O abracei forte. E fiquei um tempo com ele chorando em meu colo.Nos soltamos e nos encaramos. Bernardo tinha cara de sofrimento e tristeza.

_Quem diria que algum dia a gente se ia dar tão bem? – Bernardo falou sorrindo pelo nariz.

_Quem diria mesmo. – concordei sorrindo de volta.

Bernardo pegou no violão de novo e tocou umas notas. Estava frio por isso apertei meu casaco. Ele riu com o meu gesto e se aproximou de mim.

_Porque você não toca um pouco para distrair!

_E o que você quer ouvir?

_Sei lá! Toque a sua ultima musica.

Assim que eu disse estas palavras ele posicionou o violão no colo. Cheguei ainda para mais perto dele.

_A fez pensando em alguém especial? – perguntei com curiosidade.

_Como você sabe? – ele falou surpreendido hesitando um pouco antes de começar.

_A fez pensando em quem?

_Pensei em você! - ele falou olhando o fundo de meus olhos.

A musica era calma e dizia:

“Saber que vivemos em um mundo estragado

Não pedir licença,

Sonhar acordado,

Não é proibido, nem pode ser pecado.

Mais se aqui está e contra ás coisas más,

Nós lutamos juntos

Vou resistir e contra tudo eu vou lutar,

Vou resistir, não me proíbam de sonhar

Contra a mentira a teimosia a estupidez eu vou fugir,

E resistir, vou resistir.

Vou resistir e só a você eu vou amar,

Vou resistir e por você eu vou lutar,

Eu vou fazer o que quiser e cada passo que eu der,

Sem desistir, vou resistir.”

Ouvi em silêncio a musica até ao fim. Ele a cantou fixado em mim. E quando terminou ficou um tempo me olhando. E eu deixei ele afundar seus olhos cinzentos nos meus. Uma vontade de o beijar me invadiu. Não sabia o que estava se passando comigo. Ele era apenas meu meio irmão, eu não podia pensar nele daquele jeito.

Desviei o olhar para a porta. E cortei o clima. Me levantei da cadeira e sai de lá sem deixar uma única justificação. Fui na cozinha. Acho que estava precisando de água.

Estava pondo água no copo quando senti que alguém tinha entrado na cozinha. Senti um corpo se aproximar do meu. A gente estava próximo de mais pois sentia uma respiração quente contra meu pescoço. Acho que tinha medo de me virar. Ou melhor, acho que tinha medo de saber quem era que estava atrás de mim. Eu já sabia quem era. Só podia ser Bernardo. Vi duas mãos me encurralarem contra o balcão, não permitiam que eu anda-se nem para um lado ou para outro. Não me deixaram solução. Eu teria mesmo que me virar de frente.

Me virei e a respiração que antes batia em meu pescoço, agora estava muito próxima de minha boca. Estava escuro e praticamente só uma janela é que transmitia a luz da lua do lado de fora. A gente estava praticamente colada.

_Porque saiu correndo daquele jeito? - a voz abafada de Bernardo me fez estremecer. – Disse alguma coisa de errado??

_Bernardo… - Falei no meio de um suspiro. – É que eu… quer dizer nós…

Ele não deixou eu terminar a frase e encostou seus lábios nos meus. Não teve pressa. Bem pelo contrário, esperou pela minha reação. Acho que naquele momento queríamos os dois o mesmo. Agarrei sua camiseta com as mãos e me deixei levar. Foi um beijo calmo, tranquilo. Ele pediu passagem com a língua e eu cedi. Explorei cada canto da sua boca. Ali e naquela hora era somente eu e ele. Ele me fez encostar na banca e levou suas mãos ao meu quadril. Faltou o ar e a gente se separou. O encarei, tinha a boca vermelha, e a minha devia estar igual, da maneira que a gente se beijou!! O beijo foi bom mais eu queria mais. Queria o beijar mais, queria o seu corpo colado ao meu de novo. Ele também pelo visto, pois mal recuperou o ar se reaproximou de mim para dar continuidade ao beijo. O afastei um pouco.

_Bernardo, o que a gente está fazendo? – perguntei confusa esperando uma resposta vinda dele.

Bernardo respirou fundo e me olhou:

_Eu não sei! Você quer parar??

_Não. – falei num impulso. Depois me arrependi. Tenho sempre o hábito de falar tudo o que penso.

Bernardo riu e me puxou pra ele. Colou de novo nossos corpos e eu também comecei rindo entre o beijo.

Ficamos ali um tempão, nos descobrindo um ao outro. Já estava tarde por isso decidimos subiu para nossos quartos.

Fui abraçada a Bernardo e ele foi me roubando selinhos o caminho todo. Chegamos na porta de nossos quartos e nos despedimos com mais m beijo. Agora já não era calmo mas sim mais caloroso. Estava a entrar no quarto quando uma mão impede que eu entre. Faz com que eu vire e que volte a beijar aqueles lábios por mim conhecidos. Soltei um leve gemido que fez Bernardo esboçar um sorriso com a boca quando a colou na minha.

_Boa noite, Leonor!

Ri da cara dele. Estava que nem um bobo, sorrindo e me dando a mão.

_Boa noite, Bernardo. – lhe dei um ultimo selinho e entrei. Ele ainda ficou no corredor me vendo passar na porta. Quando dei por mim estava sorrindo que nem uma boba apaixona, que acaba de ver o seu princi… Pera aí boba apaixonada?? Mais eu não estava apaixonada!

Me joguei na cama e deixei que o sono pega-se. Fiquei pensando na história de Bernardo. Como era para um garoto não ver o pai á tanto tempo? Relacionei também com isso a frase que ele me disse no corredor no dia em que cheguei. “E se você e o seu pai acham que vem substituir qualquer pessoa que seja aqui dentro, estão muito enganados! Você aqui não passa de uma vadia que encontrou casa nova.”

Foi por isso que Bernardo me tratou daquele jeito! Ele se deve ter sentido amaçado, ou com medo de que meu pai ocupasse o lugar do pai dele. Pai é pai e ninguém o pode substituir.

Fiquei também relembrando o nosso beijo. O que a gente estava fazendo , hein?

Era suposto sermos irmãos, apenas irmãos...