Crônicas de Son Gohan escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 29
Crônica de uma morte anunciada? [Parte 2]


Notas iniciais do capítulo

Bulma revela a Gohan que Vegeta também tivera pesadelos com os androides, antes de sua morte anos atrás. Como Gohan reagirá a essa revelação?



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Crônica de uma morte anunciada? [Parte 2]

 

- Espera aí, Bulma! – Gohan disse ainda surpreso. – O Vegeta teve pesadelos antes de lutar com os androides e morrer?

 

- Teve, sim, Gohan. Você se lembra da primeira vez em que vocês enfrentaram os androides?

 

- Como é que eu poderia me esquecer...? Só eu e o Vegeta sobrevivemos àquela luta... Mas... O que isso tem a ver com os meus pesadelos e os dele?

 

- Ele começou a ter pesadelos com os androides depois dessa luta.

 

- E ele te contou assim, por livre e espontânea vontade?

 

- Só depois de eu insistir muito.

 

 

Noites mal dormidas. Essa era a rotina após sobreviver a um massacre. Noites em claro, não só em decorrência da dor do fracasso, mas também por causa de várias coisas que o perturbavam. Como as noites seguidas de pesadelos que o assombravam.

 

Pesadelos que o assombravam mais e mais, em sucessivas repetições. Sempre a mesma coisa. Sempre batendo na mesma tecla. No meio da noite, acordava apavorado e suado.

 

Era uma rotina torturante.

 

De dia, durante os treinos, não conseguia se concentrar direito. Quando não eram os pesadelos que o atormentavam quando tentava dormir, eram as visões que tinha acordado. Por várias vezes interrompia os treinos. Ao ter as tais visões, estacava e demorava vários minutos para se recuperar do choque.

 

Por várias noites, Bulma acordava e o via na sacada, com o olhar distante e, por vezes, com alguma dose de medo.

 

- Vegeta – ela perguntava. – O que está acontecendo com você? É pesadelo?

 

Ele demorava a responder, parecia hesitante. Mas, quando resolvia responder com algo mais que um grunhido, era sempre a mesma coisa:

 

- Não é nada. Pode voltar a dormir.

 

Assim, as noites seguiam a mesma rotina de angústia para Bulma. Sabia que havia algo de errado com Vegeta, sentia isso. Mas ele não media esforços para ocultar-lhe o que sentia. No entanto, ela conseguia enxergar nos profundos olhos negros do saiyajin algo parecido com medo.

 

Medo?

 

Os dias foram passando assim, da mesma forma que os anteriores. Bulma estava cada vez mais angustiada com aquela situação. Não podia mais ver Vegeta tão distante daquele jeito. Até que, em outra noite, acordou e o viu novamente na sacada, com o olhar novamente distante.

 

Bulma aproximou-se sem fazer barulho e pôs-se ao seu lado, pousando sua mão sobre a dele.

 

- Não consegue dormir, não é? – perguntou.

 

Mesmo surpreso, Vegeta não respondeu.

 

- Foi um pesadelo?

 

Percebeu que ele parecia solitário.

 

- Se veio pra tentar me fazer dormir, está perdendo seu tempo! – Vegeta lhe disse. – Canções ridículas de ninar e essa conversa fiada de contar carneirinhos não vão adiantar comigo!

 

Continuava com a sua mão por cima da dele. Não gostava de vê-lo atormentado daquele jeito. Ele respirou fundo. Olhou de esguelha para ela. Bulma acabou mergulhando na negrura daquele olhar, quando ele a encarou. Era um olhar diferente. Bastante diferente do habitual. Já desconfiava daquele olhar.

 

- Tem razão... – ela disse. – Contar carneirinhos não deve adiantar...

 

De repente, sentiu que ele a puxou para si. Cravou os olhos negros nos dela e, em seguida, a beijou. Aquilo foi o suficiente pra ela tirar muitas das dúvidas que tinha a respeito dele.

 

Mas ainda havia perguntas sem respostas. Mesmo depois de um beijo como aquele, ele não parecia muito aliviado. Ainda estava tenso. Começou a massagear-lhe os ombros, para ver se o ajudava a se sentir um pouco melhor. Logo sentiu que ele havia tido um leve estremecimento.

 

- O que aconteceu, Vegeta? – ela insistiu. – Você anda acordando no meio da noite, parece distante...

