A Funcionária escrita por DennyS


Capítulo 1
Capítulo-I- Um plano perfeito? Acho que não...


Notas iniciais do capítulo

Essa fanfiction é dedicada a todos que acompanharam "O Supervisor" e me motivaram a escrever essa história novamente com a perspectiva do nosso moreno lindo Sasuke Uchiha! Espero que vocês gostem e aproveitem como aproveitaram "O Supervisor"!
Boa leitura!



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A Funcionária

Por DennySakura


~*~*~*~

~*I*~

Um plano perfeito? Acho que não...


–Inferno!


Acordei dando um murro na merda daquele despertador ao lado da minha cama. Parecia que eu tinha acabado de deitar a cabeça no travesseiro! Como isso era possível? A ideia de dar um tempo na minha rotina era exatamente fazer com que eu descansasse e tivesse mais horas de sono! Aquela terapia estúpida não estava fazendo bem o seu papel.

Mas claro... O culpado não era o lugar onde morava agora, não era o meu novo trabalho que me tirava o sono. Ela era a culpada!

Levantei da cama amaldiçoando ninguém em especial e segui para o banheiro para tomar uma ducha.



Já faz três meses... Pensei fazendo uma careta.



Como era possível o tempo passar tão depressa?


Há três meses, qualquer um poderia considerar a pessoa terrível que eu estava me tornando. Eu mesmo reconhecia que meu humor não era o dos melhores e eu descontava em qualquer pessoa.

Não era somente o mau humor, eu estava me tornando insano.

Eu não conseguia raciocinar como uma pessoa normal toda vez que cruzava as portas do prédio da Corporação Global de Computação Gráfica, sabendo que aquele filho da puta estava sob o mesmo teto que eu e não havia nada que eu pudesse fazer para expulsá-lo de lá como deveria.

Toda vez que eu ouvia a voz daquele fodido, minha visão ficava vermelha, a fúria se apossava de mim e se não fosse pela imagem do meu pai, eu nunca teria me controlado na frente dele, dos executivos e do conselho da corporação.

Depois que eu quebrei os móveis do meu escritório em um ataque de fúria quando estava sozinho, minha tia Tsunade, não sei como ficou sabendo do ocorrido, marcou um almoço comigo e me aconselhou a desaparecer por um tempo, fugir das minhas responsabilidades como presidente sênior da empresa. Claro que aquilo era loucura! Para onde eu iria? O que eu iria fazer?

Não sei como, mas ela acabou me convencendo e eu me vi viajando para o campo, para o chalé onde minha mãe passava os fins de semana.

E uma semana confinado naquele lugar longe da civilização, me vi à beira da loucura. Eu não conseguia relaxar, esquecer o trabalho, mandar tudo à merda e ficar enchendo a cara como se Sasuke Uchiha não existisse. Eu me sentia tão puto da vida como antes. Me isolar não era a solução.

Quando arrumava as minhas malas xingando cada peça de roupa que eu guardava, meu celular tocou. Era o Naruto, um ex-colega de faculdade, um amigo para todos os casos.


–O que você quer? – perguntei depois de reconhecer o seu numero na tela do celular. Não estava com saco para aturar suas piadas sem graça.

–Puxa vida, amigo! Bom ver você também! – respondeu o dobe, mas tinha alguma coisa de estranho na sua voz. Ele não estava berrando. – Já percebi que você está de TPM como sempre.

–Estou ocupado. – murmurei fechando a mala de qualquer jeito. – Vou voltar pra capital.

Não está em Tóquio?

–Estou em Konoha. – respondi seco, não estava com paciência. Precisamente naquele momento.

–Então, é por isso que você não sabe... Não vou te culpar dessa vez.

–De que merda você tá falando, Naruto? – perguntei com raiva por causa do maldito zíper que não queria fechar. – Me culpar pelo que?

Sofri um acidente de moto.


Congelei por um momento deixando a mala cair aberta da cama e todas as roupas que eu sofri para colocar dentro dela se espalharam no chão.

–Sasuke? Você ainda tá aí? – eu sabia que o Naruto era fã de motocicletas e que já esteve muito perto de quebrar o pescoço uma vez enquanto ainda estávamos na faculdade. Eu sabia que logo ele sofreria um acidente, pois não escutava a repreensão de ninguém. Mas ele também era um palhaço que adorava me atazanar.



