Depois da Guerra escrita por MarjhoryMeira


Capítulo 5
O dia do baile


Notas iniciais do capítulo

POV: Sansa



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O dia inteiro havia sido incrível. Sansa sentia-se outra pessoa agora que finalmente estava em casa. Apenas rever os irmãos fez com que seu coração se enchesse de uma nova esperança de que tudo voltaria a ser tão bom quanto já fora.

Havia conhecido o novo castelo principal internamente. As cozinhas, os salões, alguns quartos, fora ver até as ameias que rodeavam uma das torres. Subiu até a torre mais alta e dali conseguiu ver toda Winterfell e um pouco além, até a Matadelobos. Conseguiu ver o mercado, os estábulos, os portões principais, crianças brincando nos jardins. Winterfell, minha Winterfell. Estou finalmente em casa. Arya, Bran e Rickon haviam acompanhado Sansa por todos os lugares por que passaram. E mais atrás, não querendo interromper o momento entre os irmãos, Tyrion os seguia. Quando Sansa perguntou de Jon disseram que ele tinha algumas tarefas a cumprir aqui antes de voltar para a Muralha, que seria logo. Havia muito a ser feito por lá devido ao combate travado com os selvagens e o povo que vivia para-lá-da-Muralha. Mas ele estaria no baile que ocorreria à noite.

O baile em si não poderia ter sido mais perfeito. Todos pareciam felizes ali. E pela primeira vez depois de tudo o que acontecera, ela podia sorrir e pensar em recomeçar. Sansa dançou, conversou, comeu, até mesmo cantou e foi cantada. Alguns músicos fizeram canções à Rainha Sansa.

Depois de ter andado pelo castelo a tarde inteira, Sansa tinha fôlego para apenas mais uma dança. E essa seria com Tyrion. Se ele aceitasse dançar com ela.

- Tyrion, acho que meu esposo deveria me acompanhar numa dança pelo menos, não?

Sansa percebeu certo brilho no olhar de Tyrion quando ela o convidou. Mas as suas palavras não foram aquelas que ela esperava. Sansa sabia que havia uma grande probabilidade de ele dizer-lhe “não”, mas no fundo esperava que ele dissesse “sim”.

- Mal posso caminhar ao seu lado, o que dirá dançar. Apenas faria com que rissem às minhas custas, e quem sabe às suas. Estou plenamente satisfeito em permanecer no estrado enquanto minha esposa se diverte no baile de boas-vindas a ela. – Sansa percebeu a entonação no “a ela” de Tyrion. Tyrion Lannister, seu duende lento, porque é tão difícil dizer “sim” a uma dança? Não estou me importando nem um pouco sobre se irão rir ou não. Tenho todo direito de ter uma dança com meu esposo, porque não aceita? Porque não diz “sim” apenas? Quem sabe um “adoraria dançar com a minha esposa”? Seria pedir muito?

- Já que se recusa a dançar, penso que já está na hora de dormir. Acho que já extrapolei minha cota de dança e vinho por uma noite. – Já que meu esposo se recusa a levantar do estrado com medo de que alguns Lordes possam fazer, penso que já está na hora de dormir. Era isso o que Sansa queria dizer, mas sabia que não devia.

- Tem certeza, minha senhora? Creio que alguns dos convidados gostariam de mais algumas danças. - Tyrion Lannister, estaria você tão inquieto para com aqueles que dançaram comigo? Inquieto, para não dizer com ciúmes? Tyrion e ciúmes não são duas palavras que se encaixem bem.

- Estou cansada. Amanhã será um longo dia. Quero ir a muitos lugares. O senhor me acompanha? – Vai continuar olhando as pessoas e bebericando seu vinho do estrado, ou vai pelo menos ir comigo ao quarto?

- Não acho que me veriam com bons olhos se eu a deixasse ir sozinha. Vamos. – Não o veem com bons olhos simplesmente porque você tem o sobrenome Lannister, não acho que faria muita diferença se eu fosse embora sozinha.

Sansa esperava que ele lhe dissesse alguma coisa a caminho do quarto que não era tão próximo do salão quanto, naquele momento, gostaria que fosse. Mas ele nada disse, limitou-se a andar ao seu lado, como se ainda estivessem em Porto Real e as aranhas de Varys andassem pelo castelo.

