Lua de Sangue escrita por BiahCerejeira


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Demorou mas chegou mais um capitulo. Espero que gostem...



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Ela optara em viver em Charleston. Ali podia se misturar as pessoas e viver calmamente, já havia pensado que tinha conseguido isso antes em Nova York, mas se decepcionara. Não se permitia ter amigos, sempre perguntavam demais sobre a sua vida e seu passado.


Terminou de arrumar as malas, estava de mudança novamente depois de quatro anos morando nesta casa. Trabalhara duro para comprá-la e depois reformá-la com o seu jeito, mas valeu a pena já que esta ficou linda. Agora estava ali com o papel da locação da loja Market Street em mãos. Estava voltando a Progress, o local onde crescera e depois saiu fugida com seus pais. Pelo menos era o que achava, pois saíram muito rápido da cidade após a tragédia. Seu pai dizia que iriam para um local melhor em que poderiam trabalhar e ganhar mais dinheiro do que continuar ali usando a terra seca dos Hyuuga Uchiha. Mas é claro que a vida em Raleigh não fora melhor. Continuaram a passar necessidades só que agora em um local mais apertado.


Isso ficou no seu intimo durante anos, não queria pensar mais naquela vida. Assinou o contrato.


Ela juntou sua economia e vendeu a casa que tanto amava para poder dar inicio ao seu negocio.


Tremeu ao pegar a enorme mala e sair da casa.


O contrato era de apenas um ano, o suficiente para saber se era isso que queria. Qualquer coisa sairia daquele lugar logo após o termino do período contratado. Respirou fundo se dirigindo ao carro onde colocou a mala.


Sua depressão não poderia ficar pior.


Estava se preparando para entrar no carro quando viu de longe sua advogada, Ino. Como sempre ela estava deslumbrante, parecia que havia saído da capa de uma revista. Seus cabelos loiros estavam presos em um rabo de cavalo alto com a franja caindo na lateral. Usava um conjunto social azul, que realçava a cor de seus olhos e sua cintura fina. A saia terminava antes dos joelhos mostrando uma parte de suas lindas pernas claras, e um sapato bico fino que com certeza me machucariam os pés se usasse.


- Nossa que calor e mal chegamos a abril! – Se abanava com a mão esquerda. Deu uma olhada na parte traseira da camionete onde se encontrava minhas coisas. – Você realmente vai ir embora agora não é?


- Bom esse é o plano. – Sorri para ela. – Obrigado por tudo Ino.


- Que é isso você me contratou e eu fiz o meu trabalho. –Pegou minha mão e sorriu docemente para mim.


- Você sabia, sempre soube certo? – Meus olhos estavam um pouco arregalados da surpresa.


- Claro, as noticias de Nova York chegam ate aqui. Mas achei que não quisesse que todos soubessem que você era a Sakura Haruno que saiu em todas as manchetes dos jornais locais de lá. – Olhou para mim e senti que me observava atentamente.


 Ino pensava na menina que estava a sua frente. A garota tinha cabelos rosa e era de estatura media. Seu corpo era miúdo, mas muito bonito, ela o escondia atrás de roupas básicas. Hoje vestia calças jeans e camisa de mangas curtas rosa escura, que acentuavam sua pele clara. Seus olhos eram lindamente verdes e a boca rosa, rosto que em sua opinião era muito bonita. Mas podia ver a tristeza através de seus olhos, uma menina sozinha e sem amigos. Apesar de que gostaria de ser a sua amiga.


Sorri para ela a encorajando.


- Você acha que lhe perguntaria onde eu coloquei a minha aliança de casamento ou se um dia terei um filho homem?


Ela fez essa pergunta sorrindo para mim, não pude resistir de devolver com um sorriso.


- Obrigado mais uma vez Ino. – Abri a porta do carro e entrei, fechando-a em seguida.


Ela me abanou e virou-se para ir ate o seu carro. Não resisti e abaixei a janela.


- Ino! – Chamei-a alto e vi-a virar-se.


-Sim. – Sorriu.


- Na gaveta do meio do arquivo de seu escritório, entre as letras D e E.


- O que isso significa?


- Que o anel é meio grande e você o perdeu entre essas letras. Pede ao Gaara para deixar de ser pão duro e mandar ajustar o anel que deu a esposa, ok?


Fechei a janela e saí com a caminhoneta, teria uma longa estrada pela frente ate Progress. Vi a Ino com a boca aberta encostada no seu carro me olhar, sorri para ela com um gesto de adeus.


 Teria que passar por muitos lugares onde me encontraria com artistas sulistas para expor e vender as suas obras em minha loja, isso demoraria algumas semanas, mas não importava assim teria os melhores produtos em minha loja. E quando chegasse lá enfrentaria os Hyuuga Uchiha, enfrentaria Hope.


 


 


 


A semana passou depressa, porque estava comprando cerâmicas, vasos e bijuterias entre outras coisas para a loja.


