O resto da semana foi legal. Conheci Bernardo ainda melhor e por incrível que pareça ela não era o que aparentava e cada dia me surpreendia mais. Dormi todas as noites com ele e hoje me preparava para fazer o mesmo. A gente só dormia, não fazia mais nada. Até porque eu acho que depois do que me aconteceu eu ainda não estava preparada. Bernardo também não insistia e as coisas estavam acontecendo naturalmente.

Eu e Bernardo ainda não tínhamos falado acerca de nossos pais e a conversa já era urgente eles voltavam hoje, ou seja a gente tem um dia para combinar tudo.

Tinha acabado de acordar e estava perdida em meus pensamentos. Olhava a grande janela do quarto de Bernardo que mostrava um sol grande e vivo. Bernardo ainda ressonava de meu lado. A gente adormeceu tarde. Me levantei e fui até seu cadeirão e fiquei olhando aquela carinha morena e inchada de 10 e meia da manhã. Era domingo por  isso o deixei ronronar mais um pouco, pois durante a semana eu fui o despertador dele todo o dia.

Bernardo se mexeu na cama e a apalpou como se estivesse á procura da minha pessoa. Ri e ele voltou aqueles olhos entreabertos que com a luz do sol se tornavam azuis. Fez sinal para em me deitar ao seu lado de novo. Estava me seduzindo e o pior era que estava conseguindo tirar o melhor de mim. Desviei o olhar e com cara de rendida, porém sem  me levantar de onde estava me dirigi a ele.

_ Ai Bernardo, o que você tá fazendo, hein?

_Vem cá! -  ele falou rouco e baixo com uma voz atraente e fascinante ainda com a cabeça enterrada nos cobertores.

_Não, - falei evitando aquele olhar apaixonante e arrebatador. – e não me venha com os seus argumentos! Você sabe que temos muito que conversar.

Ele levantou a cabeça da almofada, suspirou e me olhou desiludido.

_Eu sei Leonor, mais temos mesmo que falar sobre isso agora?

_Sim , - respondi irónica. – nossos pais chegam hoje e a gente não pode continuar fingindo que eles não existem e que não se passa nada. – respirei fundo e continuei agora olhando bem no fundo de seus olhos. – Ò Bernardo eu odeio ser desmancha prazeres, mais nós temos que arranjar uma solução.

_Tá bom. – ele falou, mais agora me dando razão. – eles chegam a que horas, mesmo?

_Meu pai disse que chegavam tarde. Para não esperarmos por eles para jantar. – Mal terminei de falar Bernardo me lançou um olhar malicioso se levantando de seguida e vindo na minha direção.

_Legal, isso quer dizer que ainda temos tempo. – ele se abaixou ficando da altura da cadeira onde me encontrava me rodeando com seus braços.

_Ai ó Bernardo, - falei com cara de desagrado mais o mesmo tempo querendo fazer o mesmo que ele. Desgrudei seus braços de minha cintura e o encarei.

_Vá lá Leonor. A gente ainda tem tempo! Vamo aproveitar mais um pouco.

_Não Bernardo, - me levantei e andei uns passos para a frente cruzando os braços. – nossos pais chegam hoje. Você tem noção do que isso é??

_Opá, Leonor, eu e você já falamos sobre isso.

_Você não percebe que isto vai acabar!

_ Isso vai acabar? Você tá terminando comigo? – ele falou abismado com o que falei. Ri da sua expressão. – Quando você disse que não queria assumir nada perante todo o mundo eu nunca pensei que estivesse falando de… terminar…

Não o deixei completar a frase e me pronunciei no embalo:

_Não, eu não vou terminar com você, seu bobo. – era estranho falar em “terminar”, pois o que a gente tinha, estava nascendo e florescendo não começou nada. Nós apenas deixamos o tempo passar e estamos vendo no que vai dar. – O que eu estou querendo te dizer é que isto de dormirmos juntos, na mesma cama, vai acabar.

