Lua de Sangue escrita por BiahCerejeira


Capítulo 34
Capítulo 34


Notas iniciais do capítulo

Foi mal a demora, mas é que estava meio triste e decepcionada. Tive tao poucos comentarios...
Mas alguem me animou!!! hehehhh
Entao esta aí mais um cap novinho!!!!



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    Lá dentro, Sasuke sentou-se à mesa. Por um momento, ele e Sakura observaram um ao outro, em silêncio.


    - Desculpa - disse ele, por fim.           


    - Por quê?                                                                                                                      


    - O Suigetsu é meu amigo e ela vem com ele.


    - Ela é uma tonta. Não é particularmente astuciosa, nem particularmente má. Alimenta-se dos assuntos das outras pessoas, bons e maus. Neste momento, não sabe a qual há de atender primeiro. Aqui está Sakura Haruno, no meio de uma tragédia e de um escândalo. E cá está ela outra vez, noiva de um dos homens mais proeminentes da região.


    - Tantas novidades para espalhar - prosseguiu ela. - Deve estar tudo a chocalhar na cabeça dela como sinos.


    A boca dele contorceu-se um pouco.   


    - Está a especular ou deste uma espreitadela?


    - Não é preciso. Não vou fazer isso quando tudo o que ela está a pensar se mistura na cara dela. O Suigetsu nunca conseguiria tirá-la daqui tão depressa, se ela não estivesse em pulgas para pegar num telefone e começar a espalhar a novidade.                       


    - E isso te incomoda.


    - Sim. - Afastou-se da mesa e foi até à janela. Estranho, como era reconfortante olhar para as sombras do pântano. - Quando voltei aqui, sabia que ia estar sob observação microscópica. E vou superar isso. A minha mãe... Vou superar isso, também. Não posso fazer mais nada.


    - Não tem que superar isso sozinha.


    - Eu sei. Acho que voltei aqui para me enfrentar a mim própria. Para resolver, ou pelo menos aceitar, o que aconteceu à Hope e o papel que tive nisso. Já contava com as conversas, os olhares, a especulação e a curiosidade. Pensei em usá-las para fazer progredir o negócio. É o que tenho feito e o que vou continuar a fazer. Uma atitude calculista.


    - Não, de bom senso. Dura, talvez, mas não calculista.


    - Voltei por mim própria - disse ela, calmamente. - Para provar que era capaz. Esperava pagar por isso. Acalmar a inquietação dentro de mim, mas pagar por isso. Nunca esperei encontrar-te.


    Virou-se.                                                                                                           


    - Nunca esperei encontrar-te, Sasuke. E ainda não sei bem o que fazer a tudo isto que sinto por ti.


    Ele se pôs de pé e foi ate ela, para lhe afastar o cabelo do rosto.


    - Vai descobrir.


    - Isto é tão fácil para ti.


    - Acho que tenho estado à tua espera.


    - Sasuke, o meu pai... O que ele é. Uma parte disso está em mim. Tem de pensar nisso. Tem de ter isso em conta.


    - Tenho? - Observou-a com atenção, enquanto a virava e a fazia se encaminhar para o quarto. - Se calhar, tem razão. Suponho que deva dar-te a mesma oportunidade de teres em conta o meu avô Horace, que teve um longo caso libidinoso com o irmão da mulher dele. Quando ela descobriu, no meio de todo o choque e de toda a tristeza, como pode imaginar, ameaçou denunciá-lo. O meu avô Horace, com o seu amante, descontentes com esta reação, cortaram-na aos pedaços e mantiveram os porcos gordos e felizes durante vários dias.


    - Está a inventar isso.


    - Não estou nada. – Lhe fez deitar na cama. - Bem, a história dos porcos é uma lenda de família. Há quem diga que ele se limitou a fugir para Savanah e que viveu até aos noventa e seis anos, na vergonha e na solidão. Seja como for, não é uma nota de rodapé digna na história da família Uchiha.


    Ela virou-se para ele, encontrou a curva do seu ombro e pousou a cabeça ali.                                                      


    - Acho que posso dizer que ainda bem que não tenho irmãos.


    - Lá está tu. Dorme um pouco, Saki. Só estamos aqui os dois. E é isso que importa agora.


