Crônicas de Son Gohan escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 9
Entre mortos e feridos ( Parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Depois de uma derrota, os reflexos dela sempre aparecem. Gohan e Vegeta - sobreviventes de uma tragédia - terão que lidar com isso a partir de agora. Mas cada um vai começar a reagir a seu modo.



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Entre mortos e feridos:


Os reflexos de uma tragédia (Parte 1)


 


- Não se preocupem... Agora eles estão fora de perigo.


Bulma e Chi Chi suspiraram de alívio ao ouvir a frase do médico. O estado de Vegeta e de Gohan quando apareceram era de se assustar. Até mesmo para duas mulheres tão acostumadas em vê-los, vez por outra, feridos e com as roupas rasgadas. Aliás, Chi Chi não fazia ideia de que o filho estava com o saiyajin. E ninguém sabia do paradeiro dos outros guerreiros Z. Só descobririam quando os dois recobrassem os sentidos.


- Eles vão demorar pra acordar? – Bulma perguntou.


- Creio que não... – o médico respondeu. – Tanto o seu marido, como o filho de sua amiga têm uma resistência fora do comum. Normalmente, uma pessoa qualquer, com tantos ferimentos, estaria à beira da morte...


Nisso, o médico saiu. Já era noite e elas foram dar uma olhada nos dois. Gohan ainda não havia acordado. Chi Chi resolveu ficar junto com o filho, em um dos quartos da casa de Bulma. No outro quarto, Vegeta já havia recobrado a consciência.


O corpo ainda doía bastante, mas a dor física não se comparava ao que sentia por ter sido derrotado por um androide. Para ele era humilhação demais. Mas, mais humilhante ainda era ter sido salvo por um garoto. E o pior: o garoto era filho de um guerreiro ralé, era filho de Kakarotto.


- Vou perguntar de novo! O que você está fazendo aqui?


Gohan não respondia. Apenas estava concentrado em evitar que o escudo se rompesse e o ataque dos androides os atingisse.


- Escuta aqui, moleque! – Vegeta insistiu. – Eu não preciso da sua ajuda e não preciso que ninguém salve a minha vida! Me deixa sair!


O saiyajin estava levantado, mas cambaleava muito. Apesar disso, queria que o garoto o deixasse sair. Em nome de seu orgulho saiyajin, queria enfrentar os androides de qualquer maneira.


- Anda logo, me deixa sair! – ele berrou.


Gohan percebeu claramente que ele não tinha condição alguma de lutar e, além disso, os arroubos de orgulho de Vegeta não lhe davam força alguma para sequer ficar em pé.


- VOCÊ QUER MORRER? – o garoto esbravejou.


O saiyajin achou que essa pergunta era uma afronta ao seu orgulho.


- O quê?!


- Se quer enfrentar esses dois de novo, não pode morrer!


Ele não respondeu.


- Você não se importa com a Bulma? Se você não se importa, eu me importo, assim como o meu pai se importaria...!


Teve que se interromper para aumentar o ki e manter o escudo. Estava suado e esgotado. Tinha suportado a primeira explosão, mas não sabia ao certo se suportaria a segunda. Mas fez mais um grande esforço, para resistir à outra explosão.


Vegeta caiu de quatro, as pernas não suportavam nem o peso de seu corpo. Em seguida, o escudo energético de Gohan se desfez e o garoto, exausto, perdeu a transformação e desmaiou.


A imensa nuvem de poeira levou minutos para se dissipar. Quando a poeira desapareceu, revelou a dimensão da destruição que os androides causaram. Era algo que impressionava até mesmo o frio e calculista príncipe dos saiyajins. Algo que o fazia perceber que os androides eram muito superiores. Eles estavam além do que se podia imaginar.


O vento soprou, dando um uivo melancólico e medonho em meio a um lugar desolado. Conseguiu se levantar e pegou Gohan. Começou a flutuar e viu, do alto, o tamanho real da devastação à qual havia sobrevivido. Só restavam escombros do local, totalmente destroçado pelos ataques dos androides. Até os corpos dos guerreiros Z desapareceram com a explosão.


Estava enfraquecendo de novo, e o seu corpo doía muito. Tinha recuperado apenas uma parte muito pequena de sua energia. Calculou que ela poderia ser suficiente para voar até a sua casa. Mas não tinha certeza se conseguiria chegar lá, pois carregava um peso extra, além do seu próprio corpo.


Antes de se pôr a caminho, olhou mais uma vez para o cenário de destruição que passou a existir. Talvez nem mesmo Kakarotto sobrevivesse, se aquela doença não o tivesse matado antes.


