When Youre Gone escrita por Mel Cherry


Capítulo 5
Give Me Your Hand


Notas iniciais do capítulo

Continua sendo o Pov's do Goenji.
Boa leitura !



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Após uma série de treinamentos, demorei um pouco, mas consegui cumprir a primeira parte da minha advertência, que era limpar a escola ao término das aulas.

Ao chegar em casa, logo fui recebido com um abraço da Yuka, como ela sempre faz assim que entro.

_ Irmão! Estava morrendo de saudades de você! Por que hoje não me deu um beijo antes de sair? – Ela disse, um tanto desapontada.

Yuka era o maior motivo de meu sorriso. Mal dá para lembrar que por algum tempo ela permaneceu em coma, internada e com poucas chances, ao vê-la assim, tão animada, tão energética, tão ... viva ...

Não poderia deixar que meus problemas interferissem também no meu relacionamento com minha irmã. Não com ela.

_ Desculpe, Yuka. Eu estava bem atrasado e acabei me esquecendo. – Disse à ela, profundamente arrependido.

_ Irmão, você precisa ser mais atento. Promete que amanhã não vai esquecer? – Ela perguntou, estendendo o dedinho.

_ Prometo. – Estendi o meu também, e fizemos uma promessa. – Mas isso não significa que agora eu não posso te encher de carinhos.

Puxei Yuka, e a abracei. Depois comecei a beijá-la os cabelos, e quando ela estava distraída, peguei-a de surpresa com um leve ataque de cócegas.

Passamos a tarde inteira assim. Assistimos a um filme, ajudei nas tarefas de casa, e nos deveres que ela tinha para fazer. Dei a ela amor e companhia, como há muito não dava, às vezes pela falta de tempo, às vezes pela minha solidão. Mas o fato é que quase nunca tirava um tempo só para a Yuka, para cuidar dela como um irmão de verdade faz.

Permanecemos assim, até dar a hora de me arrumar. Fui caminhando até a escola, com os pensamentos divididos entre Yuka e Natsumi. Ainda não sabia o porquê dela ter demorado tanto para chegar a escola. Temia que algo grave pudesse ter acontecido. Ela nunca foi de demonstrar seus sentimentos, sempre se escondendo atrás daquela fachada. Não iria conseguir suportar caso algo, como de alguns dias atrás, tivesse acontecido novamente. Seria tudo minha culpa, eu deveria estar com ela, protegendo-a. Não cometeria novamente o mesmo erro que cometi com a Yuka.

Tinha certa urgência em meus passos, ao chegar no corredor que ficava a sala de Natsumi. Até que parei de frente a porta, e percebi como meu coração estava acelerado. Então passei a observar meu corpo, e notei que minhas mãos e pernas tremiam, minha respiração estava um tanto ofegante; meu nervosismo era aparente. Não poderia entrar assim na sala.

Avistei um pequeno bebedouro, peguei um copo de água, e sentei em uma das cadeiras que tinha ao lado. Fiquei alguns minutos ali, pensando no porquê de eu estar daquela maneira. Certamente ela terá alguma explicação, um motivo pelo qual ela se atrasou. Não será nada demais, e eu poderei ficar tranquilo. Mas ... E se realmente tiver acontecido algo? O que eu poderei fazer? O que eu poderei fazer para protegê-la dessa vez?

Com este pensamento, levantei, e logo me livrei do copo, agora vazio. Tinha que acabar com essa maldita dúvida. Não poderia passar mais tempo fazendo perguntas sem obter respostas.

Girei a maçaneta, e logo já me encontrava do outro lado da porta. Me deparei com uma Natsumi um pouco intrigada.

_Nunca te ensinaram que se deve bater na porta?

Me sentei na cadeira a sua frente, peguei alguns papéis em cima da mesa, e comecei a separá-los em pilhas diferentes.

_Onde você estava? E por que chegou naquela hora?

_Shuya Goenji, a educação em pessoa.

_Eu não estou brincando, Natsumi.

_Primeiro me diga que história é essa de brigar com o Fudou? Está querendo complicar ainda mais a sua situação com o papai? E desde quando você passou a resolver tudo na agressão?

_Pode ter certeza que se não houvesse um bom motivo, certamente eu não faria isso. –Eu disse, já parando de organizar os papéis. Meus olhos foram em direção ao chão.

_Então me diga! Me diga que bom motivo é esse, a ponto de você querer agredir um de seus companheiros de equipe ?!

Ela disse, batendo com a palma das mãos na mesa, já um pouco exaltada. Seus olhos buscavam os meus com um tanto de urgência. Ela continuava a esperar alguma resposta, quando meus olhos encontraram os dela. Senti meu coração acelerar, e o nervosismo novamente tomar conta de mim. Todos os meus esforços anteriores foram em vão.

_Você!

Natsumi, que antes tinha seus olhos fixos em mim, logo tratou de direcioná-los ao chão. Vi suas bochechas tomar uma coloração avermelhada, mas não tanto quantos seus longos cabelos.

_Eu já disse que sei me cuidar! Além do mais, eu não que fique tomando punições por minha causa.

_Natsumi, eu não vou discutir novamente com você sobre isso.

Houve um período de silêncio no local. Ela parecia querer perguntar algo, mas hesitava. Até que ela finalmente tomou coragem.

_Mas por que?

_Não vou deixar que idiotas falem besteira de você por ai.

