Jogos Vorazes - O Garoto Do Tridente escrita por Matheus Cruz


Capítulo 11
Pétalas de Hibiscos


Notas iniciais do capítulo



Dedico esse capítulo a CammisW, fã incondicional do casal Finnie!



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Alguém se aproxima.

–- É sempre bom dividir um pouco com os amigos... – a lâmina afiada corta a base do cesto de Zen e as serpentes caem – Somos uma equipe... – Irina ri sarcástica e empurra as serpentes caídas para dentro do seu cesto.

–- Hum, bom dia sereia – Dan se apóia no meu ombro e sorri amigavelmente.

–- O que vocês querem? – pergunto, mesmo sabendo a resposta.

–- Ah... – Dan se afasta – o que todo mundo quer... – e arremessa uma faca prateada em direção ao cesto de Dakota.

–- Espertinho você... – Dakota agarra a faca no ar com uma facilidade assustadora, antes que pudesse perfurar o cesto. – Mas ninguém brinca disso comigo sem sair machucado... – sua voz serena e familiar me faz formigar por dentro. Mais alguém entrou para a lista negra da garota.

O sinal soa e a soma dos três graus é bem perceptível.

–- Melhor vocês nos deixarem em paz. – digo sério, com a espada em punho.

–- Ou o quê? – Dan pergunta brincalhão.

–- Ou farei questão de cortar o seu pintinho quando te encontrar na Arena – Dakota diz saltando em frente à mim, em posição de ataque. Abafo um risinho e percebo que Henry e Zen fazem o mesmo atrás de mim.

–- Vadia nojenta, sou eu quem vai cortar essa língua... – Dan vem em nossa direção, tremendo de raiva, e Dakota se adianta.

–- Parem! – Irina impede o conflito, ficando entre os dois, com os braços abertos. – Nós deixaremos vocês em paz. – Dakota freia o passo e Dan dá para trás, respirando fundo e descarregando a raiva esmurrando uma tamareira. – Já conseguimos o que queríamos.

–- É melhor mesmo – dou alguns passos e fico ao lado de Dakota – A nossa briga não é aqui e agora, será depois de amanhã, na Arena.

–- Isso mesmo, vai saindo ruivinha trouxa ou eu quebro essa tua cara de cavalo! – pego Dakota pela cintura, impedindo-a de alcançar Irina.

–- Até mais... – Irina acena e corre para longe dali junto com Dan – Ia estragar tudo mais uma vez seu idiota... – a ouço sussurrar antes de desaparecer na vegetação densa.

–- Hora de voltar... – chamo meus colegas – cumprimos nossa missão.

–- E agora? Aquela garota do 2 me roubou... – Zen pergunta decepcionado.

–- Quem manda ser um mongolóide?! – Dakota diz, lhe lanço um olhar de advertência e Zen baixa a cabeça envergonhado.

–- Não se preocupe... nós dividimos com você – tento acalmá-lo, pousando a mão em suas costas. – Agora precisamos ir ou o calor nos sufocará.

Corremos para longe dali e antes de afundar os pés na areia quente, vislumbro uma micro câmera, instalada numa das árvores à alguns metros, observando cada passo nosso, através de um ponto vermelho que pisca rapidamente.

Eles estão em todos os lugares.


 

A garota de vestido rendado azul marinho caminha pela praia, cantarolando suavemente, deixando cair na areia molhada as pétalas amareladas de um hibisco, sussurrando algo para si mesma. Segredos, poesias cantadas ao pés de um rochedo, ouvindo o mar lhe contar seus mistérios, cheia ambições, não dá para decifrá-la.

O vento forte faz seu cabelo castanho esplendoroso e o vestido curto esvoaçarem. O meu cabelo chicoteia minha face admirada e prendo algumas mechas atrás da orelha. Caminho lentamente, tentando alcançá-la sem que ela perceba minha presença, tento descobrir suas angústias e porque ela está tão decepcionada comigo.

–- Annie... – sussurro, abraçando-a por trás, encaixando nossos corpos.

–- Finn! – Annie se vira para mim, seu sorriso empolgado me surpreende, mas quando ele se esvai, um vazio perfura o meu coração. – Saia daqui... – a lágrima de desespero escapa pelo canto do olho, deslizando na sua face macia e delicada.

–- Me escute... por favor... – peço, beijando-lhe a testa e enxugando as lágrimas.

