Patrulha Vermelha escrita por Artemys Jenkins


Capítulo 4
4. A metodologia do "guardar segredo"


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez, obrigada ao André, por ser esse fofo e ficar me mandando review e recomendação da fic. E obrigado também ao Mega Saiyajin Z por ter colocado a fic como favorita! Seus fofos! ;^;
Como sempre, * = notas da autora!



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4.1 Guardando as lâminas originais em segredo

— Está três dias atrasado — ouviu Goten enquanto sentia algo frio e metálico ser encostado na parte de trás de sua cabeça. Apesar de ter consciência de que dificilmente um ataque vindo da submetralhadora o afetaria, sentiu um suor gelado descer por sua coluna. Respirou fundo. Sem movimentos bruscos.

— Enviei pelo correio há três dias. Não tenho culpa de que os Correios entraram em greve um dia depois. — respondeu, tentando parecer calmo e razoável, mas falhando galaticamente.

— Digitalizasse e mandasse. Você tem esse trambolho na sua casa pra quê? — perguntou seu editor, balançando os longos cabelos negros e pousando seus olhos azuis no enorme scanner que decorava o escritório onde trabalhava — cômodo que um dia fora o quarto de Gohan, quando deixaram de dormir no mesmo lugar.

— Mas o contrato dizia que vocês queriam os desenhos originais... — completou, em tom choroso, Goten, que sofria para simplesmente não gritar e implorar por perdão. Quem quer que fosse que havia dado o emprego de editor para aquele homem (ou quase) não merecia viver. Ou estar no céu, porque, Goten bem sabia, a mulher que o fizera já estava morta.

Goten não obteve resposta, apenas sentiu a arma de fogo ser ainda mais apertada contra sua cabeça. Ainda que fosse metade saiyajin e não devesse se amedrontar diante de tais ameaças, continuava metade humano... E metralhadoras coladas na sua cabeça eram uma forma completamente efetiva de deixá-lo no estado de geleia.

— Ah! Bom-dia, Dezessete. Num tinha visto ocê aí. — cumprimentou, sorrindo, Chi-Chi, que de propósito ignorou o contexto da cena que estava vendo. Não era a primeira vez que aquilo acontecia, e tampouco seria a última. — Goten esqueceu de enviar os desenho de novo? Dispois ocê aparece aqui e ele num sabe as razão docê fazer essas coisa cum ele! — comentou, ainda a sorrir, com uma enorme travessa de bolinhos, que por acaso estava levando como café-da-manhã para seu filho mais novo. Não tinha visto o pseudo-chefe de seu filho entrar porque, normalmente, ele entrava pela varanda, ou por alguma das janelas... Coisa que mais de uma vez causou momentos constrangedores na vida do ciborgue que todos teimavam em chamar de androide. — Qué bolim? Anda, come que tá fresco!

— Mãe... cê não percebeu que estou aqui, sob ameaça de vida?!

Chi-Chi fitou seu filho com um olhar severo.

— Cria vergonha na cara, moleque! Inté parece que uma arminha dessa vai causa arguma coisa nocê.

Chi-Chi tinha razão. Dificilmente a cabeça dura de Goten sofreria alguma coisa se recebesse um tiro da metralhadora de Dezessete...

Dezessete, educadamente e sem soltar sua companheira, apanhou dois bolinhos que oferecera-lhe a mulher. Era inteligente o suficiente para não recusar comida feita pela esposa de Son Goku, o homem que um dia desejara aniquilar.

Irônico ou não, naquele momento da sua vida era o editor responsável por Tenshi, desenhista de HQ e ilustrador de quaisquer coisas que o mandassem desenhar.

E, no momento, ele tinha atrasado as três primeiras ilustrações de O Robert.

— O que você vai fazer — comentou Dezessete em um tom abafado, comendo bolinhos — se, por acaso, seus desenhos forem extraviados?

— Nada, oras. Mandei cópias em tamanho natural, mas os originais estão aqui. — concluiu Goten, levantando-se e indo até as pastas onde guardava seus desenhos em A2. Dezessete o seguiu, ainda sem abaixar a submetralhadora. — Digitalizo ou copio os originais para você?

— Os dois, seu lesado.

Goten suspirou. Era normal ele agir daquele jeito. Após cerca de trinta minutos em que Goten trabalhava em digitalizar e copiar seus desenhos e sua mãe conversava com o ciborgue, tomando café da manhã, Goten terminara seus serviços, entregando as folhas dentro de um enorme tubo de projeto e um pen-drive amarrado à tampa do tubo.

