou a contar sua história de vida e... — Sasuke dizia, mas eu o interrompi.

— ... Sasuke chorou. Sim, Sasuke chorou como um bebê. Estava com o coração partido por saber que eu estava órfã e só neste mundo. — eu disse.

— Sim, eu me aproveitei do excesso de cebolas que usavam na comida e que fazia meus olhos arderem, pra fingir estar comovido para Sakura. Desculpe-me a revelação querida, é que eu não queria parecer insensível.

— Insensível? Sasuke secou minhas lágrimas com a língua. Cobrindo-me de beijos... — disse encenando.

— Foi quando ela se levantou, subindo em cima da mesa do restaurante. Confesso que fiquei envergonhado, desconfiando de algum possível desvio mental, mas era apenas Sakura me pedindo em casamento. Todos pararam para ver. Foi um verdadeiro desastre. — Sasuke disse e se eu tivesse uma bazuca acertaria o alvo certo dessa vez: sua cabeça.

— Como Sasuke pretendia fazer o mesmo, tirou o diamante do bolso e enfiou em meu dedo... — fiz a demonstração com minha aliança. — bradando um poema que falava de amor do qual se esforçava para decorar e me dizer. E apesar de gaguejar entre os soluços do calor da emoção, e me matar de vergonha, foi lindo, né querido?

— Até o pior acontecer: Sakura se desequilibrou de cima da mesa, caindo de cara no chão, mais uma vez, e desmaiou. Fiquei com tanta dó, que quando ela acordou e começou a insistir para se casar comigo o quanto antes, acabei cedendo e a levei para Las Vegas, onde oficializamos o nosso matrimônio. — Sasuke finalizou, uma vez que eu não tinha mais nem ideias em meu cérebro para continuar com a papagaiada.

— Poxa... Estou sem palavras! Não se encontra história de amor como essa por aí... — disse Naruto com um brilho divertido no olhar.

— Toda essa falação me deu sede. Vou buscar bebida para nós. — disse lançando um olhar furioso de modo que só Sasuke visse.

Ele assentiu com a cabeça. E eu me enfiei na cozinha, procurando por um copo, quando Naruto surgiu ao meu lado.

— Então é isso? O casamento é uma farsa? — perguntou. Mas é claro que aquelas perguntas era uma armadilha sua para descobrir que o casamento é uma verdadeira farsa! Bufei, em admissão. — Por que se submete a isso?

— Porque tenho um cartão de crédito com um limite gordo em mãos! — respondi.

— Agora entendo o porquê de Sasuke ter aberto a carteira pra você. Seria tão mais simples se tivesse me contado. — disse Naruto.

— É verdade, talvez não me fizesse passar esta vergonha, não é mesmo? — perguntei com uma sobrancelha erguida e ele riu.

— Apesar de tudo, eu acho que Sasuke pode ser domado. — O loiro mudou de assunto, com uma expressão pensativa.

— Domado? — perguntei. O que se passava naquela cabecinha loira, hein?

— Sim, já vi Karin tentando de tudo nessa vida para atrair a atenção de Sasuke, ou somente tirá-lo do sério. Mas nunca conseguiu. E isso me faz pensar que talvez você consiga amolecer aquele coraçãozinho de pedra.

— Acha mesmo que Sasuke olharia pra mim?

— E quem não olharia. Você é linda Sakura, e sabe bem disso. — o loiro disse rindo.

— É eu sei, mas Sasuke nunca me fez um elogiozinho sequer. — disse sem esconder a frustração.

— Como eu disse, ele tem um coração de pedra, não é uma tarefa fácil. Tome isso como um desafio.

— O que ganho com isso? — perguntei. Afinal, precisava saber quais eram meus lucros nessa presepada.

— Cinco mil dólares? — ofereceu o loiro franzindo o cenho, como se isso fosse doer em seu bolso.

— Ah não, Naruto, pode aumentando esta quantia aí. Pagando mal, que bem tem? — questionei e ele riu.

— Esse seu ditado está meio errado, não?

— Hein? Naruto, não mude de assunto, pode soltando a bufunfa.

— Ta, ta... Dez mil dólares!

— Quinze mil e não se fala mais nisso! — negociei e ele bufou, cedendo.

— Feito. — aceitou, me passando as bebidas. Yês! Ganheeeeei lero, lero.

Sendo assim, voltei para a sala.

Os meninos continuavam na roda em volta de Sasuke, que estava sentado no sofá da sala. Adentrei no meio deles indo em sua direção, dando-lhe sua bebida e me sentei em seu colo, segurando sua mão livre em minha perna.