    Enquanto ela dormia, ele ficou acordado, a escutar os sons da noite.


    - Estou a te pedir que compreenda. - Sakura observou os recortes de Beaux Revés. - Está a pôr-me entre ti e a tua mãe outra vez, Sasu. Isso não é justo para nenhum de nós.


    - Não. Mas preciso falar com ela e não quero que vá à cidade sozinha. Não quero que ande sozinha até isto estar acabado, Sakura.


    - Bem, já somos dois, portanto quanto a isso pode estar descansado. Mas eu espero no carro enquanto tu faz o que tem a fazer.


    - Vamos chegar a um compromisso.


    - Ora, ora, quando é que essa palavra entrou no teu vocabulário? Ofereceu-lhe um sorriso lento e muito suave.


    - Vamos por trás. Pode esperar na cozinha. A minha mãe não passa lá praticamente tempo nenhum.


    Ela ia voltar a argumentar, mas desistiu. Sabia que ele iria sempre contornar as desculpas dela e estava demasiado cansada para discutir sobre isso.


    Quando isto tiver acabado, disse ele. Como se alguma vez acabasse. Como se pudesse acabar.


    Saiu do carro, acompanhou-o pelo caminho do jardim, por entre os rosais abundantemente floridos, a camélia de folhagem lustrosa onde, certa vez, uma menina escondera a sua bicicleta cor-de-rosa, os montes de azáleas, com as suas flores já murchas, e aromáticas espirais de lavanda, que iriam perfumar o ar até ao Inverno.


    Aqui, o mundo era de abundância, cheio de cor, de formas e de perfume. Um lugar elegante e tranquilo, cheio de caminhos pavimentados e bonitos bancos estrategicamente colocados por entre os canteiros e os arbustos, com vasos a transbordar das mais diversas flores artisticamente dispostos. O resultado era semelhante a um quadro meticulosamente executado.


    Mais uma vez, o mundo de Margaret, pensou Sakura, com a mesma perfeição existente nas divisões da casa. Nada podia destruí-la, nada podia mudá-la. Que devastador seria ter alguém a invadir a casa e a estragar o equilíbrio de tudo.


    - Tu não a compreende.


    - Desculpa?


    - A tua mãe. Não a compreende.


    Intrigado, Sasuke enlaçou os seus dedos nos de Sakura.


    - Fiz voce crer que a compreendia?


    - Este é o mundo dela, Sasuke. É a vida dela. A casa, os jardins, a vista que vê das janelas. Mesmo antes de a Hope ter morrido, este era o centro para ela. Aquilo de que cuidava e que preservava. E continuou a fazê-lo depois de ter perdido a filha. Pelo menos podia ficar com isto - disse ela, virando-se para ele. - Tocá-lo, vê-lo, zelar para que não mudasse. Não lhe tire isto.


    - Não vou tirar. - Segurou o rosto de Sakura entre as mãos, aproximando-o do seu. - Mas também não vou tolerar que ela use a casa, ou a fazenda, como ameaça para me manter o pé em cima. Não posso dar-lhe mais do que já lhe ofereci, nem mesmo por ti.


    - Tem de haver um compromisso. Como você disse.


    - Seria de pensar que sim. - Pousou os lábios na testa dela. - Mas às vezes, com algumas pessoas, há apenas sim ou não. Não insista. - Ele afastou-há um pouco e ela viu que os olhos dele estavam perturbados. - Não me peça isto, Haruno. - Emitiu um som que parecia um suspiro, mas era mais como se lhe tivesse faltado o ar. - Não me peça que troque a nossa felicidade pela aprovação dela. Para começar, a aprovação dela foi coisa que nunca tive.


    Era tão estranho perceber aquilo assim, de repente. Ele crescera num castelo e tivera tanta fome de palavras amáveis como ela.


    - Este assunto te magoa. Desculpa, não vi o quanto te magoa.


    - Feridas antigas. - Passou as mãos pelos braços dela e voltou a entrelaçar os dedos nos dela. - Já deixaram de sangrar.


    Mas, de tempos a tempos, abriam e voltavam a doer, pensou, enquanto retomavam o caminho. Nunca ninguém lhe batera com os punhos fechados, nem com um cinto. Mas havia outras formas de bater numa criança.


