Epílogo: Missão cumprida!

 

 

- Bom, já chegamos, rapaz! – disse uma voz feminina, aparentemente de uma senhora idosa. – Não se esqueça do combinado. Quando eu te chamar ao pôr-do-sol, vamos embora, ok?

 

- Certo. Conforme o combinado. – respondeu uma voz masculina.

 

 

*

 

 

Enfim, depois de longos anos no inferno, a Terra agora estava em paz. Por fim, os androides Nº 17 e Nº 18 haviam sido liquidados depois de tanto tempo.

 

Na montanha Paoz reinava a tranquilidade típica de um local bucólico. Chi Chi já tirava uma fornada de biscoitos recém-assados do forno, para oferecer à visitante daquele dia.

 

- Hmmm... – disse a visita. – Parece que esses biscoitos estão melhores a cada dia!

 

- Você acha mesmo, Bulma?

 

- É claro! Eu tenho que admitir... Você cozinha muito melhor do que eu...

 

- Ah, que é isso...

 

As duas mulheres ouviram três batidas na porta. Chi Chi deixou os biscoitos sobre a mesa e foi atender. Ao abrir a porta, a surpresa.

 

- N-Não... Não acredito...! É você mesmo...?

 

- Quem, Chi Chi? – Bulma perguntou.

 

Nenhuma resposta da amiga. A cientista resolveu ir até a porta e entendeu perfeitamente o motivo de Chi Chi estar tão surpresa, como ela agora ficava.

 

- Go... Go... Gohan...?! – a morena balbuciou.

 

- Gohan?? – Bulma perguntou, por sua vez.

 

- Olá... – ele disse, coçando a nuca como o pai costumava fazer. – Há quanto tempo, não é mesmo?

 

Os olhos de Chi Chi começaram a se encher de água, e ela se jogou no filho para abraçá-lo.

 

- Gohan... Eu senti tanto a sua falta...! Mesmo depois de seis anos, eu senti a sua falta, meu filho...!

 

- Eu sei... – ele respondeu igualmente emocionado, mas sem o choreiro da mãe. – Eu também senti a sua falta, mamãe... Por isso vim te ver por um tempinho...

 

Ela olhou para cima e viu uma auréola sobre a cabeça dele.

 

- Ah... Entendo... Mas isso não importa. Você tá se comportando bem no outro mundo?

 

Bulma e Gohan caíram juntos pra trás.

 

- Ma... Mamãe... – Gohan disse todo constrangido, após se recuperar do choque. – Não se preocupa com isso, não... Já sou bem crescidinho pra isso...!

 

- Ai, Chi Chi... – Bulma protestou. – Que pergunta...

 

- É claro que tenho que perguntar... Como mãe responsável que sou, é meu dever educar muito bem o meu filho, até mesmo quando ele resolver ir ao além...

 

Gohan riu da situação. Sentia mesmo a falta das broncas da mãe e da sua superproteção. Há tempos que, mesmo antes de ele morrer, ela não exibia esse lado tão exagerado.

 

- Vamos, Gohan! O que tá esperando pra entrar?

 

- Já tô entrando!

 

- Você tem sorte... Acabei de tirar uma fornada de biscoitos que acabei de assar.

 

 

*

 

 

- Puxa, o Trunks parece que ficou forte mesmo, não é, Bulma? Pelo o que você contou, ele passou mesmo por maus bocados até vencer os androides...

 

- É verdade, Gohan... Foi muito difícil pra ele, mas valeu mesmo a pena. Mas o que ele achou impressionante foi o fato de que o passado acabou sendo bastante modificado. Imagina só... O Trunks lá do passado, por exemplo, vai crescer num mundo bem diferente deste aqui...

 

- É verdade. – Gohan respondeu enfiando o último biscoito da forma na boca. – Mas... Por que ele não tá aqui com vocês?

 

- Sinceramente, eu não sei ao certo. Acho que ele preferiu dar uma volta pelos lugares que estão começando a se reerguer agora. Mas não deve ser difícil de encontrar ele, já que é um saiyajin...

 

- Quer dizer – Chi Chi perguntou. – Que você já vai?

 

- Infelizmente não posso ficar muito tempo por aqui. É que não pertenço mais a este mundo.

 

- É uma pena, Gohan... – ela suspirou um pouco triste e depois sorriu. – Mas, apesar disso, você já me deixou muito feliz...

 

- Que bom... Que bom, mamãe... Mas falta pouco tempo pra eu ir embora. Preciso conversar com o Trunks.

 

Chi Chi, a princípio, ficou triste. Não se conformava muito com a ideia de ter que se despedir de Gohan. Na verdade, ela nunca quis que o filho saísse do ninho, tanto é que o superprotegia. Principalmente depois que Goku morrera doente.

 

E, depois disso, era Gohan que morreria durante uma luta, deixando-a sozinha. Mesmo depois de anos, ela ainda se sentia muito sozinha. Queria muito ter de volta aqueles tempos em que a família era completa e feliz. Queria muito ter ali com ela o marido e o filho que tanto lhe faziam falta.

 

Mas tinha que deixá-lo ir.

 

- Eu entendo, Gohan... – ela disse. – Eu entendo agora. Vai lá ver o Trunks. Você sempre o considerou como seu irmão caçula. Mas me visita de vez em quando...

 

- Pode deixar, mamãe... E vou falar isso pro papai também...

 

Os dois se abraçaram com muito afeto, num típico abraço de um filho e uma mãe. Gohan se despediu de Bulma também, para procurar Trunks.

 

- Mamãe... Bulma... Um dia a gente se vê de novo...

 

- Se cuida, Gohan! – Chi Chi disse ao filho, antes de ele desaparecer pelo céu azul.

