Alice Longbottom.

Acordei na manhã de sexta feira fitando o teto da masmorra a qual eu dormia. Eu estava feliz, como nunca estive antes. O ano letivo já havia começado há duas semanas, e as coisas não poderiam estar melhores.

Eu e Matt estávamos cada vez mais próximos  e eu conseguira superar o Potter em todas as matérias  exceto poções. Mas fala sério, o garoto parecia ter mãos magicas para a matéria.

Esfreguei os olhos e me levantei lentamente, olhei para a cama ao lado, Dominique ainda dormia a sono solto.

Fui cambaleando até o banheiro, entrei na banheira e deixei que a agua relaxasse meu corpo, mas parece que acabei demorando demais.

─ ALICE LUNA LONGBOTTOM, SAIA DESSE BANHEIRO AGORA! ─ gritou Dominique, socando a porta.

Sai da água suspirando, isso que dá ter uma Weasley como amiga.

Algum tempo depois estávamos prontas no salão comunal, olhei para o quadro de avisos e fiquei surpresa em saber que nós teríamos nossa primeira visita a Hogsmeade na manhã seguinte.

─ Olha Domi, tem Hogsmeade amanhã. ─ falei feliz, apontando para o quadro.

─ AH MEU DEUS, EU NÃO ENVIEI O FORMULÁRIO . ─ falou Domi e saiu correndo, a caminho do corujal.

Pois é, ter o pai como diretor da escola tem suas vantagens.

Peguei minha mochila que estava na poltrona e sai para o café. Quando estava entrando no Salão Principal, senti alguém tocar meu ombro.

─ Alice. ─ chamou Matt.

─ Sim? ─ falei me virando.

─ Hum... Eu estava pensando... Você não quer ir comigo à Hogsmeade amanhã? ─ ele perguntou com um sorriso de canto.

Eu fiquei atordoada por alguns instantes, processando sua pergunta, então disse:

─ Seria um prazer. ─ sorri e continuei o caminho para a mesa da Sonserina.

Não dava para acreditar, eu iria a Hogsmende com Mathew Nott, era bom demais para ser verdade. Nesse momento eu senti que nada seria capaz de abalar meu humor.

─ Ei, Longbottom. ─ reconheci a voz de Potter. ─ Quer ir a Hogsmeade comigo? ─ pediu ele, com um sorriso de canto, arrancando risinhos da mesa da Grifinória.

Eu disse que nada abalaria meu humor? Pois é, falei errado. Havia me esquecido que Potter tem este poder.

─ Não enche Potter. ─ cuspi entredentes, sentando-me.

Tomei meu café calmamente, instantes depois Domi chegou saltitando e se sentou ao meu lado.

Não demorou muito e a sineta tocou, e minha animação ─que já estava abalada─ foi abaixo, afinal, agora eu teria aula de poções, não que eu não gostasse, modéstia a parte, sou uma das melhores da turma, porém o que estraga é que nossa aula é junto com a Grifinória, e consequentemente, com o Potter.

Me levantei da mesa e segui a caminho da sala do Slughorn.

Me sentei na primeira carteira da sala, como de rotina, Domi se sentou ao lado de sua prima Rose, pois elas sempre trabalharam juntas, e eu nunca liguei. Corri os olhos pela sala e não encontrei o Potter, com um pouco de sorte, hoje ele mataria aula para ficar com uma qualquer.

Estava retirando o livro-texto de poções da mochila, quando a porta se abriu bruscamente, eu, o professor e os outros alunos nos viramos para olhar, Alvo Potter entrou na sala, com a gravata solta, a camisa amassada, os cabelos bagunçados e os labios inchados, tipico, havia acabado de levar uma garota para o armário de vassouras, provavelmente. Rolei os olhos e me virei para a frente. Ele não era digno de minha atenção.

─ Potter! ─ exclamou Slugue, com sua voz abafada. ─ Onde estava?

─ Eu me atrasei professor, me desculpe. ─ falou ele, com um sorriso de canto.

É claro que Slughorn jamais o deixaria para fora da sala, afinal, ele sempre foi o seu queridinho, ele e os outros dois Potter.

─ Sente-se jovem, sente-se. ─ pediu ele.

Alvo olhou a sala, e constatou, como eu, que apenas o lugar ao meu lado estava vago.

É muita sorte pra um dia só.

