Acordei com um barulho que já não ouvia a muito tempo. Meu despertador. Fui cavalgando com a mão até o encontrar e quando o alcancei o joguei num lugar qualquer daquele quarto.

Estava embrulhada no lençol e meus pés estavam descobertos. Abri o olho e olhei para o lado, mesmo sabendo que já não estava lá ninguém, apenas o travesseiro e lençol. Abri um sorriso que foi seguido por uma risada alta que me fez agarrar o lençol com mais força e rebolar na cama de uma lado para o outro.

Ainda envolvida no lençol foi até ao banheiro e liguei a água. Me olhei no espelho e sorri sem razão nenhuma. Tinha a cara enxada de dormir e meu cabelo estava horrorosamente horrível. Tinha marcas de babo no rosto e meu olhos estavam de um tom caramelo imenso. Mergulhei meu corpo sobre as gotas grossas de água que caiam do alto e passei a mão pelo cabelo agora completamente encharcado.

Quando terminei me enrosquei dessa vez numa toalha que cobria meu corpo até aos joelhos. Segurei meu cabelo com outra e fui até ao roupeiro escolher uma roupa. Passei óleo pelo corpo e arranjei meu cabelo.

Me vesti e preparei minha bolsa. Quando estava saindo de meu quarto, me dirigindo a mesa do pequeno almoço, Bernardo estava saindo do seu. Olhei fixamente para ele sem tirar a mão do puxador. Ele sorria e eu também devia estar sorrindo visto que naquele momento o que eu queria era me jogar em seu colo e dar para ele um bom dia como deve ser.

Ele mordeu o lábio inferior. Oh meu deus! Será que esse garoto nunca mais vai perder esse seu costume que o deixa completamente sexy e irresistível??

A noite de ontem tinha sido ma-ra-vi-lho-sa. Não dei conta de quando ele abandonou minha cama, pois já devia estar no quarto ou quinto sonho.

Nem queria imaginar, se meu pai desconfiasse sequer que Bernardo pôs o pé dentro de meu quarto. Mais até gostava de saber como seria sua reação se soubesse da grande noite que a gente teve. Um ataque de coração, um suicido ou morte por choque?

Havia muitas formas!

_ Bom dia, Leonor! – Bernardo falou me trazendo de volta para a realidade.

_ Bom dia, Bernardo! – fiz enfase em Bernardo imitando sua voz.

Descemos e quando chegamos na cozinha ainda lá estava todo o mundo. Acho que meu pai não gostou muito de ver a gente vir junto e por isso Bernardo se deu na zoação.

_ Me esclareça um coisa Afonso, como é mais ou menos um metro de distância pra você? – queria rir naquele momento, da expressão de Bernardo, mais o seu teatro estava tão bom que decidi controlar a risada e esperar que meu pai respondesse. Pousou a chávena de café que tomava.

_ Um metro é o dobro da distância que você está de Leonor. Nos afastamos e ocupamos os nossos novos lugares na mesa. Meu pai ontem tinha deixado bem claro que cadeiras eu e Bernardo podíamos ocupar.

Tomamos um café da manhã bem sossegado, pois finalmente eu e Bernardo não tínhamos que inventar briga para passar de despercebidos nem encarar em nossos papeis de irmãos, apenas irmãos..

Quando terminamos fomos andando até ao carro. Estranhamente o senhor Afonso permitiu que a gente continuasse indo junto para a escola. Exceção essa que de entre todas foi das poucas ocasiões que se referiam ou que estavam relacionadas comigo e com Bernardo que meu pai não excluiu.

Chagamos na escola e Bernardo deixou o carro no mesmo local de sempre. Mais não saiu logo. O desligou e depois me olhou.

_ E agora?

_ Agora o quê? – não estava alcançando o que Bernardo queria dizer.

_ Nossos pais já sabem de tudo, acha que vale a pena continuar escondendo de todo o mundo ou assumimos agora tudo? Afinal já não temos que evitar que o Senhor Afonso e a Senhora Carolina saibam.

_ E se a gente não fizesse nenhuma das coisas!

_ Nenhuma das coisas? Como assim?

_ A gente vai agir como se não fossemos irmãos, como se não tivéssemos nada a esconder, apenas como dois namorados normais. E se acharem estranho e perguntarem a gente diz que sim. Que estamos juntos.

_ O que você está querendo dizer é que não vamos fazer mil e uma coisas para todo o mundo saber que estamos namorando apenas vamos ser nos mesmo e se alguém perguntar nós falamos o que está rolando!

_ Sim. É isso! Que te parece?

_ Ótimo! – Bernardo me puxou para ele e me beijou. – Amei nossa noite de ontem! Temos que repetir!

_ Não. A gente tem é que ir na aula. Vá vamo, namorado! – deixei ele pendurado dentro do carro e esperei que ele saísse.

Fomos andando até á entrada como sempre fazíamos. Entramos e fomos para o lugar de sempre! O bar. Marta e Miguel estavam lá e quando eu apareci ela só faltou fazer uma dancinha estupida, á frente de toda a gente que se encontrava naquele local.

Na mesa em que os pombinhos estavam sentados apenas havia uma cadeira livre, que foi rapidamente ocupada por Bernardo me obrigando a buscar uma cadeira para mim. Quando estava dando um passo para pedir a que estava de vago na mesa da frente a mão de Bernardo me empurrou para trás fazendo eu cair em seu colo. Me sentando logo.

Marta e Miguel olharam aquilo com um ar bem estranho ficando com cara de bobos admirando a gente.

Primeiro não ingeri muito bem a atitude mais o sussurro de Bernardo em meu ouvido me faz mudar de ideias logo.

_ Não precisa pegar outra cadeira. Meu colo está livre, afinal agora não precisamos de esconder nada. – sorri. Sorriso esse que foi tapado por meu cabelo que mal eu sentei em colo de Bernardo fez questão de esvoaçar e tapar meu rosto.

De leve ele o tirou e o prendeu atrás de minha orelha. Deixou seu dedo deslizar por meu rosto e fez carinho na bochecha, passando depois seu dedo indicador, num gesto de ternura na ponta de meu nariz, me fazendo fechar e abrir os olhos saboreando aquele seu toque…