Soltei um palavrão antes de murmurar entredentes:

–Se estiver fazendo piada, logo hoje que eu estou com o humor dos diabos, eu vou...

Não estou fazendo piada, seu filho da puta! – disse ele tentando alterar a voz e pelo jeito que estava rouco, era bem provável que falava a verdade. – Fiquei apagado por três dias e acabei de acordar no hospital. Hinata está cochilando aqui na poltrona, porque ficou três dias acordada e chorando. Eu só liguei porque estou lendo o jornal.

–O que tem no jornal? – perguntei confuso.

–É exatamente o que não tem. Não fala nada de você. Todos os jornais dessa semana com colunas sobre a Bolsa, não falam nada a seu respeito. Fiquei curioso com o que pudesse ter acontecido.



Bufei de irritação. Aquilo com certeza era coisa de Tsunade e eu não quis imaginar como ela havia feito isso.



–Estou dando um tempo na empresa. – expliquei sem muito entusiasmo. Afinal ainda estava estressado, me afastar não adiantou nada.

–Pra fugir do estresse? Nossa, que ideia brilhante vindo do homem que vive para trabalhar. – disse Naruto tentando como sempre ser engraçado. – Você sabe que não consegue ficar sem fazer nada.

–Exatamente por isso estou indo embora. – peguei a mala do chão e me amaldiçoei por Naruto me fazer sentir culpado pelo seu acidente. Se ele ficou desacordado por três dias, com certeza o acidente foi sério. – Agora que quase quebrou o pescoço vai parar de brincar de motoqueiro?

–Eu quebrei a perna... – disse ele com um suspiro. – Mas a culpa não foi minha. Um motorista de ônibus me fechou e eu bati num Viper vermelho. É só o que eu lembro.

–Você vai deixar Hinata viúva antes que seu filho nasça. – ameacei como tantas vezes sua família o ameaçava e ele não escutava, tratava todo mundo como maluco.

É... eu sei. – respondeu ele com um suspiro longo e eu podia imaginar o seu olhar preocupado pra a esposa grávida dormindo ao lado de sua cama no hospital.


Como Naruto era estúpido! Tinha uma esposa linda que o amava e esperava um filho dele e ao invés de protegê-los, ficava se arriscando em motos velozes apenas para se divertir! O que eu não faria para ter a vida simples que ele tinha... Era um supervisor em uma central de telemarketing, morava em uma casa pequena no subúrbio e ganhava um salário medíocre por mês.

Ele não imaginava a sorte que tinha por ser apenas um homem comum, com um emprego comum e com preocupações que não passavam de que cor seria a gravata para o dia seguinte de trabalho.


Sacudi a cabeça para espantar esses pensamentos. Eu não queria sentir inveja do meu amigo, eu queria ter uma vida como a dele, mas sabia que era uma coisa impossível. Eu era Sasuke Uchiha. Esse nome me perseguiria até o dia da minha morte. Não havia saída.


Depois de admitir que sempre esteve errado por suas escolhas sobre arriscar a vida nas motos, Naruto começou a falar de seu trabalho, dizendo que não seria promovido se tirasse um mês de licença. De súbito, uma ideia me ocorreu e no mesmo instante percebi que era loucura.



–Me substituir? – perguntou Naruto incrédulo e eu me arrependi do que disse no mesmo instante. – Cara, você faria isso?



Sua pergunta me pegou de surpresa, achei que ele fosse me chamar de louco.



–Você acha que é possível?

–Não sei, mas podemos falar com os meus superiores. Acho que não estarei recuperado em um mês, afinal eu quebrei a perna, mas se não for trabalhar, todo o tempo que me esforcei atrás dessa promoção será perdido.


Convencer seus superiores foi a coisa mais fácil que já fiz. Mesmo sem entenderem o motivo pelo qual eu fazia aquela loucura, bastou ouvir meu sobrenome e saber que eu não queria ser pago, o salário iria direto para a conta do Naruto, eles aceitaram. Meus advogados fizeram um contrato para que eles não revelassem a ninguém quem eu era, Tsunade cuidou para que meu nome sumisse das colunas de notícias pelos próximos meses e em menos de uma semana eu me dirigia para o prédio empresarial, onde o setor de cobranças era no décimo andar.

