SHORTFIC - O Cara do Bar escrita por umavampira, nelly95roberta


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Personagens de autoria da Stephenie Meyer. Aqui, todos são HUMANOS. Espero que gostem e deixem reviews! :*



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Fiz Risoto de camarão para o jantar, prato preferido de Jacob. Depois de deixar a mesa pronta, fui tomar um banho, coloquei uma lingerie de renda preta que eu ainda não havia usado, um vestidinho justo, sapatilhas e fui para a sala esperá-lo.

Quando ele passou pela porta me dando um beijo, tirei seu paletó, tomei a maleta de suas mãos e desabotoei os primeiros botões da camisa depois de afrouxar a gravata.

–Como foi seu dia? –perguntei.

–Bom. Normal na verdade. –respondeu dando um suspiro.

–Está tudo bem? –achei estranho aquele tom.

–Sim. –falou sucinto. –E o seu dia?

–Normal também. Venha, fiz um jantar especial pra você. –caminhamos para mesa.

–Risoto de camarão. –anunciei destampando a travessa e o servindo. –Vinho tinto. –abri a garrafa e ele inclinou as duas taças para que eu pudesse enchê-las. –Do jeitinho que você gosta. –inclinei-me pra beijá-lo.

–Está uma delícia, Bella. Obrigado. –ele sorriu tocando minha mão.

–Fico feliz que tenha gostado. –sorri de volta.

Depois do jantar, Jacob me ajudou a levar a louça para a pia, mas eu não tinha a mínima intenção de mexer com aquilo no momento.

Parei de frente pra ele, brincando com a camisa social branca. Ele me encarou com um sorriso travesso no rosto. Puxei-o pelo cinto e nos beijamos demoradamente, Jake buscando meu corpo pra mais perto do seu.

Descolei nossos lábios por um segundo a fim de tirar a roupa dele cuidadosamente.

–Na cozinha? –ele riu acariciando meus braços.

–Pode ser aqui, pode ser na sala, pode ser em todos os cômodos, se quiser.

Ele impediu minhas mãos de continuar a despi-lo.

–Vou tomar um banho antes...

–Por que não um banho quando eu te deixar suado? –sugeri mordendo o lábio inferior.

–Você está tão cheirosa, não quero...

Ele se interrompeu quando tirei o vestido, mostrando a pequena renda que cobria meu corpo esguio.

Puxou-me pra si de novo e nos movemos pro quarto. Fui pra cama e observei enquanto ele tirava suas roupas e as jogava na poltrona de canto.

Ao subir na cama, ele passou a mão por minhas pernas e tirou a primeira peça da minha lingerie. Puxei-o para cima, selando nossos lábios mais uma vez. Senti a pressão do peso de Jacob dentro de mim e começamos a nos mover.

De repente, quando estou no ápice do prazer, Jacob para e se joga de lado na cama.

–Já? Sério? –perguntei um pouco ofegante.

–Não é que... –ele começou, mas ficou em silêncio. Apoiei-me nos cotovelos e olhei pra Jake que encarava o teto.

–Qual é o problema?

–Problema nenhum. –respondeu sem olhar pra mim.

Aham. –murmurei impaciente. Isso nunca tinha acontecido antes. –Você nunca nega fogo. Que é, ta doente?

–Só não estou afim, Bella... –falou colocando a mão na testa.

–Uau. –disse e olhei pra parede sem saber o que dizer.

Foi então que algo passou pela minha cabeça. Jacob mal tinha sorrido aquela noite. Ele costumava fazer muito isso. E tocar-me? Ele sempre chegava sedento e louco pra me beijar. Hoje, porém, ele havia sido reservado, retribuindo minhas carícias, mas sem estender muito o assunto. Quando sugeri uma transa na cozinha, ele disse que preferia tomar um banho antes. Rá. Nenhum pouco a cara do meu marido que me arrastava para o chuveiro com ele. Repassando os últimos dias, percebi que aquele comportamento diferente já estava acontecendo. Coloquei-me de joelhos no colchão.

–Olha pra mim. –pedi. Ele o fez e nos encaramos por um tempo. –Qual é o problema? –indaguei novamente, cada palavra saindo devagar.

Algo estava errado e eu podia ler isso nos olhos dele.

