A Funcionária escrita por DennyS


Capítulo 5
Capítulo - V - Enfim, uma decisão


Notas iniciais do capítulo

Chega o momento de tomar uma decisão. Mas será a decisão certa? Boa leitura!



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~*V*~

Enfim, uma decisão

Segunda-feira.

Depois de um final de semana de merda, cheguei bem cedo à central de cobranças para saber que a Sakura não estava mais lá. Ela havia pedido demissão na sexta-feira e o pior, Konan não se lembrava do nome da empresa para onde ela estava indo. Não era realmente um problema, eu poderia conseguir facilmente essa informação, mas depois da decisão que tomei no último fim de semana, mesmo que fosse uma decisão difícil, eu tinha que seguir com ela.

Não fui até a central de cobranças naquela manhã para trabalhar. Eu fui até lá assinar a minha demissão e entregar o cargo que sempre pertenceu ao meu amigo Naruto.

Não foi uma decisão fácil de tomar, mas eu não tinha escolha. Tinha que desistir daquela loucura, tinha que acabar com aquela agonia que me consumia por causa de uma mulher que eu mal conhecia. Minha mente foi aberta, minha razão voltava aos eixos. Aquela decisão faria minha rotina voltar ao normal, enfim.

E você me pergunta, o que me fez tomar a porra dessa decisão?

Na última quinta-feira, depois que Sakura sumiu das minhas vistas naquela calçada movimentada, logo após eu ter lhe feito um curativo no joelho, meu celular tocou. Era uma ligação da minha mãe. Ela me ligava regularmente, mas mesmo assim fiquei surpreso com a sua ligação. E ainda mais surpreso com a urgência dela em me ver, ainda naquele final de semana. Como eu havia notado o desespero disfarçado na sua voz, eu aceitei.

Naquele mesmo dia fui com o meu jatinho particular para o norte de Tóquio. Minha mãe parecia bem quando cheguei em casa naquela noite, mas notei uma preocupação intensa no seu olhar. Tudo estava bem até a manhã de sexta-feira.

–Como você está querido? – perguntou minha mãe quando nos sentamos à mesa para o café da manhã. – Eu soube pela Tsunade que você não conseguiu ficar mais de uma semana no meu chalé. Não foi exatamente o descanso que você estava procurando?

Droga! Tsunade e sua boca grande.

–Minha tia esteve aqui? – perguntei tentando disfarçar a raiva. O que mais ela poderia ter dito a minha mãe? Tsunade sabia como minha mãe se preocupava com seus filhos. Era uma preocupação de mãe, mas de uma mãe exagerada. Eu não a culpava, no entanto. Minha mãe havia ficado solitária quando o meu pai morreu e seu único apoio era os seus filhos. Por isso eu fazia o máximo para não preocupa-la com assuntos que eu mesmo podia resolver.

–Sim, ela foi em Konoha a negócios e acabou me fazendo uma visita na volta. – ela respondeu pensativa, como se buscasse as palavras certas. – Nós estávamos conversando sobre você, e...

–Vocês beberam? – eu a interrompi tentando sem sucesso conter a minha irritação. Eu tinha certeza que se Tsunade tivesse ingerido álcool quando conversou com a minha mãe, eu estaria perdido.

–Ah... Um pouco de vinho. – minha mãe respondeu corada e eu me esforcei muito para não quebrar a xícara em minhas mãos. – Não culpe a sua tia por me contar as coisas. Se dependesse de você eu nunca saberia como você está.

–Mãe...

–Sasuke, sua tia me contou porque se preocupa com você. – ela me interrompeu, mas eu não tinha tempo para isso.

–O que ela contou a você? – perguntei sem rodeios. Tinha que ouvir de uma vez o que ela tinha para me dizer.

–Ela me contou que você substituiu um amigo em outra empresa para se afastar um pouco da Corporação. – ela fez uma pausa, mas eu sabia que tinha mais, então esperei, tentando parecer o mais calmo possível. – Eu não me preocupei com isso, porque ela me assegurou de que era o melhor a ser feito, de que você estava contente em trabalhar em um lugar diferente onde ninguém o conhecia. Fiquei feliz por saber que você estava feliz.

–Mas? – perguntei quando ela ficou em silêncio novamente.

–Ela me contou sobre uma mulher. – fechei meus olhos por um momento. Se não fosse o respeito que tinha por minha tia eu a xingaria agora mesmo. – Sasuke, você pediu que ela pesquisasse sobre essa mulher, o que foi que deu em você?

