As aulas já tinham começado á algum tempo e eu e Marta estávamos quase dormindo em frente da professora de Geografia. O tema da aula era estado de tempo e eu só ouvia falar de pressões atmosféricas, de precipitações e de continentalidade. Marta brincava com o lápis e eu sarrabiscava a ultima folha do caderno. Bocejava constantemente e já me estava cansando de tantos desenhos demonstrativos que a coisa á nossa frente, que eramos obrigados a respeitar a chamar de professora, fazia no quadro.

De vez em quando alguém perguntava alguma coisa que não tinha entendido e era o que prendia minha atenção porque de resto a aula estava sendo uma tremenda seca. O sinal nunca mais tocava e quando tocou foi um milagre. Foi das primeiras a abandonar a sala e a me dirigir para o bar.

Marta seguiu meus passos. Entrei no bar e me dirigi para o balcão. Estava com sede e nada melhor que um suco para refrescar. Marta se sentou na numa mesa e pegou o celular. Teclava e não era difícil de adivinhar para quem. Paguei o suco e me sentei com ela.

Bernardo e Miguel não tardaram em chegar a se sentar connosco. Bernardo sentou de meu lado e fez o favor de beber de meu sumo. Ainda protestei mais não deu com nada. Ele o bebeu e apenas deixou um pouquinho no fundo.

Franzi o cenho fazendo beicinho e birra e Marta e Miguel caíram na risada. Bernardo também não se conseguiu segurar e se preparava para me dar m beijo, até eu o afastar e virar a cara para o outro lado. Não era que eu não quisesse mas a gente estava rodeada de pessoas que nos conheciam e ia ser muito estranho para elas compreender aquilo.

Alguém começou cantando a famosa musica de parabéns e todo o bar entrou na onda e cantou junto.

Quando terminaram tudo voltou ao normal.

_E por falar em aniversário, o seu está quase chegando. – Marta falou se dirigindo a mim. Bernardo mostrou admiração e Miguel assentiu como se já soubesse.

_Não estão assim tão perto. Ainda faltam 2 semanas e meia.

_E acha muito?  – Bernardo falou.

_Não. Apenas acho que ainda falta um tempo. Um bom tempo. – sorri para Bernardo e engoli o suco que ele tinha deixado.

O sinal voltou a tocar e a  gente teve que entrar de novo para as classes. Ia ter História. Outra aula para esquecer e para adormecer também. O professor chegou um pouco atrasado, muito atrasado e a gente num tive praticamente metade da aula.

Até que finalmente chegou e para minha admiração com companhia. Vinham com um garoto ao seu lado. Tinha ar de novato na escola. Era moreno e bonito. Tá bom. Muito bonito. Tinha ar de galã e de conquistador. Quando entramos o professor o apresentou. Se chamava Duarte. Era um ano mais novo. Ele se sentou numa carteira qualquer e assistiu a sua primeira aula na nossa turma. Tive a leve sensação se que passou toda a aula me olhando.

_O garoto novo teve o tempo todo vidrado em você, hein! – Marta falou assim que saímos.

_Você acha? – ela assentiu. - Não. Deve ter sido só impressão sua – falei negando a sua afirmação.

_Se você acha que foi impressão… - rimos juntas e fomos ao encontro de Miguel e Bernardo que esperavam por nós na saída.

_Tanto tempo!! – Miguel falou.

_Desculpe meu amor, - Marta falou. – Entrou um garoto novo na turma e a gente perdeu mais tempo.

_Garoto novo? – Bernardo preguntou.

_Sim. Um tal de… - quando ia proferir o nome do novo garoto ele apareceu distante saindo da escola. – Aquele ali. – apontei para ele e as cabeças de Bernardo e Miguel viraram.

 _Aquele é o garoto novo? – Bernardo preguntou e Marta assentiu. Miguel e ele trocaram uns olhares bem estranhos e eu e Marta ficamos sem entender nada.

Me pareceu que eles já se conheciam.

