Crônicas de Son Gohan escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 26
Reencontros - Parte 3


Notas iniciais do capítulo

Agora é a vez de Gohan. Como ele reage ao rever seu pai, depois de tanto tempo? Preparem-se para fortes emoções...



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Reencontros – Parte 3

 

 

 

- Pa... Papai...? – Gohan perguntou surpreso ante a visão que tinha naquele momento. – Você... Aqui...?!

 

Se Gohan estava surpreso com a visão de Goku, ali na sua frente ao lado de Bulma; por sua vez, o saiyajin estava em choque.

 

“O que aconteceu com ele?!”, perguntava-se. “Como ele se feriu desse jeito...?”

 

- Rapazes – Bulma disse. – Eu vou deixar os dois a sós. Creio que vocês têm muito o que conversar...

 

Ela saiu do quarto, não deixando antes de olhar para o rosto de Goku. Era evidente demais que ele estava totalmente em choque com o que acabava de ver.

 

Já a sós, pai e filho se entreolhavam sem acreditar no que viam. Gohan não conseguia acreditar que estava vendo seu pai ali, bem na sua frente, treze anos depois de morto. Ele não conseguia confiar na sua própria visão.

 

Estaria sonhando?

 

Por seu turno, Goku ainda estava sem reação alguma. Não só por ver o filho já adulto e com uma incrível semelhança física em relação a ele, mas também lhe chamava a atenção o seu estado.

 

O jovem estava cheio de bandagens pelo corpo e pelo rosto, e via que lhe faltava o braço esquerdo. No lugar dele, estavam somente as faixas. Tentava imaginar o tamanho do sofrimento do filho ao estar desse jeito. Não era muito difícil, pois estava bem evidente no rosto abatido dele.

 

- Pode se sentar... – Gohan disse.

 

Goku não encontrou nenhuma cadeira.

 

- Pode ser na cama mesmo.

 

O saiyajin se sentou à beira da cama, mas não tinha muita coragem de puxar assunto. Ainda estava se refazendo do choque inicial.

 

“Acho que agora entendo a razão de Chi Chi sofrer tanto”, pensou.

 

Gohan tentou forçar um sorriso:

 

- Puxa, eu não imaginava que poderia te ver de novo, papai... Como conseguiu vir pra cá?

 

- Bom... Eu pedi pro Senhor Kaioh me ajudar... Ele falou com o Sr. Enma Daioh, que me deixou vir à Terra...

 

- Por que você veio pra cá?

 

- Eu senti que você e sua mãe precisavam de mim...

 

- Você visitou a mamãe?

 

- Sim, eu visitei. Ela se sentia muito sozinha e resolvi dar uma passadinha por lá. – sorriu. – Ela ficou muito feliz em me ver... E eu fiquei muito feliz em revê-la...

 

- Que bom – Gohan tentou sorrir de novo. – A mamãe precisava de alguém pra deixar ela feliz, mesmo por um momento...

 

O sorriso do jovem se desfez, e ele desviou seu olhar do pai. Por mais que tentasse aparentar que não estava tão mal assim, não conseguia disfarçar. Fisicamente, podia não estar tão mal, mas, lá dentro, ele ainda não havia se recuperado nem um pouco.

 

Vendo todo aquele abatimento, Goku se perguntava aonde tinha ido parar aquele garoto de dez anos, tão alegre e animado.

 

- Gohan – ele assumiu um tom mais sério. – Se quiser falar comigo sobre a última luta que você teve, pode falar... Ou então, você pode desabafar sobre qualquer coisa... Eu vim aqui porque senti que você precisa de mim, tanto quanto sua mãe...

 

Deu um sorriso complacente para o filho, meio que dizendo que podia começar, ele estaria disposto a ouvi-lo. Foi o que o rapaz começou a fazer:

 

- Parece que não adianta disfarçar as coisas pra você, papai... Eu realmente estou mal...

 

Pausou. Sentiu que precisava mesmo desabafar com alguém, pois andava cheio de angústia, frustração e tristeza. Não havia desabafado para mais ninguém, não queria que se contagiassem por essas coisas que ele sentia.

 

E, por consequência, não queria que ninguém perdesse as esperanças por sua causa.

 

- Você está na frente de um grande fracassado, papai... Foi o que me tornei... Um grande fracassado...

 

- Como assim?

