Levei a câmera até o meu olho para poder ajeitar o zoom. Eu estava no corredor da escola, escondida atrás  de um dos armários. O alvo da minha câmera era um armário bem mais longe de onde eu estava. Lembram da mensagem que eu recebi no dia em que eu invadi o colégio? A foto do aluno comprando uma prova? Era para o armário onde os dois garotos estavam da ultima vez que eu mirava.

De acordo com algumas pesquisas de campo que eu mandei o Gaara fazer, parece que tem um garoto que vende provas por um preço absurdamente alto. Ele vende exatamente no mesmo armário da foto que me mandaram, da qual eu amplifiquei e pude ver os números grudados na porta.

Eu já estava a alguns minutos esperando, mas eu nunca pensei que seria algo rápido mesmo. A única certeza que eu tenho é que quem seja que a pessoa que vai comprar a prova, vai comprar hoje, graças ao teste de matemática de amanha.

Fiquei brincando com a câmera por um bom tempo, até eu ver um carinha estranho aparecer, ele estava sozinho, provavelmente mais alguém apareceria. Mirei a camera e fiquei pronta para tirar as fotos, depois de alguns minutos outra pessoa finalmente apareceu. Fiquei boquiaberta ao ver quem era. Era o Kiba! Sorri divertida e comecei a tirar milhões de fotos.

Parando para pensar, isso não é nenhuma surpresa vinda do Kiba, acho que ele nunca parou para estudar na vida dele e dormindo em todas as aulas eu duvido que ele chegue a algum lugar.

....

-Gaara! – Cantarolei. Entrei no quarto sem ser convidada e dessa vez eu sabia que não teria problema, porque o Uchiha não estaria ali. Acabei de passar pela sala de jogos e ele estava imerso no Play Station.

-Sakura, bater é algo tão simples, porque você não pensa em começar a praticar? – Disse irônico. Ele estava sem camisa, de frente para o armário dele. Tenho que admitir que o físico do Gaara não seja algo que eu possa ignorar.

-Sem sermões. O Uchiha não está, não é necessário. – Ele colocou uma camisa preta e fechou a porta do armário. Joguei-me em sua cama, como se o quarto fosse meu.

-Claro, eu adoro que uma menina invada meu quarto quando eu estou trocando de roupa. – Mais uma vez irônico.

-O único garoto que pensa assim. Mas vamos parar de falar de você. Olha! – Joguei a câmera para ele, enquanto ele sentava na cama.

-Esse é o Kiba? Não estou surpreso. – Concordei com ele. O ruivo colocou a câmera no criado mudo e se deitou ao meu lado.

-Vou postar isso mais tarde. – Comentei.

-Eu sei que vai. Você não perde tempo.

-Claro que não. Tempo é tudo.

-Claro. Ou você só é tão fofoqueira que não consegue agüentar nenhum segundo. –

-Não sou não! – Dei um soco em seu peito e ele reclamou de dor. A cara dele havia sido tão engraçada que eu não me agüentei e cai na gargalhada. Quando parei, estava enxugando as lagrimas e ele estava me olhando travesso. Mas que mer...?

Ele se jogou sobre mim e começou a fazer cócegas no meu corpo inteiro. Eu não consegui parar de rir e nem consegui escapar dele. Fiquei me contorcendo na cama de um lado pro outro tentando escapar, mas ruivo tem duas vezes mais força que eu.

Ele parou risonho e eu ofegante de tanto rir. Depois eu abri um sorriso igual ao dele e então eu percebi. Gaara e eu estávamos  com os nossos rostos a centímetros de distancia. Tão perto que eu pude sentir a sua respiração tocar a minha pele. Meus olhos viajaram da boca dele até os olhos e ficamos nos encarando por um bom tempo.

A porta foi aberta com brusquidão e o Gaara olhou para ela, mas sem mover nenhum centímetro. Eu joguei meu rosto para trás e suspirei pesadamente.

-Desculpa interromper. – O tom irritado veio de ninguém mais ninguém menos que Uchiha Sasuke. Ele estava parado encarando Gaara e o ruivo o encarava de volta. Ficamos naquela situação por um bom tempo, todos em silencio, até eu empurrar o Gaara e ficar de pé. Peguei a minha camera e dei um beijo na bochecha do garoto sentado na cama.

-Eu já vou. Eu tenho que passar isso pro computador. – Balancei o objeto na minha mão, mostrando que eu estava falando sobre ele.

-Ok. – Ele devolveu o beijo na bochecha, só que o dele foi mais demorado. Sai pela porta trocando um curto olhar com o Sasuke.

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TheCherry

Assunto: Give me a A and I Will pay.

