Crônicas de Son Gohan escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 12
A solidão de cada um


Notas iniciais do capítulo

Ainda no embalo do capítulo anterior, este capítulo ainda tem uma dose de comédia e pode agradar os fãs de Bulma e de Vegeta... Ah, e Gohan também aparece... Mais uma vez na escola...



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A solidão de cada um


 


Saiu da sala de gravidade um pouco mais aliviado. Mas não o suficiente para esquecer aquela sensação que o deixava arrepiado. Ainda sentia aquele vazio em seu coração. Por que essa sensação?


Foi até o banheiro e lavou o rosto, a fim de tirar a expressão de cansaço estampada na cara. Ao sair do banheiro, deu de cara com alguém um tanto indesejado: Gohan. Fechou mais a cara.


- O que quer, moleque?


- Treinar com você!


Deu um sorriso escarnecedor.


- Comigo? Por quê?


Gohan não se alterou.


- Quero enfrentar os androides!


Vegeta já ficou mais sério.


- Você é apenas um pirralho! Não pode enfrentá-los!


- Não me importo com isso... Só quero vingar a morte do Senhor Piccolo e dos outros!


- Sou eu quem vai enfrentar esses androides! Não se meta onde não é da sua conta!


- Isso é da minha conta, sim! – Gohan respondeu, já levantando a voz.


Vegeta pegou o garoto pela gola da blusa.


- Escuta aqui, fedelho! Você pode ser filho de Kakarotto, mas não é igual a ele! Você é apenas um moleque mimado e medroso, além de um grande fracote!


- Me solta! Me solta!


Gohan ficou furioso e transformou-se em Super Saiyajin. Nisso, tentou golpear o saiyajin, que bloqueou as pancadas do garoto. Vegeta reagiu e também se transformou, para desferir um soco. Nisso, com o golpe, o garoto acabou caindo no chão e voltando ao normal.


Ele limpou a boca, de onde começava a sair sangue. Apesar do golpe, não teve medo. Encarou Vegeta com uma dose de rancor no olhar. Os dois ouviram passos. Era Bulma que se aproximava. Gohan se levantou e deu as costas ao guerreiro. Já havia dado alguns passos, quando ouviu:


- Amanhã cedo, na sala de gravidade. Não se atrase!


- Como é?


- É surdo? Amanhã, na sala de gravidade. Treinamento! Preciso repetir?


- Não. Já entendi.


Assim, o garoto saiu, encontrando-se com Bulma.


- Já vai? – ela perguntou.


- Já. A mamãe deve estar me esperando.


- Está bem. Amanhã você vem?


- Venho.


- Então, até amanhã!


- Até!


Gohan chegou à sala, pegou a bolsa e calçou os sapatos. Despediu-se de Trunks, que estava no colo da avó, e se despediu também do Sr. Briefs. Em seguida, levantou voo. Levaria alguns minutos para chegar em casa.


Enquanto voava, pensava. Por que Vegeta mudou de ideia tão de repente? Sabia o quanto ele era teimoso e inflexível. Não era qualquer coisa que o fazia mudar de ideia assim, e ainda por cima, de uma hora pra outra. Esperava, no dia seguinte, um treinamento bastante duro. Mas, será que esse treino seria tão duro quanto os treinos de Piccolo? Talvez sim, ou mais. Isso não importava. Bastava que ficasse mais forte para enfrentar aqueles androides de igual para igual.


 


*


 


Mais uma vez, no dia seguinte, cruzava o portão do colégio. E lá estavam Paina e Kyuri – agora puxa-sacos – para recebê-lo com todas as pompas, como se fossem seus mordomos. Yakimo e Aisu tentavam se segurar pra não cair na gargalhada. Mas os outros alunos riam sem a menor cerimônia. Gohan – o alvo de toda a puxação de saco – estava cada vez mais constrangido.


- É, Gohan... – disse Yakimo. – Agora temos até dois seguranças contra os outros valentões.


- Yakimo tem razão! – disse Aisu. – Acabamos saindo no lucro!


- Não sei... – Gohan falou. – Eu não acho justo...


- Que é isso, Gohan... – disse Kyuri. – Cê é um carinha legal! Merece um tratamento “vip”...


- É isso aí! – concordou Paina. – A gente tá curtindo te escoltar. O amiguinho da “gostosona”...


- “Gostosona”? – Gohan perguntou. – De quem você fala?


- Ah, da senhorita Bulma...


Uma grande gota desceu pelo rosto de Gohan. Ele disse a Paina:


- Ela é casada, e tem um filho pequeno!(-_-‘)


- Mais respeito com a “gostosona”... Er... Com a senhorita Bulma, Paina... – Kyuri repreendeu o amigo.


Disse ao garoto:


- Entre os carinhas da alta sociedade, ela é conhecida como a solteira bonitona mais cobiçada da cidade! Não sabia que ela havia se casado!


Gohan não se importou muito com isso. Apenas assistiu à aula e, depois, foi esperar por Bulma. Tinha que fazer isso, não podia chamar a atenção com sua habilidade de voar. Precisava agir como um garoto normal.