–Nada, Bella, não tem problema nenhum... –resmungou com impaciência. –Vou tomar banho. –disse levantando-se.

–Você me traiu? –soltei a pergunta antes mesmo de pensar. Fechei os olhos por um instante, arrependida. Esperei que ele dissesse algo e para minha surpresa, ele ficou em silêncio. Não negou.

Olhei pra ele parado no meio do caminho, sem olhar para trás e imaginei o que se passava na cabeça dele. Senti um aperto sufocante no peito.

Bella... –ele balançou a cabeça negativamente e não disse mais nada, ainda sem olhar pra mim, as mãos fechadas com força.

Ele não disse ‘que bobagem, querida, de onde tirou isso?’ ou qualquer coisa do tipo. Não disse por que...

Engoli seco, meus olhos ardendo.

–Você... Me traiu... –afirmei com dificuldade, não conseguindo de fato acreditar que estava dizendo aquilo em voz alta.

Ele suspirou e virou-se pra mim com a expressão envergonhada.

–Eu não estou sendo boa o bastante, Jacob? Quem está te satisfazendo agora, ahn? Quem é a vadia? –cuspi as palavras com ódio.

Bella, pelo amor de Deus... –ele começou e eu grunhi me levantando da cama fazendo com que ele parasse o que quer que fosse tentar dizer.

Peguei a porcaria da calçinha no chão, perto da cama e coloquei de volta. Abri o guarda-roupa e vesti um sobretudo, o primeiro sapato que vi e apanhei a bolsa.

–O que está fazendo? Aonde vai? –perguntou ele, de repente parecia desesperado. Não respondi.

Bella. –chamou. Sai do quarto e andei em direção à porta. –Bella, não faz assim... –pediu.

Quando ele tocou meu braço pra que olhasse pra ele, eu virei instintivamente e lhe dei um tapa tão forte no rosto que ele cambaleou um pouco. Meu coração martelando alto, a adrenalina me deixando a ponto de avançar e continuar a estapeá-lo.

–Para de dizer meu nome, antes que eu tome nojo só pelo fato de sair da sua boca.

Ele me encarou desolado e não disse mais nada.

Bati a porta e saí pra qualquer lugar longe de casa.

***

Peguei um táxi e fui parar no bar onde eu costumava ir pra encher a cara com minhas amigas. Muito apropriado.

–O que você tiver de mais forte. –pedi me sentando numa das cadeiras altas do balcão.

–Você não me parece o tipo de garota que consegue beber uma Everclear... –o cara falou.

–Garota... –repeti e bufei. –Essa bebida é ilegal. –afirmei. Pelo menos eu achava que era. Ele me ignorou.

–Por que não começa com um Uísque? –sugeriu passando um pano na parte da bancada onde eu me apoiava.

–Tanto faz. –respondi abrindo a bolsa pra desligar meu celular. Já haviam inúmeras ligações perdidas de Jacob. Olhei a hora e já passava das onze. Eu nem queria saber. Coloquei de volta e peguei o copo.

O primeiro gole queimou minha garganta e eu quase engasguei.

–Gelo? –perguntou.

–Não, eu dou conta. –respondi.

Olhei ao redor, o bar não estava cheio. Uma música tocava ao fundo e me esforcei pra descobrir quem cantava, mas não consegui lembrar. A televisão também estava ligada, mas ninguém dava atenção.

Nenhuma das pessoas pareciam tristes naquele lugar. Nenhuma delas estava sozinha, pra começo de conversa. E nenhuma delas estava com cara de quem acabou de se descobrir traído.

Suspirei alto.

–Esperando alguém? –o cara perguntou.

Olhei pra ele pela primeira vez, já que insistia em puxar papo.

O barman era alto, musculoso, vestia uma blusa social azul clara cujas mangas foram dobradas até o cotovelo. O cabelo volumoso, castanho dourado, estava bagunçado e ele levou a mão até eles quando olhei.

Mas o que mais chamava atenção eram os olhos, verdes, intensos e brilhantes. Desci um pouco mais avaliando a boca fina e lapidada por um sorriso torto. Arqueei as sobrancelhas como se perguntasse ‘está vendo algo divertido?’.