“Androides desgraçados!”, pensou.


A derrota havia sido humilhante. Vegeta tinha subestimado Nº 17 e Nº 18. Achava que o fato de os demais terem morrido nas mãos deles era por serem fracos. Pensava que seria fácil vencê-los, só por ser um Super Saiyajin. Estava enganado.


Redondamente enganado.


E o pior de tudo era ter seu orgulho gravemente ferido. Não só por ter levado uma surra do Androide Nº 17. O que o deixava ainda mais aborrecido era o fato de ter sido salvo por Gohan... Filho de um soldado de classe baixa... Kakarotto.


“Ainda depois de morto, você me persegue?”


Fechou os olhos e apertou o lençol com força, ignorando a dor que sentia nas mãos. Em sua mente, aparecia a imagem sorridente de Goku. Em seguida, surgiu a imagem de Gohan. A semelhança entre pai e filho ia além da semelhança física. Estava também no jeito de ser.


“Por quê?!”


Recordou-se do momento em que Gohan criou aquela proteção, quando Nº 18 estava prestes a atacá-lo. O garoto havia se arriscado para salvar a sua vida. Naquela hora, seu orgulho já estava bastante ferido com a surra que havia tomado. Não queria que ele levasse outro duro golpe.


“- Escuta aqui, moleque! Eu não preciso da sua ajuda e não preciso que ninguém salve a minha vida! Me deixa sair!”


Não queria a ajuda de ninguém. Achava-se muito forte:


“- Vocês dependem demais dos outros... Isso é sinal de que não passam de um bando de guerreiros fracos e inúteis! O verdadeiro poder de um guerreiro está na capacidade de lutar sem a ajuda de outros. Por isso... – sorriu, prepotente. – EU sou o guerreiro mais poderoso de todos!”


Achava que era forte. Pensava que o fato de ser um Super Saiyajin o fazia ficar imune a qualquer tipo de vexame.


 Que ilusão...


“- Me mostre todo esse poder de que tanto fala!”


“- Cadê o seu grande poder? Eu estou esperando!”


“- Vou perguntar de novo... Cadê o seu grande e surpreendente poder? Vai continuar se gabando desse seu ‘poder’? Vamos, me mostre esse poder de que tanto você falou!”


“- Pelo jeito, seu poder é só esse... Você adora contar vantagem... Disse que é o guerreiro mais forte que existe... E que Goku seria superado... Mas você não passa de um verme! Não passa de um cara patético e metido, que só vive se achando... Na verdade, você só tem papo e não passa de um sujeito fracassado! Você é igual aos outros!”


Sentia-se humilhado ao se lembrar das palavras debochadas de Nº 17. Se os outros guerreiros Z tivessem sobrevivido, ele seria motivo de piada. O imponente príncipe dos saiyajins, todo cheio de pompa antes de enfrentar o androide, tinha se tornado um sujeito medíocre e fracassado que tinha passado por um enorme vexame. E, ainda por cima, teve de ser salvo por um moleque...


“- Anda logo, me deixa sair!”


 “- VOCÊ QUER MORRER?” – o garoto esbravejou."


“- O quê?!”


“- Se quer enfrentar esses dois de novo, não pode morrer!”


Ser salvo por um fedelho... E pela segunda vez! Isso era degradante!


“Por quê? Por que você sempre me persegue, Kakarotto?”


Vegeta percebia que, apesar de morto, Goku estava sempre por perto. Estava presente em Gohan.


 Veio à sua mente a imagem dos androides 17 e 18. Estes lhe despertavam mais raiva ainda e lhe despertavam um desejo. O desejo de vingança.


Vingança. Agora era tudo o que queria, já que a sua vida não fazia mais tanto sentido. A sua razão de viver – a revanche com Goku – estava tão morta quanto seu arquirrival. A revanche jamais aconteceria. O jeito era se contentar em treinar para ir à forra contra Nº 17.


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Notas finais do capítulo

Bom, em relação ao especial de Trunks, eu tomei a liberdade de alterar a ordem das mortes dos guerreiros Z, por isso eu poupei o Vegeta de morrer logo de cara. Mas o Gohan ainda é o personagem central da história. Ah... Mudando de assunto, alguns capítulos acabaram ficando com os títulos muito compridos e, como não cabiam na lista, tive que encurtá-los. Mas os títulos originais estão no texto... Quem quiser dar uma opinião sobre a minha fic, pode mandar um review pra mim, ok? Até o próximo capítulo!