Save Me escrita por Milena


Capítulo 1
Capítulo 1 - A lenda


Notas iniciais do capítulo

Bom, esperem que gostem. É a minha primeira fic sobre Harry Potter, então não sei se ficou boa.



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O inverno estava rigoroso, pequenos flocos de neve estavam espalhados pelo jardim de Hogwarts, o sol brilhava tímido no alto do céu nublado. A garota de cabelos ruivos desbotados estava sentada sobre a arquibancada de quadribol sentindo os pequenos flocos batendo sobre seu rosto e mais uma vez estava sozinha. Rose Jones era solitária, uma grifinória solitária dona de olhos cor de mel resplandecente, cabelos ruivos desbotados e lisos que formavam cachos nas pontas e caiam como cascatas sobre seus ombros, pele branca como a neve, boca avermelhada e carnuda, bochechas rosadas discretamente e curvas perfeitas escondidas debaixo das grandes vestes de Hogwarts. A menina brincava com uma pequena bola de neve que havia feito há minutos atrás, quando um grupo de meninas e meninos passou pelo local, riam de alguma piada gostosamente e tentavam e com as vestes tentavam se proteger dos flocos de neve, nenhum deles a notou, pois bem, a garota melancólica não se importou, já estava tão acostumada a ser invisível, que só poderia se sobressair um pouco com as notas exemplares. Enquanto olhava o campo de quadribol, se lembrou de seus pais, brilhantes grinfinórios, seu pai ajudara a Grifinória a ganhar a taça das casas contra a Sonserina, seu maior orgulho era o quadribol. Rose se sentia rejeitada, mal sabia montar em uma vassoura, quando menos jogar quadribol, por inúmeras vezes tentou entrar para o time, porém sempre era humilhada com piadinhas. Os flocos de neve começavam a cair mais forte, Rose não se importou toda aquela imensidão de branco a trazia paz.

Os corredores de Hogwarts já não estavam tão movimentados, a maioria de seus alunos agora se encontrava na sala comunal de suas respectivas casas, afinal o herdeiro de Salazar Slytherin estava à solta, os ataques constantes e Câmara Secreta estavam reaberta. O garoto de olhos azuis gélidos e duros agora passeava pelos corredores, com a expressão séria em direção ao lado de fora da escola. Tom Riddle era um sonserino exemplar, com ótimas notas e monitor, porém escondia segredos, ele era o herdeiro de Salazar Slytherin. Ao caminhar finalmente chegou até o campo de quadribol donde avistou a silhueta de uma menina, por culpa da neve que caia só pode reparar nos cabelos ruivos desbotadas dançando ao vento, a forma graciosa que ela tentava retirar a neve de seu rosto e cabelo, os olhos cor de mel brilhante. Tom se sentiu tonto, como nunca havia reparado tamanha beleza em uma aluna? A garota parecia tão solitária aos seus olhos, tão melancólica. Não entendia o porquê de uma garota tão bela quanta aquela estar sentada na arquibancada sentindo a neve cair em seu rosto, Tom desviou os olhos da menina e continuou seu caminho a procura de Hagrid. Sua cabeça que antes era ocupada por planos astutos sobre arte das trevas agora deu lugar aos olhos cor de mel, vistos por ele.

A menina percebeu que já passara muito tempo ali, levantou-se da arquibancada e caminhou em passos rápidos até a parte coberta da escola, sacudiu as vestes se livrando da neve e passou a mão pelos cabelos. Adentrou a escola indo em direção à sala comunal da Grifinória, avistou o retrato da mulher gorda e se aproximou dizendo a senha: - Focinho de Porco. O retrato da mulher gorda se abriu revelando a sala comunal, a lareira estava acesa e fogo crepitava, as poltronas vermelhas estavam ocupadas por vários alunos assim como o resto da sala que pareceram não notar a entrada da menina. Acostumada Rose apenas subiu as escadarias do dormitório feminino e adentrou seu quarto que agora se encontrava vazio, Rose dividia o quarto com outras duas garotas, Katie Bell uma garota de cabelos crespos e ruivos e Karina Cook uma mestiça de cabelos loiros e curtos, ambas não suportavam Rose e pior é que não havia motivo, elas nunca ao menos conversarem, porém Katie e Karina nutriam um ódio profundo da pobre menina. Rose despiu as vestes que estava repleta de flocos de neve, tomou um banho quente e colocou uma roupa confortável, uma calça jeans grossa e um suéter com o emblema de Hogwarts. Penteou os cabelos ruivos recém-lavados e os deixou solto, Rose sentou-se sobre sua cama ao lado de janela e observou a neve ainda caindo, não havia ninguém ali, não havia ninguém aproveitando a neve e se divertindo. A menina buscou em seu malão o pequeno diário. A capa era grossa e branca com as iniciais R.J em dourado, Rose abriu seu diário e buscou uma pena branca e começou a escrever.