–Mãe...

–Tsunade me disse que você tem andado estressado, ansioso, impaciente por causa dessa mulher. Sabe que isso não é saudável, você se lembra o que aconteceu da última vez?

–É claro que eu me lembro. – a interrompi, mas ela não me ouviu.

–Eu me lembro como você ficou arrasado e tentava disfarçar, aquilo me doía o coração! – vi minha mãe tapar o rosto com as mãos e começar a chorar. Senti um aperto profundo no meu peito. Eu odiava vê-la chorar, porque me lembrava dos meses após a morte do meu pai. – Eu não quero que você sofra novamente, Sasuke! A pessoa certa vai aparecer para você! Não entregue seu coração para uma estranha que pode estar enganando você...

Eu me levantei e me aproximei dela, cercando seus ombros com o meu braço.

–Mãe, você não tem que se preocupar comigo. Eu já sou bem crescido. – minha mãe ainda soluçava escondendo o rosto, mas parecia menos tensa.

–Me prometa, filho. Por favor, prometa que não vai se maltratar dessa maneira? Não vai sofrer por uma mulher que não o mereça.

–Eu prometo. – murmurei beijando seu rosto. Eu havia prometido porque simplesmente não conseguia dizer não a ela, não porque estava decidido se iria me machucar ou não. Como eu poderia saber o que me esperava?

–Você pode fazer mais uma coisa por mim? – ela perguntou limpando os olhos.

–Sim, mãe. Qualquer coisa.

–Me acompanhe em um jantar hoje à noite na casa dos seus tios?

Droga! Eu sabia o que ela estava planejando. Minha mãe tentava me empurrar para cima da afilhada dos meus tios desde que eu era adolescente. Ela adorava aquela garota e um dia chegou a admitir na minha frente que a queria como nora. Merda! Eu não podia acreditar que ela iria insistir nessa história. Mais uma vez.

Mas agora já era tarde, eu disse qualquer coisa, então relutantemente respondi que sim. Eu iria na droga do jantar.

~*~*~*~

–Akemi, como você está linda! – ouvi minha mãe dizer pela terceira vez naquela noite desde que chegamos à casa dos meus tios. – Não concorda, Sasuke? A Akemi não está deslumbrante?

Olhei brevemente para Akemi. Ela tinha vinte e poucos anos, tinha os cabelos em tom de loiro escuro, seus olhos eram azuis e tinha um sorriso bonito. Passei a minha infância com ela, eu a tinha como uma prima. Nunca a vi de maneira diferente.

–Sim, bela* como o seu nome. – respondi pela milésima vez.

Eu estava na sala de estar ao lado da minha tia Naoko. Ela lia uma revista enquanto eu bebericava um pouco de café. Minha mãe estava do outro lado da sala, sentada ao sofá ao lado de Akemi e dos meus dois primos pequenos. Meu tio estava em sua poltrona fumando um charuto.

–Eu pediria para você dar um tempo a ela, mas acho que já te pedi isso alguns anos atrás. – ouvi minha tia cochichar para mim, sem tirar os olhos da revista. – A dor da perda é algo irreparável para algumas pessoas. Principalmente para a minha irmã.

–Eu sei, tia. – murmurei enquanto observava minha mãe conversar com Akemi com um sorriso do tamanho do sol.

–Ela tem medo de perder você também.

Eu também sabia disso. Mas não podia deixa-la comandar a minha vida ou escolher a mulher com quem eu deveria me casar.

–Ela se culpa, Sasuke. – eu olhei para a minha tia. – Ela se culpa pelo que aconteceu com o seu casamento. Ela acha que você se casou por causa dela e do legado dos Uchiha. Ela não quer que você sofra novamente para não se sentir mais culpada.

–Não foi culpa dela. – murmurei cerrando os punhos. – Foi meu erro e não vai se repetir.

–Você tem certeza?

Olhei para a minha mãe novamente. Estava sorridente, rindo de alguma coisa que as crianças falaram.

–Sim. Tenho certeza.

*~*~*~*~*

Passei o resto do final de semana confinado na casa dos meus tios, sendo forçado pela minha mãe a conversar com Akemi em todo momento. Eu não conseguia disfarçar o meu desgosto pela situação. Não conseguia me concentrar nos assuntos dela, não conseguia me interessar por nada que ela me falava. E Akemi, sendo esperta como era (graças a Deus), percebeu e me deixou em paz.

