When Youre Gone escrita por Mel Cherry


Capítulo 3
After All, What I Feel for Him ?


Notas iniciais do capítulo

Perdoem-me a demora & a falta de criatividade .
Boa leitura =) !



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Natsumi Pov's

Olhei para a janela e pude observar que as estrelas já visíveis no céu de Inazuma, anunciavam que uma noite linda já estava por vir. Direcionei meu olhar para o relógio pela quinta vez, marcava 18h20min.

Deixei meu olhar percorrer toda a sala em busca da pessoa que deveria estar aqui há exatos 20 minutos, e não vi ninguém.

Todo esse cenário está exatamente como na noite anterior. E só de pensar que ontem eu quase passei por tudo aquilo de novo, fez eu me sentir tão frágil, tão inútil, tão... Vazia...

E de repente, todas aquelas lembranças voltaram a minha mente. E eu novamente passei a sentir nojo de mim mesma. E quando eu estava prestes a desmoronar novamente, fui despertada pela porta se abrindo e uma figura um tanto mal-humorada a minha frente.

Ao vê-lo, estranhamente senti meu coração se acalmar, e todas aquelas lembranças desapareceram. O mais estranho, é que apenas a presença dele trouxe de volta a minha autoconfiança e eu pude me sentir segura novamente.

Eu só não sabia como e nem por que ele conseguia fazer isso.

_ Está atrasado. -Eu disse olhando para o relógio, que agora marcava 18h27min. -

_ O que é para fazer? -Ele perguntou, ignorando meu comentário. -

_ Não muita coisa. Apenas separe os históricos escolares em uma pilha, as transferências em outras. E o que estiver escrito 'Confidencial', você passa para mim.

Ele então puxou uma cadeira e se sentou a minha frente. Fazendo tudo conforme eu pedi, ele organizava tudo perfeitamente.

Mas todo aquele silêncio já estava mais do que constrangedor, então resolvi quebrá-lo.

_ Então... Como foi com a limpeza? Muito trabalho?

Eu perguntei um tanto receosa pelo seu mau humor aparente. Ele ao menos olhou para mim, e respondeu seco:

_ Não.

É. Estava pior do que eu pensei.

Resolvi não mais incomodá-lo, então continuamos naquele mesmo silêncio. Até que ele acabou de fazer tudo o que eu lhe havia pedido, e se levantou. E, pela primeira vez naquela noite ele me olhou, e nos encaramos intensamente por alguns longos segundos, até que ele desviou seu olhar e se pronunciou.

_ Eu acho que já acabei por aqui. -Ele disse já de costas, e em seguida andando em direção à porta. -

_ Mas... Você já vai?

Eu não entendi o que aconteceu, mas minha voz saiu falha, demonstrando certa fraqueza.

A verdade é que era assim que eu me sentia: Fraca.

E eu não sei por que, mas foi só eu pensar na ausência dele, para isso ocorrer.

_ Sim. Você disse que tinha um compromisso, e eu não quero atrapalhá-la. -Ele disse me olhando de lado, parado em frente à porta. -

E eu apenas encarei o chão. Eu não sabia o que dizer. Sentia-me tão dependente... Dependente desse meu maldito trauma, que me impedia de me reerguer novamente.

Eu realmente pensei que nunca mais teria que passar por isso. Mas parece que me enganei...

Sem encará-lo, eu apenas respondi:

_ É, eu tinha. Eu iria jantar com meu pai, mas ele teve uma reunião e não poderá vir para casa esta noite.

_ Quem virá te buscar?

_ Eu sei me cuidar.

_ Você vai sozinha para casa? Depois de tudo o que aconteceu?! -Ele parecia indignado. -

_ James está de folga.

_ Mas não há ninguém que possa te buscar? Um empregado, um tio, vizinho, nada?!

_ Somos apenas eu e meu pai. Hoje era pra ser um dia só meu e dele, então ele deu folga a todos os empregados.

Ele então voltou, pegou todos os papéis e os guardou nos seus respectivos lugares. Em seguida arrumou toda a mesa, e, quando acabou, ficou parado a minha frente, como se estivesse esperando por algo.

