Crônicas de Son Gohan escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 23
Depois da tempestade... A bonança?


Notas iniciais do capítulo

Muitas vezes, a gente percebe os nossos sentimentos quando é tarde demais...



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Depois da tempestade... A bonança?

 

 

 

Não perdeu tempo e foi logo acudir. Tirou Gohan com cuidado do fundo da cratera e o pôs deitado em chão firme. Remexeu um dos bolsos da calça, à procura de algo, até que, por fim, encontrou. Colocou imediatamente na boca de Gohan o que tinha encontrado e fez com que ele mastigasse e engolisse. Era uma semente dos deuses, que o fez recobrar os sentidos em seguida.

 

Gohan se levantou ainda tonto.

 

- Gohan, você está bem?

 

Ele não respondeu. Olhou para o lugar ao seu redor. Estava incrédulo.

 

- Como...? – cerrou os punhos com força. – Como pude deixar eles escaparem...?

 

Seu coração se apertava, parecia que ia estourar. A voz saiu trêmula:

 

- Tudo por minha culpa...! Como pude deixar esse ódio tomar conta de mim...?!

 

Fechou os olhos. Lembrou-se de que Trunks estava ali. Não podia derramar lágrimas de frustração, dor e tristeza diante do garoto. Tinha que demonstrar que, apesar de tudo, era forte.

 

- Gohan...

 

O guerreiro respirou fundo para se acalmar. Disse:

 

- Obrigado, Trunks... Mesmo depois de te tratar tão mal, você veio me ajudar... Me perdoe por agir daquele jeito... Não sei o que deu na minha cabeça...

 

- Não se preocupe, Gohan... Qualquer um ficaria assim depois de perder alguém importante...

 

Gohan encarou seu pupilo com ar meio curioso. O garoto logo emendou:

 

- Eu passei lá onde era o shopping... E vi o Yakimo morto. E soube que a Aisu está no hospital...

 

- E você sabe como ela está?

 

- Eu e a mamãe demos uma passadinha lá, mas os médicos ainda estavam examinando ela. A mamãe ficou lá para saber.

 

- Então, vai lá ficar com a sua mãe. Vou daqui a pouco. – esboçou um sorriso. – Não dá pra aparecer assim no hospital, né?

 

- Tem razão – disse Trunks, após olhar para as roupas esfarrapadas de seu mestre. – Todo mundo tomaria o maior susto!

 

 

 

*

 

 

 

Depois de quinze minutos, Gohan chegou ao hospital, onde Bulma e Trunks o esperavam.

 

- Gohan – Bulma disse. – Parece que a Aisu ainda está num estado... Bem... Num estado um pouco complicado... Os médicos disseram que os ferimentos dela são graves.

 

- E a chance de sobreviver?

 

- Eles me adiantaram que a chance é de cinquenta por cento.

 

- Entendo – Gohan disse, aparentemente sem se abalar. – Num desabamento daqueles, poucas pessoas sobreviveriam. Mas eu espero que a Aisu saia dessa.

 

Nisso, um dos médicos apareceu.

 

- Com licença... Vocês são amigos da Aisu?

 

Os três disseram que sim.

 

- Certo – disse o médico. – Ela está consciente e um de vocês pode ir vê-la.

 

- Gohan – Bulma disse. – Vai lá... Ela gostaria de te ver, pode acreditar!

 

Gohan dirigiu-se ao quarto onde Aisu estava. Ao chegar à porta, abriu, mas hesitou em entrar quando a viu.

 

- Pode entrar, Gohan!

 

Ele entrou e se aproximou dela. Ela deu um sorriso, que o tranquilizou.

 

- Que bom que veio! Agorinha mesmo eu estava pensando em você...

 

- É mesmo...?

 

- Não poderia deixar de pensar no meu herói...

 

Ele começou a ficar corado. Ela riu.

 

- É sério... Você é meu herói... E ainda fica lindo, vermelho desse jeito...

 

Gohan riu, ainda mais vermelho:

 

- Ah... O que é isso...?

 

- Falando sério, Gohan... Você é mesmo um herói... Você acredita num futuro melhor pra todos e sempre está se esforçando para conseguir isso! Eu gostaria que todos tivessem essa mesma esperança que nós temos...

 

- Obrigado Aisu... Pelo que vejo, você está até bem...

 

- Com você aqui eu me sinto muito melhor...

 

- É... Eu digo o mesmo... Ver que você está viva é um consolo em meio ao que passei...

 

- Você enfrentou os androides?

 

- Enfrentei... Mas perdi... Pra variar...

 

O guerreiro suspirou e abaixou a cabeça como sinal de desânimo. A jovem de cabelos róseos, sem pensar, pegou na mão dele. Uma mão que era forte e calejada e que contrastava com a delicadeza da sua. Olhou bem fundo nos olhos dele. Viu que ali havia dor, tristeza e frustração. Achou, em meio a isso, um lampejo de esperança naquele olhar. Sabia que era essa chama de esperança que o mantinha vivo e que o impulsionava a lutar. Sentiu vontade de ajudá-lo a manter essa chama acesa.

 

- Gohan... Sei que não posso te ajudar numa luta, mas saiba que pode contar comigo... Sempre...

 

- Obrigado, Aisu. – ele disse, segurando a mão dela com mais firmeza. – Obrigado mesmo...