Cada minuto que passava meus pensamentos me levavam para Tóquio, para Sakura. Me perguntava o que ela estava fazendo, com quem e como ela estava. Me vi sentindo falta dela ao mesmo tempo em que as palavras da minha tia me vinham a cabeça. Minha mãe se sentia culpada pelo meu erro. Minha desgraça havia feito ela sofrer também. Se eu cometesse o mesmo erro e a fizesse sofrer mais uma vez, eu é que me culparia e nunca me perdoaria.

Foi então que percebi que tinha que tomar uma decisão, voltar a minha razão. Eu sentia algo intenso por Sakura Haruno, alguém que eu mal conhecia e que eu nem ao menos sabia se sentia algo por mim. Eu estava me arriscando tolamente. Eu nunca agi de maneira impulsiva, arriscando meu futuro a esse ponto. Tudo que eu fiz na minha vida foi devidamente planejado para não impactar no meu futuro. Que droga eu estava fazendo? Isso era loucura. A porra de uma loucura. Eu tinha que acabar com ela antes de ser consumido de uma vez.

No domingo, algumas horas antes de voltar para Tóquio eu havia tomado a minha decisão. Estava na hora do Naruto tomar de volta o seu cargo na central de cobranças e estava na hora de voltar às minhas responsabilidades. Eu tinha um nome a zelar. O nome do meu pai.

Eu tinha que apagar Sakura Haruno da minha mente.

*~*~*~*~*

Voltei ao centro de Tóquio e na segunda de manhã, fui pego pela surpresa de que Sakura Haruno havia pedido demissão. Embora estivesse conformado em acabar com qualquer esperança entre nós dois, me senti decepcionado quando não a encontrei lá. Pode ter sido obra do destino provando que eu havia tomado a decisão certa e evitando qualquer arrependimento e uma despedida, mas eu não podia evitar aquele pesar dentro de mim.

A tarde de segunda-feira correu bem quando todos da central receberam Naruto de volta. Eu saí do prédio depois de uma despedida rápida do pessoal da equipe que trabalhou comigo nos últimos três meses. Minha cabeça só processava um nome, repetidamente: Sakura, Sakura, Sakura...

Praguejando, segui o meu caminho até o estacionamento do prédio empresarial. Depois que peguei meu carro, dirigi com um único lugar em mente para ir: Takana’s Bar. Eu precisava urgentemente de uma bebida forte. E de ficar sozinho com meus pensamentos. Eu já havia tomado uma decisão, mas porque não me conformava? Eu não tinha tempo para esperar passar. Sakura Haruno tinha que desaparecer de vez da minha cabeça!

Cheguei ao bar meia hora depois e fui direto ao balcão. Pedi duas doses de vodca e me sentei. Virei o primeiro copo de um só gole e quando estava prestes a virar o segundo, fui interrompido.

–Bebendo em plena segunda-feira, Uchiha? Isso não é um bom sinal.

Apertei o copo entre meus dedos e faltou muito pouco para que o quebrasse. Sasori Akasuna acabara de se sentar ao meu lado no balcão com aquela cara escrota de quem adora me provocar. Em todos os bares que existem na porra da capital, ele tinha que aparecer justo no mesmo em que eu estava?

Deixei o copo sobre o balcão para fechar minhas mãos em punhos, contando os segundos em que aquela cara fodida seria saudada com um soco.

–Não existe dia ruim para beber, Sasori. Principalmente para você. – ouvi a voz de outro funcionário da CGCG, mas não movi um músculo para olhar para ele. Era Deidara, amigo do Akasuna. Embora fosse amigo daquele filho da puta, era um bom funcionário. Não seria justo demiti-lo apenas por esse motivo, mesmo que fosse um imbecil de primeira.

–Não incomodem o Uchiha-sama. Sabem o motivo de estarmos aqui.

Porra! Todos os imbecis daquela empresa decidiram beber na segunda-feira, no mesmo bar em que eu estava?

Virei-me e lá estava Rock Lee com aquela cara bajuladora, ao seu lado Neji Hyuuga. Ele era o executivo chefe da empresa, um amigo e um dos poucos homens de confiança que eu tinha.

–Sasuke. – disse ele em cumprimento com a expressão séria. Pelo que eu sabia, ele era tão amigo do Sasori ou do Deidara quanto eu e não parecia muito contente de estar ali.