O cara se daria muito melhor como modelo do que barman, sem dúvidas.

–Não. –respondi depois de um tempo o avaliando, quase esquecendo qual foi a pergunta.

–Você não me parece muito à vontade... É a primeira vez que vem aqui?

–Não, já estive aqui antes... –disse. –E estou bem à vontade, obrigada. –tentei parecer desinteressada e bebi mais um pouco.

–Bom, é segunda-feira e você está sozinha num bar. Se me permite dizer, com uma expressão bem infeliz também.

Awn, obrigada por notar. Pode me dar a garrafa? –pedi irritada.

Ele a pegou do outro lado e me passou. Coloquei o dinheiro no balcão, levantei-me e fui pra uma mesa mais ao fundo do espaço.

Eu não queria ter sido grossa, mas o que eu precisava mesmo é encher a cara e ficar me lamentando sozinha.

A garrafa não estava completamente cheia, e acabou mais rápido do que eu gostaria. Outra garrafa, dessa vez lacrada. Eu odiei o gosto daquela droga, mas surtia o efeito que eu procurava.

Eu já estava meio jogada na mesa, quando o barman veio até mim e sentou-se de frente.

–Já ouviu a música do plástico? –perguntei puxando logo assunto. Afinal, ele gosta de conversar.

–O quê?

–É algo como morar com um homem corrompido de poliestireno lascado... É... Algo assim... – murmurei tentando lembrar.

–Ah. Você está falando da música da banda Radiohead...?

–É claro, seu bobo! Pensou que eu estava dizendo coisas sem sentindo, não é? Eu ainda não estou bêbada. – gargalhei. Talvez estivesse falando demais, mas ele era tão gentil. Não, pera. – Essa música é uma metáfora... –balancei a cabeça pensando na minha lógica e senti que tudo rodou. Ri de novo. Gostei daquilo. Balancei outra vez.

–Posso saber seu nome?

–Isabella Black. – estendi a mão. – Mas eu gosto que me chamem de Bella. E o Black não vai ficar por muito tempo. – sorri. – Sabia? Eu fui traída. Cá pra nós, eu sou gostosa. E olha, a gente nunca transou, mas eu te garanto que eu sou ótima na cama. -falei séria, ele estava me ouvindo tão atento... Awn. – Mas o que eu posso fazer? Talvez ela seja loura, tenha silicone, uma bunda de matar... Não posso culpá-lo, não é mesmo? –pensei. – Mas eu sou uma boa esposa, e o amo. Ou amava. Ou eu só queria ter uma família perfeita... E olha só o que acontece com as mocinhas da história...

–É bem pior do que eu pensava... –ele murmurou baixinho.

–Não se preocupe. Eu não vou chorar. –pisquei e virei mais um pouco de Uísque. Talvez seja isso. Talvez seja o Uísque que estava me mantendo tão forte e feliz. –Eu quero dançar. –levantei. Foi um pouco difícil, mas também, com esse sobretudo pesado...

–O que está fazendo? –ele se levantou rapidamente impedindo que eu tirasse a roupa.

Ops. Esqueci que só estava de lingerie. Obrigada. –abracei-o. –Vem, vamos dançar. Se o seu chefe reclamar, diga que estou pagando por isso. Vou gastar todo o dinheiro daquele miserável.

–Então, Bella, estamos fechando... Não dá pra gente dançar agora. Tem alguém pra quem eu possa ligar pra te buscar?

Sem graça. Ele queria estragar minha noite.

–Não, não tem. Só mais 5 minutos? Ahn? Por favoooooor...

–Não tem música. –ele disse.

–Eu canto. –ele riu. –Ok. –ri também, pensando no quão ridículo aquilo poderia ser, contando que eu já estava falando meio enrolado.

Reparei que só eu estava no bar. Há quanto tempo eu estava ali? Enchendo a cara como uma imbecil... E pagando todo esse papelão com o barman gostoso...

–Ei... Você disse que não ia chorar! –ele puxou meu rosto e eu o encarei triste.

Enxuguei a lágrima rapidamente.

–A culpa é sua... Eu quero dançar. –fiz biquinho.

Ta legal, vamos dançar. –ele revirou os olhos e eu fiquei animada.