Quinta feira – 15 de dezembro de 1943

 Como sempre, eu estava sentada na mesa da Grifinória em um canto isolado, novamente eu estava sozinha quando as corujas entraram pelas janelas entregando cartas ao seu dono. Eu esperei, esperei que alguma carta de meus pais viesse que alguma coruja me entregasse. Mas não aconteceu. Afinal, por que eu me iludo tanto ainda? Meu pai nunca mandaria carta para mim, já que sou a vergonha da família, já que não dei tantas honrarias a ele como Charlotte, nunca ao menos consegui entrar para o time de quadribol. Lembro-me de depois disso, ter largado meu café da manhã ainda intacto sobre a mesa e sair correndo dali, novamente ninguém percebeu, às vezes eu achava que eu deveria estar usando a capa da invisibilidade, por mais que eu fizesse todo o barulho do mundo, ninguém me notava ninguém prestava atenção. E eu era grata por isso, até aquele momento onde me amaldiçoei até o último fio de cabelo por desejar atenção. A minha frente estava à pessoa que eu mais odiava no mundo, Abraxas Malfoy, junto com seus dois cachorrinhos de estimação. Lembro-me de suas palavras e o quanto isso me machucou, e foi aí que percebi o quanto Abraxas poderia ser cruel afinal ele um Sonserino. Depois de sair correndo dali ouvindo as piadas maldosas de Malfoy e seus seguidores, corri até o campo de quadribol, lá eu teria paz, lá eu poderia chorar até me faltarem lágrima, ninguém veria afinal ninguém treinava àquela hora. Eu não chorei, somente pensei em minha vida, até o começo das aulas. A primeira era de Defesa Contra Artes Das Trevas, definitivamente a que eu mais gostava, então quando todas as aulas terminaram eu voltei ao campo de quadribol sentindo os pequenos flocos de neve caindo sobre mim.

Depois de longas horas sentindo os flocos de neve em minha pele, um frio terrível e vendo os pontinhos brancos tomarem conta do lugar, levantei-me e segui até o dormitório de Grifinória, ninguém por sorte percebeu meu estado deplorável, suja de neve e com os cabelos cor de fogo bagunçados. Por fim, me livrei daquela roupa e fiquei aqui, no meu quarto, no meu refúgio.

Rose fechou o diário sentindo os olhos marejarem, era tão difícil para a pobre garota aceitar que nunca seria boa o bastante para o pai. Segurou as lágrimas, e repousou o diário sobre o criado-mudo, a porta foi aberta revelando Katie, os cabelos crespos e ruivos estavam presos em um coque mal feito, vestia uma calça jeans surrada, uma camisa social e uma gravata com as cores da Grifinória, os olhos castanhos miravam Rose com desdém. Sem pronunciar uma única palavra, a garota se dirigiu até seu criado mudo e buscou algo lá dentro, escondeu o mesmo dentro das vestes e saiu, não sei antes falar com arrogância.

- Não irá jantar? – Katie perguntou a Rose que mantinha a cabeça baixa. Surpreendida, a menina encarou a outra.

- Ahn... Daqui a pouco irei. – respondeu tentando manter a calma.

Katie não a respondeu, apenas bateu a porta e saiu. Rose simplesmente não entendia os motivos para a odiarem tanto, para simplesmente ignorarem ela. Levantou-se da cama, deu duas passadas de mão em sua roupa, ajeitou os cabelos ruivos e saiu do dormitório. Por sorte não encontrou com Abraxas ou algum sonserino estúpido no caminho.

Um pouco longe dali Tom Riddle caminhava pelos corredores do terceiro andar agora vazios, sua mente estava conturbada e lotada de pensamentos. Chegou ao salão principal e se dirigiu até a mesa de Sonserina, comeu em silêncio, não queria ninguém o importunando. Foi quando seu olhar parou nela, Rose. Sozinha na mesa da grifinória, a garota remexia a comida intacta, estava cabisbaixa. Porque Tom estava prestando tanta atenção nesta garota? Nem ele mesmo sabia, ele não sabia desvendar o mistério e a dor dos olhos cor de mel de Rose. Quando terminou de comer, levantou-se lançando um último olhar involuntário para a menina e caminhou até a sala comunal da Sonserina, que ficava nas masmorras.

O dia amanheceu com o céu nublado, os flocos de neve ainda caiam e o sol brilhava fracamente. Rose se remexeu na cama e por fim levantou, com os cabelos ruivos embaraçados, os olhos inchados e o pijama de flanela amassado. A garota fez sua higiene sem ao menos se importar em dar bom dia a suas companheiras de quarto, vestiu-se com o uniforme de Hogwarts, penteou os cabelos ruivos e os deixou soltos. Sua primeira aula do dia era poções com os alunos da Sonserina, Rose estremeceu quando se lembrou, teria de aturar novamente Malfoy e suas piadas infames. Dirigiu-se até o salão principal e sentou-se novamente em seu cantinho isolado – e preferido – da mesa da Grifinória, comeu em silêncio afinal ela não tinha ninguém com quem conversar.

Pegou os livros necessários e subiu até as masmorras, o vento frio que soprava fez os cabelos cor de fogo da menina se esvoaçarem no ar, olhava distraída para um canto quando ouviu a voz irritante de Abraxas Malfoy.