 

Mais uma vez, ele preferiu manter-se calado. Mas, desta vez, Bulma não ficaria sem uma resposta convincente.

 

- Por que você não conta nada pra mim? Por acaso – disse com ironia. – não sou digna de saber o que “Vossa Alteza” tem?

 

Vegeta apenas se limitou a fazer um “Hunf!” de desprezo. Saiu de perto dele, de nariz empinado, e foi entrando no quarto.

 

- Tudo bem, tudo bem... Tá certo que não somos casados nem nada, mas achei que tinha direito de saber o que tá acontecendo com você. Mas, já que não quer papo comigo, tudo bem... – acrescentou ainda com ironia. – Você pode passar a noite no sofá, não tem problema...!

 

Silêncio. Aquele silêncio da parte do saiyajin já começava a irritá-la.

 

- Vegeta!! Você não tá me ouvindo?!

 

Aquele silêncio absoluto ainda persistia, parecia inquebrável. O saiyajin parecia ainda mais distante. Bulma tentou chamar-lhe a atenção, jogando um travesseiro na sua direção. Mas a trajetória do travesseiro foi bruscamente interrompida pela mão dele.

 

- Eu não sou surdo... Se bem que até mesmo um surdo seria capaz de ouvir esse seu escândalo!

 

- O quê?!

 

Ele sorriu, como há algum tempo não fazia.

 

- Você é escandalosa. – disse com sarcasmo.

 

- Você só sabe dizer isso?

 

Os olhos azuis encararam os olhos negros durante mais um instante de silêncio. Bulma queria descobrir o que estava acontecendo com Vegeta, por mais que ele ocultasse o que estava sentindo. Queria, de qualquer maneira, desvendar aquele mistério que o envolvia.

 

- Vegeta, eu agora falo sério. Por que você está assim? Pode confiar em mim, não vou contar a ninguém.

 

O silêncio tomou conta mais uma vez do quarto. Ele deixou os ombros relaxarem, após dar um suspiro aborrecido. A cientista já não tinha mais esperança de ouvir uma resposta do saiyajin, mas...

 

- Eu sinto medo.

 

- Medo...?

 

- Claro que é. Se não fosse, eu não teria dito isso.

 

- Ah, tá bom, não precisa ficar nervoso... Medo de quê? De pesadelos?

 

Ele assentiu.

 

- Aqueles malditos androides...! Eles me atormentam o tempo todo!

 

De repente, Vegeta congelou. Os olhos negros se arregalaram levemente em pânico. Começou a suar frio, o suor começava a escorrer pela face.

 

- Vegeta...? – Bulma perguntou, agitando a mão à frente dos olhos dele. – Vegeta, você está bem?

 

Nisso, o saiyajin acordou do transe, ofegante.

 

- Maldição... – ele levou as mãos à cabeça. – É sempre assim...! Esses malditos bonecos de lata não me deixam em paz! Mas eles vão ver... – levantou-se. – Vou me vingar deles quando eu encontrá-los... Eles vão aprender a não mexer com o príncipe dos saiyajins! Eu vou contrariar essas visões, custe o que custar!

 

 

- É uma pena... – Bulma suspirou, voltando ao presente. – É uma pena que ele não tenha conseguido contrariar as visões e os pesadelos...

 

Gohan, ainda sentado na cama, refletia sobre tudo o que Bulma acabava de lhe contar. Era exatamente a mesma coisa que acontecia com ele, desde o último combate que tivera contra os androides. Pesadelos e visões constantes, que poderiam anunciar sua possível morte.

 

Coincidência?

 

Quem sabe...

 

Mas Gohan agora estava determinado a se dedicar ainda mais ao seu treinamento. Estava ainda mais determinado a se tornar mais forte. Sorriu.

 

- Bom, amanhã vou treinar mais forte ainda... Pretendo contrariar esses pesadelos e essas visões que estou tendo...

 

Bulma olhou para o jovem e sorriu também. Quem diria que o garotinho medroso se tornaria um rapaz com tanta atitude e maturidade?

 

Esse era Gohan, que não se deixava abater. Ele faria de tudo para acabar com os terríveis androides, não importava como.

 

Faria de tudo para que esse pesadelo repetitivo não fosse uma “crônica de uma morte anunciada”, como fora com Vegeta.


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Notas finais do capítulo

Continua no próximo capítulo...



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