 

Após dizer isso, beijou a mão dela num gesto de carinho. Gohan começava a enxergá-la como alguém muito além de uma amiga. Isso era perceptível tanto para ele como para ela. Não puderam evitar de se lembrar de Yakimo. Ele finalmente tinha conseguido juntar os dois...

 

 

 

*

 

 

 

Um mês se passou desde então. Nesse espaço de tempo, o Gohan otimista e aliviado deu lugar a um Gohan muito abatido. Nesse momento, estava num cemitério.

 

Mais uma vez.

 

Estava encostado em uma árvore, próximo a um túmulo e via as folhas caírem com o vento. Abaixou a cabeça e suspirou. Tinha perdido mais uma pessoa importante para sua vida. Aisu tinha partido.

 

“Por quê?”, pensou. “Por que isso tem que acontecer comigo? Por que tenho que ficar sem amigos? Por que não posso amar ninguém?”

 

Aisu não morreu em decorrência dos ferimentos que havia sofrido naquela explosão do shopping. Pelo contrário, ela havia se recuperado bem.

 

Mas os últimos cinco dias é que foram os piores... Desde que se descobriu algo assustador... Para ela e para Gohan.

 

- Aisu, o que aconteceu? – Gohan perguntou.

 

Aisu ofegava após ter apenas corrido e pulado um pouco, a fim de tentar pegar uma fruta em um dos galhos de uma árvore. Nem tinha feito tanto esforço.

 

- Não sei, Gohan... O meu peito dói demais e me sinto fraca...

 

De repente, algo ocorreu na mente do guerreiro. Eram os mesmos sintomas da doença que havia ceifado a vida de seu pai.

 

“Não, isso não pode estar se repetindo!”, pensou.

 

Levou-a para casa, pois estavam nas montanhas Paoz. Percebeu que ela estava começando a ficar febril e que estava respirando com mais dificuldade.

 

Cinco dias se passaram, na maior agonia. Tudo se repetia para Gohan, tudo o que havia acontecido com Goku, ele via se repetir com Aisu. Até que, por fim, viu que a morte chegara para ela. Era previsível, ainda não existia uma cura para a doença. Mas acreditava que um milagre poderia acontecer ali, não queria perdê-la... Nunca tinha tido uma chance de se declarar a ela, sequer havia lhe dado um primeiro beijo. Mas não deu tempo de fazer isso... Tinha enrolado tanto com seus sentimentos, que demorou muito tempo para perceber que estava apaixonado. Dedicava-se tanto aos treinos para vencer os androides, que não ligava quase para o que sentia em relação a ela.

 

Agora era tarde demais...

 

Sentiu um pequeno ki se aproximar.

 

- Gohan? – era a voz de sua mãe. – Posso falar com você?

 

- Pode.

 

- Bem, é uma pena que ela tenha morrido. Vocês dois dariam um belo casal, se você se declarasse a ela... Mas não se sinta assim... Você não tem culpa de demorar a perceber isso... Olha, eu aprendi muita coisa depois que o seu pai se foi, e uma delas é que a vida continua. Você precisa se lembrar só dos bons momentos, assim não vai sofrer muito com essa perda... Acredite, ela vai ficar sempre no seu coração...

 

- Obrigado, mamãe... Você tá conseguindo me animar... Eu queria conseguir te animar mais...

 

- Como assim? Você é um amor de pessoa, eu não iria querer um filho melhor...

 

- Mas eu poderia melhorar... Não quero que você sofra por minha causa, por eu sempre estar lutando contra os androides... Sinceramente, eu não queria trilhar por esse caminho...

 

- Não?

 

- Acho que eu nunca falei isso, mas eu nunca quis ser um guerreiro...

 

- Então, por que está seguindo os passos do seu pai?

 

Ela já tinha uma ideia, mas queria saber ao certo sobre os motivos que ele tinha para ter escolhido ser guerreiro. Algo que ela ouviria naquele mesmo instante:

 

- Mamãe, eu sei que você nunca gostou de me ver lutar, mas eu não tive escolha. Depois que o papai morreu, eu jurei a mim mesmo que te protegeria como ele fez. Mas sempre sonhei em ser um cientista, até me espelhava na Bulma nessa parte. Só que quando vi tanta gente morrer e os androides atacarem o meu colégio, eu tive que fazer uma escolha. Sinto muito por te deixar triste, mas precisei fazer isso. Além disso, eu tenho que cumprir aquela promessa que fiz ao Vegeta...

 

- Você fez uma promessa ao Vegeta?

 

- Fiz. Prometi que iria proteger a Bulma e que treinaria o Trunks. Além disso, quero derrotar os androides pra poder ficar em paz. Só vou descansar quando eu fizer isso.

 

- O que posso fazer, não é? – Chi Chi sorriu resignada. – Você tem o sangue do seu pai, isso não tem jeito...

 

- Mamãe, eu espero poder derrotar eles... Se eu conseguir isso, pode ter certeza de que vou me esforçar em me tornar cientista... Eu prometo.

 

Nisso, mãe e filho se abraçaram, um confortando o outro.


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Notas finais do capítulo

Finalmente, depois de um bloqueio, mais um capítulo... Ele pode não ter ficado lá essas coisas, mas vou fazer o possível para que o próximo saia melhor, ok? É só esperar...
Até a próxima!