- Ora, ora, ora se não é a ovelha negra da família Jones? – O loiro disse passando os dedos pálidos pelos fios ruivos do cabelo de Rose. A menina baixou a cabeça e tentou ir em direção à sala, porém Abraxas a impediu.

- Calma aí! Me diz Rose sem graça Jones, como é ser a vergonha da família? – Abraxas perguntou sarcástico.

- N-não s-se-sei, me-me diz v-v-oc-ê – Rose gaguejou, sua face ficou rubra. Sentiu um soco na boca do estômago, doía ouvir isso.

- O quê? – Abraxas perguntou.

O garoto soltou uma gargalhada alta e irônica que foi interrompida pela voz dele, Tom Riddle.

- Deixa ela em paz Malfoy – disse o garoto friamente, mandou um olhar tenebroso e ameaçador a Malfoy que com o nariz empinado se dirigiu até a aula.

- Você está bem? – perguntou o garoto novamente usando seu tom frio e seco.

- Sim. – Rose levantou os olhos e respondeu.

Os olhares se cruzaram fazendo com que uma sensação descomunal percorresse o corpo de ambos. Rose examinou com cuidado cada feição daquele rosto duro, os olhos castanhos esverdeados que lhe lembrava gelo, como se não houvesse sentimentos. Os cabelos arrumados e castanhos, a pele clara e os lábios avermelhados que formavam agora uma linha reta. Tom assim como a menina examinou seu rosto com perfeição, mas se perderam nos olhos cor de mel, por um momento pensou ter visto o néctar das abelhas ali, tão puro e adocicado. Mas logo caiu em si, o que Tom Riddle fazia observando os olhos de uma garota?  Deu as costas a Rose e caminhou até sala podendo ouvir os passos cautelosos da menina atrás dele. Antes que pudesse entrar na sala, sentiu a mão pequena e quente da menina ser postada em seu ombro. Virou o rosto lentamente e encarou os olhos no qual pela primeira vez na vida, pode se perder.

- Ahn... Eu queria agradecer por ter me ajudado, você sabe... Com Abraxas – Rose sentiu as bochechas queimando, deveria estar mais vermelha do que seus cabelos.

- De nada, só tome mais cuidado com Malfoy – disse seco. Procurou um lugar vazio e se sentou.

A sala estava vazia, a não ser por Abraxas e seus cachorrinhos, Tom e Rose. A menina se sentou o mais longe possível de ambos, na última cadeira do canto esquerdo. Abriu o livro de poções e mergulhou lá dentro.

A aula passou rapidamente, agora teria Defesa Contra Artes Das Trevas, Grifinória estaria sozinha. Rose fechou o livro grande e com capa esverdeada de poções e correu para fora das masmorras, assim como todos os alunos da Grifinória. Odiava as masmorras, eram úmidas, frias e assustadoras. Rose pegou o livro sobre DCAT e se dirigiu até a sala. As aulas passaram assim, rapidamente, quando a garota deu por si o sol já estava se pondo.

Rose Jones – Point Of View

Sentei-me na cama entediada, não sentia a mínima vontade para jantar, não queria ter de encarar aqueles alunos e passar por invisível novamente, ninguém sabe o quanto isso machuca. Peguei em cima do criado mudo, um velho livro de capa grossa que havia pego na biblioteca mais cedo, abri-o em uma página aleatória, onde em letras garrafais estava escrito.

                                ‘’ A LENDA DO HERDEIRO DE SLYTHERIN ’’

Fixei meu olhar nas palavras do título. A folha era velha e amarelada e as letras estavam apagadas, mas ainda sim dava para entender. Minuciosamente comecei a ler as letras miudinhas.

‘’ Salazar Slytherin era conhecido como um dos quatro bruxos fundadores de Hogwarts, mas ao contrário de Helga Hufflepuff, Godric Gryffindor e Rowena Ravenclaw queria que a escola fosse frequentada  somente por bruxos sangue-puro. Antes de partir, reza a lenda, que Salazar Slytherin teria construído a Câmara Secreta e aprisionado lá dentro o basilisco e somente seu herdeiro poderia abrir a Câmara novamente para que sua missão fosse completada, livrar Hogwarts de nascidos trouxas {...} ‘’

Rose POV Of

Rose largou o livro sobre a cabeceira da cama assim que a porta do quarto foi aberta. Katie e Karina conversavam baixo sobre algum assunto, que a garota deduziu ser confidencial. Rose levantou-se da cama e empurrou o cobertor para o lado, pronta para se deitar quando ouvir Katie cochichar a Karina ‘’ – Sim, sim, o herdeiro de Slytherin está a solta! Uma lufana, foi atacada hoje... ‘’

‘’ – então a lenda é verdadeira! ‘’ Pensou Rose enquanto se aninhava na cama. Ela só queria dormir, não iria ao menos jantar, só precisava dormir. E como o destino é tão bom, ela dormiu sonhando com certos olhos gélidos. 


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Notas finais do capítulo

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