Uma chuva fina mais constante começou caindo e implicou que a gente separasse nossas bocas.

Olhamos em volta e a luz da lua refletia pequenas gotas de água que em linha se preparavam para cair no chão. Voltamos a juntar nossos olhares e rimos. Bernardo abriu a janela e saltou para dentro, me ajudando a descer depois também.

Mal desci abracei Bernardo.

_Que saudade de você, garota!! – Bernardo falou quando me apertava para ele.

_Também tive saudade de você. – Me soltei dele e o encarei de frente.

Mudou sua expressão da cara e a minha, á medida que a sua ia desaparecendo a minha também começava a se distorcer.

_O que foi? Por que me olha assim? – eu preguntei.

Ele pegou minha mão e a beijou. Depois interlaçou nossos dedos.

_Isso quer dizer que eu estou perdoado? – seus olhos se concentraram bem no fundo dos meus.

_ O que você acha?

_Nesse momento? Não consigo…, não posso…, não quero…, não sei  o que achar. Espero que você tenha a resposta aos meus porquês, porque sinceramente, acho que desde que você entrou em minha vida, minhas duvidas todas dependem de você.

_Pois. Mas eu esperei que fosse você á me esclarecer acerca disso. Porque acho que estou na mesma situação que você.

_E o que quer que eu te diga? – ele falou cortando metade do espaço que nos desunia.

_ Então palavras para quê? Acha que precisa de alguma palavra para se explicar?

_Não. Não preciso de nenhuma palavra.

Bernardo não deu tempo para eu nem sequer me contrapor e acabou com o vazio que estava no nosso meio.

Pelo meio do beijo ele tomou a palavra:

_Se você depende de minha opinião eu digo que nunca mais quero estar longe de você. Digo que quero que isso dure para sempre e que nunca mais acabe.

_Sendo assim acho que depois de algum tempo estamos de novo de acordo.

_Ainda bem. – Bernardo me jogou na cama se deitando em  cima de mim e me envolvendo em mais um dos seus beijos, que me faziam tocar no céu e alcançar as nuvens. Ver as estrelas e chegar a lua.

Acordei no domingo com uma mão envolvendo minha cintura. Bernardo ainda dormia de meu lado.

Ele ficava lindo enquanto dormia. Passei minha mãos por sua cara e depois foi distribuindo beijos por seu rosto, seus braços, suas mãos, até ele despertar. Não abriu os olhos á primeira e quando percebeu quem lhe dava tanto carinho sorriu ainda com eles fechados. Depois me abraçou e rebolamos juntos pela cama. Ele me deu os bons dias de uma forma romântica e depois terminou com uma pergunta apenas.

_Que horas são? – peguei meu celular.

_São nove e meia quase. – ele me olhou maliciosamente e cheio de ideias.

_Isso quer que … - não deixei ele terminar.

_Isso quer dizer que tá na hora de você coltar para seu quarto.

_Só mais um pouquinho, pô! Hoje é domingo e … - cortei sua frase de novo.

_Por isso mesmo. Hoje é domingo e nossos pais vagueiam pela casa o tempo todo. Acho que você não quer ser apanhado.

_De jeito nenhum. Mas não me importava de ficar aqui com você, te abraçando, te beijando, te acarinhando, te… - um celular ecoou no quarto e não deixou Bernardo terminar.

Ele o alcançou e o levou no ouvido.

_Fale. Tá bom vou lhe preguntar e já te falo. – Bernardo pousou a mão no celular não permitindo que do outro lado ouvissem a gente. – Miguel está me dizendo que logo á noite vai bombar festa no Pimenta Preta, você vem? – Assenti e Bernardo voltou á conversa com Miguel. – Tá bom eu e Leonor vamo. Vai a gente se vê logo, moleque!

_Acho que está na sua hora.

Se tem que ser tem que ser. – Ele fiz cara de cachorro abandonado e eu sorri. Ele sorriu depois, não resistindo ao clima.