    Devia haver alguém sentado no banco ou a cortar gerberas para dentro de um cesto. Uma criança estendida de barriga para baixo no caminho, a observar um lagarto ou um sapo.


    O quadro precisava de vida, de som, de movimento.


    - Quero filhos.


    Sasuke deteve-se. - Desculpa?


    De onde viera aquilo, e como lhe saíra do pensamento como se sempre ali tivesse estado?


    - Quero filhos - repetiu. - Estou farta de pátios vazios e jardins silenciosos e casas arrumadas. Se vivermos aqui, quero barulho e migalhas no chão e pratos no lava-louça. Não conseguiria sobreviver em todas estas divisões perfeitas, intocadas, e esta é uma coisa que não pode pedir-me que faça. Não quero esta casa sem vida dentro dela.


    As palavras saíram da boca dela, e o pânico que as acompanhava fê-lo sorrir. Lembrou-se de um menino que queria construir um forte. De madeira velha e tela.


    - Mas que coincidência interessante. Eu tinha pensado em dois filhos, ou três.


    - Está bem. - Soltou um suspiro de alívio. - Está bem. Devia ter percebido que já tinhas pensado nisso.


    - Sou agricultor. Os agricultores fazem planos. Depois, esperam que o destino ajude. - Baixou-se para colher uma haste de rosmaninho, no jardim de ervas aromáticas. - Para te recordar- disse ele, oferecendo-o. - Enquanto estiver à minha espera, lembra que temos uma vida para planejar, com a confusão e o barulho que nos aspirar.


    Ela entrou com ele e lá estava Kurenai, como tantas vezes, junto ao lava-louça. O ar cheirava a café e a bolachas e ao aroma suave a rosas que Kurenai espalhava pela casa todas as manhãs.


    - Vêm atrasados para o pequeno almoço - disse ela. - Têm sorte porque eu estou bem-disposta. - Estivera a observá-los nos últimos minutos, com uma sensação de leveza no coração. Ficavam bem, juntos. E há algum tempo que desejava ver o seu rapaz ficar bem com alguém.


    - Bem, sentem-se. O café foi feito há pouco tempo. Fiz um bolo na chapa, que ninguém se deu ao trabalho de comer.


    - A minha mãe está lá em cima?


    - Está, e o juiz está à espera na sala da frente. - Kurenai estava já a pegar nas canecas. - Ainda não teve grande coisa para me dizer, hoje. Tem estado quase sempre ao telefone, e com a porta fechada. E a sua irmã nem sequer se deu ao trabalho de vir para casa, esta noite.


    O estômago de Sasuke apertou.                              


    - A Hina não está em casa?


    - Não se preocupe. Está com o Doutor Naruto. Saiu daqui ontem e disse-me para onde ia e que voltaria quando voltasse. Parece que nos últimos tempos ninguém dorme na sua cama se não eu. Está muito calor para tantfadiga. Sente-se e coma.


    - Preciso falar com a minha mãe. Dá de comer a ela – ordenou Sasuke, apontando para Sakura.


    - Não sou nenhum cão - resmungou ela, enquanto ele se afastava. - Não vale a pena se dar o trabalho, Kurenai.


    - Senta-se e tira esse ar de mártir da cara. Ele é que tem de resolver as coisas com a mãe, não é tu. - Tirou o bolo para aquecê-lo. - E tu vai comer o que eu te puser à frente.


    - Estou a começar a pensar que ele puxou a ti.


    - Porque não haveria de sair? Fui eu que praticamente o criei. Não estou a falar contra Miss Margaret. Algumas mulheres não são feitas para mães e pronto. Não são menos por isso, são assim e mais nada.


    Tirou uma tigela da geladeira e destapou-a.


    - Sinto muito o que aconteceu à tua mãe.                         


    - Obrigada.


    Kurenai ficou parada um instante, com a tigela segura pelo braço dobrado, os olhos escuros e quentes fixos no rosto de Sakura.


    - Há mulheres - voltou a dizer - que não são feitas para mães. É por isso que, como diz a canção, Deus abençoa as crianças que têm força dentro de si. Tu tem, querida. Sempre tiveste.


    Pela primeira vez desde que soubera da morte da mãe, Sakura chorou.


