Depois da Guerra escrita por MarjhoryMeira


Capítulo 9
Uma Stark. Uma Tully.




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Sansa havia percebido que Tyrion pouco falou no Conselho, basicamente concordou e fez acenos com a cabeça. Duvidava ainda que ele tivesse ouvido metade do que eles disseram. Parte dela queria culpá-lo por não prestar atenção à reunião, dizia que fora ele quem saiu correndo pelo quarto na noite anterior e voltara apenas pela madrugada quando o sol provavelmente já estava aparecendo. Outra parte dizia que não havia problema, era a primeira noite dele ali, e o que havia acontecido no quarto de banho... Não. Não. Não. Nada havia acontecido ali. Nada.

Falando sobre o Conselho, bom, todos ali esperavam que ela realmente se mostrasse uma Stark, uma filha do Norte e começasse a agir. A verdade é que ela não sabia bem o que fazer. Até chegar ao castelo praticamente tinha seguido ordens, e agora deveria passar a dar as ordens. Durante toda a vida acreditara nas histórias da Velha Ama e nas canções dos cantores que percorriam Westeros atrás de boas histórias e façanhas incríveis de bravos cavaleiros. Durante sua estada em Porto Real percebeu que as histórias e canções não passavam exatamente disso, histórias e canções, nem tudo o que se poderia encontrar ali realmente acontecera, ou pelo menos, do jeito fantástico e heroico como era contado. Sempre sonhara em se casar com um príncipe e mais tarde se tornar a rainha dos Sete Reinos. Mas quem comandaria realmente os reinos seria seu esposo, quem quer que ele fosse, a única coisa que ela deveria fazer era ter filhos e cuidar dos filhos. Para Sandor Clegane ela era apenas um passarinho, que repetia o que dissessem que era certo dizer. Para Cersei Lannister ela não era nada além de burra. E agora todos eles querem que eu seja assim como meu pai e minha mãe. Ninguém nunca a ensinou como liderar, como comandar. Era sempre Robb. O destino dela sempre foi se casar com um príncipe, lorde ou algo do tipo e não comandar um reino. E, praticamente, todos ali são meus irmãos.

Com isso Sansa começou a se lembrar das horas passadas no Conselho. Na sua frente estiveram aqueles a quem chamava de irmãos. Mas pela forma que agiam nem de perto pareciam aqueles com quem crescera. Todos eles, até mesmo o caçula Rickon. Todos eles haviam amadurecido muito. Cada um percorreu um caminho diferente até aqui. Todos os três tiveram que fazer suas próprias escolhas para que não acabassem mortos. Tiveram que caminhar com seus próprios pés. Menos Sansa. Entre os irmãos, era a única que durante todo o tempo longe de Winterfell fora guiada por alguém. Eddard Stark, Septã Mordane, Rainha Cersei e até mesmo Rei Joffrey. Havia sempre alguém com a mão em suas costas dizendo para onde deveria ir.

A partir de agora não teria mais ninguém para guia-la. As decisões mais importantes ficariam por conta dela. E ela teria que levar em conta todo um reino, não apenas seu bem-estar individual. Passaria a tomar conta da vida das pessoas de um reino inteiro, não podendo apenas se preocupar com ela mesma apenas.

Naquela hora, no Conselho, olhando-os, não como irmãos, e sim como servos da rainha, Sansa sentiu-se sozinha e perdida. Não duvidava que eles fossem realmente se portar como alguém que apenas trabalha e serve à rainha e nada mais.

É hora de ser uma rainha, Sansa. Seja como Daenerys Targaryen. Seja forte. Seja uma Stark e seja também uma Tully. Inverno está chegando. Família, Dever e Honra. Devo juntar esses dois lemas e cuidar do reino.  Falar é fácil. Mas já estava na hora de agir. A primeira tarefa que ela tinha em mente era cuidar dos suprimentos. O inverno estava próximo. E dessa vez parecia que iria vir com força total. Deixar montantes de gelo por todos os lados, congelar rios e estragar plantações que não fossem colidas a tempo.

Estava indo em direção à sala do trono acompanhada de Rickon e alguns cavaleiros da Guarda Real que Bran havia deixado para tomar conta dela; Tyrion havia pedido sua licença para voltar ao quarto alegando que não estava se sentido bem. Ela duvidava que fosse realmente isso.

- Uma das principais preocupações quando o reino foi reconstruído foi a sala do trono. Aquela que antigamente existia foi totalmente queimada e destruída, sem chance de reutilizar qualquer parte dali. Então, decidimos que seria uma boa ideia mudar de lugar, completamente. Agora estamos na... – Rickon continuava falando com a maior empolgação que Sansa havia visto alguém falar em toda a vida, mas a atenção de Sansa sempre acabava perdendo algumas palavras pelo meio do caminho.

Rickon guiou a rainha durante todo o caminho, enquanto ela mal reparava por onde passava e por quem passava. Podia ouvir os passos dos cavaleiros atrás deles dois e também dos lados. Porque algo que deveria me trazer segurança me deixa ainda mais insegura? Não conseguia se manter focada nas palavras de Rickon sobre a reconstrução do castelo. Ainda estava presa às palavras que os irmãos haviam dito tempos antes dentro da sala do Conselho. E no jeito como a olhavam.

Até que pararem diante de uma porta dupla enorme. Mais dois cavaleiros estavam ali guardando-as, cada uma de uma lado, com lanças nas mãos. Descruzaram as lanças assim que Rickon aproximou-se e abriram a porta. Rickon deu passagem à rainha para que ela entrasse primeiro.       

No mesmo momento em que ela colocou os pés dentro da sala sentiu-se extasiada. A sala era quase tão grande quanto o Grande Septo de Baelor e mais bonito. Um grande tapete azul escuro se estendia desde a porta até o trono, que ficava dois pequenos degraus acima do piso. Janelas largas e altas com uma curva no topo ocupavam dois lados da sala e o sol que entrava por ali dava ao lugar um espectro mágico. Sansa seguiu pelo tapete até o trono. Diferente do Trono de Ferro este não era feito de espadas. Nada de que pudesse machucar quem nele sentava. Em cada braço do trono estava esculpida a face de lobo branco com olhos pretos feitos com pedras preciosas vindas de Myr. O assento do trono, assim como as costas, era acolchoado com ao que parecia uma imitação de pele de lobo, Sansa não achava que os irmãos tivessem mandado matar qualquer lobo para usar no trono.

Atrás do trono estava uma imensa pintura de uma alcateia de lobos das mais diferentes cores, cinzas, brancos, pretos, marrons e até alguns malhados. A moldura era feito de ouro e reluzia com os raios de sol.

- O que achou, Vossa Graça?

Sansa parou bem próximo ao trono e antes de se sentar deu uma volta ao redor dele.

- Não poderia imaginar algo mais bonito. Fizeram um bom trabalho aqui.

Rickon deu um breve sorriso com o canto dos lábios e logo voltou à sua pose de servo da rainha. Ficaram ali por mais algum tempo admirando a vista das janelas dali. Até Bran chegar e levar Sansa para conhecer algumas partes fora do castelo.


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Notas finais do capítulo

Heeey, já que o mundo não acabou aqui estou eu. Já é véspera de Natal - o/ - então achei melhor postar logo esse capítulo já que eu prometi dois essa semana como presente. Quero comentários como presente, pode ser? HAHA. Brincadeira. Deixem se quiserem.
Aliás, já compraram os presentes? Já sabem o que vão ganhar?
Um ótimo Natal para todo mundo. :*
Espero que gostem.



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