Minha noite tinha sido horrível. Acordei várias vezes e o sono custou a pegar em todas. Cada vez que me revirava na cama, tentando encontrar a posição ideal, abri meu olho, graças as dores. Meu corpo estava dorido.

Sinceramente, me doía mais o corpo hoje do que ontem. Estava deitada na cama, olhando para o nada e esperando que o despertador dissesse que estava na hora de levantar. Estava já me cansando de aguardar pelo toque do relógio quando ele começa a tocar e a encher o quarto com um barulho muito irritante.

Fui até ao roupeiro e escolhi uma roupa que tapasse meu corpo todo. Não queria mostrar os ferimentos, os cortes, as marcas e as nodoas negras. Pousei meu pijama num lugar qualquer e apenas de roupa interior me olhei no espelho.

Minhas pernas e minha barriga estavam manchadas de escuro. Em meus braços se viam traçados arranhões em todos os sentidos e formas.

Meu rosto, para minha felicidade até nem estava muito mal. Tinha um lábio inchado e havia marcada a escuro uma mão em minha bochecha, nada que um pouquinho de maquiagem não resolvesse e disfarçasse.

Fui para a frente do espelho do banheiro e comecei a esconder todas os vestígios que Duarte deixou em minha cara. Quando terminei a coisa até que ficou bem legal. Quase que nem se notava, mais isso era a minha opinião. Acho que precisa do consentimento de Bernardo para ter a certeza se ficou bem ou não.

Arrumei tudo o que precisava para dentro de minha bolsa e faltava uma coisa…

Meu celular. Ontem aquela coisa sem neurónio fez questão de o destruir, e eu não consigo viver sem aquele aparelho que considerado por muitos eram insignificante, mas aos meus olhos foi uma das melhores coisas que o ser humano criou.

Quando desci para comer minha primeira refeição do dia, meus pai ainda estava na entrada. Era estranho, poies ele geralmente era sempre o primeiro a sair para o trabalho.

_ Ainda por casa, pai?

_ Sim. Queria ver como você estava. E deve dizer que estou admirado, pois nem sequer noto um arranhão.

_ Pois. Não nota porque a maquiagem hoje foi a minha melhor amiga.

_ E estou vendo que é de confiança.

_Total. – Fui até meu pai e lhe deu um beijo matinal. Queria falar com ele acerca do celular mais não sabia se era a altura ideal, mas lá falei. Afinal se a resposta não fosse muito boa não fazia a diferença fazer a pregunta agora ou depois. – Pai, o garoto que me apanhou ontem, destruiu meu celular e como ele me faz muita falta, será que você não podia vir comigo comprar um novo?

_ Ir com você! Não preciso de ir com você. Tome lá e compre aquele que quiser, se sobrar troco, guarde para você e junte nas suas poupanças. – Meu pai me deu o dinheiro para a mão. – Agora vou indo, tenho muito trabalho. Se comporte devidamente. – Me deu um ultimo beijo e depois saiu. Meu pai tinha mudado muito desde que se separou de minha mãe! Não conhecia esse seu lado que dava liberdade á filha. Ele sempre foi o pai galinha e que queria ser o primeiro a saber de tudo…

Estava perdida entre lembranças e acontecimentos passados quando Bernardo desceu e me abraçou por trás.

_ Bom dia coisa linda! – Bernardo beijou a curva de meu pescoço e eu me encolhi.

_ Bom dia!

_ Tanto dinheiro? Pra que é isso?

_ Ontem Duarte acabou com meu celular e eu pedi um novo para meu pai e ele me deu o dinheiro! - Me virei para Bernardo visto que meu pescoço ainda custava a virar para trás e a o alcançar.

_ Que é isso? Para onde foram as todas aquelas mancha que ontem você tinha cobrindo esse seu lindo rosto?

_ Para debaixo de umas boas camadas de maquiagem!