–Desculpe incomodá-lo, Uchiha-sama. – olhei para o idiota do Lee sem alterar a minha expressão assassina. Por que aqueles filhos da puta estavam tomando o meu tempo? – Viemos comemorar o noivado do Neji. Não precisa ir embora por nossa causa, Uchiha-sama. – disse Rock Lee parecendo desesperado. – Junte-se a nós.

–Meus parabéns pelo noivado, Neji. Já estou de saída. – afirmei abrindo a carteira e pagando os dez copos de vodca que eu iria tomar se não fosse interrompido. Segui na direção da saída do bar. Se eu ficasse mais um segundo, o Akasuna começaria com as suas perguntas e eu descontaria toda a minha frustração do dia naquele desgraçado.

Claro que eu não me incomodaria nenhum pouco por isso, mas eu não queria passar uma noite na cadeia por uma briga de bar. Amanhã eu voltaria ao comando da Corporação Global de Computação Gráfica. E tudo, absolutamente tudo voltaria ao normal.

Era o que eu esperava.

*~*~*~*~*

Sexta-feira.

Parecia que os dias estavam muito longos. Eu senti como a mudança foi impactante desde que voltei para a liderança da Corporação. O trabalho era dobrado, havia mais compromissos e toda aquela ocupação foi um remédio para a minha mente. Eu estava tão ocupado que pensar em Sakura Haruno, havia diminuído de maneira considerável. Não totalmente, mas estava em nível baixo.

Eu sabia que o tempo me faria esquecer. Era uma questão de aprender a ser paciente. Aprender, porque eu não era e nunca fui alguém com paciência.

–O senhor vai almoçar no seu escritório, Sr. Uchiha? – perguntou Konohamaru quando entrou na minha sala. – Abriu um restaurante grego na esquina. Eles fazem entregas.

–Não, obrigado. Eu vou almoçar no Sapori di Italia** hoje. – respondi pegando meu casaco, o cachecol e as minhas luvas. Passei mais de seis horas dentro daquele escritório. Eu precisava urgentemente de um cenário diferente.

Saí do edifício da Corporação e caminhei até o restaurante italiano. Cheguei em poucos minutos.

–Boa tarde, posso ajuda-lo? – me perguntou uma sorridente recepcionista.

–Mesa para um, por favor.

–Me acompanhe, por favor, senhor.

Quando entrei no restaurante, antes que eu pudesse retirar o meu casaco, meus pés fincaram no chão. Eu não podia acreditar no que os meus olhos estavam vendo. Eu senti um choque tão forte que meus pensamentos ficaram embaralhados.

–Senhor? – a recepcionista parou na minha frente, mas ela era uma cabeça mais baixa. Eu ainda podia olhar por cima dela.

Eu via Sakura. A Sakura Haruno, causadora de toda essa confusão da minha mente, sentada a uma mesa com ninguém menos que Sasori Akasuna.

No minuto seguinte ao meu choque, algo mais intenso cresceu dentro de mim. Raiva. Uma raiva que custaria muito para ser controlada. Como eu pude ser tão idiota? Como eu pude deixa-la me enganar? Eu era assim tão estúpido a respeito das mulheres? Me deixei ser encantado pelo sorriso, pela beleza, pela jovialidade dela para não enxergar que era tudo mentira?

Fiquei tão extasiado naquela noite quando ela ameaçou me matar pela minha insinuação. Ela ficou irada ao me ouvir dizer que ela estava seduzindo o supervisor chefe para conseguir uma indicação. Ela representou toda aquela indignação?

Não. Eu não podia ser tão cego a esse ponto. Alguma coisa estava muito errada. Não podia ser. Se ela estivesse trabalhando na Corporação, eu saberia. Não saberia?

Droga! Claro que não. Eu ficava a maior parte na cobertura do prédio onde ficava o escritório presidencial e as salas de reuniões. Eu tinha voltado há três dias, era improvável encontra-la nos corredores de um prédio tão grande como a CGCG.

Não tinha como ser uma coincidência. Sakura havia conseguido o que queria através do desgraçado do Akasuna e eu não podia me sentir mais idiota do que já estava. Essa decepção só me provava que eu havia, de fato, tomado a decisão certa em exclui-la da minha mente, da minha vida, do meu... coração.