A sensação de ir trabalhar em um lugar que não era a empresa fundada por meu pai, foi indescritível. Era como seu eu fosse outra pessoa. Se tivesse sorte, ninguém saberia quem eu era. E se Tsunade tivesse sucesso com os seus contatos, quem pesquisasse sobre mim não encontraria nada.

Depois de chegar ao décimo andar, me apresentei na recepção e logo fui recebido por Konan. Ela sabia quem eu era, porque muitas vezes a encontrei com o seu marido na casa do Naruto em ocasiões festivas. Ela havia prometido guardar segredo, mas mesmo assim eu me sentia receoso. Bastava apenas um comentário dela por acidente, para todo mundo naquela empresa descobrir minha verdadeira identidade.


–Sasuke-san! – disse ela me cumprimentando com um beijo no rosto. – Você vai começar num dia interessante. Hoje temos uma turma fazendo treinamento e muitos deles estarão na sua equipe. Venha, vou mostrar o escritório do Naru... Ou melhor, o seu escritório.


Seguimos por um corredor amplo de paredes brancas e carpete cinza, depois chegamos a uma sala que era menor do que o meu banheiro. Toda a tralha do Naruto estava sobre a mesa. Papéis espalhados pelo chão ao lado da lixeira...


Filho da puta! Como podia ser tão desorganizado?


–Alguém da limpeza virá ajeitar tudo isso, não se preocupe. – disse Konan alarmada e aquilo me irritou. Ela estava preocupada, porque com certeza me tinha como uma pessoa importante que deveria caminhar sobre um tapete vermelho. Eu não queria ser tratado com toda essa atenção. Essa era a razão por estar ali sem que ninguém, além dela me conhecesse.

–Não tem problema. – disse seco entrando na sala e seguindo na direção da mesa bagunçada. – Eu dou um jeito.

–Eu insisto, Sasuke-san! Sei que você está acostumado a estalar os dedos para que alguém faça...

–Eu posso arrumar essa bagunça. – a interrompi rudemente sem querer ouvir o resto daquela frase. Tentei suavizar a minha expressão, porque Konan tinha uma cara assustada e eu não queria que ela tivesse medo de mim, como tantos outros funcionários que eu tinha na CGCG. Era uma boa pessoa pelo que eu sabia e além de ser mulher, estava grávida. – Obrigado.

–Tudo bem. Se precisar de alguma coisa estou na sala ao lado.


Assenti e ela saiu do escritório depois de fechar a porta atrás de si.

Depois de limpar a bagunça do Naruto e de jogar fora o que não era importante, me vi dentro de uma sala de paredes cor de creme, uma janela grande sem cortinas atrás da escrivaninha de marfim, limpa, sem papéis espalhados, organizada da maneira que eu gostava. Satisfeito com o meu trabalho, saí da sala à procura da máquina de café que vi no corredor quando cheguei.

Parei quando vi que havia uma pessoa lá tentando fazer com que o café derramasse em seu copo com grande dificuldade. Era uma garota, estava de costas pra mim xingando a máquina que não queria trabalhar. Me aproximei e aguardei mais um pouco, batendo o pé impacientemente enquanto esperava.


Meus olhos desceram de encontro ao seu corpo e senti um desconforto na virilha. Eu teria que ser um cego para não reparar nas curvas e na bunda daquela mulher. Ela usava um vestido preto de mangas compridas e botas de salto alto. Seus cabelos eram róseos de comprimento até os ombros. Tinha a cintura fina e o quadril levemente arredondando, fazendo-me engolir em seco ao imaginar segurando-a pela cintura e puxando-a de encontro a mim.


Balancei a cabeça bruscamente para espantar esses pensamentos. Maldição! Parecia um adolescente excitado tendo fantasias ao admirar o traseiro bonito de uma mulher! Que diabo estava acontecendo comigo?

Concentrei-me na raiva que estava sentindo no momento por ainda estar esperando-a terminar de pegar o café. Nunca fui uma pessoa muito paciente, por isso estava quase arrastando aquela criatura pelo braço para ter acesso à máquina e descobrir se era assim tão difícil conseguir um mísero copinho de café!


