Quando os espasmos de Riddle passaram, Rose levantou seu rosto do peito do homem e o encarou. Seus olhos estavam fechados em uma expressão sofrega, sua respiração estava pesada e sua pele pingava suor.

_ Tom… - Rose chamou com a voz pequena.

Tom abriu os olhos. Seus olhos encontraram os de Rose. Ela estava bonita, ele pensou, sentia vontade de dizer isso à ela, mas a dor havia o dilacerado. As mãos pequenas da garota faziam carinho no cabelo do rapaz.

_ Você precisa se deitar Tom. Vamos, me ajude. - Rose falou.

A garota puxou o braço de Tom, dando impulso para que ele se levantasse. Apesar do corpo mole e cansado, Tom levantou se. Caminhou até o quarto apoiado em Rose, não que fizesse muita diferença, já que a garota devia ter um pouco menos da metade de seu tamanho.

Foi como um alívio quanto seu corpo bateu contra o colchão macio da cama, sentiu um cobertor ser jogado em suas pernas e o vento frio do ventilador.

Seus olhos foram pesando de exaustão e então pegou no sono.

Rose estava morrendo de preocupação. Havia decidido fazer uma sopa com o resto de comida que ainda havia ali, mas mal podia se concentrar, já que roía as unhas de curiosidade e rezava para que Tom acordasse logo. O susto que havia tomado quando ele caiu ao chão gritando, seu corpo se sacudindo, quase fez seu coração parar. Só de pensar que momentos antes estavam quase… Oh, ela corou ao lembrar.

Sua mãe a recriminaria se soubesse o que quase havia feito com Riddle, mas logo depois lembrou se que sua mãe não era sua mãe. Abaixou a cabeça e mordeu o lábio inferior. Não é hora de chorar, ela repetia para si mesma.

Prendeu os cabelos em um coque, respirou fundo e limpou a lágrima rebelde que havia escorrido. Quando terminou a sopa, seu estômago reclamou de fome, mas Rose recusou se a comer. Só havia comida suficiente para uma pessoa e essa pessoa seria Tom, ele precisava mais do que ela.

Foi tirada de seu transe quando ouviu o rangido da cama e assumiu que Tom havia acordado. Levando a sopa morna nas mãos, abriu a porta do quarto com um sorriso fraco. Tom Riddle estava sentado na cama e esfregava os olhos sonolentamente.

Rose pigarreou e o olhar de Tom voltou se para ela.

_ Fiz sopa para você. - Ela disse

A menina estendeu o prato para ele que aceitou. Porém, não sorriu ou agradeceu. Rapidamente começou a comer, deveria estar faminto. Rose sentou se na beirada da cama e passou a mão por seus cabelos nervosamente.

_ Tom - Chamou - Sei que provavelmente irá se irritar com isso, mas o que raios aconteceu na sala hoje?

Tom nem ao menos levantou seu olhar. Ou ele não a ouviu, ou ele havia a ignorado na cara dura. Rose acreditava mais na segunda opção.

_ Riddle, eu preciso saber! Em um momento você estava bem e em outro você estava se contorcendo no chão de dor, você me deve respostas!

_Não lhe devo nada. - Cortou - O que faço não é da sua conta, não ache que porque eu ainda aturo você que nós temos algum tipo de relação. O que aconteceu na sala, não voltará a acontecer. E eu estou falando das duas coisas.

Rose engoliu a seco. Levantou se da cama e andou exasperada pelo quarto. Tom ainda comia calmamente e isso a deixava ainda mais irritada.

_ É magia negra, não é?! Você está se envolvendo com artes da trevas, eu sei disso! - Rose disse gesticulando nervosamente - Riddle, isso vai lhe destruir, por favor pare…

_ CALA A SUA BOCA! - Riddle gritou em um relampejo de raiva.

O prato de sopa voou longe enquanto ele levantava se da cama irritado. Sua face contorcida em uma expressão de raiva, seus punhos cerrados.

_ Escute bem, Rose. - Ele disse o nome da garota em escárnio - Eu vou lhe ajudar, simplesmente porque eu preciso de você, não porque eu estou sendo bonzinho. Eu quero aquele maldito feitiço que seu antepassado criou e eu vou conseguir ele.

Seus olhos estavam vermelhos, o que fez Rose recuar. Mas sua demonstração de medo, apenas fez com que Riddle se senti se mais forte. A tontura e dor que sentira a horas atrás estava se esvaindo. Uma força poderosa de revitalização se apoderava de seu corpo. Ódio. Raiva.

_ E você vai me ajudar, ruiva. Quer você queira ou não, porque se não eu juro que lhe entrego para aqueles que mataram a sua querida avó. E lhe prometo que eles vão fazer muito pior coisas muito piores com você.

Rose não tinha mais forças. As palavras cruéis de Riddle atingiram a como uma flecha no peito. Ela não era importante para ele, ele não sentia o mínimo de afeto ou amizade por ele. Ele não sentia por ela, o que ela sentia por ele. E isso a machucava. Ali, na frente da pessoa que havia a maltratado, ela chorou. Chorou copiosamente e esperou que ele viesse consolá la, mas ele não veio.

Ele continuou a assistindo.

No momento em que Rose caiu no chão, a dor que Riddle sentia voltou dilacerando seu ser. Ele sabia o que isso significava. Remorso. Ver Rose tão fragilizada, chorando por sua causa, o fez sentir remorso e ele não podia. Saiu do quarto batendo a porta. Tentando esquecer o barulho do choro da menina, colocou seu casaco por cima do peito desnudo e seus sapatos e saiu.

Usou o capuz para cobrir sua cabeça e deixou sua mente vagar. Ainda sentia dor, mas não era tão intensa quanto aquela. Era apenas uma queimação incomoda dentro de seu peito.

Ele odiava quando pessoas tentavam dizer o que era certo ou errado em sua vida. O que ele deveria fazer ou não. E as palavras de Rose o irritaram profundamente. Sentou se em um banco de um praça, respirou fundo e tentou focar na voz de Rose, dizendo as palavras que tanto o irritaram. Sentindo o ódio se apossar dele, a dor aos poucos foi indo embora. Ele respirava fundo, tentando matar todo o sentimento bom ou remorso que ele sentia. Apalpou a parte interna de seu casaco e sentiu a capa dura do diário, alívio percorreu seu corpo.

Estava a salvo.

Sem Rose.

Tom odiava Rose. Odiava por que ela o fazia sentir compaixão e remorso. Coisas que raramente havia sentido, e isso era odioso. Pelos céus, ele a odiava mas ainda sim a desejava. O porque disso tudo ele não compreendia.

O único sentimento que já havia sido tão grande assim, fora sua sede de poder. E agora Rose e seus cabelos ruivos traziam uma enxurrada de coisas que ele não queria e não deveria sentir.

Rose era seu pior pesadelo no momento, mas precisava dela. Precisava do poder dela. Precisava do feitiço que seu antepassado criara e que ela era a chave.

Como consequência, precisava mantê la a salva. Ao seu lado.