Ele foi ligar o som. As luzes do lugar foram apagadas e substituídas por um jogo de iluminação digno de boate.

Eu não estava em condições de equilíbrio algum com aquele salto estúpido e o perdi depois de um tempo balançando pelo salão com o barman. Ok, ele não dançou muito. Ficou mais preocupado em me manter de pé enquanto eu me soltava no ritmo da música agitada que soava alto.

Quando uma música lenta começou, o cara me puxou para seus braços com firmeza e mal nos movíamos ao som suave da canção.

Eu estava mesmo maluca... Bêbada dançando com um desconhecido, sozinha no bar.

–Estou dançando coladinha com você e nem ao menos sei o seu nome... –murmurei lembrando-me desse detalhe. Não que fosse importante, já que eu provavelmente me esqueceria mais tarde.

–Edward. –falou baixinho.

–Edward... –repeti encostando minha cabeça em seu peito.

Não tenho certeza do que aconteceu depois. Acho apaguei.

***

Abrir meus olhos foi quase uma tortura. Minha cabeça latejava de forma excruciante e parecia pesar dez vezes o normal. O sol não batia nos meus olhos graças à cortina fechada, mas alguns feixes escapavam e eu soube que já estava de dia.

Apesar de estar tudo fechado, o lugar onde eu me encontrava era bem iluminado e espaçoso. A cama grande, com lençóis brancos e limpos... Cheiro de perfume. Um perfume doce e fresco no ar. Um hotel? Motel? Minha casa? Eu estou louca?

Espere. Como fui parar ali? Aliás, onde é que eu estava?

Gelei tentando me lembrar de algo depois de quicar pelo bar com um cara...

O cara. Edward.

Ofeguei e olhei debaixo do lençol que me cobria. Suspirei aliviada ao constar que eu não estava nua, meu sobretudo intacto. Chequei também minhas roupas íntimas, ele não seria capaz de me vestir de novo naquela coisa. Estavam lá, do jeitinho que eu coloquei. Coloquei pro desgraçado do meu marido. Fechei os olhos com força, tudo vindo à tona. Tive vontade de gritar, mas com certeza me arrependeria disso, então peguei um travesseiro do meu lado e coloquei no rosto.

–Você está bem? – uma voz próxima perguntou. Afastei o travesseiro com um sobressalto.

Aqueles olhos verdes me encaravam com uma ruguinha de preocupação. Quando ia responder que sim, meus olhos percorreram o tórax desnudo e molhado do homem. Pensei que estivesse totalmente nu – e não pude deixar de checar – mas havia uma toalha presa à cintura.

Senti meu rosto queimar de vergonha e voltei minha atenção pra parte do corpo onde há uma boca. E que boca... Deus! Balancei a cabeça tentando afastar meus pensamentos perversos e doeu tanto que levei a mão à testa.

–Tem remédio pra dor? –foi a única coisa que consegui dizer.

–Tenho.

Ele se moveu e procurou numa abrindo a gaveta. Ótimo. Estava na casa dele.

Sentei-me devagar e o observei vindo em minha direção, desfilando tranquilamente com aquela toalha... Estendeu pra mim a caixa de aspirina.

–Vou buscar um pouco d’água.

–Não precisa, obrigada. –falei engolindo a pastilha à seco com dificuldade.

–Vou trocar de roupa, espere um segundo. –e se dirigiu para o banheiro do quarto, fechando a porta.

Olhei ao redor, as paredes pintadas em tom pastel, uma mesinha de canto com o relógio em cima... Não havia muito coisa à mostra que pudesse dizer algo sobre Edward. E o que eu podia pensar dele? Um barman que faz amizade com a cliente bêbada e a leva pra casa, coloca numa cama confortável e cheirosa. Perfeito.

A porta do banheiro se abriu e Edward apareceu vestindo apenas calça jeans, tinha uma camiseta nas mãos. Ele não ia vesti-la? Não que eu me importasse, a visão era ótima...

Eu tinha que parar de olhá-lo de cima a baixo, é claro que ele estava percebendo, não tirava aquele sorriso torto dos lábios nunca.

–Então... –comecei. –Te dei muito trabalho? –perguntei mordendo os lábios, aflita. Até que ponto eu tinha chegado?