_Sabe o que é lindo? È que seu sorriso é uma linha torta que endireita todo o meu mundo!

_Não. Isso não é lindo. Lindo é quando seu olhar e meu se cruzam e dois sorrisos aparecem! Agora vá embora. – apontei para a porta e Bernardo ainda me conseguiu roubar um selinho.

Vi ele sair e fui até ao roupeiro. Vesti uma roupa, fiz minha cama e desci.

Meu pai, por muito estranho que  parecesse estava deitado no sofá assistindo a um programa qualquer. Carolina estava de seu lado remexendo nuns papeis e Kate estava levantando a mesa.

_Bom dia família! – falei.

Recebi um conjunto de bons dias: “ Bom dia filha!”, “bom dia querida!”, “Bom dia, Menina Leonor!”.

Fui na cozinha e peguei uma maçã. O ambiente na sala estava legal, mas para mulher e marido não para filha no meio. Estava subindo e Bernardo descendo e acho que ele nem me viu e se jogou na minha frente me fazendo quase cair!

_Ó coisa, veja para onde anda! Tanta pressa, não me diga que tem mais uma das suas amiguinhas te esperando do outro lado da porta?

_E se eu tiver, você não tem nada a haver com isso, agora saia da minha frente. –Acompanhei seus passos até ao ultimo degrau.

_Bom dia mãe, bom dia Afonso e bom dia Kate.

Bernardo estava saindo e Carolina o impediu de prosseguir.

_Onde vai, Bernardo?

_Vou ter com uns amigos. Não sei se chego para almoçar. Depois eu te ligo. – Bernardo falou e logo depois saiu.

Ele não me tinha falado nesse lance de ir ter com uns amigos. Subi para meu quarto e liguei a musica, passava alguns hits que tinha na lista, Rihanna, One Direction, Taylor Swift, David Guetta, Little Mix, Carly Rae Jepsen,… . Pus o som bem alto e olhei em volta. Meu quarto estava precisando de levar um jeito. Precisava de ser arrumado.

Não vi Bernardo mais durante o dia. Ele não apareceu para almoçar e durante a tarde também não tive sinais dele. Só soube dele quando me veio preguntar se já tava pronta.

_Sim. Desço já.

_Tá bom. Te espero no carro. Para eles não se aperceberam da saída ao mesmo tempo.

Fiz o que Bernardo falou e depois de algum tempo fui ter com ele ao carro. Ele já me esperava lá dentro e mal entrei ele acelerou.

Marta e Miguel estavam já dentro do bar sentados na mesa do costume. Estavam a beber qualquer coisa. Bernardo também foi buscar uma bebida para mim e para ele enquanto eu fui ter com eles.

_Isso parece estar bem animado!

_Sim. Essa noite promete, a Anica me falou que vem um DJ bem legal animar a festa.

Bernardo me pousou um copo na frente e se sentou de meu lado. Passando seu braço em minha volta. Ação que demorou pouco tempo visto que eu o fiz logo tirar. A gente estava rodeada de pessoas que nos conheciam de vista.

A festa foi legal e só acabou ás tantas. Como Miguel falou o DJ era ótimo e garantiu animação a noite toda. Saímos os quatro para fora ainda nos rindo.

_A gente se vê terça feira!

_Terça feira? – falei confundida. Amanhã a gente ia se ver na escola.

_Sim, terça. Se esqueceu que vai haver lá na escola aquele campeonato de natação e a gente foi dispensado das aulas o dia todo. – Marta falou já andando rua fora abraçada de lado com Miguel.

Minha semana tinha sido tão atribulada que nem lembrava da dispensa.

_E a gente? – Bernardo preguntou.

_O que tem a gente?

_Você quer ir já para casa? – torci o nariz.

_ Como assim?

_Então, eu sei de sitio ideal para a gente ir.

_Onde?

_Um sitio especial…

_Um sitio especial?

_Sim. Venha…