O confronto final – Parte 2:

O pesadelo se torna realidade

Enquanto isso, os androides aterrorizavam mais uma cidade. Nº 17 lançava rajadas de energia contra os prédios, mas não parecia estar se divertindo tanto assim.

- O que está fazendo, 17? – Nº 18 perguntou, sentada em um pedaço de concreto. – Neste lugar não tem mais seres humanos. Vamos pra outro lugar! Pode ser que na região Leste existam mais algumas pessoas escondidas... Eu tenho certeza disso!

- Não se desespere... Vamos destruir isso com mais calma. Caso contrário, não seria tão divertido acabar com eles se fosse fácil. – o androide disse, enquanto disparava outro raio.

- Pelo menos podia fazer isso com mais entusiasmo. Então, vamos brincar de novo... Que tal – apontou para um homem ao longe, que tentava fugir. – a gente matar ele?

Nisso, a loirinha disparou, matando mais um inocente enquanto Nº 17 contemplava a destruição feita por ele.

- Ha... – disse o moreno. – Talvez isso seja uma boa id...

De repente, o androide levou um golpe inesperado, que fez com que se colidisse contra as ruínas de concreto. Nº 18 já sabia quem havia acabado de chegar.

Era Gohan.

Nº 17 saiu do monte de escombros, explodindo tudo à sua volta. Nº 18 não perdeu a chance de debochar de seu irmão. Disse, entre risos:

- Ah, 17, você está tão engraçado...!

Gohan, ao ver o androide reaparecer do meio dos escombros, já se pôs em posição de combate, enquanto Nº 17 o encarava friamente, apesar de estar com suas roupas esfarrapadas.

- Eu gostava muito desta roupa. – o androide disse. – Agora que você acabou com ela, me prejudicou. Como pode ver, nosso corpo é tão frágil quanto o seu. Só me restam mais quatro pílulas... Mas que surpresa é essa, Gohan...? Onde estava escondido?

A fúria estava refletida nos olhos verdes do jovem guerreiro saiyajin. Seu olhar fuzilava impiedosamente o androide.

- Hmmm... Dessa vez não vamos deixar você escapar. – disse Nº 18, aterrissando a alguns metros à sua esquerda. – Lutarei com todas as minhas forças e... Te matarei! – finalizou com um tom ainda mais frio de voz.

- Eu não morrerei, não importa que meu corpo inteiro seja destruído! – Gohan disse, ao ver Nº 17 se aproximar. – Meu desejo de lutar vai me levantar, porque é muito grande!

Nº 18 riu. Gohan ignorou e prosseguiu:

- E depois disso, vou derrotá-los custe o que custar!

Gohan expandiu seu ki de Super Saiyajin, enquanto os androides partiram ao ataque. Disparou uma esfera de energia contra o chão e decolou, a fim de ganhar tempo para o próximo ataque. Os androides decolaram, assim que localizaram o seu ki.

Eles o alcançaram e dispararam duas esferas de energia cada um, porém Gohan conseguiu criar uma barreira de ki, que o protegeu dos ataques. Nº 18 desferiu um soco, prontamente bloqueado pela palma da mão de Gohan. Mas Nº 17 conseguiu surpreendê-lo por trás com um golpe, e em seguida a loirinha acertou mais uma pancada nas suas costas, fazendo-o cair em grande velocidade contra mais um monte de escombros.

Gohan logo se recuperou dos golpes e afastou-se, com vários saltos, dos androides que aterrissavam próximo a ele. O Super Saiyajin disparou um poderoso raio contra os dois que, imediatamente, revidaram o ataque, disparando ambos um único raio contra ele. Os dois ataques se chocaram no meio do trajeto, e o guerreiro se esforçava muito para superar o ataque deles. As coisas também não estavam tão fáceis para Nº 17 e º 18. Eles estavam enfrentando um adversário que havia se fortalecido muito ultimamente.

O meio-saiyajin aumentou ainda mais seu ki e conseguiu superar o ataque de seus adversários, que foram arremessados a alguns metros de distância. Gohan logo decolou para mais uma investida. Nº 17 disparou mais um raio contra ele, que desviou a técnica para, logo depois, tomar um soco do androide.