–Não. Você dormiu como uma pedra. –garantiu-me.

–E então você resolveu me trazer pra sua casa... –completei com uma indagação secreta: ‘Por quê?’

–Não podia deixar você dormindo no meu bar... –brincou.

–Seu bar? –franzi o cenho.

–É. Meu bar.

–Pensei que fosse só o barman. –confessei e ele riu.

Ele sentou-se na beirada da cama, bem perto de mim e enxugou o cabelo na toalha esfregando rapidamente. Passou os dedos nos fios e eu podia apostar que ele sempre fazia isso, usando aquele penteado bagunçado todos os dias.

–Preparei café da manhã pra você. –ele disse gentilmente e me avaliou enquanto fiz uma careta, dando a entender que eu não ia conseguir comer. –Imaginei. –disse sorrindo.

–Mesmo assim, obrigada.

Levantamos da cama ao mesmo tempo. Alisei o sobretudo amassado e passei a mão no cabelo, abaixando um pouco o volume.

–Aqui, seus sapatos... –Edward os colocou na minha frente, mas eu não calcei.

–Vou usar o seu banheiro. –disse.

–Fique a vontade. Vou estar na cozinha. – embora eu não soubesse onde era a cozinha, assenti supondo que não seria difícil achá-la.

Fechei a porta e encostei-me nela respirando fundo. Tudo errado, pensei. Eu ser traída, tomar um porre, dormir na casa do cara do bar... Onde eu estava com a cabeça? E eu nem sabia o que fazer agora.

Há essa hora, Jacob já devia ter saído para o trabalho e eu podia voltar pra casa. Mas não dava pra fugir, uma hora ele iria chegar. E pra ser sincera, eu estava com tanta raiva que seria capaz de espancá-lo. Claro que eu é quem sairia machucada no final das contas, mas a ideia de socar a cara dele era bem tentadora.

Fui até a pia e lavei o rosto. Minha aparência era desanimadora. Penteei o cabelo com os dedos e desejei poder prendê-lo.

Minha bolsa. Deduzi que Edward teria deixado ela ao meu alcance e acertei, estava em cima da cômoda perto da TV. Procurei a escova de dente que eu sempre deixava lá. Tirei o gosto estranho de bebida que ainda estava na boca. Além do mal estar devido a todo aquele álcool, eu me sentia imunda. Liguei o chuveiro disposta a tomar uma ducha rápida. A água quente e reconfortante relaxou os meus músculos e eu tentei não pensar em nada, só na sensação de tranquilidade que sentia. Por um instante eu esqueci os problemas e minha mente vagou. Cantarolei baixinho pra mim mesma passando o sabonete devagar pela pele. Comecei a achar que estava abusando da hospitalidade de Edward e desliguei o chuveiro.

Quase que involuntariamente elevei as mãos no box e foi ai que lembrei que não havia pedido uma toalha. Não vi saída, a não ser voltar pro quarto dele e pegar a que o vi usando. Como todo homem que se preze deixa a toalha molhada em cima da cama, eu esperava que Edward não fosse diferente.

Espiei pela porta entreaberta e ele não estava lá. Caminhei rapidamente pra fora e corri pra cama. Nenhuma toalha jogada! Droga. Eu tinha duas opções: gritar Edward ou me enxugar nos lençóis. Me dei um tapinha na testa. O armário do banheiro! É claro que as toalhas ficavam lá!

Quando estava prestes a voltar pro banheiro, Edward abre a porta distraidamente e quando me vê nua, molhada, parada bem no meio do quarto soltou um ‘PUTA QUE PARIU!’ alto.

Fiquei roxa de vergonha, tentei me tapar com as mãos da forma que dava, mas ele já tinha visto tudo. Se eu não estivesse tão constrangida teria rido da cara de Edward, os olhos arregalados pra mim.

–Me desculpe pelo vocabulário e pelo constrangimento. –ele tapou os olhos e se virou.

–Não, eu é quem devo desculpas. Pode pegar uma toalha pra mim, por favor? - murmurei fechando os olhos sem graça. Eu era casada! Mal casada por sinal, mas ainda assim...

Mas bom, Jacob havia se deitado com outra mulher, Edward apenas me viu nua. Comparar as coisas desse jeito amenizava a culpa.

