Alvo Potter.

─ Deixa eu ver se entendi, você quer ir ao baile comigo? ─ perguntei perplexo, sem poder acreditar no que acabara de ouvir.

Nós estavámos na sala precisa, onde ninguém poderia nos ouvir, por que segundo Alice isso era um assunto “extra-particular”.

─ Sim. ─ respondeu ela, me fitando ─ Por que, não quer ir ao baile comigo?

─ Não, não, nada disso. ─ me apressei em corrigir ─ é que é meio estranho...

─ O que é estranho? Eu querer ir ao baile da minha escola com um velho amigo de infância? ─ ela perguntou docemente.

─ Alice... ─ falei balançando negativamente a cabeça e sorrindo ─ Essa sua carinha de anjo não me engana, o que tá aprontando?

─ Potter, não creio que isso seja da sua conta. ─ ela disse com a voz suave ─ apenas me diga, vai ou não comigo para o baile?

─ Olha, se você estiver armando alguma coisa, qualquer coisa para mim... ─ comecei, porém ela me interrompeu.

─ Eu proponho um voto de paz. ─ ela falou ─ Vamos lá Potter, apenas quero sua companhia para o baile.

─ Tudo bem... ─ falei me levantando ─ Agora é melhor irmos andando, já está tarde.

─ Ok. ─ disse ela me acompanhando.

Nós andavámos pelos corredores com a maior cautela possivel, mas mesmo assim nossos passos ainda ecoavam, por mais que tentassemos evitar. Chegamos ao quarto andar, que seria onde seguiriamos rumos diferentes, porém eu continuei a andar ao seu lado.

─ Achei que seu salão comunal fosse em uma torre, no alto. ─ ela falou ─ por está descendo? ─ perguntou enquanto desciamos mais um lance de escadas.

─ Por que o seu salão comunal é nas masmorras, e elas ficam embaixo ─ falei olhando para ela e dando uma piscadinha.

─ Vai me acompanhar? ─ ela perguntou.

─ Claro, agora que você é oficialmente minha acompanhante para o baile, preciso ser o cavalheiro que nunca fui.

Ela apenas riu e continuamos nosso caminho em silêncio.

Assim que chegamos a entrada do seu salão comunal ela parou e se virou para mim.

─ Potter, obrigada. ─ falou em um sussurro.

─ Eu que agradeço. ─ falei sorrindo marotamente.

─ Preciso te pedir uma coisa. ─ disse ainda sussurrando.

─ Sim? ─ respondi.

─ Não conta pra ninguém que vamos ao baile juntos?

─ Por que? ─ perguntei franzindo o cenho.

─ Prometa. ─ ela pediu sem dar explicações.

─ Ok, eu prometo. ─ falei.

Ela sorriu, e sem que eu esperasse deu-me um inesperado beijo no rosto, sussurrando a senha de sua casa e passando pela passagem, tão rápida quando um gato.

Parado sozinho em uma masmorra fria eu passei a mão pelo lugar onde ela beijara, com um inevitável sorriso no rosto.

Ela estava tramando alguma coisa, e eu sabia disso, pois esse não é um comportamento aceitável para Alice Longbottom. Agora só me resta esperar e tentar acreditar que ela não vai me envergonhar de alguma forma na frente de todos, destruindo assim as minhas chances de ganhar o mapa.

Suspirei e segui meu caminho para o salão comunal da Grifinória, sem fazer a menor ideia do que estava por vir.

Lily Luna.

─ Lily? ─ chamou uma voz conhecida.

Eu estava no meu dormitório, sentada em minha cama abraçando meus joelhos. Meus olhos estavam inchados devido as lágrimas que insistiam em cair.

Se tem uma coisa que eu odeio é brigar com as pessoas que eu amo, mas parece que ultimamente elas não tem me dado alternativa.

─ Como subiu aqui? ─ perguntei me esforçando para manter a voz firme.

─ Isso não importa. ─ falou Hugo com a voz mais doce, se aproximando de mim.

─ Vai embora. ─ falei.

─ Não vou, sabe por que? Porque você não quer que eu vá.

─ Estou cansada Hugo, não quero discutir.

─ Vamos lá Lily. ─ disse ele se aproximando ─ sou eu, Hugo, seu primo mais lindo, lembra? ─ ele falou arracando um sorriso meu. ─ Não gosto de te ver assim, muito menos brigada comigo. ─ nesse momento ele já estava sentado ao meu lado.

─ Desculpa. ─ falei sentindo minhas forças se esvairem ─ fui ignorante com você.

─ Tá tudo bem. ─ falou ele, passando o braço pelos meus ombros ─ Só não chore mais, nem por mim, nem por ninguém.

─ Tudo bem ─ falei limpando qualquer vestigio de lágrimas ─ Obrigada.

É, esse é o poder do Hugo, ele tem um carisma e uma simpatia tão grande que não tem como ficar brigada com ele, é o tipo de pessoa que “quebra” qualquer sentimento ruim.

Alice Longbottom.

─ Que fique registrado, eu sou a pessoa mais persuasiva do mundo. ─ falei assim que cheguei no dormitório, um pouco animada demais.

─ Shhh. ─ ralhou Dominique ─ Vai acordar todo mundo. ─ concluiu apontando para nossas colegas de quarto que dormiam a sono solto. ─ do que você está falando?

─ Eu consegui, consegui, consegui. ─ falei em um ritmo um tanto quanto idiota.

─ Dá pra você deixar a demencia mental de lado e me falar o que está acontecendo? ─ ela perguntou arqueando uma sobrancelha.

Eu me adiantei para sua cama, sentando-me ao seu lado e me pus a contar detalhe por detalhe do que iria fazer.

─ Então você vai...? ─ ela perguntou um tanto animada demais.

─ Shhhhhh. ─ falei colocando a mão sobre sua boca. ─ ninguém. NINGUÉM pode saber, ok?

─ Claro né. ─ ela falou.

Eu olhei para ela e sorri maléficamente.

─ Com par ou sem par eu não perco esse baile por nada. ─ ela falou, animada.

─ Do que você está falando? Achei que tivesse um par. ─ perguntei perplexa.

─ John McCall dá Grifinória quer ir comigo, mas...

─ Mas o que? Dominique, eu to sabendo que o James vai com a Dunstar, e você não vai ficar por baixo, está me ouvindo? ─ falei convicta. ─ Amanhã mesmo você vai aceitar o convite do John, ele é um gato afinal. ─ conclui sorrindo.

─ Mas é que...

─ Mas nada Dominique, se você quer que o James te perceba tem que agir, tem que provoca-lo. Você vai ao baile e eu vou tomar as devidas providencias para que você seja a garota mais linda daquele lugar, duvido que a sem sal da Dunstar esteja melhor do que você.

─ É por isso que eu te amo. ─ falou ela sorrindo e me abraçando.

─ Muito bem, agora vamos dormir por que amanhã será um looongo dia. ─ disse indo para minha cama.

─ Boa noite. ─ disse ela.

─ Boa noite.