Gohan, para ganhar tempo para bolar o próximo passo, subiu saltando pelos prédios, acompanhado de perto por seu adversário. Disparou três bolas de energia contra ele e conseguiu acertar uma cotovelada na Nº 18, que vinha logo atrás. Nº 17 se defendeu de duas bolas de energia, mas acabou atingido pela terceira. Nº 18, ainda caindo, teve seu pé agarrado por Gohan, que a arremessou contra um prédio, que obviamente desabou.

O guerreiro aterrissou em frente ao que sobrou do prédio, esperando para ver se precisaria continuar o combate. Mas não precisou esperar muito. Nº 18 se levantou dos escombros, seguida por Nº 17. Mesmo com a aparência prejudicada, era como se não tivesse acontecido absolutamente nada para eles.

O androide moreno limpou o sangue que escorria de sua boca, sem deixar de encarar o saiyajin, que, furioso, expandiu mais uma vez seu ki, aumentando seu poder de luta ao nível máximo. Não deixaria que os androides levassem a melhor de novo.

Não deixaria aqueles malditos se darem bem mais uma vez. Não deixaria que seus pesadelos se tornassem realidade. Estava disposto a absolutamente tudo, só pra acabar com aqueles androides de uma vez por todas.

O tempo fechou. Um raio atingiu um prédio, destruindo-o parcialmente. Uma forte chuva começou a cair na cidade, encharcando tudo ali. Gohan continuava envolvido na aura dourada de Super Saiyajin, mas tinha uma forte sensação de déjà-vu. Havia presenciado uma cena semelhante treze anos atrás.

Sim, como poderia se esquecer? O ataque ao colégio onde estudava, o combate contra os androides, a luta de Vegeta contra eles... A promessa... Claro, a promessa de que transformaria Trunks num guerreiro poderoso...

Treze anos... O tempo voava rápido... Na época, era apenas um garoto de dez anos de idade, que jamais imaginaria que sua vida fosse marcada por tantas tragédias...

E a chuva também o fazia se lembrar de seu pesadelo. Todas as noites era a mesma coisa. Aquele mau pressentimento, que lhe dava arrepios na espinha só de imaginar o que poderia acontecer em breve. Não que ele estivesse muito preocupado com sua sobrevivência, mas a atual situação não lhe dava lá muitas esperanças de escapar com vida tão facilmente.

Se fosse preciso morrer, morreria, mas com a certeza de que levaria pelo menos um dos androides junto. Mas preferia não morrer.

“Eu vou derrotar eles...”, pensou. “Só assim poderei ficar em paz e, quem sabe, me tornar um cientista... Viver a minha vida...”

Os androides deram alguns passos e se aproximaram mais um pouco de Gohan. Em seguida, trocaram olhares. O saiyajin apenas observava, enquanto relâmpagos iluminavam tudo ali, acompanhados de trovões ensurdecedores. O ar ali era tão tenso, que se podia até cortar com uma espada – e das bem afiadas. O segundo round estava para começar, só faltava algo para fazer com que a batalha recomeçasse.

Nº 17 e Nº 18 foram os primeiros a se movimentar. A loirinha se pôs logo atrás de seu irmão, e ambos saíram correndo, para saltar, a fim de atacar Gohan. Ele sumiu e acertou um chute no moreno, depois sumiu de novo, para tomar um golpe de Nº 18. Em seguida, ela e Nº 17 começaram a trocar golpes freneticamente com Gohan, que conseguia bloqueá-los com sua única mão, ou ainda se esquivar deles.

Mas não era fácil, principalmente quando se estava em uma óbvia desvantagem numérica.

Gohan acabou atingido por uma rasteira de Nº 17, mas não caiu. Em vez disso, correu seguido pelos dois. Decolou, seguido de perto pelos androides, que voavam atrás dele numa caçada mortal. A balança da vantagem agora pesava a favor deles, estava cada vez mais difícil reverter a complicadíssima situação em que se encontrava.

Os androides, ainda atrás dele, dispararam cada um, um raio, que atingiu uma construção, logo acima de Gohan, que estava adiantado. Ele se protegeu, mas Nº 17 acertou-lhe um golpe com o corpo, fazendo com que ele se colidisse com mais uma construção em ruínas.

Os dois androides se posicionaram no ar, ainda flutuando. Apontaram as duas mãos para baixo, cada mão carregando uma esfera de energia.