  


 


 Sasuke passou primeiro pela sala. As boas maneiras nunca permitiriam que ele passasse por um amigo da família sem lhe falar.


    - Juiz.


    Gerald virou-se, e as linhas severas e pensativas do seu rosto suavizaram-se um pouco quando viu Sasuke.


    - Tinha esperança em conseguir falar contigo, esta manhã. Espero que possas dar-me um minuto.    


    - Claro. - Sasuke entrou e pegou numa cadeira. - Espero que esteja bem.


    - Um pouco de artrite, mas são achaques que vão e voltam. É da idade. - Gerald virou-se para Sasuke, quando ele se sentou. - Nunca pensamos que vai nos acontecer, e um dia acordamos e perguntamo-nos quem diabo é o velho que estamos vendo no espelho quando nos barbeamos. Bem... - Gerald pousou as palmas das mãos nos joelhos das calças. – Te conheço desde que nasceu.


    - Por isso, não há necessidade de ter cuidado com as palavras - concluiu Sasuke. - Sei que a minha mãe falou contigo sobre umas legalidades e algumas coisas que quer mudar no testamento.


    - É uma mulher orgulhosa e está preocupada contigo.


    - Está? - Sasuke ergueu as sobrancelhas como se tivesse ficado fascinado pela informação. - Não precisa estar. Eu estou mais do que bem. Se a preocupação dela é com Beaux Revés - prosseguiu -, também não é necessária. Estamos a ter um bom ano. Acho que melhor do que o ano passado.


    Gerald pigarreou.


    - Sasuke, conheci o teu pai desde muito jovem, era amigo dele. Espero que entenda o que tenho para dizer à luz dessa amizade. Podia adiar os teus planos pessoais, refletir mais um pouco. Estou perfeitamente consciente das necessidades e dos desejos de um homem, mas quando esses desejos são postos à frente do dever, do aspecto prático e, acima de tudo, à frente da família, o resultado nunca pode ser bom.                              


    - Pedi a Saki em casamento. Não preciso do consentimento da minha mãe, nem da sua. Mas lamento não o ter.


    - Sasuke, é jovem, tem a vida toda à frente. Estou apenas a pedir, como amigo dos teus pais, que reflita mais um pouco. Na tua idade, o tempo não foge. Pensa em todos os aspectos. Principalmente agora que esta tragédia se abateu sobre a vida de Sakura Haruno. Uma tragédia - acrescentou Gerald - que diz bem de onde e de quem ela vem. Quando ela vivia aqui não passava de um rapaz, poupado aos fatos mais duros da vida.


    - E que fatos seriam esses? Gerald suspirou.


    - O Pain Haruno é um homem perigoso, totalmente louco. Essas coisas vêm no sangue. Eu até tenho simpatia pela moça, não se trata disso, mas não se pode mudar aquilo que é.


    - Está dizendo ”Quem sai aos seus não degenera”? Ou “De pequenino se torce o pepino”?


    A irritação passou no rosto de Gerald.


    - Qualquer deles serve. A Sakura Haruno viveu naquela casa, debaixo da mão dele, durante demasiado tempo para não ter sido modelada por isso.


    - Debaixo da mão dele - disse Sasuke, cuidadosamente.


    - Em sentido figurado e receio que literalmente também. Há muitos anos, Chyo, a avó materna de Sakura, veio falar comigo. Queria processar os Haruno e ficar com a custódia da menina. Disse que o Pain batia na filha.


    - Quis contratá-lo?


    - Sim. Mas não tinha qualquer prova deste abuso, não havia substância. Não tenho dúvida, nem a tinha na altura, de que ela estava a dizer a verdade, mas...                


    - O senhor sabia - disse Sasuke muito calmamente. - Sabia que ele lhe batia, a deixava cheia de vergões e ematomas negras, e não fez nada?


    - A lei...                                     


    - Que se foda a lei. - Disse isto no mesmo tom mortalmente tranquilo, enquanto se levantava. - Ela foi pedir-lhe ajuda, porque queria tirar uma criança de um pesadelo. E o senhor não fez nada.


