Tragédia em quatro atos
Ato Final: A derrota vergonhosa
- Você vai me pagar! – Gohan disse a Nº 18.
Estava rodeado pela aura dourada de Super Saiyajin, e as lágrimas ainda escorriam pela face do garoto. Mas, apesar das lágrimas, ele estava com o rosto expressando ódio. Ódio por ver a crueldade com que aqueles androides eliminaram os amigos de seu pai – e, por consequência, SEUS amigos. Sentiu, a alguns metros dele, um ki muito fraco, quase imperceptível. Reconheceu como sendo de Vegeta, que parecia tentar esconder sua presença dos androides.
Partiu pra cima de Nº 18 com toda a fúria que tinha. Mas ela se esquivou do soco que ele iria lhe acertar e contra-atacou com um chute muito forte. O garoto caiu no chão, a alguns passos de distância. Recuperou-se do golpe e a atacou novamente. Dessa vez, conseguiu acertar um soco, mas ela acabou por bloqueá-lo.
“Ela é muito forte!”, pensou. “Mas não consigo sentir nenhum ki... Como posso derrotar ela?”
Como conseguiria derrotar um adversário, sem detectar sua presença, sem poder prever seus movimentos? Não sabia, mas fazia ideia da dificuldade que os outros guerreiros Z tinham em enfrentar os androides. Teria que se virar pra conseguir superar seus adversários.
Concentrou-se e reuniu energia suficiente para executar o Kamehameha. Disparou a técnica contra Nº 18, mas Nº 17 entrou na frente dela e simplesmente desviou o ataque para um monte de escombros.
“Ele desviou meu Kamehameha! E agora?”
Logo ele ouviu um som de alguém voando e sentiu uma ventania. Olhou para o lado e percebeu que Nº 18 voava na direção em que estava o ki de Vegeta. Gohan não pensou duas vezes e voou para alcançá-la e, se possível, ultrapassá-la. Aumentou o ki e conseguiu passar por ela e chegar até onde o saiyajin estava jogado.
Ele tentava se levantar, mas o corpo não lhe obedecia. Não tinha forças para quase nada. De repente, sentiu a presença de Gohan e percebeu que o garoto estava bem na sua frente.
- O que você está fazendo aqui? – perguntou.
Gohan não respondeu. Acumulou energia e criou um escudo de energia, que abrigava os dois. Nº 18 disparou um raio, mas não atravessou a proteção. Nº 17 disparou uma rajada, mas também não teve sucesso. O garoto se esforçava para que o escudo não se rompesse. Um descuido poderia custar a vida deles.
Os androides, vendo que não seria um ataque qualquer que iria romper a barreira que os protegia, formaram, cada um, uma enorme bola de energia e dispararam contra eles. O ataque provocou uma grande explosão, que acabou varrendo do mapa o local onde estavam e o restante da cidade.
Escombros. Tudo o que sobrou da ilha foram apenas ruínas do que até então era uma cidade. Para qualquer parte que se olhasse, só se encontrava um grande cenário de destruição. A ilha havia se tornado um local sem vida, um lugar assustador. Não restava uma viva alma...
*
- Estamos sobrevoando, neste momento, o local onde acabou de acontecer uma grande catástrofe. Agora há pouco, uma grande explosão arrasou toda a ilha, que se localiza na região da Capital do Sul. A cidade que se localizava nessa ilha foi literalmente varrida do mapa. Ao que tudo indica, não há possibilidade de existirem sobreviventes dessa tragédia colossal! Segundo informações, os tremores decorrentes dessa explosão foram sentidos em outras regiões, principalmente na Capital do Oeste e na região metropolitana...
Bulma estava atônita. A notícia divulgada pelo noticiário da TV era assombrosa. O que tinha acontecido naquela cidade, para sumir do mapa como sumiu? A voz estarrecida do repórter que fazia a cobertura ao vivo deu-lhe a resposta:
- Acabou de chegar para mim a informação de que a explosão de há pouco pode ter sido provocada pelos dois jovens que aterrorizavam a cidade. Fontes ainda revelam que esses jovens são projetos de um cientista que integrava a Força Red Ribbon. Eles tinham planos de dominação do mundo, o que indica que eles são remanescentes dessa organização. Agora a pergunta é: quais seriam os objetivos desses dois?
Teve uma sensação muito ruim. O coração parecia apertar, e as mãos começaram a ficar trêmulas. Quando sentia isso, tinha certeza de que era um mau pressentimento. Sentou-se no sofá, com Trunks ainda no colo. Pegou o controle remoto e desligou a TV. Respirou fundo e pôs as ideias em ordem.
- Aonde você vai, Vegeta?
- Por acaso te devo satisfações?
- Deve, sim, e desde que chegou à minha casa! Não se esqueça de que você mora na MINHA casa!
- Grande novidade! Você diz isso há três anos!
Bulma desistiu de discutir sobre o fato de ele viver na casa dela. Não iria dar em nada.
- Vou até aquela cidade. – ele disse. – Quero ver de perto aqueles dois.
Foi aí que caiu a ficha. Começou a ficar ainda mais preocupada. E se aqueles dois o derrotaram? E se ele estivesse...? Não, não podia pensar assim... Afinal, ele era um saiyajin. E um saiyajin não era derrotado tão facilmente. Mas, será que ele estava onde tinha acontecido aquela explosão? A sensação ruim não parava de perturbá-la...
A campainha tocou, tirando-a do transe. Trunks adormeceu e ela o pôs no carrinho, que estava na sala. A campainha tocou novamente, com insistência.
- Já vou, já vou! – ela disse impaciente.
Correu até a porta e, antes de alcançá-la, ouviu um novo toque e um baque, como se algo caísse no chão. Abriu a porta e teve a surpresa: era Vegeta, que acabava de cair desmaiado e muito ferido. Apesar disso, segurava alguém com firmeza. Bulma percebeu que ele segurava Gohan, também bastante ferido.
