Crônicas de Son Gohan escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 32
O último adeus


Notas iniciais do capítulo

Depois da morte de Gohan, Trunks se sente muito abalado. Como será a reação de Bulma ao saber dessa tragédia? E de Chi Chi?

Preparem-se para algumas surpresas...



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O último adeus

 

 

- Por quê...? Por que tinha que acontecer isso? POR QUÊ??

 

Socava impiedosamente o asfalto, provocando rachaduras e buracos cada vez maiores a cada golpe. Só parou quando sentiu ardor nas articulações dos dedos, já lambuzadas de sangue.

 

Mas as lágrimas quentes não paravam de escorrer pelo rosto, misturadas à água fria da chuva que o encharcava.

 

Trunks fitou a mão ensanguentada; ainda estava envolvido pela aura dourada de Super Saiyajin.

 

Enfim, conseguira alcançar a almejada transformação em Super Saiyajin. Mas, o que tinha a comemorar?

 

Absolutamente nada. Foi preciso que Gohan morresse para que se desencadeasse toda a transformação.

 

Permanecia ajoelhado no chão, as lágrimas continuavam deslizando pela face do garoto. Começou a soluçar, o coração parecia que ia se rasgar. Chorou com vontade, sem ter vergonha alguma do que sentia agora. Ninguém estava vendo mesmo... E, mesmo que alguém estivesse ali, que importaria?

 

Não sentia nada, além da dor de perder seu mestre, seu amigo... Seu “irmão”...

 

Dor.

 

Tristeza.

 

Medo.

 

Era tudo o que sentia naquele momento, ao ver diante dele o corpo inerte de Gohan, caído em uma poça de água.

 

Trunks, ainda Super Saiyajin, virou o cadáver de Gohan com o rosto para cima e fechou-lhe os olhos.

 

Lembrou-se do golpe que ele lhe dera para que desmaiasse.

 

“Você... Você pressentiu sua própria morte...”, pensou. “E se eu estivesse aqui lutando também... Eu teria o mesmo fim...!”

 

Respirou fundo e voltou ao seu estado normal. Começou a ordenar os pensamentos assim que se acalmou. Queria que tudo aquilo não passasse de apenas um horrível pesadelo, mas as mãos feridas o alertavam de que tudo era bem real.

 

Mas, agora, uma pergunta pairava na sua cabeça... Como contar a trágica notícia à mãe de Gohan?

 

 

*

 

 

- Mamãe, me ajuda aqui!

 

Bulma ouviu o chamado do filho, que acabava de chegar naquele mesmo instante. Largou os projetos em que estava mexendo e foi ao seu encontro.

 

Tomou um susto ao vê-lo. Estava encharcado pela chuva, as botas e as calças sujas de lama. As mãos estavam feridas, e o seu corpo de adolescente estava encurvado pelo peso que carregava nas costas.

 

- Eu te ajudo, Trunks.

 

Ao dizer isso, Bulma foi logo pegando a mão de Gohan. Quando fez isso, ficou assombrada. Estava fria. Fria, não, estava gelada...

 

- T-Trunks... Não... Não me diga... Que o Gohan...?

 

O rosto do garoto se tornou sombrio. Ele abaixou a cabeça, fechou os olhos e mordeu o lábio inferior com força. Engoliu seco e disparou, com as lágrimas voltando a escorrer mais uma vez pelo rosto:

 

- Ele morreu, mamãe...! Ele morreu nas mãos dos androides...! Ele morreu nas mãos daqueles malditos androides!! E eu não pude fazer nada...! Nada...!

 

Bulma ajudou o filho a se livrar do peso do cadáver de Gohan, que foi deitado num sofá velho.

 

- Eu... Eu não pude fazer nada...! – ele repetiu entre soluços. – Nada...!

 

- Trunks... Acalme-se...

 

Bulma abraçou o filho e deixou-o chorar por sobre seu ombro. Apesar de estar consternada com a morte de Gohan, ela não chorou tão abertamente como o garoto. Sua principal preocupação agora era confortá-lo. Sabia o quanto era forte o laço de amizade que existia entre Trunks e Gohan.

