The Loon Master escrita por Nowhere Unnie


Capítulo 3
Capítulo 3 - Ashley


Notas iniciais do capítulo

Finalmente tomei vergonha na cara e atualizei essa fic, não vou demorar tanto assim para postar o próximo, mas como estou escrevendo tudo pelo cel também não posso prometer um capítulo novo a cada dia...



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Aquele dia eu não esperei por ninguém para almoçar no restaurante universitário e fui direto para a casa de Claire, que estava recostada na janela como uma vizinha fofoqueira, apenas esperando por mim. Pude ver que ela se afastou e saiu correndo para abrir o portão assim que me viu dobrar a esquina, então nem precisei tocar a campainha. Ela agarrou meu braço, praticamente me arrastando até a sala de casa, e provavelmente continuaria me arrastando até o seu quarto se sua mãe não aparecesse nos chamando para almoçar.

Claire devorava a comida rapidamente como se o mundo estivesse acabando e eu abafei uma risada quando sua mãe a mandou comer mais devagar senão ia acabar se engasgando, pois sabia que o motivo de tanta pressa era porque ela estava morrendo de curiosidade e tratei de comer logo também, para tentar acabar junto com ela.

Acho que nunca comi tão rápido em minha vida, pois também estava doida para compartilhar com alguém o que tinha acontecido e, assim que terminei de comer, Claire não me deixou nem terminar o suco, pegou meu copo com uma mão e com a outra me puxou pelo braço para levantar da cadeira. Mas eu estava com vergonha de sair assim e deixar tudo sujo ali para a mãe dela, então falei:

— Calma, Claire, me deixa lavar pelo menos meu prato!

Mas ela não parou de me puxar pela cozinha afora enquanto gritava pelo caminho:

— Mãe, eu juro que lavo toda a louça da janta depois e as panelas também, mas agora precisamos ir!

— Me conta logo, vai! — Ela pedia ansiosa.

Então comecei a contar o que aconteceu com mais detalhes do que tinha feito antes por mensagem mas na verdade não tinha muito o que contar,  aquilo aconteceu tão rápido que em menos de um minuto eu já tinha contado tudo, confessei inclusive a vergonha que senti ao passar por ele no corredor.

— Mas Ash, você ainda não me deu nenhum detalhe, eu quero DETALHES! — Ela insistiu, enfatizando a última palavra.

— Você quer que eu diga que nossas línguas travaram uma árdua batalha, especifique o gosto da saliva dele, ou o quê?

— Credo, claro que não! Mas foi só isso mesmo? Não teve mais nada? Nadinha? Nem coração batendo mais forte, olhares apaixonados, sinos tocando? Nada? — Ela parecia desapontada por só ter rolado um beijinho e depois eu ter saído da faculdade como uma fugitiva sem nem olhar para a cara dele pelo caminho.

E eu achei certa graça sobre como ela esperava inocentemente que aquilo fosse um romance quando na verdade não significou nada para nenhum dos dois.

— Isso foi tudo o que aconteceu, querida! — Mais do que isso, só se eu inventasse uma história contando mais coisas ou, sei lá, escrevesse num papel tudo o que eu senti na hora e, pensando bem agora, essa loucura daria uma ótima fanfic…

Essas últimas palavras eu disse olhando para cima e terminei de falar com um sorrisinho maroto, como se uma lâmpada de idéia tivesse surgido acima da minha cabeça, como acontece nos desenhos animados.

— Mas e agora, como vai ser na faculdade? Você vai voltar amanhã com que cara?

Às vezes era irritante como Claire agia como uma adolescente de 13 anos diante das coisas como se tudo fosse o fim do mundo, mas eu também não tinha do que me queixar porque ninguém mais da nossa faixa etária além dela me aguentaria com minha idade mental de 16.

— Do mesmo jeito de antes, vou continuar tentando acordar de manhã bem cedo pra lavar a cara e chegar nas aulas pontualmente, o que vai ser bem difícil, mas eu jamais desistirei! — Terminei levantando o braço com o punho cerrado, demonstrando toda minha garra e força de vontade para cumprir essa missão impossível.

— Deixa de ser boba, Ashley! Você entendeu o que eu quis dizer…

Eu dei uma risada e, pela primeira vez até então, comecei a pensar nas consequências que aquele ato teria. A essa altura todos os meus colegas de turma já devem ter ficado sabendo, principalmente o Justin e, a partir do momento em que ele descobrisse o que aconteceu, o curso inteiro ficaria sabendo também. Porque aquele garoto, além de fofoqueiro, parece que tinha todos os alunos de todos os períodos adicionados em suas redes sociais. Eu ainda estava pensativa e olhava para um ponto qualquer da parede do quarto quando respondi o que ela queria saber.