 

- Eu tentei seguir seus passos, mas não consegui... Você vencia seus adversários, se tornava cada vez mais forte, ninguém te superava... Quando você morreu, eu disse ao Senhor Piccolo que queria ser forte como você... – deu um sorriso um tanto amargurado. – Mas olha só no que deu... Seu filho aqui não é nem sombra do que você foi... Nem sombra...

 

Sentiu um nó na garganta e o coração cada vez mais oprimido. Agarrou com força o lençol que cobria as pernas e começou a apertá-lo. Fechou os olhos e respirou fundo. Goku olhava atentamente para cada movimento que o filho fazia e para cada expressão em seu rosto. Ouviu sua voz trêmula dizer:

 

- Não sou nem sombra do que você foi...! Sou apenas um completo fracasso!!

 

O saiyajin não falava nada. Apenas via e ouvia. Tinha se proposto a fazer isso, sentia que Gohan precisava externar tudo o que sentia. Viu que lágrimas começavam a brotar dos olhos dele e pingar no lençol. Aquela cena começava a fazer com que Goku ficasse com o coração muito apertado.

 

- Sou um grande fracasso, papai...!  Eu disse a Bulma, ao Trunks, aos meus amigos e até a mamãe, que eu protegeria todos eles... Disse que derrotaria os androides, que seria tão forte como você...! Mas nem cheguei perto...! Eu prometi ao Vegeta que treinaria Trunks para que ele possa vencer os androides, mas... Como um fracassado como eu pode transformar ele num grande guerreiro?! Como...? Eu não consegui proteger meu amigo Yakimo de ser morto por um desabamento causado por aqueles malditos androides...! Depois disso, a Aisu morreu doente, e eu não pude fazer nada...! E os androides continuam por aí, matando gente inocente, e eu aqui...!

 

Agora as lágrimas eram muito mais abundantes, pois não pôde evitar recordar suas derrotas frente aos androides.

 

- Como...?! – prosseguiu. – Como vou proteger as pessoas, se não consigo nem mesmo aguentar um combate por muito tempo...? Como os outros vão acreditar em mim, sabendo que eu não tenho chance contra os androides...? Como Trunks vai acreditar em mim, me vendo desse jeito, como um grande fracassado...? Como vão acreditar em mim, se nem eu acredito...? Como...?!

 

À sua frente, a mancha úmida ficava cada vez maior no lençol, que recebia todas as lágrimas carregadas de dor e frustração. Elas deslizavam pelo rosto ferido e caíam ali, naquele local já úmido, acompanhadas pelos soluços dele. O olhar de Goku, nesse momento, era ainda mais triste, além de compassivo.

 

“Não imaginava que ele sofresse tanto...”, pensou, apertando o tecido das calças.

 

- Por mais que eu tente... – Gohan prosseguiu. – Por mais que eu tente... Eu não consigo superar esses androides... Eles sempre estão um passo à minha frente... Sempre...! Sempre...!!

 

Goku, por instinto, pôs a mão sobre o ombro do filho. Não dizia nada, não tinha o que dizer naquele momento. Mas aquilo já era o suficiente para acalmar um pouco o filho. Nisso, os dois acabaram se abraçando fortemente. Um típico abraço entre pai e filho. Enquanto isso, as últimas lágrimas deslizavam pelo rosto de Gohan.

 

Pai e filho permaneceram assim por vários minutos.

 

Goku sentiu-se bem melhor. Já que não podia ajudar em lutas, teve que se contentar em pelo menos confortar o filho. Pôde sentir um pouco da sua dor, mas ela já passava. Sentiu que Gohan começava também a melhorar, não sentia mais as lágrimas quentes dele molharem o ombro em sua roupa. E já havia parado de soluçar há alguns segundos, sua respiração começava se normalizar.

 

Gohan, por seu turno, se sentia bem aliviado. Parecia que tinha tirado um peso gigantesco da consciência e, principalmente, do coração. Era isso que lhe fazia tanta falta: desabafar com alguém. Alguém que entendia bem as alegrias, as frustrações e as agruras de um guerreiro saiyajin. Alguém que não só entendia isso, como entendia Gohan: o seu próprio pai.

 

Mas, apesar desse alívio, a tristeza não o havia abandonado.

 

Depois desse abraço, Gohan esboçou um sorriso:

 

- Obrigado, papai... – disse, enxugando os olhos com a mão. – Realmente eu precisava de você...