 

Trunks sempre o considerava como se fosse seu irmão mais velho.

 

Mesmo assim, ela deixou escapar duas lágrimas. Respirou fundo e passou a mão pelo cabelo lilás do filho, que continuava a chorar muito. Lembrou-se da conversa que tivera com Gohan no dia anterior. De como ele estava tenso sobre os pesadelos que tivera...

 

E, no final das contas, acontecera com ele o mesmo que acontecera com Vegeta.

 

Trunks, por fim, conseguiu se acalmar.

 

- Mamãe... Como vamos contar à senhora Chi Chi o que aconteceu com o Gohan? – perguntou, enxugando os olhos azuis. – Tenho medo do que pode acontecer com ela...

 

- Isso vai ser muito complicado...

 

 

*

 

 

- Não, não, não...! Isso não é verdade...!! Não pode ser verdade!!! – Chi Chi exclamou aos prantos.

 

Para Bulma, Chi Chi havia reagido da melhor forma possível. Do jeito que a morena era exagerada, podia se esperar tudo, vindo dela. A cientista a abraçou forte, a fim de confortá-la numa hora tão terrível como aquela. Agora, mais do que nunca, Chi Chi precisava de todo o apoio.

 

- Gohan... Por quê...? Por que não me ouviu...? Por quê...?

 

Lá estavam todos, novamente no cemitério. Mais um enterro. Mais dor. Mais consternação. Rei Cutelo estava visivelmente emocionado, mas contido. Chi Chi chorava copiosamente. Bulma estava triste, mas mantinha-se serena. E Trunks estava muito abatido.

 

O garoto viu um vulto próximo a uma das árvores ali e saiu correndo atrás.

 

- Trunks, aonde você vai? – Bulma perguntou ao vê-lo sair correndo.

 

- Eu já volto, mamãe. Não se preocupe!

 

Chi Chi, ainda mais abatida, não conseguia conter mais as lágrimas que brotavam dos olhos escuros. Estava sozinha agora. Nem marido, nem filho com ela. Apenas o pai, que não era suficiente para preencher-lhe a lacuna que crescia no seu coração. Sentiu que alguém enxugava as suas lágrimas, que deslizavam pelo seu rosto.

 

- Eu sei como você se sente. Dói mesmo perder um filho.

 

Chi Chi, surpresa, reconheceu aquela voz de imediato.

 

- Goku...? Você... Aqui...?!

 

Ele estava ali de novo e tentou esboçar um sorriso confortador. Mas, na verdade, estava tão triste quanto a esposa. Sabia o quanto ela sofria com isso, principalmente agora.

 

- Ele queria te proteger, Chi Chi...

 

- Mas, a que preço...? Ele morreu, Goku... Ele morreu...! Pra que me proteger, se fiquei sozinha...?

 

O saiyajin não respondeu. Ela estava certa. De que adiantava proteger alguém, a ponto de se sacrificar, se deixava para trás seus entes queridos? A verdade era que isso era algo muito complicado. Para Gohan, a luta era uma situação desesperadora e o que aconteceu fora uma fatalidade, apesar de sua morte já ser prevista. Na luta entre Gohan e os androides, nunca havia existido reviravoltas. Os androides eram superiores durante todo o tempo.

 

Não tinha existido as “viradas” que ele – Goku – tivera em seus combates em que, quando se pensava que iria perder, conseguia virar o jogo e reverter a vantagem a seu favor e, por consequência, vencer. A coisa fora totalmente diferente.

 

- Você não está totalmente sozinha. – ele disse. – O seu pai, a Bulma e o Trunks estão aqui pra te dar uma força. Sei que não é a mesma coisa, mas eu sei que você pode superar esse momento. – sorriu. – Você sempre superou a sua dor, até mais do que eu.

 

Ela levantou os olhos ainda úmidos para ver o marido, que voltou a enxugá-los com a mão.