–É pra hoje? – perguntei entredentes.


A garota virou-se na minha direção bruscamente e derramou o pouco de café que havia conseguido retirar da máquina na minha camisa. Seus olhos estavam arregalados e ela segurava a respiração.

Meus olhos fitaram seus olhos verdes e enormes sem acreditar no que estava acontecendo. Olhei pra baixo e vi a mancha marrom na minha barriga, marcando totalmente a minha camisa creme favorita.

A garota estabanada seguiu o meu olhar e colocou as mãos na boca.


–Oh meu Deus! Me desculpe! – ela se virou, pegou um guardanapo de papel e começou a esfregar na minha barriga. – Eu sinto muito! Você quase me mata de susto! Me desculpe! Me desculpe!


Segurei em seu pulso com um movimento rude, detendo-a. Será que o meu dia deveria realmente começar daquele jeito? Se não fosse a minha raiva eu teria reparado melhor naquele rosto que estava a poucos centímetros do meu. Teria apreciado melhor o brilho daqueles olhos verdes e o quanto seus lábios eram vermelhos. Teria imaginado que seu rosto era tão bonito quanto seu corpo...



–Qual é o seu problema? – perguntei entredentes, mas o que eu realmente queria dizer iria afetar a sua sensibilidade. Meu olhar era hostil, eu tinha certeza disso. Era o olhar que intimidava muita gente. A raiva que eu estava sentindo me fazia ter certeza da minha expressão.


A garota arregalou os olhos ao notar a minha cara ameaçadora, mas logo depois seu olhar era estreito, suas sobrancelhas estavam juntas.


–Eu já pedi desculpas, seu mal educado! – será que eu tinha ouvido isso direito? Essa garota teve a ousadia de me chamar de mal educado? – A culpa também foi sua por me assustar!



Ela soltou o pulso da minha mão, me deu as costas e desapareceu pelo corredor desistindo do café e me deixando mudo. Eu fiquei parado como uma múmia no meio do corredor, sem acreditar no que acabara de acontecer.

Ninguém me desafiava daquela maneira! Ninguém tinha coragem de me enfrentar, mesmo sem ter a honra de ser atacado por meu olhar mal-humorado. Quem era aquela garota? Olhei pela porta da qual ela havia desaparecido como se ela fosse uma mutante.

Dei de ombros, espantando esses questionamentos da minha mente. Finalmente uma novidade na minha rotina. Uma mudança e tanto. Aquela aventura seria no mínimo interessante se não ficasse totalmente tedioso.

Fiz meu caminho de volta para a sala do supervisor desistindo do maldito café, só para descobrir pela Konan que eu deveria assistir um pouco do treinamento dos novatos e aprender um pouco das regras daquela central de telemarketing.

Depois de vestir o paletó para esconder a merda da mancha de café da minha camisa, acompanhei Konan até a sala de treinamento, a mesma sala que aquela garota extraterrestre havia entrado minutos atrás.

Quando entramos, sentamos ao final da sala sem interromper a explicação do orientador. Na verdade ninguém percebeu a nossa presença, a porta dava-se no final da sala onde todos estavam de costas prestando muita atenção à tela de slides logo à frente.


Enquanto o orientador falava, encontrei a garota que derramou café na minha camisa facilmente por causa da cor exótica de seus cabelos. Estava sentada na frente da sala, no canto esquerdo, de modo que eu podia ver o seu perfil. Ela prestava total atenção à explicação do orientador e uma hora ou outra, sorria de alguma coisa que a colega ao lado sussurrava para ela.

Desviei os olhos dela e no mesmo momento voltei a fita-la. Por que ela estava me chamando a atenção?



–Alguém tem alguma pergunta? – indagou o orientador depois da explicação. Fiquei surpreso por ninguém levantar a mão, além daquela garota de olhos verdes. – Sim, Srta. Haruno?

–Supondo que o cliente tenha um ataque de fúria por estar recebendo uma ligação de cobrança às oito da manhã e me ameace de morte depois de xingar a mim e a minha mãe, devo me preocupar em procurar a polícia?