O carro acabou estragando em meio a caminho de Florence, fazendo-a atrasar o seu cronograma. Acobou tendo que parar para descansar antes da cidade.


O único local disponível era um motel horrível na Rota 9 em arredores de Chester. Entrou no quarto mal iluminado e mal cheiroso. Sentiu repulsa, mas não tinha outra opção. Deitou na cama de casal que era coberta por uma colcha verde, que já estava gasta, fechando os olhos.


Vai mais fundo...


Podia ver as pessoas suadas.


Não me deixe, por favor, eu te amo...


 Sentia o amor de uns e a perversão de outros.


Será que ele me ama?


E se eu estiver grávida?


Escutava os pensamentos alheios como se fossem seus.


- Me deixem em paz! – Abriu os olhos e suspirou.


Fechou os olhos novamente, começou a construir um muro largo e muito alto, tijolo por tijolo. Quando terminou se sentiu leve e sorriu, finalmente dormindo. Do outro lado do muro, havia um grande lago, com arvores e um céu azul lindo. Pode sentir seu corpo submerso e os cabelos encharcados. Viu lá no fundo uma menina morena sorrindo para ela. Caminhou de encontro a esta. Sentiu-se pequena e indefesa novamente. A menina estava retirando a roupa, ficando nua, e pulou no lago nadando. Sakura fez o mesmo e nadou ate ela, percebendo que era Hope.


- Estava te procurando Saki. – Parou de nadar.


- Mas você sabia onde me encontrar. –Também parou. – Não deveríamos tomar banho nu, podem nos pegar.


- Não te achava, amiga. – mergulhou deixando os cabelos extremamente negros ficarem molhados, voltando logo após a superfície mostrando a pele muito clara.


- Eu achei que tinha ido embora para sempre!- Exclamou com os olhos marejados.


-Ele está em todos os lugares. – Falou encarando os olhos verdes da amiga.


Derrepente começou a se debater na água. – Está ficando escuro.


Percebi que o tempo havia mudado. Nuvens escuras encobriam o céu antes azul. A água se movimentava rápida, fazendo-a nadar.


- Hope precisamos sair daqui!


- Não posso Saki, estou presa. Não consigo me mexer. Ajude-me!


Começou a nadar de encontro à amiga, mas parecia que se distanciava cada vez mais.


-Hope! –Gritou.


Acordou assustada e com gosto de pântano na boca. Levantou e foi ate o banheiro onde lavou o rosto. Olhou-se no espelho vendo seu rosto cansado e com olheiras.


-Esta na hora de voltar para a estrada. - Pensou alto.


Dirigiu por horas ate que resolveu parar em uma pequena floricultura na estrada que ficava perto de Florence. Entrou indo direto ao banheiro onde penteou os cabelos e passou um pouco de maquiagem, pois se sua avó a visse naquele estado iria ficar uma fera. Comprou tulipas rosa para dar-lhe de presente e voltou para a estrada.


Parou em frente a casa de madeira, observando o jardim florido e colorido da avó Chyo. Desceu da caminhonete levando as flores, percebeu a Pickup estacionada com uma placa escrita “Encanador”. Seguiu para a porta brindo-a e entrando. Sorriu ao perceber que toda a tensão e o cansaço sumiam quando estava ali naquela casa em companhia de sua querida avó.


Seguiu pelo corredor achando estranho o silencio, pensou que a avó deveria estar dormindo ainda, apesar de não ser do seu feitio. Olhou o relógio, passavam das 10 da manhã.


Escutou um som de voz abafada perto da porta do quarto e logo após um dos sons mais agradáveis que tinha recordação desde criança.


- Sakura, flor, é você? Se sirva de chá gelado que já vou.


Sakura virou-se e foi ate a cozinha pegando a jarra e servindo-se de chá.


- Oi querida. – Chyo a abraçava com força. – Minha flor, deixe-me vê-la.- Separou-se um pouco e olhou a neta sorrindo.


- Olá vovó, esta linda e sorridente pelo que vejo!- Falei sorrindo.


Realmente Chyo Sama era uma mulher encantadora e apesar de seus 67 anos continuava se arrumando como uma boneca de porcelana. Seus cabelos eram ruivos, quando começaram a branquear teve que começar a pintá-los para mantê-los iguais. Não suportava a idéia de parecer velha e acabada. Seu corpo era bem cuidado e a pele macia. Uma boneca na opinião de Sakura.


- Fique quieta, Sakura, assim não consigo admirá-la. – Sorriu notando as olheiras que ela tentou tapar com maquiagem e a roupa amarrotada. – Você é linda querida, mas no momento precisa de descanso, carinho da vovó e uma roupa limpa.


Sorrimos uma para a outra e nos abraçamos novamente. Senti meus olhos arderem e as lagrimas virem, sabia que aqueles braços nunca me abandonariam.


- Vou lhe preparar um café da manhã maravilhoso.


Seus olhos pararam nas flores em minhas mãos.