Era bem provável que ela já soubesse quem eu era e nesse momento poderia estar caçoando do infeliz dono da Corporação Global que foi um supervisor na central de cobranças. Rindo às minhas custas com o desgraçado do Akasuna.

–O senhor está bem? – perguntou novamente a recepcionista.

–Desculpe. – disse tentando não espantar a moça com o rosnado na minha voz. – Me lembrei de que não vou poder ficar. Vou apenas cumprimentar alguns... amigos.

–Ok, senhor. Volte sempre.

Eu não sabia o que estava fazendo até chegar à mesa do casal. Eu não conseguia controlar meus impulsos dessa vez. Se Sakura tinha me enganado, ela deveria se envergonhar, ela tinha que saber que eu havia descoberto a sua outra face.

Parei ao lado da mesa.

–Uchiha? Que surpresa! – disse o Sasori e só então, Sakura notou a minha presença. A minha raiva era tanta que eu não pude ouvir o que eles conversavam antes da minha chegada.

Olhei para Sakura. Ela estava muda, me encarando com olhos arregalados de surpresa. O que eu não entendi. Se ela estava tão familiarizada com o Sasori, ela não deveria estar surpresa em me ver por ali, ela já deveria saber quem eu era.

–Vejo que resolveu se juntar a companhia novamente. Assumir suas reponsabilidades. – ouvi o filho da puta dizer. Levei meu olhar até ele, que tinha uma expressão debochada.

–Minhas responsabilidades, como você já deve saber, Akasuna, se diz respeito somente a mim.

–Fiquei apenas surpreso, Uchiha.

Eu não tinha nada para discutir com o Akasuna naquele momento. A questão ali era a Sakura. Eu me sentia tão decepcionado, tão irado, tão... traído. Porra!

–Srta. Haruno? – Sakura me fitou de uma maneira que eu não pude interpretar. A raiva estava me deixando cego. – Meus parabéns por conseguir o que queria. Provou que realmente é... capaz.

Sakura pareceu surpresa com a minha afirmação. E ela percebeu a minha cara irônica. Dei as costas ao casal e segui na direção da saída o mais rápido que pude. Minha respiração estava pesada, meu pulso acelerado, meu corpo estava quente até que me vi do lado de fora e o ar frio refrescou o meu rosto. Eu me sentia com vontade de quebrar alguma coisa, de chutar alguma coisa até quebrar.

–Sasuke!

Parei no meio da calçada. Eu ouvi direito? Era a voz da Sakura chamando o meu nome?

–Quero dizer, Sr. Uchiha. – sim era ela. Eu não estava imaginando coisas. Meu coração começou a bater mais rápido, se isso ainda era possível.

Me virei e a encontrei há poucos passos de mim. Meus olhos não puderam evitar vasculhar o seu corpo. Ela usava uma saia verde escuro, meia-calça preta, botas e uma blusa preta fina de manga comprida. Não usava casaco e estava levemente encolhida por causa do frio. Suas bochechas estavam rosadas, seus lábios entreabertos, o cabelo sendo chicoteado pelo vento.

–Algum problema, Haruno? – perguntei rudemente, tentando espantar a sua beleza dos meus olhos. Eu não tinha que admirá-la. Não agora. Nem nunca mais.

–Sim. – ela respondeu. Seus olhos estavam vacilantes. Ela não tinha certeza do que estava fazendo. Sua expressão estava aflita e eu tentei não me abater com isso. Ela não poderia me enganar novamente. – Por favor, diga-me o que está pensando.

Continuei olhando para o seu rosto. Ela parecia ansiosa e aflita pela minha resposta. Eu tentei controlar a raiva enquanto sorria com cinismo para ela.

–Se você quer mesmo saber, Haruno, eu estava me perguntando como pude ser tão idiota para deixar ser enganado. – ela se aproximou de mim com dois passos hesitantes. – É impressionante como eu realmente acreditei na sua representação naquela noite. Eu me convenci de que você ficou ofendida com a minha insinuação. – soltei uma risada sem humor. – Você atua muito bem.

–Você está enganado novamente. – disse ela olhando nos meus olhos. Agora eu estava confuso.

–E por que se daria ao trabalho de vir até aqui se explicar? – perguntei.

–Porque não quero que tenha uma má impressão de mim. A sua insinuação foi e ainda é muito grave para eu suportar. Não sou esse tipo de pessoa.

Continuei a olhar dentro de seus olhos. Ela me fitava de volta. Uma pessoa mentirosa conseguiria manter o olhar assim?