– Claro, claro. –Edward saiu do lugar e foi até o banheiro, onde eu deveria ter deduzido antes que estava a toalha. Percebi que ele tateou o caminho de volta e estendeu a mão numa direção totalmente oposta onde eu estava. Ri baixo e caminhei até ele dando-lhe um cutucão nas costas pra dizer ‘estou aqui’ e puxei a toalha de suas mãos.

Enrolei-me, chequei se estava seguro e disse:

– Ok, pode abrir os olhos.

Edward mostrou aqueles verdes brilhantes e o sorriso torto apareceu outra vez. Ótimo, ele estava se divertindo.

***

Após uns minutos, eu estava sentada em um banco da cozinha, vestindo uma calça e blusa de Edward que eram grandes demais pra mim, tomando café forte e sem açúcar que ele me deu, dizendo que era bom pra ressaca. Eu não sabia sobre essas coisas, já que nunca bebi tanto ao ponto de ficar bêbada, mas confiei nas dicas dele. Afinal, ele é o dono de um bar.

–Minha cabeça está prestes a explodir... – falei baixo. Qualquer barulho me incomodava.

–Vai passar. –Edward me tranquilizou. O sorriso ainda estava lá.

–Sou tão engraçada assim?

–Engraçada? Não. Mas sexy...

Ele não parecia arrependido do que disse e eu não me ofendi. Pelo menos, eu era sexy para Edward, então Jacob não me traiu por isso. Jacob. Pensar em seu nome já me fazia sentir uma raiva tremenda. Eu queria magoá-lo o quanto ele me magoou.

Edward estendeu o braço pela bancada até sua mão segurar meu queixo. Os olhos dele correram pelo meu rosto procurando por algo. Ergui a sobrancelhas pedindo uma explicação.

–Quando você apagou ontem, caiu com força em cima de mim, pensei que podia ter se machucado. –murmurou.

Edward era tão doce e preocupado comigo e nem ao menos me conhecia. Foi capaz de me trazer pra sua própria casa... Ou será que já havia feito coisa assim antes? Com esse corpo...

Como se estivesse lendo meus pensamentos, ele se levantou, exibindo o peito desnudo. Foi até a pia e abriu a torneira lavando as xícaras. Aquelas costas. Cheguei a deixar minha cabeça cair para o lado, para admirar um pouco mais. Instantaneamente imaginei marcas das minhas unhas ali, meus lábios percorrendo todo aquele lugar. Por um momento, me pareceu certo.

“Ei, espere! O que está fazendo? Volte pra cadeira, fique quieta!”, meu subconsciente avisava. Mas eu queria tocá-lo, erguer as mãos até o seu cabelo para sentir se parecia tão macio quanto aparentava. E assim o fiz. Edward pareceu perceber a minha presença antes mesmo de chegar perto e o corpo dele ficou tenso. Os ombros estavam totalmente parados, e eu sabia que ele havia prendido a respiração.

Com as pontas dos dedos fui contornando os músculos em suas costas. A pele dele era macia, quente e tinha o mesmo perfume que senti na cama quando acordei. Já que Edward não havia se mexido, aproveitei mais um pouco. Cheguei mais perto, apenas alguns centímetros nos separavam agora, e me ergui na ponta dos pés pra cheirar seu cabelo. Meus lábios sentiam a maciez que eram aqueles fios. Aquilo estava sendo um prazer imenso para mim, e eu gemi baixinho.

Isso deve o ter despertado, pois em um movimento rápido, Edward se virou e me prensou contra a bancada que estava atrás de mim. Sua mão direita firmou a minha cintura e a esquerda levantou o meu queixo para que seus lábios tocassem os meus. Ele estava faminto e eu não estava tão diferente dele. A língua dele explorava cada canto da minha boca e quando os pulmões começavam a implorar por ar, ele movia os lábios para meu pescoço. Eu queria desfrutar esse beijo para sempre.

Mordi os lábios dele quando começou a querer se afastar. Ah, não. Está muito bom assim...

Bella... –murmurou me afastando delicadamente.

Mas eu não queria e dei mais um selinho e outro...

–Hm, hm –neguei, sendo teimosa.

Bella, é errado. Você é casada e...