A sala disparou em uma torrente de risadas e até mesmo o orientador não resistiu. A moça, a Haruno olhou ao redor da sala com um sorriso, nenhum pouco constrangida pela pergunta explicitamente idiota. Era como se estivesse fazendo uma piada.



–Eu pergunto isso, porque a ultima vez que recebi um telefonema de cobrança em uma manhã possivelmente ruim, simplesmente desejei matar o atendente. – explicou ela séria.

–Espero que não tenha sido nenhum atendente dessa central. – disse o orientador quando parou de rir. – Você não está aqui para matar algum funcionário, está? – ela negou com a cabeça ainda sorrindo e me vi preso aquele sorriso mais uma vez. – Bom, respondendo a sua pergunta, Srta. Haruno, se um cliente começar a ser hostil, a melhor forma de terminar o atendimento de maneira pacífica é tentando acalmá-lo da maneira que é explicada na apostila, página treze. Se não der certo, você avisa ao cliente que vai transferir a ligação para o seu supervisor, onde uma nova negociação será feita. E não precisa procurar a polícia se for ameaçada. A identidade de todos os atendentes dessa central é confidencial.


Durante toda a explicação do orientador, a Srta. Haruno fazia uma observação que faziam todos na sala rirem sem parar. Ela sempre tinha uma resposta criativa, humorada e às vezes séria. Dava a entender que ela realmente estava animada com o emprego e admitiu que era o seu primeiro. Suas piadas faziam com que a explicação não ficasse tediosa e os outros novatos, ao invés de dormirem quando o orientador começava a falar, pareciam cada vez mais interessados na explicação. Até Konan ao meu lado estava rindo das asneiras que aquela garota falava e eu me vi sorrindo cada vez que ouvia a sua voz.

Depois de um par de horas, percebi que estava olhando demais para aquela moça de olhos verdes, prestando atenção demais naquele sorriso encantador que parecia não deixar nunca o seu rosto e comecei a me irritar por isso.

Eu estava ali justamente para fugir da rotina e isso implicava também sair com alguma mulher no momento. Desde que estava completamente solteiro, não quando o divórcio com Sayuri saiu, mas quando ela foi embora da minha casa, eu me encontrava cada semana com uma mulher diferente. Era apenas uma noite de prazer, o vazio que tinha dentro de mim ainda ficava lá e eu me sentia ainda pior por isso. O que piorava ainda mais o meu estado quando ia trabalhar na CGCG. Por isso estava dando um tempo pra mim mesmo, sem encontros de uma noite por enquanto até que eu suportasse meu celibato. Não era assim tão difícil. Quando estava extremamente excitado, lembrava-me de como uma mulher podia complicar ainda mais a minha vida, então tomava um banho de água fria e estava totalmente resolvido.

Por isso eu não acreditava na minha estupidez. Eu estava olhando para aquela mulher linda, de um bom senso de humor, de sorriso cativante, de corpo curvilíneo e ficando curioso a respeito dela.


Merda!


Levantei-me antes que o treinamento acabasse e segui para a minha sala sem dar explicações a Konan.

Eu não imaginava que isso pudesse acontecer. As mulheres daquela empresa eram muito mais jovens, eu não estava disposto a me interessar por alguma delas quando decidi substituir o Naruto como supervisor. Sabia que não haveria perigo, afinal não me atraía por garotas com cara de universitárias e sim por mulheres maduras.


Sentei na cadeira atrás da mesa e suspirei.


Talvez eu estivesse exagerando. Só estava me sentindo assim porque achei a moça atraente, só isso. Afinal, já eram quantas semanas sem sexo? Duas ou três?


Duas semanas e cinco dias, precisamente...

Sim, era isso. Maldita libido!


Tentando me concentrar no trabalho espantei esses pensamentos sobre funcionárias atraentes de cabelos róseos e fui ler as instruções que o Naruto havia me passado por e-mail.


~*~*~*~


Isso foi há três meses...



Saí do banho e segui na direção do closet.



Tentei ignorar as sensações que me prendiam aquela garota desde o primeiro dia em que a vi pela primeira vez. A cada dia me via mais atraído por ela e isso me irritava imensamente. Principalmente por me fazer perder o sono a noite.