    - Não era da minha competência interferir na família biológica. Ela não tinha provas. O caso era fraco. - Agitado, Gerald também se levantou. Não estava habituado a ser questionado nem olhado com aquela aversão. - Não havia relatórios da polícia, nem dos serviços sociais. Apenas a palavra de uma avó. Se eu tivesse aceitado o caso, não teria dado em nada.


    - Nunca o saberemos,não? Porque não aceitou o caso. Não tentou ajudar.


    - Não era da minha competência - repetiu Gerald.


    - Era da sua competência. É da competência de toda a gente. Mas ela ultrapassou isso sem a sua ajuda, sem a ajuda de ninguém. Agora, se me dá licença, tenho coisas a tratar.


    Saiu da sala apressadamente. No andar de cima, Sasuke bateu à porta do quarto da mãe. Ocorreu-lhe que sempre houvera portas fechadas naquela casa, barreiras que exigiam um pedido de autorização antes de serem removidas. Aqui, as boas maneiras sempre tinham precedido a intimidade.


    Isso iria mudar. Prometeu isso a si próprio. As portas de Beaux Revés abririam-se. Os seus filhos não teriam de esperar para entrar, como se fossem convidados na sua própria casa.


    - Entre. - Margaret continuou a fazer as malas. Vira Sasuke chegar com aquela mulher e estava à espera que ele batesse à porta. Achou que ele viria pedir-lhe que mudasse de idéias sobre a sua saída daquela casa, que tentaria chegar a um acordo. Era um negociador nato, pensou ela, enquanto colocava papel de seda entre as blusas cuidadosamente dobradas, exatamente como o pai.


    Lhe daria uma enorme satisfação ouvir todos os seus pedidos e ofertas. E recusá-los.


    - Desculpe incomodá-la. - O prólogo saiu automaticamente. Dissera a mesma coisa vezes sem conta quando entrara nas divisões da casa onde ela estava. - E lamento que estejamos em desacordo.


    Ela não se deu ao trabalho de olhar para ele.


    - Já tratei de tudo, para virem buscar a minha bagagem esta tarde. Naturalmente, espero que o resto dos meus pertences me sejam enviados. Tenho uma lista do que é meu. Ainda não está terminada. Adquiri vários nos anos que passei nesta casa.


    - Claro. Já decidiu onde vai ficar?


    O tom cortês da pergunta fez com que as mãos lhe tremessem. Olhou subitamente para ele.


    - Não tratei de nada permanente. Estas coisas requerem uma reflexão cuidadosa.


    - Sim. Acho que ficaria mais confortável numa casa sua, aqui perto, porque tem laços com a comunidade. A propriedade entre a Magnolia e a Main é nossa. É uma bonita casa de tijolo, com dois andares e um belo pátio com jardim. Neste momento, está alugada, mas o contrato termina daqui a dois meses. Se estiver interessada, eu aviso os inquilinos.


    Olhou para ele, verdadeiramente surpreendida.                        


    - A facilidade com que me põe para fora.                                     


    - Não estou a pô-la para fora. A escolha é sua. É bem vinda, se quiser ficar. A casa é sua e pode continuar a ser. Mas também vai ser a casa da Saki.


    - Vai acabar por perceber o que ela é, mas nessa altura já te terá arruinado. A mãe dela não prestava. O pai é um assassino. E ela não passa de uma oportunista, uma dissimulada calculista, que nunca soube qual era o seu lugar.


    - O lugar dela é aqui, comigo. Se não consegue aceitar isso, nem a ela, terá de arranjar casa em outro lado.


    Às vezes, para algumas pessoas, a resposta era sim ou não. Ocorreu-lhe que, desta vez, isso se aplicava tanto a ele como à mãe.   


    - A casa da Magnolia é sua, se a quiser. No entanto, se preferir ir para outro lugar, Beaux Revés pode adquirir a propriedade da sua escolha.


    - Por culpa?


    - Não, mãe. Não sinto qualquer culpa por querer a minha felicidade, nem por amar uma mulher que também admiro e respeito.


    - Respeita? - rugiu Margaret. - Como pode falar de respeito?


    - Posso. Nunca conheci ninguém que respeitasse mais. Por isso, a culpa não tem lugar aqui. Mas vou zelar para que tenha uma casa confortável.


    - Não preciso de nada vindo de ti. Tenho dinheiro meu.