O aperto no meu peito aliviou enquanto eu via a angústia em seus olhos verdes. Ela se aproximou de mim com mais um passo e agora, com o vento ao meu favor eu podia sentir seu perfume.

–Eu nunca me envolveria com alguém por interesse, para conseguir algo em troca. Fui criada dessa maneira. Eu não consegui o que queria, como você disse. Não fui admitida pela Corporação Global e sim pela concorrência.

–Global SA? – perguntei surpreso. Era a empresa de Tsunade. Praguejei ao imaginar que esse plano possivelmente era dela.

–Sim. Eles me ligaram há cinco dias, mas fazia meses desde que mandei meu currículo. No entanto, eu não podia desperdiçar essa chance. Melhor dar um passo de cada vez.

Sim, foi obra de Tsunade. O departamento pessoal da Global SA não guarda currículos por tanto tempo. De alguma maneira ela ficou sabendo do interesse da Sakura na área da tecnologia e deu um jeito de contrata-la. Eu tinha que ter uma conversa séria com a minha tia. Eu não estava gostando nada da sua interferência nos meus assuntos.

–Por isso, o que você acabou de ver foi... Uma coincidência desnecessária. – continuou Sakura. Acho que a minha expressão não estava mais tão assustadora, porque ela parecia menos tensa. – Se eu pudesse, nunca mais encontraria com Sasori Akasuna novamente. Ele tem uma opinião muito estúpida sobre a Global S.A.

Notei aquele traço de irritação que aparecia em seu rosto quando ela estava com raiva. Com certeza o Akasuna tinha falado algo estúpido sobre a empresa da minha tia.

–O que foi que ele disse? – perguntei cerrando os punhos

–Ele me chamou de estúpida por me rebaixar ao nível da Global S.A. – Filho da puta! Há quanto tempo espero a chance de bater no desgraçado? Eu a teria. Eu sentia que logo teria essa chance. – Mas isso não tem importância. –disse Sakura. – Eu só queria esclarecer de uma vez esse mal entendido. E... – ela desviou os olhos. Seu rosto estava corado e vê-la daquela maneira, sem jeito causou um formigamento estranho dentro de mim. – Como eu não tive a chance de encontrá-lo no dia em que deixei a central de cobranças, eu queria me despedir formalmente. – Sakura estendeu a sua mão para mim. – Apesar de tudo, foi uma boa experiência trabalhar com o senhor.

Ela parecia um pouco vacilante, mas o seu olhar tinha um brilho decidido. Apesar das palavras profissionais, sua reação parecia bem pessoal. Sua mão estava levemente trêmula, mas eu não tinha certeza se era pelo frio.

Retirei minha mão do bolso do casaco e apertei a sua. No momento me xinguei por estar usando luvas. Eu perdi a chance de ter sua pele em contato com a minha.

–Adeus, Sr. Uchiha.

Sakura me fitou um segundo antes de virar as costas e seguir na direção das portas de vidro do restaurante, não pude entender a sua expressão. Ela parecia ainda não saber quem eu era.

Ela veio correndo até mim se explicar enquanto eu imaginava que havia sido enganado por ela. Enquanto eu a imaginava rindo de mim com o Akasuna. Se ela estivesse me enganando agora eu poderia descobrir, era só me certificar de que ela estava mesmo empregada na Global SA. Por isso não fazia sentido ela ter vindo se explicar se era para contar uma mentira da qual eu poderia descobrir. Vi o desespero em seu olhar quando ela veio atrás de mim. Aquilo não poderia ser fingimento. Essa era a Sakura destemida, desafiante, confiante e incrível que eu conheci há mais três meses na central de cobranças. A mulher por quem me admirei, a mulher por quem... me apaixonei.

Eu não podia desistir agora. Eu nunca desisti de nada na droga da minha vida e sempre acreditei no mantra do meu irmão que diz que um Uchiha sempre consegue o que quer e acima de tudo o que precisa.

Tomei uma nova decisão. E dessa vez era a decisão certa.

*~*~*~*~*

*Akemi significa bela e resplandecente.

**Sabor da Itália.

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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que estão acompanhando A Funcionária. Por favor comentem sobre o que acharam do capítulo. Espero que tenham gostado! ^^

Muito obrigada a Bella21 pela recomendação. Agradeço o carinho de todos que deixam reviews e recomendações!

Até o próximo capítulo!

xoxo
=Denny