_ O que você está fazendo?

_ Eu vou te levar para casa. Vamos?

_ O que? Não! Eu já disse que eu sei me cuidar, Goenji!

_ Tem dezenas de malucos psicóticos andando por aí, e depois de ontem, você não pode sair por aí sozinha.

_ Quanta hipocrisia! Ontem mesmo você estava falando que não queria ninguém me olhando com pena, e veja só o que você está fazendo! Fique sabendo de uma coisa, Goenji: Eu não preciso de sua compaixão, ok?! Eu sei me virar sozinha, eu não preciso de você e nem de ninguém!

Eu disse, alterando um pouco o tom de voz. Eu odiava ser tratada desse jeito, mas eu nunca havia surtado com ninguém. Eu sempre demonstrava indiferença quando me tratavam assim. Eu só não entendo porque o fato dele ter feito isso, me machucou tanto ao ponto de eu gritar. Ele então se aproximou mais de mim, e falou com a voz baixa, mas séria:

_ Você acha mesmo que se eu estivesse com pena de você, eu ainda estaria aqui? Você realmente acha que eu a protegeria por isso? Pena?! Quem você pensa que eu sou?! Eu sei muito bem como é ser olhado assim, e que isso só piora as coisas. Você não me conhece, Natsumi. Então não venha falar coisas sobre as quais você não sabe.

Tudo o que fiz foi abaixar a cabeça. Eu me senti culpada e envergonhada por ter gritado com ele, afinal de contas ele estava certo. Eu não o conheço, e eu não sei o que ele já passou na vida. Quem sou eu para criticá-lo? Ele só estava tentando me ajudar...

                Depois de alguns minutos de silêncio, ele pegou em minha mão, e me puxou em direção à saída. Eu apenas o olhei com um olhar de dúvida, e ele me respondeu:

_ Eu disse que te levaria para casa, e não há discussão.

Eu apenas assenti, e o segui em direção a saída da escola.

[...]

Durante todo o trajeto houve um enorme silêncio entre nós. Estava com os pensamentos tão longe, e ao mesmo tempo tão perto...

                Sim, eu estava pensando em Goenji. Tentava entender o porquê de quando eu estou perto dele, eu me sinto de um jeito que eu nunca havia me sentido antes. Eu me sentia tão segura, ao ponto de ao lado dele, poder ser eu mesma; sem me preocupar em parecer forte por fora, quando na verdade estou desmoronando por dentro.

                Eu consegui sentir ao lado dele em dois dias, coisas que eu nunca havia sentido a vida inteira. E eu apenas queria saber como.

_ Por que está tão quieta? Aconteceu alguma coisa? -Ele disse me despertando de meus pensamentos. -

_ Não, nada.

Eu apenas menti. Eu não poderia dizer para ele o que realmente estava acontecendo, porque nem eu mesma sabia.

                Mas ele não acreditou em minha resposta e insistiu:

_ No que está pensando? Noto que algo te preocupa. Não está pensando sobre o que aconteceu ontem, não é?

_ Para falar a verdade, não. Eu havia me esquecido disso.

_ Desculpe. -Ele pediu, e eu apenas assenti. -

_ Não, tudo bem. Eu apenas estava pensando em meu pai, só isso.

Foi a desculpa mais rápida que pude arrumar. Eu não via necessidade de mentir para Goenji, mas eu não iria dizer que estava pensando nele.

Ele nada disse, apenas fitou o chão, e continuou a caminhar com suas mãos nos bolsos de frente da jaqueta.

[...]

Depois de cerca de 40 minutos caminhando, já que eu morava um pouco longe do colégio, nós finalmente estávamos a poucas quadras da minha casa. Quando avistamos Endo e Aki assentados em um banco do outro lado da rua. Eles conversavam animadamente, e por diversas vezes Endo se aproxima demais da Aki, deixando-a extremamente vermelha. Porém ele, ingênuo, não percebia.