    - Eu sei. Demore o tempo que precisar para decidir. Qualquer que seja a sua decisão, espero que se sinta feliz com ela. Ou, pelo menos, satisfeita. Gostaria... - Fechou os olhos por um instante, cansado de manter a fachada das boas maneiras. - Gostaria que houvesse mais do que isto entre nós. Gostaria de saber por que não pode haver. Desiludimo-nos um ao outro, mãe. Lamento muito.


    Ela teve de pressionar os lábios um contra o outro para impedir que tremessem.                                                                                     


    - Quando eu sair desta casa, morreste para mim.


    A dor apareceu nos olhos de Sasuke.


    - Sim, eu sei.


    Recuou e depois fechou suavemente a porta entre ambos. Sozinha, Margaret deixou-se cair na cama, a escutar o silêncio.


    Sasuke reuniu todos os papéis que achou que iria precisar nos próximos dois dias, e ouviu as mensagens que tinha no atendedor, enquanto os metia na pasta. Precisava falar com Piney, responder aos telefonemas da fábrica e passar por algumas das propriedades arrendadas. Havia uma reunião da administração no dia seguinte, mas podia ser adiada.


    A reunião periódica com o seu contabilista não. Tinha de arranjar um lugar seguro para deixar Sakura por umas horas.      


    Olhou para o relógio e pegou no telefone. Hinata atendeu, com a voz enrrolada pelo sono.


    - Onde está o Naruto?                                                               


    - Hã? Lá em baixo, com um cocker spaniel, ou algo do gênero. Que horas são?                                                              


    - Passa das nove.        


    - Vai embora. Estou a dormir.


    - Vou à cidade. A Saki está comigo. Está com idéia de ir para a loja. Não quer abrir hoje, mas acho que o objetivo dela é ter qualquer coisa que a mantenha ocupada. Quero que abra os olhos e depois vá lá e fique com ela.


    - Talvez não me tenha ouvido. Estou dormindo.


    - Levanta. Daqui a meia hora estamos lá.


    - Está horrivelmente mandão, esta manhã.


    - Não quero nenhuma de vocês duas sozinhas até o Haruno estar preso. Fica com ela, estás ouvindo? Volto assim que puder.


    - Que raio vou fazer com ela?


    - Vai pensar em alguma coisa. Levanta - repetiu, e depois desligou. Satisfeito, levou a pasta para o andar de baixo.


    A primeira coisa em que reparou foi que o prato de Sakura estava quase vazio. A segunda foi que ela esteve a chorar.


    - Que aconteceu? O que foi que te falaram?


    - Ora, deixa de bisbilhotar. - Kurenai sacudiu-o como a uma mosca. - Ela esteve a chorar e agora se sente bem melhor. Não é, minha menina?


    - Sim, obrigada. Não consigo comer mais, Kurenai.


    De lábios franzidos, Kurenai observou o prato e depois acenou com a cabeça.


    - Se portou muito bem. - Olhou para Sasuke. - Margaret ou o juiz vão querer comer o pequeno almoço?


    - Acho que não. A minha mãe tem tudo preparado para sair esta tarde.


    - Vai ir adiate com isto?


    - Parece que sim. Não quero que fiques aqui sozinha Kurenai. Pensei que talvez quisesse ir visitar a tua irmã e ficar lá por uns dias.


    - Talvez. - Pegou no prato de Sakura e levou-o para o lava louça. - Logo vejo, se não se importar, Menino Sasuke.          


    - Depois confirmo contigo.


    - É melhor ela ir embora. Libertar-se desta casa e daqui a algum tempo será mais feliz.


    - Tomara que tenha razão. Telefone à tua irmã - disse ele, estendendo a mão a Sakura.


    Sakura pôs-se de pé, e após um momento de hesitação aproximou-se de Kurenai e encostou o rosto ao dela.      


    - Obrigada.


    - É uma boa menina. E lembra da força que tens.


    - Vou lembrar-me.


    Esperou até estarem lá fora, no carro e a rolar pelo caminho ladeado por árvores até à saída da propriedade.


    - Não quero um casamento grande. Sasuke franziu a testa.


    - Está bem.


    - Gostaria que fosse o mais discreto possível e...