Percebi quando ele me olhou de canto com a iniciativa, mas eu apenas disfarcei brindando meu copo no dele.

— Tim-Tim. — disse sorrindo e ele virou tudo num gole só.

— Tão comemorando o sucesso do treino, é Sakura? — Neji perguntou.

— É... Já estamos sabendo que mandou muito bem nas aulas, principalmente na de Sasuke... — Naruto disse juntando-se a nós. Estranhei eles estarem sabendo. Sasuke havia comentado sobre meu treinamento com eles?

Lee foi falar algo no ouvido de Shikamaru.

— Lee mandou dizer: não é pra qualquer um acertar o alvo assim logo de início. Parabéns. — Shikamaru transmitiu a mensagem de Lee.

— Obrigada, Lee! Bom... Pensei que tinha sido péssima! — disse com sinceridade, afinal, Sasuke não fazia outra coisa a não ser me xingar, dizer o quanto eu era burra e fazia tudo errado.

— Vamos parar de conversinha... Onde está o Gaara? — Sasuke perguntou mudando rapidamente de assunto.

— Ah... Não vem hoje, só o veremos amanhã mesmo. — Naruto disse trocando um olhar cúmplice com Sasuke que pareceu captar o que o loiro queria dizer. Eu não entendi bulhufas pra variar.

— Vocês não me falaram nada a respeito da "missão" de depois de amanhã. — comecei a sondá-los, lembrando-me que Shikamaru havia dito que seria minha primeira atuação na equipe.

— Sim, vamos te explicar tudo amanhã. — disse Neji e eu dei de ombros.

— Estamos esperando o que para batizar Sakura? — Sai disse sorridente.

— Oi? — perguntei, tentando achar significado naquilo.

— A piscina de Naruto! Nunca deu um Tibum lá. Quero te mostrar como se dá um mortal aquático. — Sai disse empolgado. — Sem falar que ainda não vi como seus cabelos ficam quando estão molhados! — Mas que tara era essa que ele tinha por meu cabelo? Eu hein.

— Vamos, Sasuke? — perguntei olhando-o.

Dava até dó de ver Sasuke todo confuso com minha mudança de humor repentina.

Mas ele não iria escapar de nossa conversinha. Sim, afinal não gosto de nada mal resolvido!

Aquela noite na boate com a vaca da Karin não vai passar esquecida coisíssima nenhuma, já disse isso? É.

Não sei se isso acontece com vocês também, ou se é apenas com minha língua podre mesmo.

É eu tocar num assunto ruim, que ele se materializa em minha frente... Argh!

Assim que eu e Sasuke pisamos os pés para fora, avistei do outro lado da piscina o loiro segurando Karin pelo braço, enquanto ela se esforçava para se desvencilhar dele.

Nitidamente não tinha sido convidada para a festa. E quer saber? Não vou ficar aqui de braços cruzados, não! Darei início as minhas táticas de sedução, afinal são quinze mil dólares em jogo baby!

Olhei para a pista de dança que Naruto fizera na área externa, onde tinham muitas pessoas bebendo e dançando descontraidamente, e eu é claro, não ia ficar de fora.

Imediatamente arrastei Sasuke que estranhou, apenas dei de ombros e comecei a dançar na frente dele.

Não foi tão mal quanto eu pensei, ele ficou paradinho me observando rebolar a sua frente. O que se passava naquela mente maligna dele? Só Deus sabe.

Peguei o copo de bebida que estava em sua mão e virei de uma vez, deixando que uma gota escorresse por meus lábios e descessem em meu colo. Muaaah... Obrigada por mais este ensinamento sexy, mamãe!

Depois que os olhos do Uchiha acompanharam o caminho da gota que desapareceu em meus seios, virei de costas para ele, segurando em seu quadril e rebolando até o chão.

Sasuke segurou minha cintura, e eu me virei novamente para ele, encarando-o com um olhar fatal. Enlacei meus braços em seu pescoço, sentindo nossos corpos se ajustarem, o calor que vinha dele, e então foi minha vez de ficar hipnotizada por seu olhar, que lentamente caiu sobre meus lábios, fazendo-me engolir a saliva e desejar por um...

— Aceitam, senhores? — um garçom surgiu ao nosso lado, oferecendo-nos bebida.

Sasuke pegou um drink virando-o num só gole e sacudiu a cabeça como se quisesse despertar, imitei seu gesto desejando sair do transe em que me meti, e me permiti olhar pro lado... Foi quando vi que a vaca nos observava com cara de indignação. Rá... Toma essa vaca!

E quanto ao Sasuke... Me aguarde! A noite está só começando...