De repente, um flashback apareceu na mente de Gohan. O flashback de seu pesadelo. Chuva, androides, esferas de energia... Sim, tudo estava exatamente igual ao seu pesadelo, que vinha se repetindo dia após dia. A mesma coisa que, segundo Bulma, havia acontecido com Vegeta antes dele morrer.

A “crônica da morte anunciada”. Mas dessa vez anunciava a sua morte, pois estava enfraquecido. Os androides eram poderosos demais.

“Não... Não vou deixar isso acontecer...” pensou, tentando exorcizar de sua mente a ideia de que estava prestes a morrer. “Eu vou mudar a história...! Eu vou mudar o meu destino! Vou pelo menos tentar mudar...! Não posso ser derrotado assim...! A minha mãe conta comigo... A Bulma e o Trunks também...! A Terra também conta comigo...! Não... Não posso perder...! NÃO POSSO PERDER!! Eu vou matar esses malditos androides, nem que isso custe a minha vida...!”

Gohan saiu voando de novo, disposto a tudo para acabar com seus adversários. Mas não conseguiu ir muito longe, pois, como aconteceu em seu pesadelo, foi atingido por uma violenta e mortal chuva luminosa de raios disparados por Nº 17 e Nº 18, sem chance alguma de defesa.

Seu pior pesadelo acabava de virar realidade. Sua vida acabava ali mesmo. Seu destino era aquele.

A morte.

Mas, antes de seguir seu destino, teve um último pensamento. O de que Trunks estava pronto para continuar seu legado.

Esse era seu único consolo.

*

Trunks recuperou os sentidos e saiu voando rumo à cidade que fora atacada pelos androides. Não conseguia sentir seu ki àquela distância. Em meio à chuva que ainda caía, o garoto ainda procurava sentir o ki de seu mestre, ou até mesmo ouvir a sua respiração naquela cidade praticamente destruída.

Tinha um mau pressentimento, que chegava a lhe dar arrepios. A chuva já o deixara totalmente encharcado durante o voo. A cada metro que avançava, essa sensação ruim ficava cada vez mais forte.

Foi quando o avistou, caído no chão, em uma grande poça de água.

Desceu e, a passos lentos, aproximava-se aos poucos.

- Não escuto a respiração dele...

A cada passo, o mau pressentimento aumentava dentro de Trunks. Era uma sensação assustadora. Muito assustadora.

O medo aparecia em seus olhos azuis, misturado à incredulidade e às primeiras lágrimas que surgiam.

- Gohan...!

“Não... Ele não pode estar morto...”, pensou.

- Gohan...!

A cada passo, seu coração se apertava mais e mais... Seria possível que ele estivesse...?

- Gohan...! – ele chamou mais alto que as duas vezes anteriores.

Queria ouvir alguma resposta dele, qualquer resposta, nem que fosse apenas um gemido, só pra saber se ele ainda estava vivo. Mas não havia resposta alguma. Nem mesmo um vestígio de ki.

- Não pode ser... – ele disse, ao ver o corpo inerte de Gohan, com o rosto mergulhado na poça de água e já sem vida.

As lágrimas se tornavam ainda mais abundantes nos olhos de Trunks e já escorriam pelo rosto, junto com a água da chuva. Não conseguia acreditar no que via, achava que poderia ser apenas um horrendo pesadelo.

- Não pode ser... – repetiu.

Abaixou-se e virou o corpo, sacudindo-o para tentar obter alguma resposta.

- Gohan... Gohan... Acorde, Gohan!!

Nada. Ele estava morto. Estava realmente morto. Era um pesadelo que se tornava realidade. Uma realidade muito, muito cruel.

- GOHAAAAAAAAAAN!!!! NÃÃÃÃÃÃÃÃOO!!!

A tristeza, o desespero e a fúria tomavam conta de Trunks, que simplesmente lançou um grito no ar, pra aliviar a grande dor que agora sentia em seu coração. A perda de Gohan agora doía de forma insuportável. Cerrou os punhos com tanta força, que fez com que o sangue escorresse da palma de sua mão esquerda.

Em meio ao desespero e às lágrimas de dor, surgia mais um Super Saiyajin, que se ajoelhou e, com fúria, golpeou o asfalto molhado, provocando trincos e rachaduras no chão.

Tentava aliviar a dor que sentia no coração, mas ela não passava. A morte de seu mestre doía muito mais do que qualquer ferimento que sofresse.

Nada iria trazer Gohan de volta à vida. Nada.