 

- Nós estamos no outro mundo, mas isso não quer dizer que não estamos te olhando e que a gente não te faça uma visita de vez em quando. Principalmente quando você precisar... Conte comigo sempre que precisar...

 

Ela segurou a forte mão dele ainda no seu rosto. Queria que aquela sensação se prolongasse mais um pouco. Sentia-se mais aliviada com isso.

 

- Obrigada, Goku... Obrigada mesmo por vir aqui...

 

- É o mínimo que posso fazer, Chi Chi... Na verdade, gostaria de poder fazer mais do que isso, mas...

 

- Não se preocupe. Já foi o bastante. – esboçou um sorriso. – Já me sinto melhor...

 

Goku começou a sumir, estava ficando transparente.

 

- Bem, já tá na minha hora. – ele disse. – Se cuida.

 

Ao terminar de falar, ele beijou a testa da esposa com ternura. Iria agora ao além para receber o filho e também confortá-lo pela sua partida precoce. Depois disso, ele desapareceu sem deixar vestígios.

 

- Pode deixar, Goku... – Chi Chi disse. – Eu vou me cuidar... Muito obrigada...

 

 

*

 

 

- Ei, espera aí! – Trunks gritou. – Quero falar com você!

 

Trunks corria por todo o local, atrás do vulto que havia visto alguns instantes atrás. Era um vulto de pouca estatura, mais semelhante a um menino, que tinha um longo cabelo negro e rebelde, e estava vestido com um conjunto roxo, de gola branca, faixa vermelha na cintura e sapatos pretos.

 

Tinha a sensação de que conhecia aquele garotinho de algum lugar. Passou a dar saltos, a fim de ganhar mais velocidade, até que o alcançou, pondo-se à sua frente.

 

Aquele rosto de menino não lhe parecia muito estranho. Parecia com alguém que conhecia. Assim que tomou fôlego, Trunks detectou o ki que emanava daquele garoto, que aparentava dez anos de idade.

 

- Você... É o Gohan...?

 

O garoto assentiu e disse:

 

- Acertou, Trunks!

 

- Por que você está assim?

 

- Foi assim que você me conheceu quando era pequeno, não se lembra?

 

- É verdade. – o garoto de cabelo lilás disse, puxando um pouco pela memória. – Mas... Por que você está aqui?

 

O garoto de dez anos, instantaneamente, deu lugar ao Gohan adulto.

 

- Porque vim me despedir de você. Vou ao outro mundo.

 

- Por que só de mim? Não vai falar com a sua mãe?

 

- Agora não. Isso só faria com que ela sofresse ainda mais. E você agora tem uma responsabilidade muito grande.

 

- É... Eu sei. – Trunks respondeu cabisbaixo. – Proteger a Terra, não é?

 

- É... E eu acredito muito em você, e foi por isso que te treinei. Você acha que é capaz de dar conta do recado?

 

- Talvez.

 

- Eu sei que você é capaz... Acredito em você...

 

- Gohan... Vou sentir a sua falta, porque você não foi só meu mestre... Você foi e sempre será meu amigão...

 

- Obrigado, Trunks... – disse, com um sorriso no rosto. – Agora, treine bastante pra acabar com esses androides... Eu sei que pode fazer isso...

 

- Vou me esforçar, Gohan... Pode ter certeza...

 

Nisso, Gohan desapareceu e Trunks ficou sozinho. Uma brisa suave soprou, agitando o cabelo lilás do garoto, que disse:

 

- Gohan, eu prometo... Prometo que serei forte e que derrotarei os androides com as minhas próprias mãos! Vingarei a sua morte e a de todos os outros! Eu prometo!


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Notas finais do capítulo

Estamos cada vez mais perto do fim da fanfic. Este capítulo ficou até com pinta de ser o último, mas ele ainda é o penúltimo. Espero que tenham se emocionado tanto quanto eu com este capítulo, que, creio eu, foi um dos mais dramáticos da história. Bom... Obrigada por lerem e a gente se vê no último capítulo, que pode ser tão emocionante como este!

Até lá!



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