                Olá Konoha. Quem aqui está preparado para a prova de amanha? Eu tenho que admitir que matemática não é a minha melhor matéria, então devido aos meus dias de espionagem, fofoca e escrita, eu não tive tempo para estudar, mas a solução é fácil, porque não seguir o exemplo do meu amigo Kiba e comprar a prova?

Oh Kiba, eu acho que a velha Tsunade vai adorar a sua copia de 200 dólares do tão precioso teste de matemática da professora Kurenai.

Não acreditam em mim? Por sorte eu consegui tirar uma perfeita foto do rosto do Inuzuka. Esse ângulo conseguiu pegar o seu melhor lado, não é Kiba?

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Mas o que foi aquilo? Na minha cabeça passavam todas as imagens do Gaara e do Sasuke. Do modo como eu e o Gaara nos encaramos e do fato de eu estar tão triste pelo Sasuke ter visto. Balancei a cabeça para que todos esses pensamentos fossem embora. E quase não conheço Sasuke Uchiha, mas que merda eu estava fazendo me importando com o que ele vê ou não?

Rolei na cama e joguei a minha cabeça contra o travesseiro, gritei o mais alto que pude contra ele para abafar o barulho. Se tiver uma coisa certa nisso tudo é que eu e o Gaara não existimos como casal, mas sim como bons amigos.

AAAH! Mas eu com certeza senti o clima do momento! Que merda!

Acho que eu não posso ficar aqui, rolando de um lado para o outro. Decidi levantar da cama e fazer alguma coisa lá fora. Peguei um dos livros na minha estante e sai do quarto. Caminhei até aquela pracinha atrás do prédio principal, como eu disse, nunca tem ninguém lá.

Sentei-me em um banco debaixo de uma arvore com as pernas dobradas e com o livro em mãos. Ficar lendo o livro me impediria de pensar em todas aquelas besteiras. Mas depois de passar um tempo aqui, eu vi que não estava dando muito certo, minha cabeça de vez em quando ainda voava para longe.

Fechei os olhos e respirei fundo, fechei o livro também, mas com força. Quando abri meus olhos novamente, encontrei com um par de ônix me encarando.

-Acho que vou ter que arranjar outro lugar para descansar. – Comentou o moreno. Ele se deu a liberdade de sentar na outra ponta do bando, sem ser convidado.

-Então pode ir procurar.  –Espero que ele tenha entendido a indireta, mas ele só riu, um riso debochado.

-Acho que por hora eu posso dividir. – Eu bufei irritada e um pouco envergonhada. Eu não o queria ali por que me fazia pensar no momento do quarto.

-Mas eu acho que eu não. – Eu juro que queria levantar e sair dali, mas era como se meu corpo lutasse contra os meus comandos. O Uchiha mostrou um sorrisinho torto, como se estivesse se divertindo a minha custa.

Nós ficamos alguns minutos em silencio, eu olhando para o meu livro e ele para o céu.

-Aquele momento, no quarto... – Eu não entendi porque eu quebrei o silencio para explicar o que aconteceu, entendi menos ainda porque eu senti a urgência de dar satisfações a ele.

-Não se preocupe. Vocês são namorados, tem o direito a esses momentos. Só deixem um aviso, como uma gravata na maçaneta. – Pera...O QUE? Eu ouvi direito? O Sasuke acha que eu e o Gaara somos namorados? Eu não consegui agüentar a vontade de gargalhar e pela cara do Uchiha, ele deve ter achado que eu estava  rindo dele, o que não é completamente errado, parando para pensar.

-Eu e Gaara? Namorados? Você sabe como animar uma garota Uchiha. – Limpei as lagrimas dos meus olhos. Quando voltei a olhar para ele, ele me olhava confuso, com as sobrancelhas arqueadas.

-Eu acho que vocês são sim namorados. – Afirmou.

-Então agora você sabe melhor que eu sobre a minha vida?

-Só estou dizendo que se vocês não são agora, em breve com certeza serão.

-E o que o faz dizer isso?

-O jeito que ele olha você. – Eu congelei. O que o Sasuke disse me fez lembrar de como ele me olhou e o quão apaixonado esse olhar parecia. Engoli em seco e respondi.

-Ok, vamos aceitar essa idéia estúpida de que ele goste de mim. EU não gosto dele dessa maneira, então não tem namoro.

-Errado. A mulher sempre cede. – Eu me senti um pouco ofendida pela comunidade feminina, ele fez soar como se qualquer garoto que se confessasse para a gente já teria nosso amor eterno.

-Não cede nada. – Virei o rosto, fazendo birra.

-Claro que sim. Você vera. – Agora eu tive vontade de levantar e ir embora. Então assim o fiz.

-Machista. – Disse antes de ir, e ainda pude o ouvir dizer mais alguma coisa.

-Irritante.