— Dez dias. Dois desenhos. Prepare-se.

Dezessete fez menção de levantar-se, agradecendo ao café preparado por Chi-Chi, quando Goten o pediu para suspender suas intenção.

— Apareça daqui cinco dias, às 19h aqui em casa. Vamos discutir uma coisa que pode te interessar... Tem a ver com a Patrulha Vermelha.

A curiosidade e o ódio de Dezessete aumentaram. Não deixaria de aparecer. Acenou a cabeça em modo de despedida e foi-se rumo à Cidade do Oeste.

Ocê num contou pra eu do seu encontro com a minina nova — disse Chi-Chi, sentando-se ao lado de seu filho no sofá onde ele se jogara após entregar os trabalhos para Dezessete. Goten suspirou. Como definir, explicar e detalhar um encontro onde seu par diz que prefere mulheres e ainda diz que apenas quer te usar?

— Foi... Interessante.

Chi-Chi continuou sorrindo de modo a incitar o filho a falar mais. Por alguns momentos, Goten deteve-se a examinar o rosto de sua mãe. Apesar de algumas rugas decorarem o rosto claro, era claramente bonita. E, sorrindo, conseguia resplandecer ainda mais sua beleza natural. Sentiu-se, de repente, orgulhoso da mãe que tinha. Sorriu-lhe também, imaginando o que acharia da história bizarra que estava para contar.

— As coisas aconteceram assim...

*~*~*~*

4.2 Guardando seu amor em segredo


Damn this town, they're never gonna let me out

O som batia nos alto-falantes do notebook, enquanto as frequências vindas do aparelho elétrico misturavam-se à voz não tão afinada e os dedos furiosamente batentes no teclado da pequena máquina, cujas costas eram adornadas por um singelo logotipo da Corporação Cápsula.

A pessoa atrás da tela segurava-se muito para não quebrá-la com o teclar furioso — coisa que estava sendo difícil, pois, com a fúria crescente, o autocontrole ficava cada vez menor.

Desculpa, Bra-chan, mas tenho um encontro e não vou poder te ajudar com seu projeto de Artes...”

— Um encontro... — grasnou a adolescente, deixando os longos cabelos azuis-turquesa descerem pelo rosto — Um encontro, ele diz. Um encontro! Com uma desconhecida! Quando foi que uma pessoa completamente aleatória se tornou mais importante que eu?!

Sempre, na verdade. Encontros, na vida de Goten eram prioritários acima de tudo: estudos, treinos... Ok. Menos acima de Son Chi-Chi. Essa era a sua prioridade máxima, mas, abaixo dela, encontros sempre viriam antes de qualquer coisa.

Inclusive dos caprichos de Bra Briefs.

For cairn-lined coasts of ashes and ghosts we're bound

— Ora essa! Uma desconhecida, que aposto nunca tão bonita, inteligente, simpática e modesta quanto eu, uma completa anônima escolhida no lugar de mim, a ilustríssima princesa dos saiyajins, Bra Briefs!

A fúria contida nas teclas apenas aumentava de tamanho. A raiva, a dor, o ciúme... Aquela sensação de que, por ser dela, Goten não poderia, nem deveria sair com sirigaita alguma pelas ruas apenas tornava-se maior. Foi então que Bra percebeu algo.

Estava com ciúmes de Goten.

Porque achava que o moço era, de uma forma bastante distorcida, propriedade dela.

E ela bem sabia que, se o achava sua propriedade, era porque tinha algum tipo de sentimento além da conta pelo Son mais novo.

Atropelou-a como metrô sem freio.

Estava apaixonada. Por Son Goten.

We go / Chitown on a hot streak / Chitown in the hole / Chitown in the throes of January / Chitown under vaunt control / Chitown never Brooklyn / Chitown never sold / Chitown never Californicated / Chitown is our home

Não. Não podia ser! De todas as pessoas no Universo — e Bra sabia que existiam trilhões delas, se não mais — ela fora descobrir-se apaixonada pelo homem mais bobo que conhecera durante sua vida — um pouco curta, verdade. Uma pessoa que sabia como fazer todos sorrirem... Bonito, simpático, alto (mais alto que seu irmão, não que isso fosse difícil...), atlético, sorridente, cheiroso...

Espera. Aquilo estava ficando ridículo.

Na tela do computador via-se escrito: “Son Goten ♥”, em meio a um texto carregado de xingamentos e palavras nada gentis. Como pudera apaixonar-se por um homem onze anos mais velho?, perguntava-se, sem encontrar a resposta.