O meu plano para mantê-la longe de mim, pelo seu próprio bem e pelo meu também foi muito obvio: eu fazia com que ela me odiasse para desistir do emprego. Sakura Haruno era da minha equipe. Eu era o seu supervisor. Eu deveria monitorar as suas ligações para a qualidade do trabalho. Por isso foi mais fácil do que eu pensei. Eu sempre lhe dava broncas ridículas, comparava a funcionárias que não mereciam trabalhar ali, pedia favores que não tinha nada a ver com a sua obrigação e não lhe agradecia por eles.

Meu plano deu mais certo do que eu esperava. Sakura Haruno me odiava mortalmente. Eu podia ver o brilho de ódio em seus olhos toda vez que me via fazendo a ronda perto dos funcionários da minha equipe, percebia seus punhos cerrados quando eu lhe dava uma bronca depois de uma ligação que havia sido perfeita.

Só não entendia o motivo de ainda não ter desistido. Ela aguentou firmemente três meses e era aquilo que estava quebrando a minha cabeça!


Depois de uma rápida xícara de café, saí do apartamento, entrei no meu carro e dirigi na direção do prédio empresarial, a caminho da central de cobranças.

Quando cheguei ao prédio, depois de guardar a pasta e o paletó no escritório, segui na direção da “operação”, onde os funcionários se preparavam para começar o trabalho e notei um burburinho no corredor onde estava a minha equipe. Vi um grupo de meninas conversando animadamente e no meio delas estava ela: Sakura Haruno, parecendo muito interessada no assunto. Eu não precisava adivinhar o assunto da conversa, já podia imaginar. Konan havia me avisado que as garotas da minha equipe estavam muito interessadas em descobrir a minha verdadeira identidade e que sabiam que a minha estadia naquele lugar era temporária. Eu tinha quase certeza de que era sobre isso que elas falavam.

Segui impassível até lá. As outras meninas ao me notarem aproximar, voltaram rapidamente para seus lugares, mas Sakura permaneceu onde estava, de costas para mim, entre a divisória de sua mesa com a mesa da Yamanaka.


–Você acaba de alegrar o meu dia, Ino! – ela parecia realmente alegre. Me perguntei se era pelo boato do meu suposto emprego temporário. – Mal vejo a hora de me ver livre daquele abutre!


Senti uma fúria crescer lentamente dentro de mim ao imaginar que ela se referia a mim como um abutre.


–Você tem um gosto um tanto estranho para animais de estimação, Haruno. – disse com ironia, me deliciando ao percebeu o pulo de seus ombros ao ouvir a minha voz. Assustei-a. Por dentro eu estava sorrindo maliciosamente.


Ela virou-se na minha direção lentamente, subindo o seu olhar até chegar aos meus olhos. Por um momento ela parecia assustada com aqueles olhos arregalados e inocentes, mas depois, ao perceber o meu olhar frio, ela estreitou levemente os olhos.


–Bom dia, Sr. Uchiha! – como era possível essa garota ser irônica com o meu olhar fulminando-a de maneira tão intensa? Depois de pegá-la fofocando de mim, deveria me cumprimentar com receio, com medo de ser demitida!

–A hora de iniciar as ligações já começou, caso não tenha percebido, Haruno. – disse com a voz dura. Como essa garota me irritava pelo simples fato de me intrigar! Desviei os olhos dela e ordenei que todos começassem o trabalho.


Saí de perto daquela mulher intrigante e segui para a minha sala, pensando em algo novo que pudesse fazer com que ela me odiasse ainda mais (se isso ainda era possível) e pedisse demissão de uma vez.

Era uma atitude muito egoísta da minha parte, eu tinha que reconhecer. Afinal, eu não precisava mais ficar naquela central. Eu só precisava substituir o Naruto por um mês, e já havia se passado três, poderia ir embora quando quisesse. Mas ele não estava totalmente recuperado do acidente e Hinata estava nas semanas finais de sua gravidez. Embora não tenha me pedido para ficar, eu sabia que Naruto desejava passar mais tempo com a esposa até que seu filho nascesse. Por isso me voluntariei a ficar um pouco mais, o que tornava meu tempo ali indeterminado. Se Sakura Haruno não saísse daquela empresa, eu enlouqueceria. Lá não havia ninguém que me tirasse do sério como ela!