_ E num é que ficou bom. – Bernardo se foi aproximando de minha boca e eu lhe roubei um beijo, que depois originou a um diferente. – E estou a vendo também que não foi só as manchas que desapareceram, seu beijo está muito mais gostoso. – Desgrudei minha boca da dele logo.

_ Você está dizendo que meu beijo, ontem não era gostoso?

_ Ok, deixa ver se você entende. Seu beijo ontem era gostoso, mais hoje está mais ainda!

_ Você é que é gostoso. Um bobo gostoso! – Rimos e trocamos mais uns quantos mimos e carinhos.

_ Já comeu?

_ Não!

_ Então, do que estamos esperando?

Fomos até a grande mesa, que Kate tinha preparado para a gente. Tomámos nosso café da manhã e depois saímos.

Marta e Miguel estavam juntos, e quando eu digo juntos quero dizer grudados um no outro ao pé do portão de entrada. Saí com Bernardo e olhei para todo o lado. Tinha a sensação de que todo o mundo me estavam varrendo com os olhos.

_ É minha impressão ou todo o mundo está fixo em mim?

_ É sua impressão mesmo. Relaxa. Não dá para perceber nada. Você está igual a todos os outros dias. Linda e Maravilhosa!

Cheguei ao pé das duas coisas plantadas ao pé do portão e Marta foi a primeira a se dirigir para mim.

_ Como você tá? Miguel me falou o que rolou!

_ Eu estou bem.

_ E parece não ser a única. – Bernardo falou, provocando Miguel e Marta.

_ Digamos que eu estava um pouco enganada em relação a Duarte!

_ Um pouco? – Miguel disse.

_ Tá bom. Eu estava muito enganada em relação a Duarte. Mas eu abri meus olhos e felizmente me arrependi daquilo que fiz e que falei.

_ Não se esqueça de juntar á sua justificação que se ele não tivesse feito o que fez á Leonor, você não tinha se arrependido. – Miguel repostou, mas ela não ligou e fez uma careta feia.

_ E por falar no diabo ele aparece! – Bernardo olhava numa direção qualquer. Tentei achar o ponto para onde ele estava olhando e apenas dei de cara com o imbecil do Duarte.

Andava na nossa direção e tinha os óculos de sol postos na cara. Não houve uma garota que ele não tivesse cumprimentado com a sua alegria sarcástica de logo de manhã.

Quando chegou perto da gente, Marta agarrou Miguel e eu também estive prestes a agarrar Bernardo, procurando assim alguma proteção, mas toda aquela gente nos rodeando me impediu. Duarte tirou os óculos do rosto e me abriu um sorriso irónico.

_ Para onde foram todas aquelas pisaduras que você tinha ontem, Leonor?

_ Ela não tem as delas mais eu posso deixar você com uma.

_ Só tem letra. Não põe nada em prática.! – Bernardo sabia se controlar mais com Duarte ele ficava completamente sem limites e não tardava muito para ele estar em cima de Duarte o socando.

_ Não ligue para ele. Essa coisa só está tentando provocar você! – disse tentando baixar a tensão do meu moreno. – E você, ó sua coisa deprimente, porque não desaparece daqui? Ainda não percebeu que você não é bem vindo?

_ Não sou? Mas a Martinha, ainda ontem falou comigo e me deu uns conselhos, e uns bons conselhos e mais uns quantos apontamentos.

_ Isso foi um erro! Agora vasa daqui!

_ Os vossos pedidos, pra mim são ordens! – falou quando andou até estar completamente na frente de Bernardo. Depois lhe deu com o ombro e foi entrando.

Bernardo apertou os punhos e eu garrei o braço dele me assegurando que não faria nada com Duarte. Ficamos os quatro o vendo se dirigir á entrada e aguardando que entrasse pela porta principal, que ia dar nos corredores cheios de portas de sala.

Miguel tomou a palavra:

_ Cara, tenha calma. Porque quando for para acabar com aquele moleque eu quero estar junto para lhe partir a boca toda…