–E nada. Foi bom esse momento, não é? –olhei nos olhos dele.

–Não definiria como bom. Foi mais que bom, foi...

–Certo. –conclui. Eu tinha que parar de interrompê-lo.

Ele afastou seus lábios dos meus, mas ainda me segurava contra ele. Os olhos verdes estavam sérios.

–Você ainda é casada, não importa o que seu marido fez. Não quero que você fique comigo só por vingança...

–Eu não te beijei por vingança, - disse surpresa por ele pensar que eu o estava usando... -Te beijei porque você me atrai. Se você não quiser me beijar, nós podemos fazer outras coisas. -sorri maliciosa. - Além do mais, minha vida de casada acabou. Não tenho planos pra perdoá-lo.

–As coisas estão acontecendo rápido demais. – Edward sussurrou. –Não quero que se arrependa depois...

–Não vou. –segurei o rosto dele em minhas mãos.

Edward olhou no fundo dos meus olhos e passou a mão em meus cabelos com afeto. Vi que ele se rendeu. Ponto para mim!

O beijei novamente, mais doce, porém. Queria memorizar cada movimento que ele fazia, cada toque que me dava. Da mão que me prendia contra ele, na base das minhas costas e da outra que acariciava minha nuca. Estava ficando sem ar quando ele aumentou o ritmo dos seus lábios nos meus. Edward enlaçou minhas pernas em sua cintura e deu alguns passos até deitarmos no sofá. Ele me pressionou contra o móvel e eu suspirei.

Por mais que eu quisesse que aquele beijo continuasse, me afastei. Meus pulmões doíam, pedindo ar. Edward parecia estar no mesmo estado que o meu.

– Você está toda vermelha – riu baixinho. – Adorável.

– Digo o mesmo sobre você – sorri de lado.

Edward começou a passar a ponta do nariz no meu pescoço tão delicadamente que quando mordeu meu ombro dei um pulo. Gemi, mas não de dor. Senti a ereção de Edward no ponto que eu mais precisava de atenção. Movi a minhas mãos para o botão da calça dele e ele tirou a parte de cima do moletom que eu estava vestindo.

Edward me conduziu até o quarto, o sofá era muito pequeno para nós. Ficamos de joelhos na cama, olhando nos olhos. Acenei para mim mesma, aquilo era certo. Voltamos a nos beijar enquanto tirávamos as roupas. Ele me deu um selinho, antes de se mover dentro de mim.

Sexo com Edward foi a melhor coisa que fiz. Era diferente, era maravilhoso. Ele sabia como me deixar louca mesmo nem me conhecendo. Não queria me gabar, mas mandei bem também. Perdi a conta de quantas vezes ele falava meu nome ou quantos elogios me deu. Quando eu estava com ele, esquecia meus problemas, o mundo.

Fomos para o banho, assim que nos recuperamos do ápice. Ele era fofo, passava o sabonete nas minhas costas e enrolava a toalha no meu corpo.

Estávamos deitados na cama nos encarando com um sorriso torto. Por que eu não fui para aquele bar antes?

–Você é linda. Merece um homem bom, que seja fiel e a trate como uma rainha.

Senti-me totalmente vulnerável diante das palavras dele. Meus olhos arderam e eu senti as lágrimas escaparem. Quando estendi as mãos em direção ao meu rosto pra enxugá-las, ele me impediu, puxando-me pra mais perto e me abraçando forte. Fiz o possível pra não soluçar, apenas chorei em silêncio, deixando que a dor viesse à tona enquanto eu tinha alguém pra me manter de pé.

–Preciso ir pra casa... –murmurei ainda abraçada a ele. –Resolver as coisas.

–Tudo bem, te levo até lá. –apertou-me mais forte antes de me soltar. Passou o polegar na minha bochecha e sorriu gentilmente.

Peguei minha bolsa, calcei os sapatos e sai com as roupas de Edward debaixo do sobretudo. Entramos no carro no qual eu já estive presente e nem conhecia. Um Volvo C30 prata. Fiquei surpresa ao perceber que não morávamos tão distantes um do outro. Indiquei onde era minha casa e ele estacionou bem na frente.

–Nem sei como te agradecer... –disse.