                Eu fiquei encarando-os por um longo momento, e, supreendentemente, aquela foi a segunda vez que eu não surtei por vê-los juntos. Muito pelo contrário. Eu fiquei feliz, principalmente pela Aki. Pois apenas o idiota do Endo não percebe que ela o ama.

                E aquela foi a primeira vez que eu não soube identificar meus sentimentos pelo Endo. Sempre que o via, eu tinha certeza que era dele que eu gostava, que era com ele que eu queria ficar. Mas agora eu não tinha mais essa certeza.

_ Por que você não chega e assume seus sentimentos a ele? Se depender do Endo, ele nunca irá perceber. –Disse Goenji, me despertando de meus pensamentos. -

_ O que? Do que está falando?

_ Vamos, Natsumi. Você não precisa mentir para mim. Até porque todo mundo sabe que você sempre foi apaixonada pelo Endo.

Eu abaixei a cabeça. Sentia-me envergonhada com o que Goenji havia dito. Porém mais ainda por estar tão confusa. Eu sempre tive certeza de tudo o que sentia, mas agora... Agora tudo parecia tão... Estranho...

Era estranho imaginar eu gostando do Endo. Afinal de contas, eu mal o conhecia. Tudo bem que o jeito dele cativa a todos, mas eu nunca pensei que talvez eu estivesse confundindo tudo aquilo. Tentando tornar real, algo que talvez mesmo nunca exista.

_ Eu... Eu já não sei mais o que sinto pelo Endo. –Disse ainda de cabeça baixa. Confusa, em relação a tudo. -

Ele nada disse, Apenas continuamos o nosso caminho, até chegarmos à minha casa:

_ Tem certeza que você vai ficar bem, sozinha?

_ Goenji, eu já disse que sei me cuidar. Eu não sou mais nenhuma criança.

Ele ficou em silêncio durante alguns minutos, apenas me encarando. Então, novamente desviei o olhar.

                Olhava para o nada tentando entender, procurando de alguma forma entender por qual motivo eu já não sabia mais o que sentia pelo Endo. Aquilo me deixava tão confusa, a ponto de eu não saber o que pensar.

_ Pelo visto aquela cena mexeu mesmo com você.

_ Eu só... Preciso de um tempo para pensar em algumas coisas. Eu já tenho problemas demais na minha vida, e não preciso de mais um.

_ A Aki tem passado muito tempo com Endo. E todos sabem que ela também o ama. Menos ele.

_ Eu nunca o amei! Eu apenas gostava dele. -Ele arqueou a sobrancelha. - Eu disse que eu não sabia o que sentia pelo Endo, e a verdade é que eu ainda não sei. Eu só estou um pouco confusa.

Um vento frio soprou, causando arrepios em meu corpo todo ao chocar-se contra mim. O balançar das árvores, e as estrelas já cobertas por nuvens escuras, anunciavam que uma tempestade de última hora, estava para vir.

_ Está ficando tarde, eu vou para casa. Tenha uma boa noite.

_ Você também.

Ele já estava indo embora, quando, eu apenas me aproximei, e o me apoiei em seu braço, para assim virá-lo em minha direção, e finalmente conseguir alcançar meu alvo, que era sua bochecha.

                Fiquei alguns segundos nesta mesma posição, pois a vergonha que eu sentia havia me paralisado. Eu já sabia mais o que fazer.

_ Obrigada por tudo.

Sussurrei após deixar uma lágrima escapar, e logo em seguida adentrei em casa. Mas antes, pude olhar e ver um Goenji um tanto confuso me olhando de lado, e depois seguindo seu caminho.

                A noite parecia que nunca iria ter fim. Já eram 03h00min da manhã, quando finalmente consegui pegar no sono, logo após a tempestade desabar e com ela, vir um pouco de sossego para minha mente. Pois naquele momento, era apenas tudo o que estava precisando.


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Notas finais do capítulo

Bom, se você ao menos leu, deixe um review.
Seja crítica, sugestão, ou até um elogio ^^ .
Ah, e muitíssimo obrigada a todos que leram ♥ .