 

 

*

 

 

Trunks voava meio sem destino. Na verdade, voava pelas cidades já em reconstrução. Sua vida, nesses últimos anos, havia dado incontáveis reviravoltas. A morte de Gohan, as viagens ao passado, a convivência com seu pai, os combates contra os androides do passado, contra Cell, a volta à sua linha de tempo... Ufa...! Só no passado, havia vivido muitas experiências de forma intensa...

 

E, após voltar à sua linha de tempo, sentiu que tinha se tornado infinitamente mais forte em relação ao seu nível antes de viajar no tempo. Tão forte, a ponto de ser capaz de eliminar os androides Nº 17 e Nº 18 com enorme facilidade e ainda derrotar o Cell de sua linha do tempo.

 

Finalmente, tudo havia acabado. Havia eliminado todo aquele tormento pela raiz.

 

Desceu a uma colina, que ficava próxima à Capital do Oeste, que se reerguia aos poucos. Suspirou. Queria muito que seu mestre estivesse ali pra testemunhar seu sonho se tornando realidade.

 

- É, Gohan... – Trunks deixou escapar. – Se você estivesse aqui pra ver tudo isso...

 

- Eu tô aqui!

 

Aquela voz voltava a ser ouvida depois de seis anos! Mas, será que era mesmo ele, seu mestre? O ki que estava sentindo naquele momento não lhe deixava dúvidas. O jovem se virou e deu de cara justamente com Gohan.

 

Ficou tão surpreso que até demorou a reagir.

 

- Você cresceu, hein, Trunks? E seu ki ficou muito mais poderoso... Soube que você viajou no passado...

 

- É verdade... – Trunks disse assim que se recuperou da surpresa. – Foi assim que eu me fortaleci para derrotar os androides.

 

- Você conheceu seu pai?

 

- Conheci. À primeira vista foi um choque, mas depois eu percebi como era o jeito dele. Ah, e conheci você e os outros também... Até mesmo o meu “eu” do passado, ainda um bebê...

 

- Deve ter sido estranho, não é...?

 

Os dois riram, agora mais à vontade.

 

- E se foi estranho, Gohan... Imagine o meu “eu”, puxando o meu cabelo com força... E não é pouca, não...!

 

- É, tem razão... Bem estranho... Não sei como me sentiria...

 

- Eu conheci o seu pai também, Gohan... E ele é um grande sujeito...

 

- Com certeza, Trunks... Eu agora treino muito com ele no além.

 

Os dois olharam para a cidade logo abaixo da colina.

 

- Parece que a Capital do Oeste está voltando aos seus tempos de metrópole, não é? – Gohan perguntou.

 

- Se a cidade foi igual ao que foi no passado que visitei, sim... – respondeu Trunks. – Parece que ela vai voltar a ser aquela mesma metrópole aos poucos... Devo uma grande parte disso a você...

 

- A mim? Por quê?

 

- Porque você me ensinou a lutar... Além disso, você me ensinou o principal... Acreditar em mim mesmo, não importa o quanto ainda tenha que me fortalecer... Graças a isso, pude passar pelo o que passei. Graças a tudo isso, eu me superei e consegui acabar com os androides 17 e 18. Gohan – sorriu. – Eu sempre vou ser grato a você como mestre, amigo e irmão... Serei sempre grato a você...

 

- Não foi nada, Trunks... Eu é que agradeço a você por essa grande amizade entre nós. Acabou indo além de um mero cumprimento de uma promessa, e devo dizer que fico muito orgulhoso de ter tido você como meu discípulo e, principalmente, como meu amigo.  Obrigado mesmo por isso, Trunks... Não só por ter vingado a mim, seu pai e os outros, mas também pela sua amizade... Assim como te ensinei as coisas, também aprendi bastante... E isso nunca vou esquecer...

 

Gohan olhou para o alto, num ponto em especial. Depois disso, olhou por alguns instantes para a cidade logo abaixo.

 

- Trunks, a Terra não poderia estar em melhores mãos... Cuida bem dela, ok?

 

- Pode confiar em mim, Gohan... Farei o possível e o impossível para protegê-la como o seu pai e você fizeram...

 

- Ótimo.

 

- Gohan! Já está na hora de ir! – eles ouviram uma voz dizer.

 

- Já vou, Vovó Uranai! Tô me despedindo do Trunks!

 

- Tudo bem, mas anda logo! O seu tempo tá no fim! – disse a velha vidente.

 

Os dois trocaram um firme aperto de mãos e sorriram. Era um gesto simples, verdade, mas que dizia muito mais do que parecia. Um gesto que estava carregado de emoção da parte dos dois guerreiros, além de estar repleto de todo o respeito que tinham um pelo outro. Era um gesto que falava muito mais do que as palavras.

 

- Se cuida, Trunks, e boa sorte! Até um dia!

 

- Se cuida também, Gohan! Vê se aparece mais vezes!

 

Nisso, Gohan e Vovó Uranai saíram voando pelo céu azul, indo cada vez mais alto, até se tornarem duas estrelinhas e sumirem. Trunks acompanhava essa cena com um belo sorriso no rosto, igual ao sorriso de seu mestre e amigo. Ambos compartilhavam da sensação de missão cumprida que inundava suas almas.

 

E Trunks, além dessa sensação, tinha também a eterna gratidão por tudo o que Gohan lhe havia ensinado durante todos aqueles anos em que treinavam, sem perder a esperança de dias melhores.

 

E esses dias melhores haviam chegado.

 

- Gohan... – ele disse, ainda olhando para o céu. – Obrigado por tudo... Obrigado mesmo...

 

 

Fim