Acordei com o som de meu celular vibrando e tocando em cima da mesinha ao lado cama. Tinha um peso invulgar em cima de mim e uma mão envolvia minha cintura. Meu corpo estava grudado no corpo de Bernardo que acordou com o toque de meu celular também.

Estiquei a mão e peguei aquele aparelho minúsculo que já estava me irritando. Olhei no visor, e a foto de meu pai preenchia a tela. Apertei a tecla verde do celular e a voz grossa de meu pai se fez ouvir do outro lado da linha.

_Pai? – Mal falei a palavrinha com três letras Bernardo levantou a cabeça da almofada com uma rapidez que me dei vontade de rir. Acho que ele ficou preocupado. E tinha razão para estar.  Se meu pai desconfiasse que eu tinha dormido com Bernardo que aos olhos dele não passava de meu “irmão” apenas filho de mãe diferente, já me tinha matado e mandado o filho da Carolina de esta para melhor.

_Bom dia filha!!

_Você tem mesmo que ligar a esta hora? Hoje é feriado sabe! – olhei para Bernardo que se apoiava na cama com os cotovelos. O celular não estava em alta voz, mas dava para ouvir a voz de meu pai ao longe. Bernardo me encarou com os olhos de “seu pai é um desmancha prazeres”. Encolhi os ombros.

_E então como estão as coisas aí por casa?

_Estão bem pai, eu e o Bernardo estamos tentando nos entender. – Bernardo se chegou para mim e com a boca desenhou uma linha de beijos até meu pescoço. Percebi que ele estava fazendo o seu joguinho gostoso, me tirando toda a concentração das palavras que meu pai pronunciava. Com Bernardo me provocando daquele não conseguia nem sequer ouvir o que o Senhor Afonso dizia e por isso, fui tentando o afastar.

_E o Bernardo?? Como ele tá, Leonor? – acho que Bernardo ouviu a pergunta de meu pai e voltou o rosto e o olhar para mim.

_O Bernardo pai??? Está bem… - não sabia o que falar por isso fiquei apenas por um “Está bem”. Bernardo me olhou e assentiu, dando seu consentimento acerca da minha resposta. – Tá bom pai, também te adoro. Beijo grande.

Terminei a chamada e joguei o celular na cama. Ele ainda deu dois pulos no colchão e finalmente parou. Acompanhei todas as suas cambalhotas e olhei o gostoso do Bernardo.

_Isso foi estranho!

_Estranho? – ele preguntou coçando no olho.

_Sim. Foi estranho falar pra meu pai com você agarrado a mim e me provocando desse jeito.

_Foi estranho, mas foi bom.

_O que será que nossos pais pensariam se nos vissem assim?

_Eu não quero nem imaginar!!! Seu pai era capaz de me matar,  me cortar aos pedaços e me dar aos porcos. – sorri com o jeito zombateiro dele. Levei minha mão ao seu peito e fiquei desenhando caminhos com meu dedo por lá. Ontem, a gente ficou um tempo lá na praia. Quando voltamos á era tarde e acabamos adormecendo e dormindo juntos no meu quarto. Acho que finalmente eu e Bernardo tínhamos nos entendido.

_ Mais para ele fazer isso é preciso eu deixar. – mordi meu lábio inferior, agora era a minha vez de jogar com Bernardo.

_ À é?? È bom saber disso.

Bernardo me puxou para ele e me beijo. Não era um beijo calmo, mais também não era um beijo de me tirar a respiração. Foi um beijo que só ele sabe dar. Por entre o beijo ele desviou a boca para perto de meu ouvido e sussurrou baixinho:

_Bom dia. – Ri com a sua atitude e o  puxei ainda mais para mim. Acabando com o pouco espaço, quase inexistente que havia entre nós. Ele mordeu minha orelha com ar sedutor e fez o percurso de volta para minha boca depositando selinhos por tudo o meu pescoço. Deixem minhas mãos deslisarem por seu abdómen e ele esboçou um sorriso ainda com a boca colada na minha.

Ficamos ali um tempo no meio de cobertores e lençóis nos carinhos um do outro.

Já eram quase 11 horas quando nos levantamos. Bernardo foi para seu quarto se trocar e eu corri para o chuveiro. Tomei um duche rápido e me vesti. Liguei a musica e comecei arrumando aquele quarto. Fiz a cama e arrumei a estante. Fui até ao quarto em frente e encontrei Bernardo tentando se soltar de um montão de roupas que se estavam enroscando nele. Não deixei de rir da expressão de Bernardo todo atrapalhado. Fui o ajudar sair daquela confusão. Ajudei ele a dobrar as peças e as guardei no armário.

_ Nem sei como a Kate consegue e sabe dobrar tanta roupa. Ela faz bem falta nessa casa.

_Não é preciso um curso para se dobrar uma camiseta basta é ter jeito.

_Valeu pela ajuda.

_Vamo tomar o café da manhã!! Tou morrendo de fome.

_A essa hora?? – Ele apontou para o despertador que estava em cima da mesinha.

_Desde quando tem hora para a gente tomar o café da manhã?

_Já é quase hora de almoço garota!!

_Ok tá bom, a gente não vai tomar o café da manhã, mas ó menos vai almoçar.

_Tá bom, vou mandar vir pizza.

_Pizza?? A gente já comeu pizza ontem!! Eu e você não vamos passar todos estes dias em que nem nossos pais, nem Kate estão em casa comendo pizza e bebendo refrigerante a toda na refeição. Eu quero uma comida decente!

_Então o que é pra você uma comida decente para a refeição??

_Uma salada.

_Uma salada, Leonor!! – ele salientou “Leonor”

_ Sim, uma salada, Bernardo. – Fiz o mesmo que ele dando enfase em “Bernardo”.

_Mais eu não quero salada!! Salada não enche barriga e faz a gente  perder a fome mal olha para aquele verde todo. – ele falou como uma criança fazendo birra quando não quer comer a sopa. Tentei não ligar para ele, mais foi impossível, pois ele se foi chegando para mim, fazendo beicinho e foi inevitável resistir.

_Tá bom, então a gente faz assim. Você manda vir pizza para você e eu mando vir salada para mim. – ele sorriu vitorioso. Me deu um selinho muito rápido e correu para pegar no telefone. Parecia um garotinho que recebeu brinquedo  novo.

Fechei a porta do quarto e desci as escadas calmamente. Ele estava sentado no braço do sofá com o telefone colado no ouvido. Sentei no sofá, perto dele e liguei a televisão. Liguei num canal qualquer e a voz de P!nk se fez ouvir naquele espaço. Peguei no controle e baixei o volume. Bernardo desligou o telefone e o pousou na mesa. Veio se sentar de meu lado e pegou o controle.

Acho que já imaginam o que rolou. Eu e Bernardo começamos uma guerra para determinar quem escolheria o canal de televisão, mas as minhas hipóteses de ganhar esse combate eram zero. Por isso cedi e deixei Bernardo escolher a programação. Passava um seriado qualquer que só os garotos gostam e por isso me levantei o deixando sozinho na sala. Fui na cozinha ver o que havia por lá. A campainha tocou e o nosso almoço tinha chegado. Vi Bernardo abrir a porta e vir ter comigo. Jogou duas caixas diferentes em cima da mesa e cada um de nós pegou a sua…