– O que você quer? - Perguntei como quem não estava interessada em saber.
– Preciso terminar o que comecei.
– E... - Gesticulei com as mãos, indicando para ele continuar.
– Não é nada disso que você está pensando, se eu tivesse continuado com você, isso poderia acabar com a minha...
– Com a sua reputação? Então, você está mais preocupado com a sua reputação? E não liga para os sentimentos dos outros? Você não vê o tanto de garota que você já magoou? Se enxerga!
– Mas com você é diferente! - Exclamou, suspirando em seguida. - Você me enfrenta de um jeito que sempre mexeu comigo, coisa que outras garotas não fazem. Você tem um jeito diferente e muito estranho de mexer comigo...
– E nada disso importou? Nada disso contou para você não fazer o que fez? Não tem justificativa.
– Eu me arrependo, será que você não entende?
– E o medo que eu sinto, será que não é você quem não entende?
– Medo de?
– De tudo acontecer de novo. De você fazer o que fez novamente, ou até de outra e pior maneira. - Por que eu estava falando do que eu sentia por ele, na sua frente? Hã?
– Mas se você me desse uma chance, uma só que fosse eu ia poder te mostrar que eu realmente me arrependo de tudo o que fiz - Gesticulava com as mãos.
O olhei seriamente e fiquei pensativa por alguns instantes.
– Não - Concluí já me virando para ir para o pátio.
– Por quê? - Se desesperou.
– Por motivos óbvios – Revirei os olhos, descendo para o pátio e deixando Lucas para trás.

– Você está bem? O que ele fez com você? Te machucou? Senhor. - Nathan se desesperou, me fazendo rir e ver que ele há havia esquecido o que havia dito.
– Não fez nada, tivemos uma conversa calma e só. - Ri novamente.
– E no que deu? - Perguntou desanimado.
– Falei que não.
– Sobre?
– Sobre... Sobre... Dar alguma chance para ele.
– Hum. - Murmurou ainda desanimado.
– O que você tem hoje? Está tão cabisbaixo - Puxei-o para se sentar num banco comigo.
– Nada, ué - Se fez de desentendido.
– Nathan, você sabe que pode contar sempre comigo e que você não me engana. Para com isso, me fala o que você tem - Fitei seus olhos azuis, que estavam brilhantes.
– Não é nada demais, eu juro... Só acho que você não deve saber.
– Você de segredos comigo? Desde quando?
– Não é isso, você não ia entender - Suspirou e olhou para o chão.
– Pensei que eu estava aqui para te ajudar. E vice-versa.
– Mas o problema é que você realmente não ia entender... E isso poderia... Esquece - Passou a mão pelo cabelo, fechando os olhos e suspirando.
Hoje esse menino está indecifrável. Nada do que ele diz se encaixa, para eu ver se algo faz sentido, mas nada entra na minha cabeça. Então resolvi deixar isso quieto e não insistir, pois poderia acabar magoando-o de alguma forma, não é? Enfim... Depois de alguns instantes, Sam apareceu.
– Ele está muito estranho hoje - Sussurrei e fiz bico para ela.
– Só hoje? - Riu.
– Samantha, a coisa é séria - Olhei-a com cara de tacho.
– Mas, você sabe por quê?
– Não, ele não quer me falar de jeito nenhum.
– E quando você chegou à escola, ele já estava assim? - Ficou pensativa.
– Não... - Murmurei.
– Foi depois de que?
– Depois de eu ter ido conversar com o Lucas...
– Você foi conversar com ele? Sobre... Ah, mas isso não vem ao caso agora. - Se interrompeu. - Nosso problema é o Nathan.
– Pois é - Ironizei.
– Mas, isso só deixou mais que na cara... Você ainda não percebeu? Nossssa, Luiza, pelo amor de Deus!
– Percebi o quê? - Fiquei confusa.
– Que ele... Como você é lerda para entender as coisas - Bateu a mão na testa.
– Dá para simplificar as coisas, Samantha? Explica logo - Me irritei.
– Quem sou eu para te falar uma coisa dessas? Ele é quem tem que admitir. Eu não tenho nada haver com isso.
– Então você vai me deixar curiosa? É isso?
– Sim - Suspirou. - Vai chegar o dia em que você vai perceber ou ele talvez te contar. Tenho que ir...
– Mas, espera! - Exclamei, pensando em algo para me vingar. - Eu sei bem quem gosta de você, Samantha... - Sorri maliciosa, pensando em Josh, mas não admitiria quem era.
– QUEM? - Arregalou os olhos e sua expressão era de curiosidade.
– Secreto - Dei de ombros.
– Aposto que não tem ninguém e você vai ficar de joguinho comigo - Revirou os olhos.
– Eu não duvidaria, se eu fosse você. E, só para deixar uma dica, repara bem nas atitudes de quem está próximo de você... Bem próximo - Pisquei. Realmente, ela e Josh haviam se aproximado bastante, ou seja... Só mais um ponto para ele gostar ainda mais dela.
– Vai se ferrar, ok?
– Mas o quê? Eu te dou dicas e você me xinga? Nossa! - Me fiz de ofendida.
– Você está me deixando curiosa e cismada com isso, idiota. Eu só quero saber quem é!
– Eu só quero saber o segredinho entre você e o Nathan. Então, estamos empatadas.
– Mas ele deixa isso tão na cara e você nem percebe.
– Essa pessoa que gosta de você também deixa bem estampado para quem quiser ver, mas só você não viu ainda - Sorri vitoriosa.
– Não tem graça brincar com você.
– Apenas sou justa.
– Sua bunda, ok? Isso não vale.
– Não vale o que você fez comigo. Se você me falar, eu também falo. Então, fica por isso. - Pisquei e mandei beijo.
– Chata. - Revirou os olhos.
Ok, mas eu não sei se iria aguentar guardar isso por muito tempo, pois minha prioridade é a felicidade do Josh... Mas, vou tentar suportar ao máximo, pelo menos até ela me contar o que é que o Nathan tem. Nos sentamos no banco novamente e ele ainda estava muito distante, distraído... E estava, de certa forma, me incomodando. Ele ao menos me olhou para dizer algo, apenas para Sam. Ele também estava se sentindo incomodado, sabe lá Deus o por que. Depois, bateu o sinal e fomos para a sala. Me sentei e fiquei pensativa: o que poderia estar incomodando ele? O Lucas? Sam? Eu? Mas, eu... Ele não poderia... Santo Deus, não pode ser. Ou pode? Será? Quantas perguntas sem suas devidas respostas. Eu simplesmente não sei o que fazer. Eu o vejo como um amigo, ou de repente eu esteja tirando conclusões precipitadas e erradas. Assim espero.