~*~*~*~


A “meia hora” para o almoço da minha equipe estava se aproximando. Tive uma ideia para trazer o ódio de Sakura Haruno para mim mais intensamente e fazer com que desistisse do emprego de uma vez. Se ela não pedisse demissão depois disso, com certeza ela sofria de algum problema mental.


Encontrei Karin no corredor. Diferente da Sakura, ela era uma funcionária que merecia ser demitida, seu trabalho era o pior já feito naquela empresa, o que às vezes me fazia sentir certa culpa por Sakura.

Porém, também diferente da Sakura, Karin não me fazia sentir daquela maneira a ponto de bolar um plano para fazer com que peça demissão. Karin era bonita, atraente, parecia ser mais madura que a Sakura, mas apenas na aparência. Eu me perguntava onde poderia estar o cérebro dessa mulher.


Pedi a ela que chamasse Sakura antes de sair. Ela sorriu tentando me mostrar seu decote e saiu rebolando na direção da operação sobre seus saltos.


Para mim era comum ter mulheres quase se atirando sobre mim para abrir meu zíper com os dentes. Tão normal que chegava a me irritar. Mas Sakura, essa era a única, a primeira mulher que me olhava como se quisesse me assassinar e não tivesse medo de que eu percebesse.

Meu celular tocou quando eu voltava para o escritório. Atendi parado a porta, no mesmo instante em que notei Sakura Haruno vindo na minha direção. Respondi as perguntas de Tsunade ao meu ouvido, ignorando totalmente a presença da Srta. Haruno. Ouvi-a resmungar várias vezes como se estivesse com pressa e tentei não me abalar. Ela pigarreou algumas vezes, depois chamou-me pelo nome, fazendo-me olhar pra ela por cima do ombro e pedir um minuto, o que ela pareceu furiosa em aceitar.


–Ah, sim. Você. – disse depois de desligar o celular. Olhei rapidamente na direção dela e entrei em minha sala. – Konan está precisando de mais balas de menta para a recepção. – disse voltando para a soleira da porta. Vi quando Sakura suspirou várias vezes, tentando, acredito eu, se controlar.

–São aquelas do pacote amarelo? – perguntou ela parecendo derrotada.

–Não. Estas que ela me pediu estão à venda somente no supermercado do outro lado da avenida. Têm o pacote vermelho. – tive que reprimir um sorriso quando ela arregalou os olhos desesperada.

–Sr. Uchiha, não vai dar tempo de...

–Você tem tempo de sobra, Haruno. – a interrompi enquanto abria a carteira. Era lógico que não daria tempo. Eu sabia disso, por isso estava pedindo. Eu tinha certeza que ela voltaria derrotada com o pedido de demissão. – Se apresse.


Ela levou esse meu aviso à sério demais, porque saiu corredor à fora a toda velocidade. Voltei para minha sala quase me arrependendo do que fiz. Ela poderia se machucar, correndo com salto alto e atravessando a avenida com tanta pressa!


Merda! Que tipo de animal eu sou?

A garota não tem culpa do que EU sinto por ela! Porra! Qual era o meu problema?

Saí da sala e segui na direção dos elevadores. E parei. O que eu poderia fazer agora? O que estava feito, estava feito. Era tarde demais. Se ela não sofresse um acidente por minha culpa (eu nem poderia imaginar uma coisa dessas), com toda certeza depois dessa loucura pediria demissão. Nenhum ser humano seria capaz de suportar um abuso desses!

Retornei para a minha sala e fiquei preocupado contando os minutos para que ela retornasse. Seu horário de almoço já havia acabado há quase dez minutos quando ouvi uma batida na porta.

Me senti aliviado ao vê-la, aparentemente inteira na frente da minha porta. Ela estava ofegante, seu rosto estava levemente vermelho pelo esforço, sua testa brilhava pelo suor, os cabelos bagunçados pelo vento... Nunca a vi tão linda e tive que me esforçar muito para manter a expressão indiferente.


–Está atrasada.


Ela arregalou os olhos sem parecer acreditar o que acabara de ouvir, abriu a boca para dizer alguma coisa, mas Konan a impediu.