Bernardo me olhou com um ar de “ você vai ver se eu não vou dormir mais vezes na sua cama” e se foi aproximando. Pousei minhas mãos em seu peito e ele encostou seus lábios aos meus. Demos em selinho doce e de bom dia. Sorri para ele e encostei minha cabeça ao seu peito nu, passei minhas mãos em volta de sua cintura. Ele remexeu em meu cabelo num gesto terno e carinhoso. Depositou um beijo por lá e me a abraçou ainda mais contra si. Ficamos um tempo assim, colados um au outro e aproveitando o melhor de cada um. Fiz minhas mãos voltarem para deu peito bem definido e ergui minha cabeça, desfazendo o abraço. Ele pegou minhas mãos e as interlaçou com as suas. As beijou e esperou que eu falasse.

_Vou tomar um banho. Acho que tou precisando. Venho já arrumar essa bagunça de quarto e fazer a cama.

_Acho melhor você vir mesmo aqui. – ele olhou em volta e franziu o senho. Reparando na confusão que aquele espaço aparentava estar.

Sai do espaço de Bernardo e entrei em meu quarto, tomei um banho bem demorado e fui no armário. Procurei uma roupa mais ou menos e me vesti. Procurei meu celular e tinha uma mensagem da Marta:

“Tá tão babadinha pelo Bernardo que já nem dá bola para as amigas?? Que é feito de você?”

Ri para o visor e decidi responder:

“Ai, que engraçadinha! Não eu não esqueci de nada, pode deixar que eu ainda me lembro que você existe. Hoje não dá para a gente se encontrar. Meu pai e Carolina voltam mais logo e eu tenho que arrumar a casa. Uma semana sem a Kate faz muita diferença. Depois eu te ligo!! Bjs xD”

Apertei a tecla de enviar e esperei a mensagem chegar até ela. Ia entrar no quarto de Bernardo, mais ouvi o chuveiro ligado. Desci a fui até ao andar de baixo. Fui na cozinha e peguei leite. Dei um jeito naquela sala imunda e arrumei o montão de caixas de pizza que se acumularam durante a semana. Bernardo desceu .

_ Meu quarto está arrumado e minha cama feita. Agora o resto é com você!

_Ah, você deve se estar achando eu não sou criada de ninguém.

Ele se jogou no sofá e as almofadas do mesmo voaram para o chão.

_Hein, garoto você está abusando. Eu já arrumei isso.

_E o sofá se arruma?

_Claro que se arruma anta. Vai tire o pé daí.

_Vem cá me obrigar.

_Bernardo você nem pense nisso!

_Eu não estou pensando em nada. – Bernardo se deitou de costas e pus suas mãos atrás da cabeça. Mostrando descontração. Foi até ele e peguei nas suas pernas as jogando no chão.

Bernardo me puxou para ele e eu caí na gargalhada. Me apoiando nele. O barulho da porta da entrada se abriu e eu me descolei de Bernardo quando vi os colonos de nossos pais entrando na sala.

_Pai?

_Mãe?  - O espanto se estampou em nossos rostos.

_Mais que bagunça é essa? – Carolina olhou em torno da sala, onde as almofadas estavam espalhadas.

_Foi ele que destruiu o sofá. – falei tentando arranjar um pretexto para nossos pais não desconfiarem de nada.

_Ah eu?? Eu estava jogando consola e esta garota irritante e louca cortou a ficha.

_Eu queria ver um filme pai!!

_Ó garota, mais você pensa que eu tenho o quê, dez anos? Cresça.

_ Isso lhe digo eu…

_Já não tenho paciência para isso…

_Isso digo eu. – Me virei para meu pai e para Carolina que nos olhavam impressionados. – Essa semana foi um inferno, um inferno.

Com pressa subi as escadas os abandonando no andar de baixo. Ainda nas escadas vi Carolina se chegando para meu pai e dizer:

_A nossa semana de sonho e o nosso sossego acabou!

Meu pai suspirou:

_Eu vou falar com a Leonor…