Ele sorriu novamente e veio andando em minha direção.

─ Parece que vamos ter que trabalhar juntos hoje. ─ falou ele, olhando para mim com um olhar divertido.

─ Errado! ─ falei sorrindo de leve. ─ Nós vamos trabalhar separados, apenas vamos dividir a mesa.

─ Então ─ disse o professor repentinamente enérgico ─ Abram a página dez de Estudos avançados no preparo de poções. Temos pouco mais de uma hora, o que deve ser suficiente para vocês fazerem uma tentativa válida de preparar a Poção do Morto-Vivo. Sei que é mais complexa do que qualquer outra que tenham tentado antes e não espero que ninguém faça uma poção perfeita. Podem começar.

Houve muito barulho quando os alunos arrastaram objetos e puxaram seus caldeirões para perto, e batidas estridentes à medida que acrescentávamos pesos aos pratos das balanças, mas ninguém falou. A concentração era quase tangível.

Peguei uma faca e tentei cortar a vagem, como pedia no livro, porém ela estava se mostrando muito difícil de cortar. Olhei para o lado e vi Alvo amassando a vagem com uma adaga de prata. Qual o problema do garoto, ele não viu o que o livro-texto orientava cortar e não amassar?

Olhei para minha poção que estava muito purpura, quando já deveria estar lilás-clara. Droga. Eu nunca errei uma poção sequer na aula do Slugue, e não será hoje que vou errar.

Li o livro mais uma vez, lá dizia que eu deveria mexer no sentido anti-horário até que a poção adquirisse um tom claro como água.

Comecei a mexer, porém a poção continuava no seu tom purpura, olhei para o lado e constatei que a poção de Potter estava exatamente como o livro pedia.

─ E acabou-se o tempo... Por favor, parem de mexer. ─ pediu o Professor.

O professor caminhou lentamente entre as mesas, examinando o conteúdo dos caldeirões. Não fez comentários  mas ocasionalmente mexia ou cheirava uma das poções. Por fim, chegou à mesa onde estava eu e Potter, deu um aceno de aprovação à minha poção, então viu a de Alvo, e uma expressão de prazer e incredulidade espalhou-se pelo seu rosto.

─ Sem duvida o melhor! ─ exclamou ─ Excelente Alvo, excelente! Deus do céu, é inegável que você herdou o talento de seu pai e sua avó, que tinham ótimas mãos para poções.

─ Acho que dessa vez eu lhe superei, Longbottom. ─ sussurrou ele para mim.

─ Ah, e antes que eu me esqueça, mais vinte pontos para Grifinória, pela melhor poção da turma.

Ouvi gritinhos eufóricos de pessoas parabenizando Potter, isso deixaria Grifinória em primeiro lugar no campeonato das casas.

Ele pegou os livros da mesa, escorregando-os para dentro da bolsa, jogou a mesma nos ombros, e já estava saindo quando se virou e disse:

─ E se quiser, posso lhe dar umas aulinhas particulares, Longbottom. ─ disse piscando para mim, logo virando as costas e sumindo no corredor.

Eu quasei entrei em erupção. Comecei a guardar meus materiais com violência.

─ Ei, cuidado para não fulminar tudo com esse olhar matador. ─ falou Domi divertida, se escorando na minha mesa.

─ Não enche Dominique! ─ falei ríspida, saindo da sala.

Estava caminhando as pressas para minha aula de Aritmancia quando tropecei e quase cai, quando senti fortes braços me ampararem, levantei para olhar quem me salvara e sorri ao encarar os lindos olhos âmbar de Matt.

─ Ei, vai com cuidado loira. ─ disse ele, ainda com os braços em minha cintura.

─ Ah, desculpe.. ─ falei me recompondo. ─ Acho que herdei o mesmo senso de equilíbrio de meu pai. ─ brinquei e ele riu.

─ Não devia falar assim do nosso diretor. ─ falou ele sorrindo, entrando na brincadeira.

Eu dei uma gargalhada melodiosa, e ele olhou em meus olhos.

─ O passeio a Hogsmeade ainda está de pé, não é? ─ perguntou.

Meu coração se aqueceu ao lembrar que eu sairia com ele.

─ Claro. ─ respondi.

Me despedi dele e voltei a caminhar para a aula de Aritmancia  mas agora, muito mais feliz do que antes.