_Mas como é que… - Miguel ia falar mais Bernardo não o deixou terminar, pois lhe lançou um olhar ameaçador e minaz.

Nos despedimos uns dos outros e seguimos para casa. Bernardo estava estranho foi o caminho todo calado. E o pior era que a sua estranheza começou quando nós lhe apresentamos  Duarte.

Entramos em casa e subiu para seu quarto. Ficou lá o tempo todo até ao jantar. No jantar não abriu a boca. Estava tenso, pensativo e desligado do mundo real. Subimos os dois ao mesmo tempo no final do jantar e achei ser o lance ideal para eu intervir. Quando ele estava se preparando para entrar em seu quartinho agarrei sua mão o fazendo me enxergar.

_Boa noite – proferir baixinho e mal mexendo os lábios. Ele sorriu e me puxou para ele, me abraçando bem forte e apertando, me depositando um beijo de seguida.

Depois de alguns amassos, desgrudei dele e me despedi contra minha vontade com um selinho que, se tornou em muitos selinhos roubados.

Entrei em meu quarto e meu celular estava tocando. Me dirigi a ele para atender, mas quando lá cheguei a chamada caiu. Era Marta. Já me tinha ligado umas quantas vezes, segundo o visor do celular.

Disquei o numero de volta e esperei que ela atendesse.

_Me ligou?

_Sim. Acho que está acontecendo alguma coisa esquisita com Miguel.

_Eu acho que não é só com Miguel. Bernardo também está diferente. Ele mal para mim falou desde que a gente chegou.

_Miguel também nem comigo quis vir para casa. E ainda nem sequer me ligou para me desejar boa noite!

_Não sei se fui só eu mas fiquei com a sensação que eles não gostaram muito do novo aluno.

_Eu também me apercebi disso. Olhe, a anta está me ligando agora. Se importa se eu atender?

_Não. Claro que não. Em primeiro lugar o namorado. Até amanhã!

_Beijo. Manhã a gente se fala.

Desliguei o celular e me preparei para dormir. Podia ser fantasia da minha cabeça mais a chegada de Duarte não foi muito apreciada por Bernardo e por Miguel.

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Acordei e tomei meu banho matinal. Me vesti e desci. Já ninguém estava na mesa e Bernardo já estava pronto para sair. Quando cheguei na escola Marta já me estava esperando no portão. Como ela precisava ir no armário da escola eu a acompanhei, deixando Bernardo e Miguel sozinhos na entrada.

_Definitivamente há alguma coisa a perturbar Miguel. Ele nem sequer me cumprimentou hoje!

_Sim. Acho que para Bernardo a frase: “ Dê bom dia para sua namorada”, também deixou de existir.

_Você acha que tem haver com… - quando Marta tirou tudo o que precisa e nos estávamos virando, algum ser se pôs na nossa frente e deixou sem pio as duas.

Duarte estava na nossa frente nos olhando de cima abaixo.

_Bom dia meninas. – ele falou sorridente. A gente retribuiu o sorriso. - Vocês devem ser a Marta e a Leonor.

Eu e Marta rimos.

_E você deve ser o Duarte. – ele riu como se fosse obvio.  – Precisa de alguma coisa?

_ Preciso e não preciso. Eu estive pensando e como eu não comecei do principio o ano, achei que precisava de todas as minhas aulas perdidas e como na ultima aula eu reparei que vocês eram até boas alunas, pensei que me pudessem dispensar os vossos apontamentos. Sei que isso é mais um favor do que propriamente uma coisa precisa.

_Pois. Eu também não comecei o ano do principio por isso acho melhor se apoiar na Marta.

_Tudo bem. Eu amanhã entrego o que puder para você. Tá bom?

_Tá bom o quê? – A voz conhecida de Miguel soou atrás da gente.

_As coisas a mim não me parecem estarem nada bem. – dessa vez foi Bernardo que falou.

Eu e Marta nos voltamos e trocamos uns olhares de desentendimento, enquanto que os olhos dos rapazes estavam fixos uns nos outros.