Eu me sentei virada para ele e não pude deixar de notar um sorriso fraco esboçado em seu rosto, mas sua cabeça estava baixa. E foi depois de alguns segundos de silêncio que ele me olhou, sorriu maior e se aproximou devagar, parando com o rosto bem próximo do meu, com a mão sobre minha bochecha.
- Eu simplesmente não consigo ficar bravo com você - Sussurrou, fazendo meu sorriso se alastrar.

E foi quando ele me beijou. Foi uma sensação mágica, incrível, especial e única. Agora é certeza: eu o amo, mesmo. Sempre soube disso, porém nunca quis admitir, com medo de sofrer, não ser correspondida, ou algo do tipo. Mas, agora, mais do que nunca, eu estava feliz. De verdade. Não podia estar sendo melhor. Tirando a parte de meros momentos em que eu o fiz sofrer, tudo estava sendo maravilhoso.
- Sam, você não... - Luiza apareceu no quarto, fazendo com que interrompêssemos o beijo. Quando eu a olhei, ela sorria feita boba e estava quase gritando.
- SEUS LINDOS! MARAVILHOSOS. CASAL DO ANO! Merecem toda felicidade do mundo. Desculpem atrapalhar, podem continuar que eu não ligo - Saiu andando, como se nada tivesse acontecido.
Eu olhei para Josh e ele também estava com um sorriso enorme em seus lábios ainda rosados.
- Boa noite - Eu sorri, mordendo meu lábio inferior.
- Boa noite - Me deu um selinho demorado e eu me levantei.
Fui apagar totalmente a luz do quarto e fechei a porta, voltando para o meu quarto.
Ao entrar lá, avistei Luiza deitada, ainda sorrindo radiante.
- Deu pra parar de sorrir já? - Chamei sua atenção, que estava desviada.
- Não, claro que não. Mas, me faz um favor? Manda uma mensagem pro Nathan, dizendo que eu ando preocu... Cara! Nossa... Nossa! Você não sabe do que eu lembrei! - Exclamou, fazendo com que eu arregalasse os olhos.
- O que? - A olhei assustada, achando que ela tinha lembrado...
- Que você me falou que se eu te contasse quem gosta de você, você ia me falar o que o Nathan tem! - Fudeu, era exatamente isso o que eu temia.
- Mas, você não me contou, eu descobri... - Tentei disfarçar. Nem que ela me pagasse que eu ia contar.
- Para, isso está me deixando curiosa demais! Me fala Samantha, por favor - Praticamente implorou. Eu queria contar, mas ao mesmo tempo, não podia. De jeito nenhum, ele me fez jurar promessa e eu sou de dar e cumprir minha palavra.
- Não posso, não insista, por favor.
- Ai, que saco você - Revirou os olhos e se deitou. - Boa noite.
- Boa noite - Tive que rir por ela ter ficado brava, peguei meu celular, apaguei a luz e me deitei.
Resolvi mandar uma mensagem para o Nathan.

"Cara, eu não aguento mais esconder aquilo da Luiza. Quando você vai contar?"

Juro que eu não esperava uma resposta, mas ele mandou outra mensagem.

"Não faço ideia, me desculpa, eu não consigo, eu tenho medo. Mas, um dia eu conto ou ela descobre."

"Você sabe muito bem que ela pode acabar tendo uma recaída e voltar com o Lucas, né? Quanto mais rápido você contar, melhor pra você, pois ela não vai ter coragem de ficar com ele. Só uma dica."

Tentei ser menos fria possível, por mais brava que eu estivesse, eu não queria deixá-lo se sentindo culpado.

"Cara quer saber? Pode contar, porque eu não consigo. Eu travo. Eu tenho medo. E seja o que Deus quiser."