Sorriu de maneira sinistra. Estava apaixonada? Ok. Era Bra Briefs, filha de Bulma Briefs, obstinada herdeira (não mais, mas ok) da Corporação Cápsula e de Príncipe Vegeta, obstinado príncipe dos saiyajins. Neste assunto saíra pai e mãe.

E, descobrindo-se apaixonada por Goten, definira seu alvo.

Son Goten seria seu.

E ela sempre conseguia o que queria.

*~*~*~*

4.3 Guardando sua pesquisa em segredo

“Véi. Na boa. Num quero mais brincar de mestrado, não”, pensou a moça, sentada no balcão do bar com uma singela caipiroska ao lado, levemente alcoolizada. Sabia que não deveria estar bebendo, não naquele dia, mas... E daí? A vida era dela, ela queria beber até cair e era o que faria!

Na verdade, bebia mais para tentar entender o emaranhado de informações desconexas e toscamente sem sentido que havia angariado do que para ficar bêbada.

Aos poucos, descobria coisas estranhas demais para inclusive pessoas como ela acreditar. Eram matadores de aluguel contratados pelo antigo exército da própria Patrulha Vermelha que por um estranho motivo viraram ciborgues anos mais tarde; eram as tais bolas do dragão, sempre presentes; eram robôs construídos a revelia das Três Leis da Robótica... Mas o pior de tudo não eram essas coisas, encontradas, todas em documentos.

Não, não; essas coisas eram triviais... Compreensíveis, até.

A parte medonha vinha das investigações ilegais que havia feito.

Sobre como duas crianças órfãs em situação de rua haviam sido vendidas em troca de drogas para a construção do que chamariam de Andróides super-poderosos anos mais tarde.

Sobre como um menino de dez anos havia derrotado um dos maiores vilões da história da Humanidade, Cell (o que era absurdo, afinal, todos sabiam quem era o verdadeiro herói da Terra, não?).

E... Sobre como havia uma colônia de extraterrestres vivendo pacificamente no planeta como se isso fosse... normal.

E o que a deixava de cabelos em pé? Não era a possibilidade de um fedelho ter salvo o mundo, nem de terem usado crianças em experimentos, muito menos de ETs usando a Terra como planeta-dormitório...

Mas sim que seu professor de cálculo parecia estar envolvido em todas essas questões, de forma direta ou indireta.

— Acho que preciso beber mais! Vê a garrafa! — disse, com a voz um pouco enrolada, tomando a garrafa do bartender que a atendia de forma simpática no bar, ainda que fossem apenas três da tarde.

— Um brinde à patifaria! — disse a si mesma, levantando a garrafa e bebendo toda em um gole. Precisaria ter uma conversa séria com a pessoa mais pacífica do departamento de Matemática de sua faculdade...

Mas isso somente depois que acordasse do coma alcoólico no qual desejava entrar.

*~*~*~*

4.4 Quando não se guarda mais segredo


Sempre sorridente, assistiu enquanto limpava os óculos com a pequena flanela que havia tirado, há pouco, do estojo onde guardava os óculos. Estava sorridente porque ainda estava meio bêbada. Não alcançara o coma alcoólico tão desejado e, em meio à sua raiva pelo insucesso, decidira conversar logo de uma vez com a única pessoa que sabia poder ajudá-la.

Seu professor de cálculo Son Gohan.

— Sei coisas sobre você, professor. Portanto, não minta para mim.

Gohan recolocou os óculos, ajeitou-os sobre o nariz. Respirou fundo. Aquela brincadeira de gato-e-rato estava começando a cansá-lo.

— Você sabe... Coisas? Então... Você descobriu... Coisas. Isso é bom. É bom também que você saiba algumas coisas além das que você já sabe. Todas as coisas que você diz saber, são verdade. Extraterrestres na Terra? Confere. Cell cria da Patrulha Vermelha? Confere.

Dinner não sabia o que dizer. Estava tonta demais para entender tudo aquilo.

— E, sim. Eu derrotei Cell.

— Como você...

— Uma amiga minha hackeou seu computador e tive acesso aos seus relatórios. — terminou Gohan, apoiando seus cotovelos sobre a mesa e entrelaçando suas mãos, colocando seu queixo em cima das costas dos dedos entrelaçados. Sorriu. O fato de ela ter um blog que Bra seguia e escrever tudo por ali também não ajudava muito a manter sua pesquisa em segredo.

Dinner estava começando a sentir sua cabeça rodar. O mundo estava ficando colorido em preto. Nada fazia sentido, nem o que sentia. Visão, audição, olfato... Tudo ia desaparecendo numa vertigem lenta e supersônica, num misto de nada com coisa alguma e todas as coisas do Universo.