Sem muita demora Sansa dirigiu-se direto para o quarto de banho retirar o vestido que Tyrion havia mandado fazer para ela. Olhando-se no espelho percebeu que era realmente bonito. Brilhava de uma forma diferente do vestido de outras mulheres no salão. Todas aquelas sedas de Myr e pedras. Sansa nunca conseguiria vesti-lo se não tivesse ajuda das aias. Ao perceber isso, notou que também não conseguia retirar o vestido sozinha, não conseguia alcançar todas as presilhas que o prendia. Não iria acordar as aias para isso, não era como em Porto Real: aonde ela ia, duas ou três aias estavam por perto; seja no quarto, ou quarto de banheiro, ou apenas andando, lá estavam elas. Em Winterfell as aias ficavam mais independentes, mas tinham algumas tarefas que não tinham em Porto Real. A única pessoa que poderia ajudá-la nesse momento era Tyrion. Se ele já não estiver dormindo.

- Tyrion. Tyrion. Por favor, uma ajuda?! – Sem resposta. Será que ele caiu no sono? - Tyrion. Preciso de ajuda com todas essas presilhas. Pode me ajudar?

Dessa vez Sansa conseguiu ouvi-lo se mexer no quarto. Pelo espelho conseguiu vê-lo se aproximar silenciosamente dele, como se não soubesse o que devia fazer.

- Retire primeiro a da ponta.

Enquanto Tyrion desatava as presilhas do vestido ela sentia seus dedos trêmulos tocando-a por cima do vestido com tanta suavidade quanto conseguia. Conseguia sentir o calor dos seus pequenos dedos trabalhando contra o fecho de cada presilha, se arrastando cada vez mais para o meio de sua coluna, que já estava em parte despida.

Para não ficar nua na frente de Tyrion, Sansa segurava o vestido pela parte da frente, com as duas mãos tapando-lhe os seios e impedindo que o vestido escorregasse. Na última presilha, seus dedos roçaram sua pele. Sansa sentiu um arrepio percorrendo-lhe o corpo. Parecia que ele tinha percebido isso também.

Antes de poder fazer qualquer coisa ela o viu correndo para fora do quarto. Sem dizer uma palavra, sem olhar para trás. O que haveria acontecido à Tyrion ela não fazia mínima ideia.

Seria assim tão nojento tocar uma Stark e perceber que ela gostou do toque?

Sansa terminou de se despir e arrumou-se para dormir. Deitou e esperou por Tyrion. Percebeu pelo fogo que queimava na lareira que havia se passado bastante tempo. Esperava que Tyrion houvesse chegado. Mas não. Decidiu ir até a porta, mas nem sinal do duende. Não fossem os archotes na parede a escuridão tomaria conta do corredor. Resolveu por voltar à cama.

Mas não conseguiu dormir. Não parava de sonhar com os olhos abertos com a cena que havia se passado no quarto de banho. Os dedos de Tyrion correndo sobre sua pele... Sansa não se permitia pensar no que poderia ter acontecido se ele não tivesse saído às pressas. E, por um momento, ficou feliz que ele o tivesse feito. Mesmo não tendo certeza porque o fez.

Será possível que eu esteja apaixonada por Tyrion Lannister? O duende? O irmão do Regicida?

Era bem verdade que ela não pensava em Tyrion como o Duende, nem mesmo como irmão do Regicida. Sansa via coisas boas em Tyrion, por trás de toda a aparência estranha e a família Lannister. Ele já provara a ela que era mais do que isso, que era melhor do que diziam. Sansa havia reparado que toda a face de pessoa má, cruel e egoísta era apenas uma máscara. Afinal, ser uma pessoa boa dava trabalho. Quando se é bom, as pessoas passam a esperar o bom o tempo todo, você não pode errar, não pode fraquejar. E muitas das pessoas boas que Sansa conhecia acabaram mortas no meio da guerra. Apenas por estarem tentando concertar o que estava errado.

O sono veio tempos mais tarde. Mas nada de Tyrion.


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