 

Goku sorriu também e colocou mais uma vez a mão sobre o ombro do jovem guerreiro.

 

- Gohan – ele disse. – Você não é um fracasso, meu filho... Você se tornou um homem com bastante maturidade e me orgulho disso. Sem contar que você agora é mais poderoso do que eu... Você se lembra do Piccolo, não é?

 

- Claro, por quê?

 

- Ele sofreu muitas derrotas, mas nem por isso você deixou de respeitá-lo. E, pelo que percebi você tem esse mesmo respeito do Trunks. E aposto que ele vai continuar a te respeitar apesar de tudo.

 

- Acho que tem razão, papai...

 

- E tem mais... Você precisa voltar a acreditar em si mesmo, Gohan... Continue treinando Trunks... Se você não puder enfrentar sozinho os androides, prepare ele pra te ajudar... Mas, principalmente, volte a acreditar em si mesmo... Ou nunca vai conseguir nada... Além disso... – olhou bem nos olhos dele. – Você pode ficar mais forte.

 

O rosto de Gohan começou a se iluminar.

 

- É claro... Como eu não me lembrei disso...? Quando eu me recuperar por completo, posso ficar mais forte... Você também passou muito por isso... Que cabeça a minha...!

 

Goku deu um sorriso de satisfação ao ver que tinha conseguido cumprir mais uma parte da missão da qual se incumbira: a de dar um pouco de alegria e uma dose extra de ânimo e esperança àqueles que foram tão importantes enquanto esteve vivendo na Terra. Foi assim que ele se sentiu praticamente curado da dor de sua partida precoce.

 

- GOKU!!! JÁ ESTÁ NA HORA!!! – ele ouviu um grito vindo da direção da porta.

 

- Ah, Vovó Uranai... Já...? Eu nem lutei nem nada... Por que veio me chamar tão cedo?

 

- Esqueceu o combinado, é? Você tem que voltar ao outro mundo ao pôr-do-sol... E já está na hora...

 

Ele olhou para a janela e viu que, de fato, o sol já se punha. O tempo havia passado mais rápido do que ele pensava...

 

- É... Tem razão... Tá mesmo na hora... Puxa... Eu queria ver o Trunks...

 

- Numa próxima oportunidade...

 

Assim, no lado de fora da grande casa, Bulma e Gohan – que se levantou mais animado – foram se despedir de Goku.

 

- Gohan, não se esqueça do que a gente conversou... Acredite em você... Porque eu acredito... Tenha boa sorte nos treinos... E nas lutas também... – sorriu.

 

Pai e filho se abraçaram novamente, mas ambos sorriam. Aquele momento seria inesquecível para ambos.

 

- Goku... – Bulma disse. – Se você encontrar o Vegeta... Manda lembranças minhas...

 

- Pode deixar Bulma... Vou fazer isso...

 

- Muito obrigada... É uma pena que a gente não vai poder te ver de novo...

 

- Não diga isso... Porque isso não é um “adeus” da minha parte... É apenas um “até logo”...

 

- Então vou me corrigir, Goku... Até logo!

 

- Papai... Obrigado mesmo... – deu um sorriso largo, como não fazia há muito tempo. – E... Até logo...!

 

- Até logo, Gohan... Até logo, Bulma... Até um dia...

 

Nisso, Goku – conduzido pela Vovó Uranai – partiu de volta ao outro mundo, com aquela indescritível sensação de que havia cumprido com o seu dever... O dever de dar mais esperança às pessoas que seriam capazes de levá-la adiante num mundo tão carente dela.

 

“Gohan...”, ele pensou. “Eu acredito em você...”


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Notas finais do capítulo

Bom... Espero que tenham achado esse capítulo bem emocionante, porque eu achei...


Gohan precisava de alguém pra desabafar, e quem podia entendê-lo melhor? Acho que só mesmo o Goku...


Obrigada por acompanharem minha fanfic e por mandarem reviews... Agradeço a todos os leitores mesmo... Não vou citar nomes ou nicks, porque acho que estaria sendo injusta, mas sintam-se todos lembrados... Todos foram responsáveis pelo meu empenho de prosseguir com esta fic...


Mas, esperem... Ela ainda não acabou... Acontece que é sempre bom agradecer de vez em quando...


A história continua, gente... Aguardem os próximos capítulos... Até lá!!