–Sasuke-san, eu estava... – Konan se interrompeu ao ver o pacote de balas que Sakura havia me entregado e Sakura fitou o sanduiche que Konan devorava naquele momento com uma expressão pálida, quase de desespero. Claro que ela estava com fome. O tempo que levou para fazer aquele favor ridículo, a impediu de almoçar. Senti uma dor tão profunda de culpa que tive que desviar o olhar e respirar fundo. Depois disso, eu tinha ainda mais certeza de que ela iria embora. – Você comprou as balas! Obrigada, querido!

–De nada. – Virei as costas para entrar na minha sala, não podia suportar a culpa que me invadia ao ver Sakura tão desolada à minha porta por ter feito um favor absurdo como aquele e nem ter ouvido um obrigado em troca. Eu realmente não merecia ter o sangue Uchiha nas veias.



~*~*~*~



Fiquei o resto do dia esperando a visita de Sakura Haruno para pedir sua demissão, o que não aconteceu.

Segui para o estacionamento ao final do expediente ainda sem acreditar que ela estava se fazendo de durona, de orgulhosa, antes de desistir de uma vez.


Dirigi para fora do estacionamento e quando cheguei à avenida e parei no farol vermelho, eu a vi. Olhava para cima, esperando o momento certo para atravessar, depois olhou para frente e com um sorriso, seguiu na direção da rua. Ela pareceu reconhecer o meu carro, porque parou por um momento, olhou rapidamente na minha direção, e, erguendo o queixo como se me desafiasse, lançou-me um ultimo olhar e seguiu o seu caminho com um sorriso, desaparecendo na multidão.


Naquele momento, senti meu coração bater mais forte e fiquei um longo momento encarando o lugar por onde ela acabara de desaparecer.

Naquele olhar verde e destemido, percebi que não era qualquer pessoa que me desafiava. Recebi a sua mensagem com aquele empinar de queixo, aquele sorriso forte e aquele caminhar confiante. Ela dizia com todas as palavras que eu não iria conseguir fazê-la desistir. Dizia que não desistia facilmente, dizia que era forte e que eu deveria saber exatamente com quem estava mexendo.


Despertei do transe depois de ouvir algumas buzinas e voltei a dirigir, ainda com a mente voltada totalmente para Sakura.


Quem era essa mulher que fazia meus nervos ficarem à flor da pele? Quem era essa que me intrigava, que me excitava, que me aturdia?


Senti uma necessidade súbita de saber mais sobre ela! Não podia ser apenas atração física! Eu sentia uma vontade sobre-humana de beijá-la sempre que a via, sempre que sentia seu cheiro, sempre que ouvia sua voz e imaginava como os seus lábios pareciam gostosos...


Mas o que era isso no meu peito, no meu estômago? Essa ansiedade que era agoniante? Como uma mulher era capaz de me deixar de tal forma?

Nem mesmo Sayuri, por quem eu acreditava estar apaixonado na faculdade me fez sentir daquela maneira.


Tomei minha decisão.


Vou descobrir mais sobre ela. Vou esquecer ao menos por um momento que ela é minha funcionária e eu sou seu supervisor.

Antes que eu enlouqueça...


~*~*~*~

Continua...



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Notas finais do capítulo

Puxa vida! Que saudade de publicar fic nova aqui no Nyah!! XD
Eu sei que não havia prometido escrever O Supervisor na versão do Sasuke, porque pensei que não fosse conseguir escrever. Mas há um mês mais ou menos, reli O Supervisor e a inspiração veio automaticamente.
Espero que tenham gostado do primeiro capítulo!! XD
Eu tentei deixar o capítulo pequeno, mas não consegui :p(velhos hábitos não morrem...)
Na versão do Sasuke (A Funcionária) colocarei acontecimentos que não apareceram na versão da Sakura (O Supervisor) O que será bem melhor de ler, porque já se sabe o que vai acontecer. ( E isso vale pro hentai também, *pervas de plantão*) Na versão do Sasuke será um pouquinho mais caliente! *hot hot* E essa fic também terá dez capítulos.
Então, reviews?? O segundo capítulo postarei na semana que vem, mas se os reviews me motivarem... quem sabe... Posto BEM antes!!
Até mais kokoros!!
=Denny