"Não mesmo, da minha boca isso não sai, até porque eu não tenho nada haver com isso.
- O que tanto você mexe aí no celular? - Luiza quase me matou de susto.
- Credo menina, que isso, que susto - Nós rimos. - Só estou trocando mensagens com alguém.
- Que alguém? - Perguntou curiosa.
- Nathan.
- Sobre?
- Nada demais.
- Se é nada demais, você pode me contar.
- Não, não posso engraçadinha.
- É sobre aquele segredo lá?
- Não sei.
- Que caralho você, nossa.
- Também te amo.
- Eu não disse que te amo.
- Nem precisou.
- Como você é chata.
- Para de me amar.
- Cala boca.
- Admite, você me ama, vai.
- Não mesmo.
- Isso só quer dizer que você me ama mais ainda.
- Que saco.
- Boa noite.
- Boa noite - Concluiu derrotada.
E eu consegui mudar de assunto, sou diva. Ok, não. Demorou um tempo até eu conseguir dormir, trocando mensagens com o Nathan. Acordei no outro dia com o som irritante do despertador. Acabei fechando os olhos novamente, mas fiquei com medo de acabar perdendo a hora e me levantei.
- Luiza. Luiza. Anda Luiza, levanta.
- Hum? - Murmurou sonolenta.
- Já está na hora de ir pra escola, levanta - Falei e fui acordar Josh também. Sou um despertador ambulante.
- Josh... Josh... Acorda. Acorda amigo - Eu o chacoalhava devagar.
- Hã? - Abriu os olhos lentamente e sorriu ao me ver, fechando-os novamente. - Ah, não - Grunhiu, fazendo bico com os olhos fechados.
- Levanta logo - Aproveitei e lhe dei um selinho, sorrindo e saí do quarto, deixando a luz acesa, porque sou chata.
- Levanta Luiza! - Exclamei ao entrar no nosso quarto, vendo que ela ainda estava deitada.
- Não quero - Disse e se cobriu com o cobertor.
- Quer sim, levanta logo, anta. Vai para o seu banho que desperta - Puxei o cobertor, ouvindo-a resmungar.
- Para de ser chata, só um pouquinho?
- Cala boca, vai pro seu banho - Puxei-a pela mão. Se eu fosse ganhar um prêmio por aguentar esses dois resmungando logo de manhã, já estaria cheia dos Grammys, porque né.
Ela se levantou ainda cambaleando um pouco e entrou no banheiro. Logo que ela saiu de lá, eu já fui entrando. Assim que saí, fui vestindo a roupa que tinha separado, penteei meu cabelo, o deixei solto e passei minha maquiagem de todos os dias. Abri a porta do banheiro, só para ver o que Luiza estava fazendo: batalhando para entrar na calça jeans. Tive que rir daquela cena e fui ajudá-la.
- Vem, agora é a vez da sua maquiagem - A puxei para dentro do banheiro.
Aquilo foi engraçado. Assim que terminei, fui colocar meu tênis, depois fui até a cozinha e fiz três copos de leite com nescau e três fatias de pão com nutella. Todos vieram comer e depois fomos escovar os dentes. Assim que terminamos, cada um foi escovar seus dentes e Josh nos levou para a escola. Para variar, fui no banco da frente, ao seu lado e Luiza atrás. Quando chegamos, me despedi dele com um selinho e Luiza lhe deu um beijo na bochecha.
- Assim eu fico com ciúme, ok? - Murmurou ela, quando saímos do carro, já não dando mais para ele ouvir.
- Fica quieta - Eu ri e entramos na escola. - Besta - Dei um tapa em seu ombro.
- Quando vocês vão contar para os nossos pais?
- Contar o que? Não temos nada sério para ser revelado.
- Que vocês estão ficando e estão in love, ué - Deu de ombros.
- Ah, não sei. Quem sabe quando ele "tomar uma atitude maior"? - Fiz aspas com os dedos.
- Hum, entendi - Subiu as escadas.
Logo avistamos Nathan sentado num banco, com as costas apoiadas no encosto, braços cruzados e olhar baixo.
- Hey, Babe! - Me sentei ao seu lado, vendo Luiza se sentar do outro.
- Hey - Deu um beijo em minha bochecha e na de Luiza.
- Como você está? - Perguntei.
- Vou indo e você? - Respondeu com um pingo de ânimo, mas com total tristeza por cima.
- Para - O abracei de lado, fazendo bico e olhei para Luiza.
- O que foi? - Sussurrou.
- E você ainda não sabe? - Respondi irritada, me separando de Nathan.
Conversamos durante um tempo e Nathan estava extremamente estranho, mas o que mais me incomodava, era o modo que ele olhava para Luiza, falava com ela, seu olhar dizia TUDO, mas ela não percebia. Como ela é lerda, até eu já teria notado.
- Nathan, vem cá - Me levantei e ele me acompanhou, até um pouco longe de Luiza, que nos olhava confusa e curiosa. - Quando? Quando você vai contar?
- Cara, eu odeio que me pressionem. Eu não vou contar! Eu não consigo - Seu olhar foi para baixo e pude perceber o azul de seus olhos ficarem mais claros.
- Desculpa. Eu só estou ficando aflita com isso - O abracei. - Me perdoa, mas... Esquece, faz o que você quiser - Me separei do abraço e fitei seus olhos claros marejados. - Só não chora, seja forte. Você é o loirinho mais lindo que eu já vi na minha vida e eu não quero vê-lo chorando, ok? - Tentei animá-lo e ele sorriu.
- Que exagerada você - Deu de ombros e o sinal bateu.
- Não sou exagerada, você é mesmo o loirinho mais lindo que tem - Apertei sua bochecha e fomos pegar a bolsa que havia ficado no banco.
Luiza ainda nos olhava confusa, mas não falamos nada, apenas subimos cada um para sua sala. Só que ela e o Nathan são juntos e eu não. Ok, que bullying isso. Mentira, não tinha como sermos da mesma sala, por eu ser do terceiro ano e eles do segundo. Juro que não consegui prestar atenção em nada, pensando na Luiza e no Nathan e principalmente em Josh. Passaram os três primeiros horários e logo chegou o intervalo. Eu estava me levantando lentamente, suspirando, quando vi Lucas vir em minha direção.
- Samantha me ajuda?