Sentiu dor, e depois disso, mais nada.

Gohan assistia à marcha lenta em que a cabeça de sua aluna ia baixando em direção a sua mesa. Ouviu um fraco “tonc” quando a cabeça de Dinner alcançou seu destino. Mexeu um pouco na garota para ver se estava acordada, mas ela não respondia. Decidiu, por fim, levá-la à sua casa.

Coisa pior do que a situação em que ela havia se colocado não podia acontecer.

*~*~*~*

4.5 Propostas em segredo

Estava se lembrando do que passara há horas — horas que sua habilidade matemática havia esquecido como contar — e ainda não acreditando na surrealidade de sua sorte.

Fora convidado para sair por uma aluna de seu irmão. Até aí, tudo OK, pois era uma moça do Mestrado e... A quem queria enganar, já havia saído com milhares de alunas do seu irmão! Aquilo não era um problema, não mesmo. Tal aluna era bonita, alta — um pouco mais alta que ele —, tinha estilo e se vestia bem.

Era inteligente e bebia feito uma esponja. Apesar de agitada, era bastante tranquila quando o momento pedia. Pensara que finalmente havia encontrado sua metade da laranja. Pois, somando os dois e tirando a média, conseguiria-se um ser humano normal.

Tudo corria bem até o momento em que dissera “Goten... Eu tenho que te dizer uma coisa.”

Ali seu encontro desmoronara. Após confessar-lhe a atração por mulheres e dizer que tinha uma proposta, começou a lhe contar os sucessos de sua pesquisa. E, claro, que tais sucessos não o agradaram nem um pouco.

A verdade é que não conhecia muitos detalhes de muitas coisas que a garota havia lhe segredado. Coisas anteriores ao seu nascimento não eram muito comentadas em sua casa, por ninguém. Nem por sua mãe, nem seu pai, seu irmão... Ninguém ousava falar das dificuldades passadas durante aquele período em que não existira.

E, mesmo que não entendesse o receio de seus familiares com relação aos acontecimentos ocorridos antes que nascesse, ele era grato àquela omissão.

Mas a curiosidade começava a lhe corroer os ossos, e a proposta que aquela garota o fizera estava começando a o tentar.

Que proposta? — dissera Goten, intrigado. Não conseguia pensar o que aquela mulher iria propôr, ou sequer se aguentaria mais um pedaço da conversa insana que estava tendo.

Preciso me aproximar da sua família e dos seus amigos, sabe, pra confirmar algumas coisas que te falei aqui. E, pelo que pude perceber, você tampouco sabe sobre o que eu estava falando nos últimos quarenta minutos, não?

Goten assentiu. Realmente, não sabia.

A coisa funciona assim: você me ajuda, me infiltrando na sua casa; e eu te ajudo, te explicando o que aconteceu com sua família antes do seu pai morrer. O que acha?

Goten não conseguia responder. Nem pensar. Em meio ao turbilhão de pensamentos que sua mente teimava em criar, apenas sussurrou:

Irei pensar...

E olhou fixamente para a moça à sua frente, percebendo algo novo em sua composição visual. Sobre a camiseta dos Pixels jazia uma pequena cápsula, amarrada como um pingente a uma corrente. Curioso, resolvera perguntar:

O que é essa cápsula, que você carrega no pescoço?

Recebeu como resposta um simples “segredo” e um sorriso.

Revirou em sua cama, olhando para o teto. Ajudá-la ou não ajudá-la? Talvez, infiltrando-a em sua casa, a colocaria em maior perigo, entretanto, era uma forma de protegê-la. E se sabia tudo aquilo, já estava ferrada de qualquer jeito.

Apanhou seu hoiSMART e começou a digitar o texto da rocket message; um texto curto, que condizia com seu estado de espírito:

Em quatro dias, às 19h. Distrito do Leste, Montanha Paozu, nº 439*.

Goten”.

Resolvera assinar, para o caso de ela não ter seu número anotado.

Suspirou. As coisas estavam começando a acontecer, e ele sentia que, em breve, o caldo entornaria...


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Notas finais do capítulo

A música usada nesse capítulo é "Silver City" da banda Hey Champ. Ok, fala sobre Chicago, mas quem liga?
E eu estou feliz. Porque o Corinthians ganhou o Mundial. O mundo pode acabar, agora, risos.
E me desculpem pelo capítulo podre, mas ou era isso ou eu dropava a fic e eu não quero parar de escrever isso x)



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