–- Você não confia em mim, prefere acreditar nas palavras daquela garota! – Annie esmurra meu peito e empurra meus braços, se soltando de mim.

–- Eu acredito em você! – a puxo de volta, lhe apertando contra meu corpo. – Eu te amo...

–- Me perguntou se eu era louca!

–- Todos viram quando a Mary abriu sua mochila e encontrou...

–- Armação! Ela pôs aqueles pássaros esfolados dentro da minha mochila e disse que eu os matava por diversão! – Annie grita, me encarando com uma fúria descomunal. Seu rosto está vermelho, o ódio faz seus olhos azuis escuros tremerem.

–- Annie, por favor...

–- Você virou as costas para mim quando eu mais precisava, eu te ODEIO! – ela corre para longe, tirando as sapatilhas e jogando-as na areia.

Insisto. Vou atrás dela e a alcanço com facilidade, derrubando-a na areia.

–- Eu já disse que acredito em você! – grito, mordendo de raiva o lábio inferior – e também disse que te amo, amo, amo e AMO!! – seus punhos me empurram para trás, mas os agarro e prendo-os contra a areia. – Como nunca amei ninguém...

A beijo, nossos lábios roçam num ritmo suave e delicado, Annie protesta por algum tempo, mas depois se entrega. Ficamos ali na areia por um bom tempo.

–- Finn – a ouço sussurrar.

Finn...

Finn...


–- Boas notícias! – Claire entra na sala de jantar com um sorriso estampado no rosto, andando calmamente. Uma cartola de seda negra reluz em sua cabeça, contrastando com o cabelo laranja. O terno azul marinho com listras brancas é impecável e suas tatuagens antes verdes, depois vermelhas, sumiram.


–- Querido, a quanto tempo... – Mags se levanta para abraçá-lo – Quais informações preciosas você conseguiu arrancar daqueles velhos bêbados e barrigudos?

–- Hummm, é melhor sentarmos.

–- Oi Claire – cumprimento-o quando ele senta ao meu lado.

–- Finn... a sorte está ao seu favor! – diz apertando minha bochecha. – os Idealizadores anseiam por sua apresentação logo mais...

–- Ótimo! – exclamo contente, com uma pontinha de esperança no coração. Se eu conseguir surpreender mais uma vez os Idealizadores, ficarei cada vez mais perto de uma possível vitória.

–- Só não estão muito contentes com os seus... aliados. – sua voz falha um pouco e ele baixa a cabeça, evitando olhar a minha expressão de alegria se desmanchar.

–- Mas... – fico sem palavras.

–- Finnick, você é um Carreirista, precisa andar com outros tributos igual a você! – Claire me olha nos olhos e suspira.

–- Ele tem razão... – Dakota interrompe, quase esqueci da presença dela ali, sentada de frente para mim, tomando sorvete calmamente.

–- Eles não te ajudaram em nada, você vai perceber como se transformaram em simples pedra no sapato quando estiverem na Arena. Um incômodo, lhe impedindo de chegar na vitória, de alcançar o sucesso. – as palavras de Claire apertam meu coração.

–- Eu não me vejo com os tributos soberbos do Distrito 2, ou andando naquele grupinho que mata todo mundo sem pestanejar, sorrindo enquanto tortura um garoto menor ou...

–- Shiii! Entenda uma coisa Finnick Odair. – Mags começa, séria – Hoje você vai mudar essa situação. Sei que é difícil, mas quem quer que seja esses seus aliados descartáveis, você terá que afastá-los ou os obrigar à ficar longe de você. É o último dia de Treinamento, tente ao máximo se aproximar dos Carreiristas, se quiser sobreviver para voltar ao seu Distrito, sua família e para a Annie!

Ah! Meus olhos ficam rasos d’água, como a Mags sabe da Annie?

Minha vontade é de explodir a Capital inteira, mandar aquelas aberrações coloridas para o inferno, enfiar a espada no coração de cada um daqueles Idealizadores safados, por me tirarem do meu amor, por me obrigarem a matar crianças inocentes, me fazerem sentir o ódio que penetra meu corpo nesse exato momento.

–- Com licença – digo e subo correndo a escadaria para o patamar superior. Deslizo pelo corredor vazio e entro no meu quarto. Fecho a porta com um estrondo e desço as costas pela madeira até sentar no chão frio.

Eu quero que todo mundo vá para o inferno!

Por me obrigar a isso...



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