 


*


 


Na sala de gravidade, Vegeta golpeava adversários imaginários. Não queria ficar parado esperando por Gohan para a segunda sessão de treinos. Mas, de repente, estacou.


De novo, aquela visão!


A visão de seu corpo ferido e inerte, em meio a escombros de sua casa, parcialmente destruída. Agora notava que o céu estava encoberto por nuvens densas e escuras. Relampejava e chovia muito. Os androides estavam à sua frente, como na visão anterior, sorridentes e de braços cruzados.


Começou a suar frio. Por que a simples visão daquele par de sucatas ambulantes lhe causava isso?


“Não... Não vou continuar assim! Não posso agir desse jeito! Não posso agir como um covarde!”


Saiu dali e foi lavar o rosto. Depois de alguns litros de água na cara, voltou para esperar seu adversário de treino. Reduziu a gravidade a dez vezes o nível normal. Sentou-se no chão e fechou os olhos. Respirou fundo e se concentrou. Ficou na mesma posição por alguns minutos. Parecia que estava longe dali.


 Na verdade, estava analisando mentalmente suas técnicas de ataque e defesa. Começou a analisar o que se lembrava do seu confronto contra os androides. Começou a suar novamente. Lembrar-se de um fracasso era bem difícil, mas, por teimosia, insistiu em fazê-lo.


Sentiu um ki de saiyajin. Era Gohan, que chegava naquele momento do colégio. Abriu os olhos e viu o garoto. Era hora de treinar pra valer. Tinha um adversário pra isso.


 


*


 


O horário já estava avançado. Era bem tarde da noite. Não conseguia dormir. Aquela visão o atormentara novamente. Estava sem sono.


Foi até o quarto ao lado do seu. Era lá que Trunks dormia confortavelmente no berço. Entrou sem fazer barulho, mas ouviu um gemido de criança. Era o garoto, que se espreguiçou e acordou. Atraído pelo barulho, Vegeta chegou perto do berço.


O garoto fixou os olhos azuis no pai. O saiyajin achou estranho. Geralmente, ele não podia chegar perto do filho, porque este chorava só de vê-lo. Mas, desta vez, Trunks não se assustou.


Vegeta deu as costas e já ia saindo do quarto. Mas...


- Pá-pá...


Era a voz do pequeno. Olhou pra trás e o viu, apoiado na grade do berço, todo sorridente.


- Pá-pá... – Trunks repetiu.


Ouvindo isso, a sensação de vazio em seu coração acabou por diminuir bastante. Viu o garoto bocejar e deitar de novo. Nisso, Vegeta deu novamente as costas e saiu, sem conter um sorriso. Não dava o braço a torcer, mas ficou um pouco enternecido com o filho.


Debruçou-se na grade da sacada de seu quarto. Fixou seu olhar para algum ponto à sua frente. Procurava alguma coisa pra se entreter. Não tinha um pingo de sono, apesar de estar cansado. Aquela sensação de vazio que tinha em seu coração ainda o incomodava bastante. Sentia-se isolado. Depois de alguns anos, não contava com a solidão novamente agarrada a si.


Depois de tanto tempo, não se imaginava tão solitário como antigamente...


Suspirou e abaixou a cabeça. Estava realmente cansado. Maldita visão! Tinha lhe tirado todo o sono! Estava visivelmente aborrecido. Precisava dormir, pra descansar o corpo e a mente. Qualquer guerreiro sabia disso! Mas quem disse que o sono vinha? Nem dava notícias!


Sentiu uma mão morna e delicada sobre a sua.


- Não consegue dormir, não é? – era a voz de Bulma.


Não respondeu. Como ela descobriu que estava acordado? Tinha feito o mínimo de barulho possível, mas, ainda assim, ela havia ouvido.


 - Foi um pesadelo? – ela insistiu.


Nem precisava de uma resposta. Pesadelo era uma das poucas coisas que o deixava sem dormir. E que o deixava daquele jeito. Mas, desde o fracasso contra os androides, isso acontecia com mais frequência.


- Se veio pra tentar me fazer dormir, está perdendo seu tempo! – Vegeta lhe disse. – Canções ridículas de ninar e essa conversa fiada de contar carneirinhos não vão adiantar comigo!


Aquele vazio, curiosamente, começava a diminuir dentro de si. A solidão, também. Percebeu que o que lhe faltava era alguém para ficar por perto. Olhou, de esguelha, para a sua esquerda. Ela estava lá, ainda com a mão sobre a sua. De um jeito inexplicável, aquele calor da mão de Bulma o tranquilizava. Uma sensação indescritível tomava conta do saiyajin. Encarou-a, olhos nos olhos.


- Tem razão... – ela disse, já desconfiando daquele olhar. – Contar carneirinhos não deve adiantar...


Aquela sensação de vazio estava quase desaparecendo, mas ainda o perturbava muito. Até que não resistiu e, por impulso, a beijou. Era o suficiente para sumir com aquele incômodo e descobrir que sua vida já tinha encontrado outro sentido.


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