Ela se sentou, e continuamos a arrumar cada um dos documentos. Algumas vezes nossos olhares se encontravam, porém não trocávamos nenhuma palavra.

Logo já estava tarde, então passamos a guardar cada um em seu devido lugar. O último era um pouco alto para ela, então eu mesmo fui guarda-lo, enquanto era observado pela ruiva.

_Papai teve que viajar, e não volta essa semana. E acabou que na verdade, ele havia dado não uma noite, mas algumas semanas de folga para os funcionários, pois ele havia tirado férias esse mês, para que pudesse passar mais tempo comigo.

_Mas as férias não são apenas no outro mês?

_Sim, mas ele sempre passa as férias trabalhando, então ele resolveu utilizar as folgas acumuladas. E o diretor que estaria responsável por toda a escola. Mas pelo visto, novamente não será possível.

_Então você ficará sozinha mais essas semanas?

_Sim. Foi por isso que me atrasei. James está de folga, tive que vir andando, pois não sei como pegar o ônibus, e como você sabe, não tenho muitas habilidades na cozinha, então tive que parar no meio do caminho para comer algo, ou então passaria o resto do dia com fome.

Ela disse, visivelmente envergonhada. Então novamente a peguei pela mão, e a puxei para fora da sala.

[...]

Ainda segurava sua mão, enquanto passávamos por desérticas ruas. Algumas estrelas brilhavam, mas o suficiente para iluminar o céu de Inazuma. As árvores dançavam em sintonia perfeita com o tocar do vento; as madeixas ruivas acompanhavam seus movimentos.

Parei ao perceber que alguns fios estavam presos a sua boca, que estava um pouco entreaberta. Com uma certa delicadeza, os puxei para atrás de sua orelha com minha mão que estava livre. Enquanto fazia tal ato, senti seus olhos, que antes estavam perdidos na paisagem, se fixarem nos meus.

Não pude deixar de notar o mistério que havia naquelas orbes castanhas. Na mesma medida que brilhavam, demonstravam um pequeno vazio. Era muito mais do que se podia enxergar.

_Por que você faz isso?

_ O que?

_ Por que uma hora você está querendo bater em todo mundo, e na outra você está assim ... Tão diferente?

Mal sabia Natsumi que eu estava tão perdido quanto ela. Também queria saber o que estava causando essa inconstância em mim.

_Eu também não sei. –Admiti, sentindo minha voz um tanto falha.

_Talvez seja só questão de tempo. Ou achar a pessoa certa para a qual você consiga demonstrar quem realmente ... é.

Ela disse, e então desviou seu olhar para o lado, demonstrar um pouco de surpresa, como se estivesse acabado de descobrir algo.

_Vamos, já está ficando tarde.

Puxei-a levemente pela mão, e continuamos a nossa caminhada.

[...]

Chegamos à sua casa já um pouco tarde. Ela parou de frente para mim, olhou para baixo, deu um leve sorriso de canto e disse:

_Você está ficando pior que o James. Logo poderei pedir ao papai para contratá-lo oficialmente, babá Shuya.

_Acho que eu não ficaria muito bem de avental. –Me permiti retribuir o sorriso.

_Tem razão ... Mas a verdade é que você tem sido muito gentil esses dias. Você sempre me tratou bem, mas há algum tempo tenho notado um grande progresso.

Senti uma leve ardência em meu rosto. Não entendia porque ela causava coisas desse tipo em mim. Ou talvez não quisesse entender.

_Eu não quero atrapalhá-la, muito menos em sua relação com o Endo. Então, se você preferir, eu posso parar.

_Não! Muito pelo contrário, você não atrapalha em nada. Além do mais, eu já disse que ainda não sei ao certo o que sinto por ele. Mesmo assim, não significa que você tem que se distanciar, ou algo do tipo. Eu ...

Ela disse, atropelando um pouco as palavras. Porém, com receio, não terminou de completar a fala. Decidi não insistir, pois sabia que ela teria um bom motivo para não querer dizer seja lá o que for.

_Como quiser, senhorita Natsumi.

Pude ver um sorriso brotar em seus lábios, quase que automaticamente. Em seguida, os senti em minha bochecha. Já estava se tornando um pequeno habito.

_Obrigada por tudo o que tem feito.

Ela sussurrou em meu ouvido, antes de se afastar. Então era chegada a hora de, pela primeira vez naquela noite, nossas mãos se soltarem. Ambos olhavam para as mãos entrelaçadas, até que os olhos dela se encontraram com os meus. Ela ficou levemente corada, e rapidamente puxou sua mão.

Permaneci no mesmo lugar, enquanto a observava abrir os portões de sua casa. Ela então virou e, de longe, novamente encontrou meus olhos.

_A propósito, eu menti. Você ficaria bem fofo de avental.

Ela disse, com um sorriso sincero, antes de sumir atrás dos enormes portões.

Eu permaneci ali por alguns segundos, retribuindo o sorriso para o nada, antes de me virar, e seguir meu caminho para casa.

Ao chegar, tudo que queria era ir logo para cama. Mas com tantas coisas na cabeça, quase me esqueço do beijo de boa noite da Yuka. Passei a mão em seu cabelos, e pude perceber que ela dormia como um anjo.

Tomei um banho, e logo me deitei. Mas o sono demorou a vir, enquanto rolava de um lado para o outro. Quando finalmente apareceu, trouxe como de companhia um pesadelo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
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