–Não precisa. Só prometa aparecer no bar mais vezes. Talvez eu te contrate como dançarina, você é ótima. –ele fez cara de impressionado.

–Meu Deus... –falei envergonhada não querendo me lembrar das idiotices que fiz sob efeito do uísque e ele riu. –Eu te convidaria pra entrar, mas...

–Não vai faltar oportunidade. –ele concluiu e eu sorri.

–Pode apostar. –respondi.

Sai do carro e dei um singelo ‘tchau’ pela janela e o vi ir embora antes de entrar.

***

#np Try - Pink

A casa me pareceu estranha. Não foi o silêncio e o vazio que me incomodou, mas sim o fato de eu não pertencer àquele lugar. Era casa que eu e Jacob havíamos escolhido juntos antes de nos casarmos. Um símbolo de amor... Lembrei-me de quando nós assinamos os papéis, quando pintamos as paredes da sala de estar num feriado e como trocamos o nosso sofá de lugar tantas vezes quando nos mudamos...

Revivi os últimos dois anos. Eu havia sido feliz? Ou apenas realizada por um casamento bom e um marido bem sucedido? Talvez eu tenha sido enganada todos esses anos. E enganado a mim mesma também.

Fiquei parada perto da porta olhando pensativa pro nada.

Bella... –a voz chamou me dando um tremendo susto e eu levei as mãos no coração ao perceber Jacob no corredor.

–Minha nossa, que susto! –falei. Só de vê-lo novamente eu já fiquei irritada. –Você não devia estar aqui! Não tem trabalho não?

–Não consegui ir trabalhar... Fiquei pensando em você, onde poderia estar... –começou.

–Ah, que gentileza da sua parte. Ligou pra sua vadia pra se lamentar? –disse cínica.

Bella, para com isso. Eu sei que eu errei, mas eu me arrependo e estou disposto a compensar essa idiotice! –não sei por que, mas ele não me pareceu sincero.

–Poupe-me, Jacob.

–Onde você esteve? Por que não respondeu nenhuma das minhas ligações?

–Não é da sua conta. –cruzei os braços e ele suspirou caminhando em minha direção. Olhou-me de cima a baixo, provavelmente se questionando sobre as roupas, mas não disse nada a respeito. Quando ele ficou perto demais eu o parei com a mão.

–Eu sei que você está com raiva-

–Raiva não chega nem perto do que eu estou sentindo. –interrompi.

–Qual a parte do ‘eu estou arrependido’ que você não entendeu? – exasperou-se.

–Isso não apaga o que aconteceu.

–Então é assim? Não podemos resolver isso e seguir em frente? Eu sei que não dá pra apagar, mas podemos começar de novo e fazer tudo diferente, Bells...

–Podemos? Jacob, eu fui uma esposa fiel, amável, nunca te dei motivos pra que fizesse o que fez... Isso só prova que você não presta mesmo. –conclui.

–As pessoas erram. –defendeu-se.

–Alguns erros têm consequências gravíssimas. –rebati. –E são imperdoáveis.

Percebi que ele vacilou um pouco diante do que eu disse. Antes que ele dissesse mais alguma coisa eu resolvi cutucar a ferida de uma vez.

–Quem é ela? Por favor, não me diga que eu conheço...

–Por que quer saber? Vamos esquecer isso e...

Esquecer. Quase ri.

–Diga. –exigi.

–É uma prostituta qualquer... –falou. –Eu nem me lembro do nome dela!

–Mentira! –vociferei. –Meu Deus, como eu tenho nojo de você! –balancei a cabeça tentando me controlar pra não berrar e enfiar outro tapa na capa de pau dele. Andei pra longe, entrando na cozinha. Apoiei-me no balcão pra respirar fundo.

O ouvi atrás de mim, parado na porta.

–Eu imploro, Bella... Me perdoa... –pediu sem se aproximar.

–Se eu te perdoar, Jacob, você vai superar. E eu? As coisas não vão ser as mesmas de novo. Nunca mais. –o encarei.

–Por favor... –os olhos dele ardiam.

Expirei alto.

–Acabou. –ultimei. –Sinto muito.

***

"Quem trai não ama e quem perdoa falta com o amor mais importante do mundo: o amor próprio.''


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? Corram para o Final! /o/



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