— Não sei, Claire. Mas também pouco me importa o que digam ou pensem de mim, contanto que não me encham o saco…

— Nossa, eu queria ter essa sua coragem, viu?

— Não é coragem, é que quando as pessoas nascem doidas assim, geralmente recebem o dom de não ligarem a mínima para o que os outros vão achar dela. Que estranho você não ter nascido esse dom também, amiga…

— Vem cá, por acaso você está me chamando de doida?

— E por acaso você é normal?

— Sou sim, super normal!

— Normalmente desequilibrada, só se for! — Ela fez uma careta com a minha resposta e depois começamos a rir.

Eu passei o resto do dia na casa dela porque não tinha nada o que fazer na minha. Na verdade até tinha sim, mas preferia ficar lá porque sempre me divertia muito com Claire e ficar em casa pensando besteiras ou aguentando o povo da minha turma me mandando mensagens, pelo simples prazer de se intrometer na vida alheia, não era muito animador.

Por sorte, no dia seguinte não tinha aula com o Moon, mas como eu suspeitava, todo o curso já estava sabendo e eu quase me senti uma celebridade, pois enquanto andava pelos corredores nos intervalos percebia os olhares, cochichos e alguns nem disfarçavam ao cutucar os colegas dizendo “É essa…” para aqueles que tinham ouvido a história mas não sabiam de quem tratava.

Durante as aulas não tive muito problema com meus colegas, porque a maioria deles já sabia que eu sou é louca e nem se surpreendia mais com nada, mas é claro que sempre tinham aqueles cuja curiosidade falava mais alto e que resolviam me pedir uma versão direta dos fatos. O mais interessado deles era Justin, que graças ao fato de eu ter ignorado todas as suas mensagens do dia anterior, me perturbou o tempo todo e nem consegui prestar atenção nas aulas direito.

Ele até era legal e um dos poucos ali com quem eu tinha afinidade, nós somos como irmãos um para o outro e, como em toda boa relação fraterna, muitas vezes ele me irrita tanto que eu só quero distância dele. Mas no fundo somos bons amigos, o que naquele contexto acadêmico significava fazer trabalhos, estudar, lanchar ou almoçar juntos e nos falar pelas redes sociais fora dali, porque não tenho paciência para socializar com ninguém nesse mundo, mas sei que ele não se sentia rejeitado porque sempre estava perturbando Janet e Dylan, outros colegas de turma que eu poderia até arriscar dizer que também são meus amigos.

Porém essa vez ele teve que almoçar sem mim de novo porque eu não estava com muita paciência para encarar a fila do restaurante universitário e me despedi mais cedo, além do mais, precisava me preparar psicologicamente para o que me esperava no dia seguinte.

Mas nem um dia inteiro foi suficiente e, pela minha incapacidade  de dormir antes das duas da manhã, nem uma noite inteira poderia me preparar para o que estava por vir. Não preciso nem dizer que não consegui acordar no dia seguinte e me atrasei quase uma hora para a primeira aula.

Eu cheguei à faculdade e subi as escadas correndo como sempre fazia, mas dessa vez maldizendo minha insônia, pois não teria como passar despercebida ao entrar na aula do Moon com mais de 40 minutos de atraso e seria o centro das atenções quando abrisse aquela porta, justo o que eu mais queria evitar.

Já estava quase no segundo lance de escadas quando ouvi alguém me chamar:

— Ash, espera aí!

Me virei para trás e lá estava Justin, que subia as escadas correndo também até me alcançar.

— Isso tudo é pressa pra ver logo seu amor?

Ele me perguntou em um tom brincalhão e eu quase o empurrei escada abaixo, mas contive meus impulsos e me limitei a bufar de raiva enquanto continuava a subir, acompanhada por ele.

— Cala a boca, Justin!

Ele riu durante toda a subida ao perceber que seu intuito de me irritar havia surtido efeito. Mas eu estava um pouco aliviada por não ser a única a entrar na sala em uma situação como aquela.

Cruzamos o corredor que, por sorte, estava vazio e eu hesitei por alguns segundos antes de abrir a porta da minha sala de aula. Deixei que Justin entrasse primeiro, respirei fundo enquanto ele girava a maçaneta e adentrei a sala logo atrás dele, tentando agir naturalmente, como se o único problema real fosse meu atraso. Doce ilusão a minha achar que poderia fingir que nada tinha acontecido, mal sabia eu o que me esperava segundos depois.


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Notas finais do capítulo

Quero dedicar esse capítulo especialmente à Valdie Black, que provavelmente é minha única leitora aqui! ♥ (Tem a Laurinha também, mas não sei quando ela volta, então... kkkk)
Se mais algum ser humano estiver lendo isso aqui, pode comentar também, que eu não mordo, viu? XD