    - E...?                         


    Virou para a estrada principal. Sakura olhou pela janela, para os campos e o pântano.


    - O mais depressa possível.       


    - Por quê?


    Era mesmo dele, perguntar pensou, e virou-se para ele.


    - Porque quero começar a nossa vida.


    - Vamos tratar da licença amanhã. Acha bom?


    - Sim. - Pôs a mão sobre a dele. - Acho muito bom. Sorrindo para ele, Sakura não viu nada, não sentiu nada vindo do pântano. Nem do que estava nele, à espera.                


    Hinata estava a chegar à Conforto do Sul quando viu Sasuke estacionar o carro. Abriu um grande sorriso e enganchou o braço no dele, satisfeita.                                                    


    - Aqui está tu. Pensei que te tivesse esquecido.


    - Esquecido?                                                                   


    - Querido, lembra que disse que me emprestaria o teu carro hoje? Toma. - Deixou cair às chaves do seu carro na mão dele e bateu as pestanas. - Ele não é o melhor irmão do mundo, Saki? Sabe que eu tenho um fraquinho por este conversível, e está sempre a emprestar-me, né Sasu.


    Arrancou a chave dos dedos de Sasuke e depois deu-lhe um beijo grande e ruidoso.


    - Saki, estou tão aborrecida hoje. O Naruto está cheio de trabalho. Vou ficar a te fazer companhia um pouco, está bem? Estou pensando em comprar para o Naruto um desses castiçais gordos que tens aí dentro.


    Com naturalidade, largou o braço de Sasuke e pegou no de Sakura.


    - A casa dele está mesmo a precisar de uns arranjos. Bem, já viu por si própria, por isso sabe. Parece que vou começar a passar mais tempo lá, e não suporto aquela decoração primitiva de homem que ele tem. O carro está atrás da casa do Naruto - disse ela a Sasuke, puxando Sakura na direção da porta. - Está quase sem gasolina.


    Lançando um último olhar ao rosto aborrecido de Sasuke, Sakura abriu a loja.


    - O carro foi um suborno?


    - Não, ele não se deu ao trabalho de me oferecer subornos. Acordou-me esta manhã, por isso tem de pagar um preço alto. Quer que tomemos conta uma da outra.                      


    - Onde está a tua cadela?


    - Oh, está a divertir-se tanto na casa do Naruto. - Hinata virou-se na direção da janela e acenou alegremente a Sasuke. - Está fumegando. Detesta que eu conduza o brinquedo dele.


    - É claro que por isso o conduzes o maior número de vezes possível.


    - Naturalmente. Tem alguma coisa fresca que se beba? Está um calor sufocante.                                                


    - Lá atrás.              


    - Vai abrir a loja hoje?


    - Não. Não quero estar com ninguém, hoje. Por isso, não te ofenda se eu te ignorar.


    - Digo o mesmo.


    Hinata foi até à sala dos fundos e voltou com duas garrafas de Coca-Cola. Sakura tinha posto música a tocar baixinho e estava ocupada usando um limpa vidros e um pano.       


    - Pode dar-me qualquer coisa para fazer, antes que eu morra de tédio.


    Sakura estendeu-lhe o pano.


    - Deve conseguir fazer isto. Tenho muito trabalho lá atrás. Por favor, não deixe ninguém entrar. Se alguém aparecer à porta, diz-lhe que estamos fechadas hoje.


    - Tudo bem.


    Encolheu os ombros enquanto Sakura se dirigia para o escritório, e depois entreteve-se a reorganizar a seu gosto os objetos expostos, imaginando como seria ter uma loja.


    Muito trabalho, concluiu, muitas preocupações. Embora fosse divertido estar perto de tantas coisas bonitas e especular sobre quem iria comprá-las.


    Encontrou as chaves da caixa das jóias atrás do balcão, e experimentou vários pares de brincos, admirou uma pulseira feita com uma serpentina de prata e experimentou-a também.        


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Notas finais do capítulo

Este capitulo dedico a kyou-san que me mandou muitos comentarios maravilhosos e me fez muito feliz!!!! Obrigada!!!
hehehhhh

Pessoal comentem!!!! Esta na reta final e se nah haver comentarios fico triste e nah posto logo... XD
Bjux



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