- São lindas, Saki. – Pegou-as e cheirou-as. –Obrigada.


Colocou-as de lado no balcão.


- Vovó porque ainda esta de roupão, por acaso lhe acordei?


- Oh não querida. Venha sente-se e me conte como foi a viagem.


Sentei-me em uma das cadeiras da mesa enquanto a via preparar torradas e servir chá gelado.


-Achei coisas maravilhosas e lindas. – Estava eufórica.


- Você sempre teve bons olhos para coisas bonitas assim como eu, ainda bem que não puxou pela sua mãe.


Surpreendi-me ao notar um homem parado na porta da cozinha. Olhei-o intrigada. Ele era alto, de ombros largos e cabelos encaracolados cinzas. Vestia um macacão azul escuro e naquele momento sorria para nós.


- Bom, já concertei o cano e... – foi interrompido pela minha avó.


- Não seja idiota Cecil. – Foi ate ele o segurando pelo braço. –Sakura, este é meu namorado. –Sorria enquanto ele ficava totalmente vermelho.


- Chyo!- Exclamou, ficando ainda mais vermelho, se isso é possível.


-Ela não vai morrer por saber que sua avó tem uma vida sexual.


Estava chocada e totalmente surpresa, mas louca para rir. A cena era hilária, ver minha avó deixar aquele grandalhão com vergonha era algo do outro mundo.


- Bom. –Exclamei sorrindo um pouco tímida e estendendo a mão. –Prazer em conhecê-lo Cecil.


- O prazer é meu. –Cecil apertou minha mão. –Sua avó estava ansiosa para lhe ver. Não parava de falar de você.


Sorrimos um para o outro e pude ver que aquele homem era perfeito para Chyo, seu coração era enorme e extremamente bondoso.


- Ah... Eu tenho que ir. –Pegou o boné que estava pendurado, colocando-o na cabeça.


- Não sem me dar um beijo.


Ela pendurou-se no pescoço dele fazendo-o abaixar a cabeça e tascou-lhe um beijão estralado. Sorri por dentro ao vê-la tão feliz.


- Ate mais Sakura.


-Tchau. –Sorri para ele.


Escutei a porta da frente bater e vi minha avó sorrir ao escutar o som do carro saindo pela rua.


-Então o que achou dele?- Ela me encarou.


- Hum, eu não sei o que dizer, mas ele parece legal. –Sorri sem graça e provavelmente um pouco vermelha.


-Ah não Saki, esta achando isso ridículo? –Virou de costas para mim pegando as torradas e colocando-as na mesa.


- Claro que não, apenas estou surpresa. Por pouco não peguei vocês... Você sabe!


Senti o rosto arder, deveria estar parecendo um tomate.


Ela me olhou e depois soltou uma risada alta.


- Você é que chegou mais cedo do que o previsto, flor.


- Pelo jeito está com fome!- Sorri ao vê-la devorando sua torrada.


-Fiz muito exercício esta manhã!- Sorriu de volta para mim.


- Então Saki esta feliz?


- Eu? Sei lá, foi você que fez sexo!


Nos duas rimos alto. Continuei comendo minha torrada tranqüila enquanto minha avó devorava a sua segunda.


-Então como se sente? – Chyo me olhou bondosamente.


Suspirei.


- Não sei se é a certa vovó, apenas tenho que ir. Apesar de saber que não tenho como mudar os fatos.


- Você começou a retornar para Progress quando saiu de lá, flor. Mas você sente que isso é necessário?


- Sim, mas estou apavorada. Não conheço mais aquelas pessoas, na verdade você é o único braço seguro que sempre me amparou. _Falei olhando para minha comida tristemente.


-Droga, eu deveria ter feito mais por você! –Ela deu um tapa na mesa.


- Não vovó, você fez tudo o que pode.


- Tem razão. Perdi sua mãe Konan quando ela tinha apenas 12 anos, e isso nunca vai mudar. Tentei fazê-la se separar do monstro que era Pain, mas não consegui.


-Ela escolheu essa vida. Não quis deixar o papai por opção própria.


-Sim. Só em pensar que ela e Jiraya eram crianças quando seu avo morreu. Foi traumático para eles, principalmente para Konan.


-Não é desculpa vovó, ela poderia ter mudado, mas não quis. – Falei alterando o tom de voz.


- Tem toda a razão novamente. Mas, às vezes, me sinto culpada.


Levantei-me e fui ate ela abraçando-a.


-Pois não deveria, todos fizemos nossas escolhas.


-E sua escolha, Saki, esta correta. –Sorriu me incentivando. –Você sempre foi a mais corajosa e forte de nós. E é por isso que Pain não conseguiu te segurar assim como fez com sua mãe.


Abraçamos-nos mais uma vez.


- Obrigado vovó. -Sorri para ela. - Então me conte mais desse seu homem armário, Cecil.


Sorrimos.


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Notas finais do capítulo

Espero Reviews!!!!



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